Mais uma chance, certo? Errado.
Você chegou um dia, para acabar com muitas coisas em minha vida. Olhar em seus olhos depois de tanto tempo, é como se fosse a visão do meu paraíso pessoal. Sinto lágrimas em meus olhos e tenho uma enorme vontade de levantar, ir em sua direção e lhe beijar na frente de todos, sem me importar com qualquer consequência.
"Cristiano voltou!" Meu interior grita em contentamento. É como se um terrível fantasma que me acompanhasse por anos, tivesse sumido. Ele olha para mim e sinto meu estômago dar uma leve embrulhada.
- Sa-Samy... - olho para o lado, na intenção de falar com a mesma, só que ela já havia levantado com suas coisas e ido para a mesa lá na frente. "Quando ela chegou lá tão rápido?" Penso ainda extasiado, mas ao perceber as verdadeiras intenções da Samira, não posso deixar de sorrir, pois a sala já estava com as cadeiras todas ocupadas, sobrando apenas a mesa ao meu lado para o Cristiano sentar.
Olho para o seu rosto e o mesmo percebe que caiu em uma arapuca. O mesmo permanece imóvel, na frente do quadro. As outras pessoas da sala estão ocupadas de mais nos seus próprios mundo para perceber a situação que está havendo diante dos seus olhos.
Olho para a Samy e a mesma está aparentando ter uma boa conversa com a garota que chegou com o Cris. Eu o encaro e dou o meu melhor sorriso e percebo o mesmo revirar os olhos, logo depois acaba vindo em minha direção. Ele joga a mochila ao meu lado e senta em sua cadeira.
Fica um silêncio alí, silêncio que eu queria quebrar. Eu ensaiei tanto esse momento, mas na vida real, as coisas tende a ser decepcionantes.
— Olá. - digo tentando abrir um espaço para começar uma conversa.
- Não me dirija a palavra, pelo amor de Deus. - Sinto minhas expectativas irem por água abaixo, ao ouvir as poucas palavras do Cris. "Devo desistir?" Me pergunto, mas algo dentro de mim quer uma solução para o nosso impasse.
- Eu sei que você me odeia. - Digo e o Cris começa a rir, mas o mesmo se contém segundos depois. - Sei também que fiz merda e que eu fui o único culpado por ter estragado tudo, mas eu preciso que você me escute. - Tento falar, porém sou cortado.
- Olha aqui, quem vai me escutar aqui é você. - Cris fala aparentando estar com raiva. - Eu não quero saber de nada que possa vir de você. O quê tivemos foi uma doce mentira, mas acabou. Acabou o show no qual eu fiz o papel de trouxa.
Eu o encaro surpreso. Eu já fazia ideia que ele deveria me odiar, mas o Cris que eu conheci me ouviria, antes de tomar uma decisão. "Será se ele realmente mudou ao tal ponto?" Pergunto à mim mesmo enquanto olho para suas feições.
- Não me olhe com essa cara patética. - Ele me diz fazendo com que eu acordasse do meu transe.
- Olha, eu preciso te contar algo. Então, você me escuta e se mesmo depois de você me ouvir, tu não querer mais olhar na minha cara, eu vou entender e lhe deixar em paz. - Falo rápido sem dar brechas para o mesmo me cortar.
- Eu não vou te ouvir, caralho. Vai pra puta que pariu você e os seus argumentos. - Ele me diz aumentando o tom da sua voz.
- Ou você me escuta de boa em particular, ou me escuta junto com o restante da turma. - falo aumentando também o tom da minha voz. Cris olha em volta e percebe que todos estão nos encarando.
Ele abaixa a cabeça claramente envergonhado e eu preciso me controlar para não possuir ele na frente de todos. Então, eu olho em volta, dando a entender para o povo cuidar da própria vida. Alguns continuam encarando, pois eles estavam aqui na época que rolou a fofoca por toda a escola.
- Na hora do recreio, me encontre no bicicletário. - Cris me fala baixo e visivelmente envergonhado. Não posso deixar de sorrir, pois mesmo ele assumindo uma postura mais agressiva, ele ainda continua sendo o Cris fofo que eu conheci.
- Certo. - respondo. Segundos depois entra a nossa futura professora. Quando ela aparece, muitos prendem a respiração, outros bufam desanimados. Ela era a professora que quase ninguém queria ter aula, ficando atrás apenas do Wildson.
- Para quem não me conhece, eu sou a professora Jedicaia e leciono língua portuguesa. - Eu sorrio de lado, pois eu tinha tido aula com a mesma no ano passado. A mesma começa a explicar a forma de aula dela, mas antes a mesma fala o significado do nome dela. Um nome indígena que significa: noite de lua cheia. - Bem, eu gosto de organização, não sei como vocês irão se portar nas outras aulas, mas nas minhas eu quero vocês sempre sentados no mesmo lugar, sem mudanças, pois assim facilitará para eu decorar o nome de quem nunca teve aula comigo.
"Obrigado, minha deusa. Obrigado!" Agradeço ao universo por toda a chance que tem me dado, para ficar perto do meu amor. A professora segue a aula. Eu olho para o Cristiano e o mesmo aparenta estar mais desanimado que nunca.
- Parece que é o destino. - digo baixo perto do ouvido do Cristiano. Posso jurar que ele estremeceu com o meu ato. Não posso deixar de sorrir, afinal, pelo menos eu sei que ele ainda sente algo por mim, nem que seja tensão sexual.
A aula corre normal. A professora passou o plano de aula do bimestre e uma aula de introdução para o primeiro assunto. Eu copio no automático, pois a minha mente estava no ser ao meu lado. De vez em quando eu me pegava encarando o mesmo. Cristiano as vezes me flagrava, bufava e depois os olhos revirava.
Quando a primeira aula terminou anunciando o recreio, eu acenei com a cabeça para o Cristiano me seguir. Ele prontamente atendeu o meu pedido, aparentando estar bastante insatisfeito com aquela situação. " Ele realmente mudou em muitas coisas " penso enquanto vou andando, no fundo do meu peito eu só desejo que os sentimentos dele ainda tenham permanecido.
Ao chegar no bicicletário, vou no local mais fundo, assim não teremos o risco de alguém nos ver. Eu encosto na parede e espero o mesmo se aproximar de mim. Cristiano anda de forma desconfiada e fica um pouco distante de mim, com os braços cruzados e me olhando como se quisesse me enforcar até a morte. Eu respiro fundo e decido começar a contar a verdade.
- Antes de mais nada: eu quero lhe dizer que eu sempre te amei. - falo e o mesmo arregala os olhos, mas logo volta a ter a postura indiferente. Conto-lhe tudo. Falo sobre a minha mãe, os abusos que eu sofri e tudo o quê me levou a terminar com ele. O mesmo me escuta atentamente e eu consigo sentir que ele sente pena de mim em algumas partes da minha narrativa. - Eu sei que nada justifica o inferno que eu lhe fiz passar nesse maldito colégio, mas saiba que não houve um dia que eu não tenha lhe desejado o ter de volta. Eu realmente te amava... Eu ainda te amo...
Ao terminar de falar, um clima silencioso fica no local. Cristiano me encarava em choque e descrença. Acho que ele ainda está absorvendo toda a situação.
- Bem... - ele começa a falar. - eu sinto muito por todos os abusos que você sofreu desde a sua infância. Fico feliz que você tenha se livrado daquela mulher... Entretanto, a coisas não são tão fáceis assim. O quê tivemos foi lindo, eu acho, mas está no passado. - ele me diz de uma forma fria, porém eu sinto que isso é apenas uma máscara.
- Olha, Cris. Eu realmente quero recomeçar. Eu estou disposto a fazer qualquer coisa... - digo numa tentativa desesperada de ter uma nova chance.
- Pietro... Não posso, não posso fingir que eu não carrego nenhum trauma daquela época. Deus sabe o quanto eu lutei para não ter que ir embora, mas eu tive que seguir o meu caminho. Eu tenho um namorado que me ama e que nunca faria eu passar por aquilo que você me fez passar. Eu não irei trocar o certo pelo duvidoso, não mais... - ele diz me dando as costas e andando para longe de mim.
"Não, não vou deixar você ir embora de novo. Não dessa vez!" Penso e vou em sua direção, agarrando ele e o levando até a parede. Cristiano se assusta de início, mas não me impede de o levar. Eu o coloco contra a parede e olho no fundo de seus olhos castanhos. Sinto a sua respiração junto com a minha e aproximo os meus lábios dos dele.
Quando há o toque, sinto o meu corpo se arrepiar e algo dentro de mim ficar satisfeito com aquele ato. Coloco minha mão até a nuca do Cristiano e peço passagem com a língua, o mesmo nega de início, mas logo cede. Eu nunca senti que estava tão necessitado daquele toque, até sentir. Aumento a velocidade e ele me acompanha com o mesmo fervor.
Sinto meu membro endurecer com esse simples ato. Minha vontade é de possuir ele aqui mesmo e o reinvindicar como meu, porém eu não quero estragar tudo de novo. Segundos depois nos separamos, eu uno as nossas testas e fecho os olhos, apreciando aquele momento especial, apenas nosso. "Ele ainda me ama!" Sinto a minha alma gritar.
Ficamos naquela posição por não sei quanto tempo, mas num determinado momento, eu fui empurrado pelo Cristiano. O mesmo se desviou de mim e foi andando. Eu seguro ele pelo braço e o mesmo me olha com lágrimas nos olhos.
- Isso não é justo. - ele começa a falar. - você vir dizendo que me ama depois de todas as noites em claros, todas as crises de ansiedade e de baixa estima. Eu passei tanto tempo me odiando por gostar de você que eu levei muito tempo para começar a me amar. Eu sei que mereço mais, então por favor, suma da minha vida. Apenas vá embora!
Ele diz e depois sai andando, me deixando para trás com o meu coração apertado. Eu encosto na parede e olho para os céus, implorando a qualquer coisa por uma resposta. Até que eu me lembro de uma coisa que o próprio Cristiano me disse uma vez:
- As memórias que duas pessoas têm em comum, possuem o potencial de achar o amor novamente lá no fundo. Pelo menos, eu acredito nisso.
Eu começo a rir e uma nova determinação cresce em meu peito. Eu vou reconquistar a confiança e o amor do meu companheiro... Eu juro...
X=X=X=X=X=X=X=X=X=X=X
N/a: Olá pessoas. Eu estou bastante feliz pelos nossos meninos terem batido o primeiro 1K de leitura. Agradeço a todos que acompanharam eles até aqui e peço desculpas pela demora e os possíveis erros. Vejo vocês em breve ♥️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro