Interlúdio ( one )
- Adeus, Pietro. - Cristiano me diz de costas e logo vai embora me deixando para trás, sozinho. Conforme ele vai andando, sinto que o meu mundo vai desmoronando aos poucos. Eu quero pedir para ele voltar e me perdoar, mas a minha voz não sai.
- por favor... volta. - Digo cabisbaixo sem esperanças, ele está longe, nunca me ouviria. Sinto uma dor enorme no peito e vou entrando para dentro de minha casa.
Meus passos pelo quintal são lentos e pesados, tudo o quê eu quero é correr atrás dele e pedir perdão por tudo, mas eu não posso...
Ao entrar dentro de casa, vejo a minha mãe sentada no sofá, a mesma me olha com nojo e isso só piora a minha situação que já não estava nada boa.
- Já se livrou daquele bixa? - ela me pergunta com a voz cheia de desdém.
- Não fale assim dele! - Digo firme e minha mãe vem até mim e me dá um forte tapa no rosto. Eu ponho a mão no local atingido que arde bastante e a encaro.
- Você nunca mais levante o tom de sua voz para mim, tá me entendendo garoto? - ela diz furiosa - já basta eu ter que saber que o meu filho traz homens para dentro de minha casa. Não consegue ver o quanto de desgosto você me dá? - ela diz pouco se importando para os meus sentimentos.
- Eu nunca quis isso. Eu nunca escolhi isso. Eu o amo, mãe. - Digo e ela vem pra cima de mim descontrolada, por causa da ira.
- EU NÃO CRIEI FILHO MEU PARA SER VIADO. - Ela começa a distribuir tapas pelo meu rosto e corpo, tudo o quê eu faço é deixar ela descontar a raiva. Não, não é a primeira vez que ela me bate. Eu nunca ousei revidar, porque apesar de tudo ela é a minha mãe.
Ela continua falando insultos e o quanto ela sente vergonha de mim. Eu deixei de prestar atenção nela e deixo a minha mente ir para longe, mais especificamente para um moreno de cabelos cacheados, Cristiano, a minha luz...
Fico pensando na forma que ele ficava todo tímido perto de mim, no seu sorriso cativante, no seu toque. Ah, como eu amo esse garoto.
Eu apenas não queria ter sido um babaca, mas realmente foi necessário, não podia deixar que a minha mãe fizesse um escândalo. A mesma descobriu sobre nós dois no dia que o Cris dormiu aqui e foi embora. Ela viu pela fresta da porta nós dois nos beijando e quando o Cristiano foi embora, ela fez um escândalo.
Eu decidi terminar com ele para o nosso bem, mas eu acho que eu só fiz foi estragar tudo, porque eu sou um merda que não merece nada de bom que acontece na minha vida...
Não sei ao certo quando a minha mãe se cansou de me agredir, só sei que em um determinado momento, me vi sentado no canto da sala sentado no chão, sozinho. Me levantei e fui em direção ao meu quarto, capotei em cima da cama e resolvi tentar tirar um cochilo...
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Acordo com o meu celular tocando, abro os meus olhos com certa dificuldade, mas pego o meu celular e atendo a ligação, estou tão cansado que nem faço questão de ver quem é que está fazendo me ligando.
- Alô?- falo com a voz rouca e embargada de sono.
- Pietro, venha para o hospital do centro, agora!. - pela voz, reconheço ser a Samira e o seu tom preocupado foi o suficiente para me fazer acordar de vez e ficar preocupado.
- Mas o quê houve? Aconteceu alguma coisa? - pergunto ficando com medo.
- É o Victor, Pietro. Um motorista que mexia no celular ao volante o atropelou... Vem pra cá, os pais dele estão aqui também e eu... queria o meu melhor amigo perto de mim... - consigo sentir a desolação na voz dela e decido ir. Digo a ela que em alguns minutos eu chego no hospital e vou correndo me arrumar.
Tomo um banho para tirar qualquer rastro de sono e tristeza que habita em mim. Ao terminar o meu banho, vou até o meu guarda-roupa colocar alguma roupa. Decido pegar a minha Boa e velha combinação de roupas escuras.
Saio de casa torcendo para minha mãe não me ver, pois tudo que eu preciso nesse momento é não ver ela. Vou até a esquina da minha casa e peço um Uber, o mesmo não demora chegar e eu vou em direção ao hospital.
Chegando no mesmo, encontro Samira na recepção, vou até ela e abraço a mesma.
- Pode me explicar melhor o quê houve? - peço a mesma.
- Okay, vamos sentar lá fora? Eu não quero ficar mais aqui dentro. - fomos para umas mesinhas que ficam no lado de fora do Jardim. - Até onde meus tios e eu sabemos, Victor bebeu e ficou pela rua cambaleando, até que ele atravessou a rua sem olhar. O motorista também não prestou atenção porque o mesmo mexia no celular enquanto dirigia...
Ouço cada palavra atentamente. Samira está muito mal com isso tudo, afinal, o primo dela está numa cama de hospital sabe se lá como está o estado dele.
- Enfim, o cara foi levado a delegacia para prestar depoimento e umas pessoas que estavam no local confirmaram que o Victor estava bêbado e que o motorista mexia no celular enquanto dirigia. Victor quebrou a perna e uma costela. - ela aparenta estar bem incomodada em ter que dizer a situação do Victor, mas tento focar em suas palavras. - O médico disse que o mesmo irá se recuperar com o tempo, estamos apenas esperando ele regir...
- Tudo bem, eu entendo. - Digo colocando minha mão em seu ombro tentando transmitir tranquilidade.
- Mas enfim, já desistiu dessa palhaçada e foi atrás do seu companheiro? - Ela me pergunta com um olhar sério e eu engulo seco. Eu convenci a Samira fingir ser a minha namorada, numa tentativa de afastar o Cristiano de mim, ela não quis aceitar de início, mas no fim acabou cedendo a mim.
- Eu queria, Samy, mas você sabe que eu não posso, afinal a minha mãe ela... - tento argumentar, mas sou cortado por ela.
- Eu já lhe disse muitas vezes, Pietro. Sua mãe tem que aceitar o fato de que você gosta de meninos. Pretende viver assim até quando? Você acha que o Cristiano estará lá por você para sempre? Isso se já não for tarde de mais...
- Não, não diga isso. Eu sei que o Cris me ama... ele não iria desistir de mim... - Digo receoso, pois parte de minha alma diz que o Cris já desistiu de mim.
- Se você diz, né... - Samira diz nem um pouco convencida de minhas palavras e eu apenas suspiro fundo. - Ei, Pietro. Aquela ali não é a sua avó? - Samy aponta para uma senhora que está na porta do hospital. Eu reconheço a minha avó e decido ir até lá.
- Oi vó, tudo bem com a senhora? - pergunto dando um abraço na mesma.
- Estou bem sim, meu neto. Vim aqui apenas fazer uns exames de rotina. - ela me olha com um olhar doce e meigo. - Mas que roxo é esse no seu olho? - Ela me pergunta fazendo o meu corpo paralisar. "Olho roxo"? Droga, minha mãe deve ter pegado pesado dessa vez.
- Sua mãe te bateu de novo, Pietro? - Samy me pergunta atraindo a atenção da minha avó.
- Como assim aquela mulher ousou tocar em você? E como assim "de novo" ela já fez isso antes? - minha avó me questiona, eu começo a gaguejar sem saber o quê fazer ou dizer. Minha avó aparenta perceber o meu estado. - Tudo bem, filho. Não precisa dizer nada agora, teremos tempo para conversar. De qualquer forma, eu estou indo... Boa noite, filho. - ela diz sorrindo para mim. - Boa noite, menina. - ela diz para Samira e a mesma a responde.
Minha avó vai embora deixando eu e Samira sozinhos. Samira tenta puxar assunto referente ao machucado, mas eu aceno pra ela dizendo que a mesma não deve se preocupar com isso.
Ficamos um bom tempo ali, até que decidimos ir para casa. Eu levo a Samira até a casa dela e depois vou para a minha. Vou direto para a minha cama e me jogo nela. Fico mexendo no celular, até que o sono chega e eu me deixo levar, pois no outro dia eu ainda tinha aula...
X~~X~~X~~X~~X~~X
N/a: olá, olá. Esse é o primeiro capítulo do interlúdio antes de começar a segunda fase do livro. Me desculpem os possíveis erros e a demora.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro