- O QUÊ??? EU VOU MATAR ESSE FODIDO DE MERDA! - Jenny começa a gritar enquanto eu fico de cabeça baixa tentando prender o choro.

Eu passei restante do domingo e a tarde toda de segunda deitado, sem querer falar ou ver qualquer pessoa. Eu me sinto completamente arrasado. 

Tentei conversar com o Pietro, mas o mesmo me bloqueou de todas as redes sociais. Eu particularmente não sei o quê fazer, pois amanhã terei que ir para a escola e encarar ele...

- Me passa o número desse merda, isso não vai ficar assim não. - Jenny fala pegando o meu celular e indo até os meus contatos.

Quando estava quase anoitecendo, eu resolvi sair da cama, precisava, queria desabafar com alguém e eu só tenho a Jenny para me ouvir. Cheguei na casa dela e ela percebeu o meu estado e me perguntou o quê havia acontecido, eu lhe falei tudo...

- Jenny, não precisa... - falo tentando manter uma pose de alguém forte. - amanhã na escola, eu vou conversar com o Pietro e resolver isso tudo. Deve ser apenas um engano, ou até mesmo ele tem passado por estresse e não quer me envolver. Sim, deve ser isso mesmo. - Eu digo desejando estar certo do fundo do meu coração.

- Olha, Cris... tomara que você esteja certo, pois se não estiver... - Jenny fala apreensiva. - Eu só espero que ele não seja um daqueles caras... - ela fala muito baixo, como se estivesse pensando alto.

- Quê tipo de caras? - pergunto com um certo receio da resposta.

- Ah, Cris... - ela me olha e eu consigo identificar compaixão em seu olhar e tom e voz - Caras que querem apenas... transar e depois... quando eles conseguem o que querem, descartam as pessoas.

Após ouvir isso meu coração aperta e eu não consigo mais prender as lágrimas que eu tanto segurava e começo a chorar de forma compulsiva.

"NÃO, ELE NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!!!" Grito em meu pensamento. Eu não posso acreditar que ele tenha feito algo desse tipo. Não, isso tudo é um engano. Eu não posso, ele não pode ter feito isso..

Sou tirado dos meus pensamentos pelo abraço da Jenny. Eu sinto que ela está tentando me transmitir calma com aquilo, mas é totalmente inútil.

Eu me sinto um pedaço de trapo que foi usado e descartado. Parte de mim insiste em dizer que aquilo tudo é um terrível engano, mas a outra parte esfrega na minha consciência o quanto eu fui feito de idiota.

- E-ele não p-pode ter feito i-isso comigo. - falo em meio aos soluços, totalmente devastado.

- Tá tudo bem, está tudo bem. O mundo, na verdade, os homens são assim mesmo. - Jenny fala com a voz um pouco pesada, acredito que ela esteja chorando junto comigo. - Esse Pietro é um idiota, um idiota que não faz ideia da preciosidade que perdeu. Eu sei que agora você está muito machucado, mas saiba que tudo um dia irá ficar bem, acredite em mim.

Espero que ela esteja certa, pois eu não sei se aguentarei essa dor por muito tempo..

Eu seco as minhas lágrimas e me despeço da Jenny. A mesma não queria que eu fosse embora naquele estado e que eu dormisse na casa dela, mas eu preciso fica um pouco sozinho, então preferi ir embora mesmo assim.

Meus passos naquela rua escura são lentos e pesados, não me importo de que apareça um assaltante ou até mesmo um assassino perigoso. Falando em assassino e morte, acredito que isso seria muito bem vindo nesse instante.

Quando eu finalmente chego em casa, vou direto para o meu quarto. Eu ignorei os meus pais, assim como eles me ignoraram. Não estou com cabeça para falar com pessoas, quero apenas dormir e tentar ter nem que seja algumas horas, um pouco de descanso dessa realidade triste e cruel na qual eu me encontro.

Eu não me importo de comer algo ou até mesmo fazer a minha higiene antes de dormir, eu quero apenas chorar e descansar o meu corpo...

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O meu caminho até a escola é bem lento. Eu queria ver o Pietro, mas também queria ficar longe dele. Estou tão desestruturado que eu nem sei mais o quê eu sinto, ou o quê eu quero.

Me sinto tão exausto. Tive uma noite de sono conturbada. Eu não comi muito desde aquilo. Acredito que estou caindo num poço, um poço bem fundo.

Em um dia, eu tive tudo. No outro, tudo foi me tirado. A vida realmente fez questão de me pregar mais uma peça. É, por essa eu não podia esperar, tudo desmoronou na minha cabeça.

Com os meus devaneios mentais, acabei chegando na escola sem ter percebido. De uns tempos para cá, eu tenho entrado tão fundo na minha mente que fica difícil sair de lá.

Fui andando pelos corredores de cabeça baixa. Eu não conseguia olhar na cara de ninguém. Apenas iria querer ficar na minha carteira, no meu próprio mundo.

Assim que eu entro na sala de aula, dou de cara com uma Yumi preocupada e apreensiva. Eu nem olho direito para ela e vou para a minha carteira.

Sentando lá, apenas fico parado olhando para a janela da sala. Eu não saberia o quê dizer a Yumi, pois eu nem conseguia entender ainda o quê estava acontecendo.

- Sinto muito por vocês dois. - Yumi fala me despertando. "Se a Yumi sabe disso, o Pietro deve ter falado o motivo dele com certeza." Penso enquanto me viro para ela.

- O quê ele te disse? - eu pergunto um pouco esperançoso de obter respostas.

- Bom, ele apenas... me disse que vocês dois não ficariam mais... - Ela fala num tom de quem está medindo palavras e ocultando muitas coisas, consigo perceber no olhar dela isso.

- Ah, sim. Eu entendo. - volto a olhar pela janela.

Logo após a aula começou normalmente. Eu nem me dei o trabalho de prestar atenção no quê os professores falavam. Minha mente estava bem longe, em certos olhos negros, para ser mais exato.

Eu queria que a hora do recreio chegasse para mim poder ver o Pietro, pois eu decidi que preciso de uma satisfação da parte dele. O quê nós tivemos não pode acabar simplesmente assim.

Fiquei olhando para as horas do meu relógio, ansioso e nervoso. Eu sentia que iria ocorrer algo de importante no recreio, por isso eu queria muito acelerar o tempo.

O tempo passou um pouco devagar, mas o horário do intervalo chegou e eu fui rapidamente para fora, pois eu precisava achar o Pietro...

Nesse momento, eu estou andando pelos corredores da escola. A mesma não é muito grande, então sei que em breve eu encontro ele.

- Cris, a onde você está indo? - ouço a voz da Yumi ao meu lado. Olho para ela e vejo que a mesma está apreensiva.

- Eu preciso conversar com o Pietro. - falo decidido.

- Ei, melhor não. - Yumi fala me segurando pelo braço, me fazendo para de andar e a encarar confuso. Eu sei que ela está me escondendo algo, mas não quero discutir sobre aquilo agora.

- Eu realmente preciso falar com ele. - sinto meus olhos ficarem marejados. - Não posso deixar que nós dois acabemos de uma hora para outra, gosto dele de mais para deixar que isso aconteça. - digo prendendo o choro.

- Cris... eu realmente sinto mui... - Yumi tenta me responder, mas eu a corto.

- Então não tente me impedir. - falo ríspido saindo andando, andando em direção a uma pessoa que eu poderia reconhecer a quilômetros de distância, pois a única pessoa que veste preto da cabeça ao pés nessa escola, é o Pietro.

Conforme eu vou me aproximando, posso ouvir as risadas do grupo de amigos do Pietro. Em todos esse tempo que ficamos junto, ele nunca fez questão de me apresentar aos amigos dele e eu nunca entendi bem o motivo disso, mas isso não é importante.

- Finalmente, Pietro. - ouço um dos amigos do Pietro falar. - Não acredito que você finalmente encontrou alguém para namorar.

Eu fico um pouco assustado no começo, mas depois eu coloco um sorriso o rosto. "Eu não acredito que tudo isso foi apenas uma brincadeira, para no final de tudo o Pietro me pedir em namoro" penso me sentindo um completamente idiota por ter pensado mal do Pietro.

- Nem eu acredito também que finalmente eu encontrei que me completa e me faz feliz. - Ouço o Pietro falar fazendo o meu coração acelerar.

- Isso é algo bem viado de se dizer, mas de qualquer forma, estou feliz por você. - o amigo do Pietro fala. E eu estou bem atrás do Pietro, o mesmo aparenta não ter me notado.

- Bom, é que a Samira é especial. - Quando Pietro fala isso, sinto o meu coração apertar de uma forma monstruosa, juntamente com uma leve falta de ar.

- Falando de mim? - ouço uma garota falando, olho em direção na voz e vejo uma garota de cabelos loiros, mas as mechas estão pintadas de azul e vermelho. Ela usa uma saia preta fazendo conjunto com uma blusa da mesma cor.

- Tô falando sim, amor. - Pietro dá um abraço nela e um selinho em seus lábios. Posso sentir as lágrimas começarem a descer pelo meu rosto.

- Pietro pegando uma e-girl. - Um outro amigo do Pietro comenta e eu não entendo muito bem o quê seria isso.

Eu precisava tirar aquela história a limpo. Tentar entender melhor o quê estava acontecendo. "Como o Pietro pode estar namorando com essa garota se a alguns dias atrás ele estava transando comigo?"

- Como pode isso? - Acabo falando alto de mais, atraindo os olhares de todo os amigos do Pietro e inclusive, o olhar do próprio.

Pietro no começo me olhou de uma forma surpresa, mas rapidamente o seu modo de olhar foi substituído por um outro sentimento, um sentimento de raiva. Esse olhar dele, causa um arrepio em toda a minha alma e naquele instante, eu sinto que tudo na minha vida, deu errado...

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N/a: Eae. Quero pedir perdão aos erros e a demora. Agradeço a todos que estejam lendo o livro até aqui. Quero deixar desde já avisado  que os próximos capítulos terão gatilhos.... amo vocês e até a próxima ❤❤❤