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Cap 10

Daisy havia dormido, mas eu não conseguia.
Eu estava cansado também e várias partes do meu corpo estavam machucadas, mas não havia como eu pregar os olhos aquela noite.

De mão dada com Daisy, deitado em uma parte da cama de maneira que meu não houvesse contato físico alem da mão, olhando para o teto da minha prisão eu contemplava em silêncio, os frutos do trabalho dele fazendo efeito.

A ironia não me passava despercebida enquanto eu olhava para o alto, sem realmente ver nada além dos últimos acontecimentos.

Desde a chegada de Daisy, algumas coisas mudaram. Droga, muitas coisas mudaram.
Eu me sentia mais livre ao redor de outra pessoa, mais confiante para ser eu mesmo.

Mas quem era eu? Aquela questão não estava nem perto de ser resolvida em minha cabeça.

O que eu estava me tornando, era mesmo eu, ou apenas parte da manipulação dele?

As lembranças das palavras dele soaram em meu ouvido, como se ele estivesse ali novamente.

A maneira como ele me desafiou a matá-lo, a seguir com minha vingança, ou evitar que Daisy se afogasse.
Eu tinha apenas segundos, e eu sabia que naquele momento eu não conseguiria derrota-to, por aquele motivo eu não o havia matado.
Foi por aquilo...
Mas a verdade é que eu não sabia. Eu não sabia por que eu escolhi verdadeiramente.

"Você me deixou orgulhoso, pela primeira vez. Isso prova que você pode escolher a vida em vez da morte."

As palavras dele debochavam de mim, tão cortantes como uma faca. Eu não conseguia esquecê-las, pateticamente.
Deixar ele orgulhoso era o que o meu eu antigo desejava mais do que qualquer coisa.
Mas aquele moleque havia desaparecido e eu procurava vingança por toda humilhação e desprezo que eu recebi. Que eu estava recebendo. Franzi os olhos, sentindo meu coração se endurecia de raiva como toda vez que eu pensava sobre aquilo. Todos os anos escondendo-me como um fraco, sendo rejeitado e menosprezado por ele em minha própria casa. Sem poder dar um passo em falso, sem poder cometer um pequeno erro sequer...

Até que eu cometi.

Naquele dia.

Senti desgosto de mim mesmo pela centésima vez, enquanto revivia a memória.

Eu, voltando de mais outra tarde em que eu sumia completamente por horas, cansado, com as mãos e roupas sujas de areia e barro depois de enterrar outra pessoa que havia tido a má sorte de me enfurecer, chegava em casa como muitas outras vezes.

Eu gostava de estar fora de casa. Eu ficava perambulando nas ruas, em completo silêncio, sem olhar para ninguém, sem falar com ninguém. Eram os momentos em que eu me sentia mais normal. Ninguém me conhecia, eu não era importante para eles, e seguiriam suas vidas sem se importar comigo, sem nem saber quem eu era. Era perfeito. Menos quando alguém chegava perto demais. E então eu me descontrolaria e teria que cuidar daquilo, como meu pai havia me ameaçado tão veementemente a anos atrás.

Naquela tarde, eu estava particularmente em um lugar ruim em minha mente pois havia matado de novo. Eu não queria. Se ele não tivesse falado comigo, eu nem mesmo me lembro o que havia sido... mas ele me tocou, talvez para chamar atenção, para enfatizar seu pedido de ajuda, mas eu não consegui me controlar.
Eu estava me sentindo miserável, e novamente teria que me trancar em meu quarto.

Mas ao entrar em meu quarto, eu encontrei ela lá.
A primeira coisa que eu vi, foi ela mexendo em minhas coisas. Nas gavetas. Depois eu descobri que ela estava apenas organizando as roupas mas naquele momento um grande alarme apareceu em minha mente e mesmo sem ter sentido o alarme dizia : Ela está xeretando suas coisas! Ela irá descobrir o que você faz. Ela não tem o direito! Então eu fiz o que eu pensei naquele momento.

Eu a afastei bruscamente das gavetas com um puxado no braço dela, que provavelmente deixaria marcas. Eu não pensei naquilo, eu apenas queria ela fora do meu quarto.

— Saia do meu quarto! — eu lembro de ter gritado, e minha voz devia estar mais alterada do que eu pretendia. Mas eu não podia evitar, a lembrança das palavras dele ecoavam em meu ouvido. O que ele faria se ela descobrisse qualquer coisa sobre mim. Eu perderia tudo. Eu lembro que eu pensava com temor
"Eu poderia até mesmo ser preso! "

Fiz uma careta de repugnância, diante das circunstâncias atuais.
Eu estava preso, de uma maneira ou de outra.
Meu destino foi selado naquele dia.

Eu pude ver no olhar de desespero da minha mãe, e principalmente sofrimento.

Eu a soltei com um passo para trás, muito próximo de fazer algo ainda pior. Algo que eu me arrependeria para sempre.

Mas o estrago estava feito.
E naquela noite quando ele havia chegado em casa, ele a tinha visto. Eu pude ouvir do quarto, a discussão. Ele perguntou das marcas no braço dela, e ela não me entregou a princípio.
Ela não respondeu, até que ele falava cada vez mais, insistindo e persistindo. E então ela contou, e eu senti meu corpo gelar. Eu havia conseguido passar a maior parte da minha vida longe do radar dele, desde o outro "acidente" com o carteiro.
Mas aquilo... mesmo que eu não tivesse machucado ela de propósito, que tivesse sido em um momento de fúria... ele não iria me escutar. E naquele momento, eu nem mesmo queria fugir do castigo. Eu me sentia um lixo por ter usado da força com minha própria mãe, e pior ainda em saber que aquilo não era nada comparado ao que poderia ter sido.
Talvez... se ele me desse uma surra, algo em minha cabeça lembrasse daquilo antes de partir para cima dela novamente.
Poderia ser bom para mim; eu pensei.
A dor poderia me fazer lembrar.

Mas não houve dor. Não houve barulho nenhum do outro lado da porta.

Na hora da janta, eu não queria sair do meu quarto. Eu me sentia um covarde, mas eu não conseguia enfrentar o olhar de meu pai, e principalmente o dela.
Eu havia ferido a única pessoa da casa que sentia algo bom por mim. Eu estava acabado.

Mas ela insistiu;e eu não pude dizer não.
Eu esperava que aquilo acabasse logo e eu recebesse minha punição. Eu queria a punição, eu sabia que merecia.

Mas o jantar correu em silêncio. Sem discussão, sem sinal de confrontos.
Ele só olhava para ela. Em nenhum momento olhou para mim, ou sequer reconheceu minha presença na mesa. Eu me sentia aliviado.
Eu estava com um sentimento alucinante de vitória por continuar invisível aos olhos dele, enquanto ela parecia me fitar com preocupação e gentileza. Tudo parecia estar bem.
Eu não conseguia entender, mas talvez... talvez ele fosse falar comigo depois. Longe dela.
Tomei coragem e aceitei aquilo.
Eu poderia aguentar o que ele fizesse, já que ele não parecia querer o meu fim.
Ela se virou para mim, me oferecendo mais suco com um sorriso fraco.
Eu aceitei, sem jeito.
Ele não quis, ainda olhando para ela com aquela adoração estranha.
Eu poderia ter entendido errado, todo aquele tempo. Ele poderia não gostar de mim, mas tudo que ele fazia, era em direção a ela. Talvez ele só quisesse mesmo que eu não a magoasse com os assassinatos, e proteger a família.
Embora eu forçadamente fazia parte daquela família.

Eu me sentia culpado naquela noite, e principalmente inquieto. Surpreendentemente eu consegui dormir sem problema, quase no momento em que coloquei a cabeça no colchão.

E então eu acordei.
E não estava mais em casa.
Não. Nada havia ficado bem.
E meu castigo? Ele veio para mim, com certeza.
Eu fui ingênuo de pensar que seria apenas uma surra. Talvez alguns ossos quebrados, fraturas... coisas fáceis não é? Poderiam se curar com o tempo.

Ele havia decidido que eu não participava mais daquela família. E havia me exilado, para sempre.

Você me deixou orgulhoso, pela primeira vez. Isso prova que você pode escolher a vida em vez da morte."

você pode escolher a vida em vez da morte.

A vida. Em vez da morte.

Eu repetia as palavras na minha cabeça, uma e outra vez.

Eu havia feito mesmo mesmo aquilo, não havia? Eu não sabia ser capaz disso.
Mas só por que eu tinha decidido salvar Daisy, não queria dizer que eu não iria atrás dele depois se eu tivesse a chance.
Se eu apenas tivesse a chance de novo.
Eu adoraria afoga-lo naquele rio.

Diferente das outras pessoas, ele eu realmente queria matar. E aquilo mudava tudo.
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Eu estava caindo. Mais e mais, dentro de um buraco na agua, interminável.
Era tão longo... cada vez mais eu afundava, e o buraco que me engoliu parecia não ter fim.
Eu queria morrer logo, morrer seria melhor do que aquela horrível sensação de queda profunda. Eu nunca seria encontrada. Meu corpo nunca seria encontrado. Eu afundava sem socorro em total escuridão. Com certeza mais nenhuma pessoa havia ido tão longe no mar daquela maneira. Eu estava me perdendo, a cada segundo e eu não podia falar nada.
Eu não podia protestar.
Eu só caía mais e mais no buraco, sem fim.
Eu não parecia ficar sem ar.
Eu iria cair para sempre, sem nunca morrer, em uma tortura eterna. Sozinha.

Abri os olhos arregalados quando repentinamente acordei daquele pesadelo terrível.
Meu corpo estava paralisado em choque, e eu tinha tanto medo que não queria olhar para o lado, com medo daquele simples movimento.
Era bobo, mas eu não podia ajudar.

Esperei alguns segundos me dizendo que foi apenas um pesadelo e fazendo um esforço para olhar para o lado em direção a Jonah.
Saber que ele estava lá, que eu não estava sozinha, fez com que eu me sentisse melhor. Pelo menos o bastante para mover os olhos.

Quando eu consegui, fiquei o encarando sem vergonha, já que ele estava de olhos fechados.
Devia ser quase de manhã, para ele ter dormido.
Eu sabia que ele tinha demorado a pegar no sono.
Me virei para ficar de lado na cama, de uma maneira que eu pudesse olhar para ele com mais calma. Sorri um pouco quando percebi que para nossas mãos não tinham se soltado nem mesmo depois de dormir.
Eu estava surpresa, e contente por aquilo.
E mais do que isso... eu gostava.
Eu não podia negar que eu estava gostando de Jonah. Ele foi o primeiro garoto que eu havia tocado a mão daquela maneira, e que me tinha deixado segura o bastante para dormir ao lado dele. Embora a situação fosse bizarra e conviniente, algo me dizia que era mais do que isso. Jonah era muito diferente do que eu pensei que fosse. Afinal, eu devia saber que não poderia confiar na palavra do pai dele, a única pessoa que havia me machucado até agora.
Eu sabia que Jonah tinha problemas, eu não era tonta. Ele havia matado pessoas e eu não sabia exatamente quantas pessoas e pensar naquilo me trazia mal estar, mas eu poderia julga-lo?
Era claro para mim que ele tinha uma doença. Um problema real mentalmente, que talvez nem ele mesmo percebesse. O pai dele devia ajudá-lo a se tratar e não encarcera-ló como um prisioneiro. Eu podia ver a melhora nele, quando ele falou comigo. Mas ele precisava de ajuda, ajuda real. E o pai dele parecia ter desistido da ideia inicial de fazer "eu ajudá-lo", diante das últimas ações... eu não sabia se ele iria me matar da próxima vez que viesse...
Meus pelos se arrepiaram, e aquele frio não parecia querer sair de mim.
O tempo parecia não estar a meu favor; novamente eu estava vivendo na mira de um monstro, vivendo cada dia sem saber qual seria o último. Mas daquela vez, eu tinha alguém, lembrei, olhando para o rosto dele tão calmo enquanto dormia.
Uma pessoa, que estava na mesma situação que eu. Uma pessoa que estava segurando minha mão, e... que havia aberto os olhos e estava prestes a me ver a encarando como uma lunatica.
Fechei os olhos em uma fração de segundo e fingi estar dormindo, sem quebrar o disfarce. Eu podia ficar imóvel por muito tempo, tinha experiência em fingir dormir quando meu tio abria a porta do meu quarto para me observar.
Muitas noites ele passaria minutos, ou talvez horas parado de fora do meu quarto observando eu dormir. Claro, eu nunca realmente dormia, mas eu fazia ele acreditar que estava.

De olhos fechados senti a mão dele se retirar da minha, e não demonstrei a decepção em meu rosto. A cama ficou mais leve e com o barulho, ele havia se levantado. Permaneci quieta por mais algum tempo. Eu não sabia o que fazer, agora que estávamos acordados.
Seria estranho? Será que ele tinha se arrependido de ficar assim comigo?
Toda a situação novamente era esquisita, e nova. Ouvi barulho de água caindo repentinamente, e respirei fundo.

Ele havia ido tomar banho.
Lembrando da noite de ontem, percebi que ele devia estar desconfortável.
Nós dois entramos no rio e embora eu tido trocado de roupa graças ao outro par que ainda não havia usado, ele só havia uma camisa para mudar.
Me senti corar quando lembrei que ele teve que ir dormir com a mesma calça molhada do rio.
Outra coisa que eu sabia que se ele estivesse sozinho, ele teria apenas tirado e dormido... bem, sem.
Novamente, eu me sentia agradecida por ele não ter feito aquilo. Estava cada vez mais claro entendê-lo e ver que as atitudes dele eram pensadas e acima de tudo ele não queria me perturbar. Ele tinha aquela sensibilidade, e eu estava emocionada.

Pensar isso me deu mais coragem para enfrentar o dia. Não tinha motivo de me esconder na cama, e eu estava começando a sentir fome. Não importa o que acontecesse, não seria pior do que ontem, isso eu tinha certeza.

Abri os olhos me sentindo melhor com aquela percepção e me sentei na cama devagar. Sem querer me mover e acidentalmente ver o que não deveria, permaneci no meu lugar, me esforçando para não ficar esquisita e fazer com que ele notasse.

Pouco tempo depois ele saiu, e parou em minha frente. O cabelo dele estava molhado como antes, mas o resto dele estava enxuto.

— Você acordou. — ele observou, como um comprimento.

— Olá. — consegui dizer, tentando falar o mais tranquila possível.

— Oi. — foi a resposta pequena. Ele não parecia desconfortável e eu internamente relaxei, feliz por evitar uma situação vergonhosa.

— Está com fome?

Eu acenei, pensando que ele leu minha mente. Ele me chamou com a mão para acompanhá-lo e eu levantei da cama e segui até a caixa de alimentos. Escolhi algumas frutas secas e um pacote de biscoitos. Ele fez o mesmo, e voltamos para comer sentados na cama.

Eu estava contente com a mudança. Chega de ficar no chão por dias. Ele parecia não se importar em dividir a cama comigo.

— Eu andei pensando, ontem. — ele disse, entre mastigadas.

— Sim?

— Sobre como iremos escapar. Pode ser que exista uma maneira. — ele contou, e a voz dele ficou séria.

— Me conte. — pedi a ele, ansiosamente.
Eu estava eufórica com a notícia.

— Até chegar lá fora, já estaremos amarrados e a mercê dele. Tem que ser entes disso. — ele explicou, pausadamente.

O encarei, confusa.
—Antes?

Ele concordou, o rosto sério.

— Sim. Uma coisa me deu ideia, ontem. As garrafas de água. Ainda estão aqui?

—Sim. — respondi, esperando que ele fizesse sentido. — ainda estão no chão, bem ali — apontei para elas, alguns metros de distância.

Ele seguiu com o olhar e sorriu um pouco.
Ele voltou a olhar para mim.

— Iremos guardar uma delas e encher de água. Em vez da água com o sonífero que ele coloca nela, eu irei beber essa. E fingir que dormi.

Eu pensei um momento, enquanto a realização do que ele estava dizendo me ocorreu.
Era um plano... arriscado. E perigoso. Eu tinha que admitir que era inteligente e poderia funcionar mas também poderia dar muito errado.

— Uau.  — respondi simplesmente. — Mas, ele fica nos olhando enquanto bebemos... como?

— Como fazer a troca? Essa é minha única dúvida. Teria que ser rápido o suficiente para ele não notar e não apenas isso, teríamos que esconder a outra que ele jogou.

Era o que eu temia. O que ele estava propondo era não beber a água com a droga que o pai dele jogaria para um de nós, claramente para ele, beber a água normal que teríamos que esconder em algum lugar que ele não visse e fazer a troca delas. Tudo isso enquanto observado pelo pai, que não parecia dar brechas.

— Digamos que conseguimos isso... e depois? — eu tentei demonstrar entusiasmo, mas não pude esconder a dúvida em minha voz.

— Eu vou derruba-lo e estaremos livres. — ele respondeu sério,sem mais explicações.

O encarei, esperando mais detalhes. Ele não falou nada, parecendo tranquilo mas firme. Ele não esperava me dizer como pretendia derrubar o nosso sequestrador, vulgo pai dele, como se fosse a coisa mais simples do mundo?

— Você vai "derrubar" ele. Como?

— Ele vai pensar que eu estou desacordado, e não será rápido o suficiente dessa vez.

Dessa vez.
Meu estômago se rebelou quando eu lembrei da outra vez. Quando Jonah socou a cara do homem em uma ferocidade tão grande que nem mesmo ele esperava por isso. E embora aquilo fosse o bastante para deixar qualquer pessoa inconsciente, o homem nem ao menos caiu no chão. E depois disso, ele teve Jonah pelo pescoço, quase o matando.

Eu balancei a cabeça desamparadamente.

— Jonah... por favor. Eu não quero que você se machuque.

Lá. Eu tinha dito. Eu não iria fazer nenhuma expressão que demonstrasse minha insegurança, eu não demonstraria nenhuma expressão...

— Eu não vou. Ele que vai. — ele respondeu confiante, rápido. Rápido demais. Eu podia ver que ele acreditava mesmo naquilo, mas dentro de mim um desconforto crescia cada vez mais ao pensar naquela opção. Eu estaria desacordada, drogada pelo sonífero na agua, e o veria pelo que poderia ser a última vez, apenas torcendo para que na próxima vez que eu acordasse ele tivesse conseguido e não... morto.

Parecia quase tão horrível quanto o que aconteceu ontem.

— Não temos outra opção. Você quer esperar outro ataque dele? O que ele vai fazer a seguir? — ele me provocou, e parecia lógico quando ele botava daquele jeito.

— Mas você disse que ele queria que nos... — engasguei com a palavra— apaixonássemos— continuei, com a voz suplicante—e se continuássemos assim? E se ele acreditasse?

Eu não estava pronta ainda para deixar ele morrer. Eu não queria aquela opção. Principalmente não quando eu fosse continuar viva, e sozinha naquele buraco, sem ele.

Ele balançou a cabeça, tenso— Ele não vai parar Daisy. E além do mais, como faríamos isso? Íamos tentar, até que ele te jogou de um rio para se afogar. Não importa que ele tenha dado a desculpa que era pra saber se eu iria escolher te salvar ou não. — as palavras saíram rápidas, com sarcasmo.

Ele me surpreendeu com a declaração.

—Espera, o que ele disse? Ele disse essas palavras? Que ele tinha me jogado para saber se você me salvaria? — perguntei, sem fôlego.

— Algo assim. — ele concordou, sem se importar. Sem perceber como aquilo era enorme.

— Então você me salvando, provou a ele que você se "importa comigo" — eu pensei em voz alta.

Estava tudo ficando claro. O sequestrador queria tentar Jonah, ver se ele realmente estava "apaixonado" por mim, e assim digno de ser livre. Ele não tinha tentado me matar.
Na cabeça perturbada dele, aquilo poderia ser algo positivo. E Jonah agindo da maneira que agiu, havia dado "provas" a ele não é? Ele devia acreditar mais nele agora.
Ele poderia começar a acreditar... e nos libertar. Sem que Jonah morresse.

— Só provou a ele que ele está no controle. Que
ele ganhou de novo. — ele corrigiu, pessimista.

Eu não estava convencida.

— Talvez não. Talvez ele queira mesmo saber.

Meu coração batia forte no peito.

Os lábios dele se contorceram ceticamente— E o que isso importa, Daisy? Quanto tempo mais estaremos aqui até que ele decida que já nos gostamos o bastante para eu ser uma pessoa normal? Quando você acha que ele vai perceber que nós não iremos ser um casal feliz e saltitante...

Fazendo o que deveria ser a coisa mais impulsiva de toda minha vida, eu me inclinei até ele, fechei os olhos e o interrompi abruptamente com um beijo.

——————————————————————-
Eu não sabia o que eu estava fazendo. Nem por que eu inventei de beija-lo entre todas as coisas, mas não havia como voltar atrás agora.
Quando eu preguei meus lábios no dele, eu não esperava que fosse sentir... alguma coisa como aquela. Era um sentimento revigorante e diferente de tudo. Os lábios dele eram surpreendentemente macios e quentes, sobre os meus. E ele estava sem resposta, completamente imóvel.

Quebrei o beijo com um afastamento súbito e nossos lábios se chocaram fazendo um barulho leve ao se afastarem.

Abri os olhos me sentindo nervosa, sem acreditar no que eu tinha feito.

— Não que eu esteja reclamando... mas o que você está fazendo? — ele perguntou devagar, me deixando totalmente envergonhada.

— Eu.. não sei. Não é só você que não é normal.
Eu acho que queria ver se eu também... sou. — eu finalmente consegui dizer, da maneira mais atrapalhada possível.

Ele me olhou pensativo antes de me perguntar— E você é?

Eu me arrepiei.

— Sim. Nada mal para um primeiro beijo. —murmurei para mim mesma em voz alta, e percebi que eu tinha razão. Foi meu primeiro beijo, e EU havia tido a iniciativa. E eu não detestei também. Para falar a verdade, eu tinha gostado.

— Como você sabe...? — ele perguntou, espantado, e o rosto dele se contraiu.

Demorei um tempo para entender e quando eu compreendi, arregalei os olhos, sem acreditar.— Oh, eu estava falando de mim... mas você também? — deixei escapar, com um suspiro.

Ele nunca havia beijado ninguém? Como isso era possível?

Ele pareceu mais relaxado com a minha resposta, e a carranca dele sumiu— Nenhuma outra garota roubou um beijo meu então, sim.

Fiz uma careta, me sentindo culpada— Eu sinto muito, eu não sabia.

Se eu soubesse que ele nunca tinha beijado ninguém, eu não teria feito aquilo. Eu não queria ter roubado o primeiro beijo dele.
Ele não parecia do tipo de pessoa que guardava para alguém especial, mas também eu me enganei quando achei que ele já tinha beijado outras pessoas, mas pensando bem, fazia sentido que ele não tivesse feito.
Eu me sentia próxima dele demais para meu próprio bem.

— Não sinta. — ele disse , e então segurou meu rosto com a mão suavemente, seus lábios se movendo contra os meus.

Foi diferente daquela vez. Não era apenas um beijinho de tentativa, e demorou mais que a primeira vez também.
Em seguida a boca dele se abriu um pouco, a língua tocando meus lábios me obrigando a abrir também, e quando o fiz, nossas línguas se tocaram devagar, e eu repeti o movimento dele com cautela. Eu não sabia aquele tipo de beijo, mas logo eu perdi a preocupação de como agir e simplesmente me concentrei na mão dele tocando meu rosto e eu repeti, querendo sentir o rosto dele também.

Quando ele tirou a boca de mim, estávamos os dois ofegantes. Ele me olhou de uma maneira que eu nunca tinha o visto fazer, e eu poderia dizer que era... prazer. Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo e com o que acabamos de fazer.

Agora com certeza aquilo foi um beijo.

— Acho que agora estamos quites. — ele brincou, com um sorriso nos lábios ainda úmidos. Me Senti corar quando tudo que pensei ao vê-lo, era beija-lo de novo.

—É... estamos. — eu engoli em seco, lutando para me concentrar.

— Então Daisy, é esse o plano que você quer ir em frente? Só que em frente ao meu pai? — ele ergueu as sobrancelhas, com um meio sorriso.

As palavras dele me pegaram de surpresa, e meu estômago revirou quando eu entendi o que ele quis dizer.
O que eu esperava? Que ele estivesse tão afetado como eu?
Que ele sequer lembrasse onde estava, muito menos no plano de enganar o sequestrador?

Eu só esperava que fosse apenas um engano.
Mas eu estava começando a achar que eu estava enganando a mim mesma.

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