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10: O Porco Voador

A resposta me fez dar um passo para trás, em um misto de descrença e dúvida se tinha realmente ouvido direito.

— O quê? Isso é absurdo, Romeu! — Convicção recheou as sílabas. — Caramba, há quanto tempo a gente é amigo?

— Sei lá, uns doze anos... — Imergiu em um silêncio analítico por um instante, como se estivesse confirmando mentalmente sua fala. — Por isso é perfeito. A gente se conhece o suficiente pra saber que não somos o tipo um do outro, então, não corre o risco de dar errado.

Balancei a cabeça em negação, totalmente-por-cento convicta em rejeitar sua proposta.

— Isso é maluquice! — ênfase inundou as sílabas — Não aprendeu nada com o filme da Mila Kunis que a gente viu ontem? Eles ficam juntos no final, completamente apaixonados!

— A gente não está em uma comédia romântica, Julieta. — Ergueu a sobrancelha. — E as coisas não são como nos filmes. A gente pode ser tipo o porco voador que você falou. Tipo, nada ia mudar entre a gente, a única coisa que teria de novo é que eu vou ter acesso à sua boca, e você, à minha.

Ponderei por alguns segundos, deixando um manto de silêncio se estender sobre nós por não saber ao certo se era uma ideia estupidamente boa ou estratosfericamente ruim.

Seria mentira se eu dissesse que nunca olhei para Romeu e meus olhos caíram, por um milésimo ou dois, para os seus lábios.

Porém, isso era perfeitamente justificável. Afinal, ele era um belo exemplar de Homo sapiens sapiens a e uma bomba de hormônios típicos da adolescência circulava pelas minhas veias, inundando o meu sangue com desejos estranhos que ocasionalmente flutuavam até a superfície na sua presença.

Porém, não era como se eu deixasse essas ervas daninhas invisíveis e filhas da mãe se proliferarem em torno do meu peito, porque sabia que, hora ou outra, elas podiam esmagá-lo e me fazer cometer algum tipo de coisa impensável, como beijar o cara que era o meu melhor amigo desde os cinco anos.

Sem dúvidas, isso estava fora de cogitação, porque que eu não fazia ideia do que poderia acontecer depois. E se o universo explodisse em caos por ter a ordem natural das coisas interrompida bruscamente com um simples toque de bocas? E se eu determinasse o fim do mundo com um beijo?

— Eu nem sei se me sinto atraída por você. — falei, na esperança de ser um argumento válido.

Ele com certeza percebeu o tremer por entre as sílabas, denunciando uma fala mentirosa que nem eu sabia que era tão inverídica até deixá-la pairar no ar.

Romeu cortou o espaço remanescente entre nós e carimbou as digitais na lateral do meu pescoço, a ponta dos dedos derramando faíscas que correram rumo ao órgão pulsante em meu peito, fazendo-o entrar em uma disritmia súbita.

Minhas íris resvalaram pelos contornos do seu rosto, observando os pequenos sinais de sol que se espalhavam por sua pele feito constelações inteiras flutuando no universo até as maçãs mais profundas sobre o maxilar, onde eu costumava traçar oceanos de tinta com os dedos quando éramos pequenos.

Em um ímpeto, alcancei seu queixo com o indicador, esboçando uma rota até atingir a meia lua da mandíbula abaixo da sua orelha. Às vezes, eu ficava impressionada com o quanto ele era bonito, da ponta do nariz até o sinal quase imperceptível pintado no seu lábio inferior.

— Acho que se sente. Tá olhando pra minha boca. — acusou, com notas de descontração.

Rolei os olhos.

— Não estava.

— Estava, sim.

Estava, sim. — repliquei sua fala, afinando o timbre.

Seu riso preencheu o pouco espaço entre nós, envolvendo meu coração de um furor que me fez ter vontade de rir também.

Uma pergunta começou a flutuar na minha cabeça naquela fração de segundo. Quer dizer, se Romeu tinha me feito aquela proposta infame, talvez a ideia de me beijar já permeasse a sua cabeça há algum tempo.

— Espera. Então, você... se sente atraído por mim? — A pergunta foi receosa, meu pé escorregando para trás de forma involuntária como se quisesse se certificar de que havia a opção de fugir, a depender da sua resposta.

Durante alguns segundos, ele pareceu ter congelado. Sua boca se abriu em dado momento, mas ele voltou a fechá-la, levando a mão à nuca enquanto uma careta se esboçava nas suas feições, oscilando entre falar a verdade que já tinha ficado óbvia para mim ou negar.

— É, eu... meio que acho que sim. — a resposta foi baixa. — Tipo, às vezes é difícil parar de te olhar. Você é uma das coisas mais bonitas que meus olhos já viram, jujuba.

As palavras trouxeram efervescência ao meu estômago, feito uma pílula de sensações que escorregou pela minha garganta e espalhou um emaranhado de eletricidade por cada célula do meu sistema.

— Você tem miopia, Romeu. Não é um elogio muito reconfortante. — brinquei, para tentar acalmar o fervor que corria pelos meus poros.

Ele estalou a língua.

— Que meus olhos com lentes de contato já viram. — corrigiu, os lábios tremulando para se curvarem em um sorriso.

Uma risada escapou da minha garganta por alguns instantes, até me dar conta de uma coisa que, assim que atingiu minha cabeça, fez meus olhos se arregalarem e a sensação fumegante de indignação se alastrar feito brasa no meu peito

— Desde quando? — expurguei o questionamento, meus dedos torcendo a barra do short no impulso do tique nervoso.

Ele apoiou uma palma no balcão, desviando o olhar para o lado na proporção que seus lábios se torciam em uma careta pensativa.

— Desde, sei lá, talvez quatorze anos.

A afirmação me deixou com vontade de cremá-lo no forno e, depois, fazer chá com as cinzas.

Ao invés disso, abaixei-me e, com um puxão, capturei um dos tênis do meu pé, erguendo-o até a lateral do rosto sob o crepitar das íris de Romeu por trás das lentes escuras.

Assim que percebeu minhas intenções, ele se desgrudou do mármore e praticamente correu para trás da ilha no centro do cômodo, abaixando-se até que a única coisa visível daquele ângulo fosse os seus óculos e o emaranhado de ondas cor de céu noturno do cabelo.

— Julieta, calma! Não faça nada que você possa se arrepender depois... — Ligeira aflição se camuflou no seu timbre.

 — Não vou me arrepender nem um pouco de te acertar com isso. Inclusive, vai ser uma sapatada pra cada vez que você ficou excitado pensando em mim! — exclamei, cortando a distância entre nós assim que comecei a dar a volta na ilha.

Romeu deu um pulo, fazendo o contorno no móvel a passos rápidos até parar na direção oposta à minha, nossos corpos separados pelo tampo e uma bandeja de frutas.

— Ai, cacete, não me mata... — Estatelou os olhos.

Torci o tecido áspero do tênis contra minhas digitais, minhas bochechas infladas feito a de um esquilo raivoso.

Precisei respirar fundo duas ou três vezes antes de deixar o calçado desmaiar no chão.

Nós dois sabíamos que eu não conseguiria acertar sequer um mosquito irritante com aquele sapato, porque meu coração certamente doeria tanto de culpa que eu seria capaz de chorar e fazer enterro para o bicho, com direito a caixão e uma plaquinha no jardim.

Já tinha acontecido antes, e o canteiro de rosas do meu pai contava com pelo menos cinco plaquinha miúdas feitas por mim, para cada inseto que acabei matando sem querer.

— Romeu, eu usava vestido sem short por baixo quando ia na sua casa, porque pensava que você não olhava pra mim desse... jeito! — quase berrei, no ápice da minha revolta vulcânica. — Caramba, eu passei sei lá quantos dias dormindo com você, achando que estava tudo bem, e na verdade você estava querendo se esfregar em mim...

Seus lábios se partiram, modelando as feições chocadas.

— O quê? — a pergunta veio carregada de ceticismo, e suas pernas traçaram a mesma rota que tinha feito há pouco até estacionar na minha frente. — Não é desse... jeito. Não exatamente. É... mais, diferente. — Sua voz se reduziu a um murmúrio, e a mão viajou até se encaixar em sua nuca. — Eu não sei explicar como é, mas parece muito com quando a gente vê uma coisa muito incrível, e a existência daquela coisa parece que... faz o mundo ser mais bonito, ou sei lá. E você às vezes não consegue parar de olhar, e também vem... vontade de tocar. Mas se não tocar, está tudo bem, porque... só a presença daquela coisa é suficiente.

Fiquei estática por mais segundos do que poderia contar, meus olhos se arregalando nas órbitas até ficarem do tamanho de bolas de gude tamanho família diante da surpresa que sua fala me trouxe.

Vagarosamente, sua palma traçou caminho até a lateral do meu pescoço, e o polegar de pôs a desenhar arabescos pela parte de trás da minha orelha.

Que droga. Eu estava de fato cogitando aquilo?

— Se a gente começar a se beijar, algumas coisas têm que ser muito bem definidas. — Minhas palavras se dissiparam no espaço antes mesmo da minha consciência apitar. — A primeira delas é que você não pode... falar essas coisas bonitinhas, principalmente quando eu estiver querendo quebrar a sua cara.

Sua risada reverberou.

— Mais alguma condição?

Apertei os cílios, pensando.

— Sem exclusividade, porque isso costuma ser coisa de namorado. Sem ciúmes, porque isso costuma ser coisa de gente apaixonada, e ninguém pode se apaixonar por ninguém aqui. Sem chamar pra encontros românticos, porque... — Engoli as palavras assim que seus lábios foram pressionados contra os meus em um toque arrebatador dentro da suavidade que carregava, trazendo tanto descompasso ao meu coração que o órgão ameaçou arrebentar a caixa torácica com a velocidade frenética dos seus batimentos.

Fechei os olhos, mas, logo que o mundo escureceu, ele se afastou alguns milímetros que pareceram quilômetros.

— É coisa de namorado. Entendi. — Soprou contra minha boca, seu nariz roçando suavemente na ponta do meu.

Assenti, meio zonza.

Foi então que um estalo reverberou na minha consciência, fazendo-me recuar um milésimo antes de ser beijada de verdade.

A última vez que eu tinha escovado os dentes foi depois do almoço, há mais de quatro horas. E, depois de tanto tempo, meu hálito já deveria estar no nível de descolar papéis de parede, ou matar as plantas de um jardim inteiro só de abrir a boca por um segundo.

A última coisa que eu queria era ter que olhar para Romeu o resto da minha vida vendo a decepção no seu olhar por causa de um beijo infestado de bafo de enxofre.

— Um minuto. — pedi, diante do seu olhar confuso.

Imprimi cada vez mais distância entre nós conforme caminhava para o corredor. Comecei a escutar o reverberar dos seus passos atrás de mim.

— O que vai fazer? — Sua pergunta foi genuinamente curiosa.

Girei a maçaneta de um dos banheiros, enfiando-me lá dentro e, em seguida, Romeu fez o mesmo, empurrando a porta com pé até o estalo do trinco ecoar.

— Escovar os dentes. — expliquei, dando de ombros. — A não ser que você tenha curiosidade em saber como é o hálito de um cadáver.

Diante da sua ausência de resposta, virei-me e fui até a pia de mármore, puxando meu boné para deixar que desmaiasse sobre ela, e fisguei um tubo de pasta. Despejei uma gota generosa na ponta do indicador e abri um sorriso gigante para o espelho, esfregando o dedo sobre os dentes em uma simulação muito fajuta de escova.

Pude ouvir o riso de Romeu atrás de mim, meio segundo antes de enlaçar minha cintura. Suas palmas escorregaram sobre o tecido da blusa enquanto seu nariz resvalava no meu ombro, puxando o ar para sorver o cheiro da pele.

— Não me desconcentra, idiota. — Resmunguei, a voz engasgada.

— Mas eu não tô fazendo nada... — Atrevimento permeou seu tom e, no instante seguinte, ele imprimiu um beijo elétrico nas proximidades da minha nuca.

Engoli um murmúrio de satisfação, abrindo a torneira. Enfiei a mão em concha debaixo do fluxo de água e a levei à boca para bochechar uma porção do líquido, cuspindo-o em seguida.

Virei-me para ele, apoiando os quadris no mármore enquanto o observava tirar os óculos de sol e posicionar o objeto sobre a pia, ao lado da minha palma. Seus dedos caminharam lentamente na superfície gélida até roçarem nos meus, as íris esverdeadas me fitando a uma distância tão curta que podia sentir sua respiração se dissolvendo em ondas mornas de torpor contra meus lábios.

Foi estranho observá-lo sob a perspectiva de um cara que eu estava prestes a beijar, não exatamente como o meu melhor amigo desde os cinco anos; aquele que achava que podia capturar bactérias com peneiras, ria de piadas de pontinho e sempre esquecia de limpar o bigode branco que se formava acima dos lábios depois de beber leite. Porém, da forma mais torta possível, pareceu certo de um jeito que poucas coisas são no mundo inteiro. E isso me assustou.

Por favor, que o beijo dele seja horrível, que seja horrível...

Carimbei o polegar no seu lábio inferior, sorvendo a textura macia enquanto minha outra palma resvalava até a lateral do seu pescoço, as ondas negras do seu cabelo quebrando como o mar na praia dos meus dedos.

Um sopro prolongado de sua respiração escapou por entre a boca semiaberta, e suas orbes derramaram uma profundidade de oceano sobre as minhas no momento em que sua mão alcançou minha nuca.

Um puxão suave precedeu o chocar dos seus lábios contra os meus, em um abraço cósmico que explodiu centelhas de todas as cores nas minhas células. De repente, eu era azul, vermelho, roxo e todos os tons possíveis além do ultravioleta, escorregando em anis inventados e tons ilógicos que só existem nos sonhos mais devaneantes.

Ofeguei, inspirando o aroma flamejante que faiscava na sua epiderme. Meus dedos tatearam sua nuca, provando cada átomo incendiário que era possível achar pelo caminho. Eu ardia, sufocava, e meu coração se expandia como uma estrela que consome hélio e cresce até os limites da borda do universo, arranhando minha garganta com o calor abrasador.

O beijo de Romeu era diferente de tudo o que meus lábios já haviam provado. Ele beijava não como se tivéssemos todo o tempo do mundo, mas como se fôssemos detentores da própria noção de tempo e tivéssemos a capacidade de congelar as gravidades relativas do cosmos para interromper a passagem dos minutos.

Sua língua perpassava a minha em um escorregar macio, quente e perigosamente narcótico, mesclando nossos gostos com uma mescla de vontade e calmaria.

Toquei seu peito sobre a camisa, e suas mãos escorregaram pelas minhas costas até se posicionarem abaixo da bainha do meu short, pressionando a pele em um pedido silencioso. Deixei que me erguesse e nossas bocas se separaram por um instante para que me acomodasse sobre o mármore, voltando a se colidirem em seguida.

— Acha que a gente não deveria estar fazendo isso? — a pergunta foi um ofego contra meus poros, seus dedos se infiltrando debaixo da minha camiseta em um toque fervilhante que se tornou mais firme assim que alcançou a curva da minha cintura.

Tentei racionar algo coerente, mas meu cérebro parecia ter virado um sorvete no sol.

— Tenho certeza que não. — afirmei, imprimindo pressão nas suas costas com as minhas unhas, que se puseram a esboçar pinturas abstratas sobre a camiseta.

Pude senti-lo tremer, e seus dentes fisgaram meu lábio inferior em um mordiscar lento, como se estivesse disposto a provar cada fragmento que sua boca pudesse sorver da minha.

— Por quê? — indagou, o timbre sôfrego.

Porque tenho dúvidas se vou conseguir sentir uma ínfima porcentagem do que estou sentindo agora quando for beijar outra pessoa depois de você, seu idiota.

Entretanto, sabia que não poderia confessar algo assim. E, antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa para respondê-lo, o barulho do trinco sendo forçado nos fez dar um sobressalto.

E... Aconteceu!

Saudações, terráqueos!

O que acharam desse primeiro beijo?

E da revolta da Julieta? Também se chateariam?

E de todas essas confissões?

E das regras estabelecidas?

Só digo uma coisa: Muita água ainda vai rolar por aqui.

Ansioses para mais?

Espero que sim :3.

Beijos de nuvem para vocês!

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