Capítulo 37
Dias depois chegava à mansão uma carruagem puxada por quatro cavalos pretos. Dela desceu um senhor calvo de pince-nez. A visita parecia ser de alguém já esperado pelo senhor Winks, pois o anfitrião fez questão de recebê-lo em seu escritório.
Os dois permaneceram por quase uma hora trancados lá dentro. Quando saíram, Dara; que passava pela sala no exato momento; não gostou nada do modo como aquele estranho a olhou. Após empertigar-se, ela rumou para outro ambiente e chegou até a pensar em queixar-se com Edgar sobre tal inconveniente, mas; ocupada com seus afazeres; acabou não fazendo-o.
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Com o passar dos meses, o referido episódio já havia caído no esquecimento pela jovem, e só voltou à tona numa manhã clara e atípica de inverno. Dara usava óleo de máquina para lubrificar as engrenagens de seu protetor, sentada em um banco do jardim, quando viu Sebastian abrir o portão, dando passagem que ela reconheceu no mesmo instante, assim como o seu ocupante.
"O mesmo estranho calvo, agora acompanhado por outro desconhecido...", a ruiva constatou, mas nada disse.
Seus grandes e interrogativos olhos azuis cruzaram rapidamente com os de Edgar, que parecia mais tenso do que o habitual. Logo este ergueu-se, e dispensando-a da tarefa que executava até então, foi ter com os dois cavalheiros misteriosos em seu escritório.
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A demora estava sendo tão extenuante quanto da primeira vez que o homem de pince-nez estivera alí, ou até mais! Na cozinha, acompanhada dos outros dois empregados, Dara não se continha de curiosidade:
— O que será que eles tanto falam, Margot?
— Não sei, menina.
— Como não sabe? De nós três, você é a mais próxima dele, deve saber de alguma coisa! Tenho certeza de que, se o Sebastian pudesse, me diria. — esticando um olhar carinhoso para o amigo mudo.
— Não meta o meu irmão nessa história porque, assim como eu, ele não sabe de nada! São assuntos do patrão.
— Pode ser, mas eu não gosto do modo como esse amigo dele me olha. Olha demais pro meu gosto. E esse outro que ele trouxe hoje... Você pode até dizer que eu sou implicante, mas que eu também achei que ele me olhou muito, achei. E também não gostei nem um pouco!
— Dara, você é uma menina tão jovem e bonita, é normal que seja admirada.
— Não vá me dizer que o senhor Winks está tentando me arranjar marido! Olha que se for isso, eu fujo dessa casa! Eu estou falando sério, Margot. Eu fujo e vocês nunca mais vão ouvir falar de mim. De fugir eu entendo...
— Menina... — a cozinheira já preparava-se para repreender a jovem, quando todos ouviram o nome da arrumadeira sendo pronunciado pelo vozeirão de Edgar, fazendo-a finalizar sua bronca de outro modo — ... parece que agora você terá a sua curiosidade sanada.
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