Capítulo 36
Ao mesmo tempo em que Dara e Philip reatavam a amizade, Edgar caminhava em volta do seu birô, no escritório de sua mansão. Seus movimentos faziam tilintar todas as engrenagens da engenhoca que possibilitava sua locomoção, hipnotizando o olhar de Margot em direção à elas.
Alheio a esse fato, Edgar parecia buscar um melhor meio de intruduzir o assunto de modo que não o comprometesse, mas não achando-o, falou de supetão mesmo:
— É sobre Dara. — revelou, finalmente parando por trás do birô, sobre o qual espalmou as mãos.
— Sim? — a empregada, que fora pêga no susto de tão distraída que estava, tentou disfarçar, passando a olhar para o rosto do patrão e prestando atenção ao que ele falava.
— Eu preciso recompensá-la pelo bem que ela me fez, mas não sei como... Por isso, preciso que me ajude.
— Eu não sei em quê poderia ser útil...
— Mas eu sei. — ele esboçou um sorriso esperançoso no canto da boca — Assim como ela, você é mulher, e pelo que já pude observar, vocês são bastante próximas. Você deve saber de alguma coisa, algum segredo... Algo sobre ela que não tenha chegado até mim.
— Desculpe-me, senhor Winks, mas não recordo-me de algo que possa ajudá-lo.
— Mas não é possível! Ela deve querer ou precisar de alguma coisa. Eu não posso continuar com essa pendência com ela. Com você e seu irmão foi mais fácil porque como ambos são meus funcionários fiéis de longa data, com um aumento significativo nos salários dos dois, eu pude simbolizar a minha eterna gratidão, mas com ela é diferente. Diferente porque eu nem posso oferecer um aumento de salário porque ela não é de fato minha funcionária. Eu jamais a contratei e nem acredito que ela queira...
— Por que não faz a proposta, então?
— Porque temo que a resposta seja óbvia. — e dando as costas para a empregada, continuou — Nada me faz crer que uma jovem tão vivaz como ela vá querer enterrar a sua juventude numa terra tão isolada e distante de tudo como a nossa pequena, sombria e fria Lockwood. Ela deve ter planos bem diferentes para o futuro... — e voltando-se novamente para a empregada — Faça um esforço para obter alguma informação. Dara é tão falante! Tem certeza que ela nunca deixou escapar nada que me possa ser útil agora?
Após tentar resgatar as lembranças de diálogos que já tivera com Dara, Margot recordou-se de algo:
— Bem, eu não sei se vai servir para alguma coisa, mas...
— Deixe que eu avalio. Prossiga. — Edgar interessou-se pelo que a antiga empregada tinha para dizer, sentando-se na cadeira de espaldar alto e pondo-se de frente para a cozinheira, completamente focado no que ela tinha para dizer.
— Dara, por mais de uma vez, já expressou a admiração que tem pela relação entre mim e o meu irmão. Talvez isso aconteça pelo fato dela ser muito sozinha, por ter sido criada num orfanato, sem saber nem quem são os seus pais...
— Conte-me mais sobre isso, quero saber os detalhes. Tudo o que você me repassar será de grande ajuda, acredite.
Os olhos; agora verde-amarelados de Edgar; quase não piscavam de tão concentrado que ele estava na narrativa de Margot. Olhos brilhantes, atentos a tudo, assim como seus ouvidos. Sua mente, sempre criativa, já imaginava um modo de usar aquelas preciosas informações em favor de Dara.
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