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Capítulo 30

A sós com seu amante, Agnes — agora refém do mesmo — procurava as palavras certas para tentar escapar da fúria daquele que ela tanto conhecia.

— Como és astuto, my darling! Sabia que não me decepcionaria. Que elaboraria um plano para salvar a nós dois. — recostando o rosto na altura do peito dele, que retribuiu a carícia, apertando-a ainda mais contra si.

Com o queixo apoiado sobre os fios dourados que emolduravam o topo da cabeça dela, James respondeu calmamente, com um sorriso nos lábios:

— Minha bela e... pérfida Agnes... Achou mesmo que sairia viva daqui?

— Mas... mas você tem um plano, não tem? — erguendo o rosto, ela deparou-se com o olhar frio dele.

— Tenho. Eu sempre tenho... — e, ao vê-la suspirar de alívio, completou —... o que não significa que será bom pra você.

— Como assim? O que quer dizer com isso? — afastando instintivamente o tronco do dele.

— Quero dizer que você selou o seu próprio destino quando me traiu há pouco! — segurando-a pelos punhos.

— Está se referindo ao que falei lá embaixo, para o Edgar? Ora, mon cher, não percebe que eu só pretendia ganhar tempo? Que não passava de uma encenação, uma estratégia para beneficiar a nós dois? — garantiu, ostentando um sorriso forçado que não o convenceu.

— Agnes, Agnes... Ainda bela, para sua idade. Mas uma vez pérfida, sempre pérfida! E tão volúvel...

— O que é isso, James? Sou eu, a sua Agnes! Por que está me tratando assim?

— Desista, você não me engana. Eu não sou bobo. Como você mesma disse, sou muito astuto. Sempre fui o mais inteligente de nós dois. Aliás, o único. Fui de um simples jardineiro a proprietário de tudo isso aqui. Desfrutei de tudo, inclusive de você, o que nem chega a ser um grande mérito, porque confesso que de todas as minhas conquistas, você foi a mais fácil. — rindo-se dela, com sadismo — Quanto a você, o que fez da sua vida? De senhora rica e respeitável à amante vulgar, refém numa torre de onde só sairá morta! — ele ameaçou, agarrando no pescoço dela com as duas mãos.

— Não, você não pode fazer isso! Você me ama! — caminhando para trás, tentando escapar da esganadura que sofria.

— Apenas os desprovidos de inteligência são capazes de amar. Edgar te amava, mas eu não. Eu nunca amei você e nem ninguém.

Ele dizia isso avançando ainda mais sobre ela, com as mãos sempre fixas em seu pescoço, fazendo com que esta; ao tentar se salvar; acabasse se aproximando perigosamente da janela de vidros quebrados e que dava para a pequena varanda suspensa sobre o jardim lateral.

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