No outro dia Eloise não apareceu na parada do ônibus, muito menos respondeu as mensagens de Harold. O garoto tentou se manter calmo, Eloise gostava de sumir e sempre aparecia depois de dias.

  Ele passou o dia todo pensando nela, na hora do almoço ele foi abordado pela loira que andava com Eloise.

  —Você é o Harold, não é? —Indagou cruzando os braços, ele assentiu rapidamente sentindo-se intimidado e ela suspirou. —Você viu a Elô? Ela não atende minhas ligações.

  —Eu a vi ontem, deve estar processando a volta da mãe. —A notícia deixou a loira de olhos arregalados e ela agarrou o colarinho do garoto o puxando para baixo os dois ficaram a centímetros um do outro.

  —E você a deixou com aquela vadia? —A pequena garota gritou histérica, então agarrou o pulso dele e começou a arrasta-lo. —Temos que achar ela, agora.

  —Eu vi ela ontem, ela está bem. —Afirmou novamente o garoto, mas em seu peito começou a surgir um grande sentimento ruim e isso lhe gerou um desespero.

  A loira parou de arrasta-lo e o fitou.

  —Não está bem, ela nunca fica bem quando está sozinha com a vaca da mãe dela. —A loira esbravejou, sua voz estava controlada, mas seus olhos estavam fulminando Harold. —Ela é uma menina frágil, Harold.

  —Eu entendo. —E foi a vez dele de puxar a loira rumo a saída, eles começaram a andar rumo a casa de Eloise. Era como se eles nunca chegassem, como se o caminho tivesse esticado-se, o desespero tomava conta dos dois corações aflitos e eles correram.

  Correram como se estivessem sendo perseguidos, assim que chegaram na porta de Eloise eles tocaram a campainha desesperados, ninguém os atendeu. Enquanto os dois davam arfadadas e tomavam goladas de ar, Harold apertava a campainha como um louco.

  Sem resposta alguma.

  A loira apanhou seu celular, discou um número e empressou o celular entre a orelha e o ombro direito, enquanto se agachava para pegar a chave extra que ficava embaixo do tapete.

  —Aqui é a Demetria, sim, sim. Isso mesmo, fim da rua, número 302. —Dizia enquanto destrancava a porta com agilidade e por fim ela disse: — Venham rápido.

  E foi quando finalmente a ficha de Harold caiu, ele entendeu a situação e em um ato desesperado quando a porta finalmente foi aberta, ele entrou como um furacão.

  Ele e Demetria abriam freneticamente todas as portas, foi quando a loira escancarou a porta do banheiro, seus olhos logo encheram-se de lágrimas e um grito estridente saiu de seus lábios, fazendo com que Harold saísse desesperado de dentro de um cômodo.

  Assim que ele chegou ao lado de Demetria, seu rosto se tornou de pavor e seus olhos arderam, logo em seguida vieram as lágrimas. Demetria sentou-se no chão encolhendo-se, abraçando os próprios joelhos enquanto berrava e soluçava, Harold se manteve ali parado encarando a cena enquanto seu rosto estava banhado em lágrimas.

  A sirene da polícia finalmente era audivel, mas era tarde de mais. Eles haviam chegado tarde de mais, não haviam conseguido salva-la.

  Harold não havia conseguido salva-la, e ele sabia que se culparia pelo resto de sua vida.