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ϙᴜᴀᴛʀᴏ

  Não demorou muito até que a polícia chegasse novamente, a briga finalmente teve fim e novamente Muriel foi levada a delegacia.

  Harold e Eloise estavam sentados na desconfortável cadeira da ala de espera, enquanto Muriel berrava palavrões para Eloise. A garota apanhou seu celular e colocou um lado dos fones de ouvido, o outro ela estendeu para o garoto.

  —Minhas músicas são melhores que a voz daquela mulher, eu juro. —Em seguida ela sorriu, um sorriso sincero, e apesar do grande corte em seu lábio superior, era um lindo sorriso.

  —Eu aceito. —Harold colocou o lado que o foi oferecido, e uau, aquela música era profundo. A música ele nunca havia escutado, e aquela voz era como a de um anjo.

  Aquela tarde se arrastou, os três deram um depoimento e finalmente estavam liberados. Enquanto Eloise e Harold caminhavam para suas casas, —Já que Muriel havia ido de táxi e não havia oferecido carona.— a garota retirou um maço de cigarros de sua bota, e um isqueiro de seu bolso.

  Ela acendeu o cigarro, tragou a fumaça e a prendeu em seus pulmões por bastante tempo, o máximo que conseguiu.

  —Quer? —Ela estendeu o cigarro para Harold, o garoto não soube como negar e acabou pegando.

  Ele sugou a fumaça, o gosto amentolado do cigarro impregnou sua garganta e ele começou a tossir freneticamente parando onde estava. A garota apanhou o cigarro da mão do pobre jovem e começou a rir.

  —Só porque alguém oferece algo, você não precisa aceitar. —Limpando as lágrimas nos cantos de seus olhos, ela finalmente havia parado de rir.

  Ela encarou o garoto ainda sorrindo e ficou na ponta dos pés, logo em seguida bagunçou os cachos castanhos do jovem, enquanto os olhos azuis dele a encaravam fascinados.

  —Sabe você não é nada mal. —Afirmou voltando a andar e tragar seu cigarro. —Eu gosto de você. Você brilha.

  —Eu brilho?—Indagou confuso, a garota sorriu de canto e o encarou brevemente.

  —Sim, você brilha. —Ela voltou a afirmar. —Essa sua luz as vezes me cega, sabia?

  —Eu não... —Se interrompeu e a garota comprimiu os lábios em uma linha fina, logo depois estalou a língua no céu da boca.

  —Chegamos. —Parou a frente do portão de sua casa e sorriu. —Eu tenho inveja de você, Harold.

  —Inveja?

  —Adeus, garoto do fim da rua. —Despediu-se sem dizer mais nada, deixando o pobre garoto confuso e cheio de perguntas.

  Harold não estava confuso por ela dizer adeus, Eloise tinha suas manias e uma delas era nunca dizer "até logo" ou "te vejo amanhã", pois de acordo com ela nunca sabemos o que pode acontecer.

  Ele então voltou para sua casa, mesmo confuso ele estava feliz e pensativo. Jantou com um grande sorriso no rosto, enquanto sua mãe falava sobre seu trabalho, ele escutou atentamente, e logo depois passou a noite escrevendo.

  Estava finalmente decidido, ele se declararia.

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