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Capítulo 5 - O nascer de um sentimento

Esse capítulo tem 3900 palavras.

Boa Leitura❤

A lembrança da nossa conversa me assombra. O medo nos seus olhos, a culpa que o consome. Ele quer acabar com tudo para proteger os outros, para que ninguém mais sofra. A tristeza me aperta a garganta, um nó que me impede de respirar. É tão injusto. Ele se sente culpado, mas sei que não é assim. Ele é só um peão num jogo muito maior, um destino cruel traçado muito antes dele sequer entender o que estava acontecendo.

Como alguém pode ser culpado por algo que não escolheu?

Ele é apenas uma vítima, o monstro é Satã! Ele é o responsável por tudo o que aconteceu na vida dele, por ter tirado as pessoas que ele amava de um jeito tão brutal.

Por isso, Belzebub é tão solitário. Sempre foi assim, mal visto e odiado até por deuses. Tudo culpa daquele imundo!

— Vou ajudá-lo! Esse monstro vai sumir da sua vida, prometo, Belzebub!

A determinação me consome, um fogo que queima nas minhas veias. Não consigo ficar parada, minhas pernas se movem sem que as controle, pulo, giro, os pés mal tocam o chão. A cabeça lateja, uma enxurrada de pensamentos, lembranças, possibilidades. Cada livro que li no mundo das fadas, história e magia passa como um filme na minha mente. Busco, desesperadamente, qualquer pista, qualquer solução.

A imagem de Satã me assombra, um ser tão antigo, tão poderoso... Não pode ser que não haja nada que possa fazer. Tem que ter alguma coisa, alguma forma de derrotá-lo! Algo que possa usar, alguma arma secreta, alguma magia antiga, alguma fraqueza escondida... tem que ter!

A pergunta certa é: como mato Satã?

Se nem Belzebub, um Deus, sabe a resposta, saberei?

Ele disse que ambos são o mesmo... sentido figurado ou literal?

Suas palavras ecoaram na minha mente, geladas como o toque da morte. "Dormindo... acordou com as mãos cravadas no peito de Lilith." Um arrepio percorreu minha espinha, seguido por uma onda de frio que me congelou por dentro. A imagem se formou na minha mente com cruel clareza: as mãos de Belzebub, manchadas de sangue, agarrando o corpo inerte de Lilith. Satã... ele o usa como um fantoche enquanto dorme. A constatação me atingiu como um golpe físico, o ar escapando dos meus pulmões em um suspiro abafado. Matar Satã sem ferir Belzebub... a tarefa se impunha como um monstro intransponível, uma montanha impossível de escalar.

Ele, tão gentil, tão atormentado... não merecia isso. Não depois de tudo o que descobri, de toda a sua dor silenciosa, de toda a sua luta solitária. A imagem dele, pálido e fragilizado, se sobrepôs à lembrança das mãos ensanguentadas. A culpa dele se tornou minha, uma dor aguda que se alojou no meu peito.

Os dentes se cravam no meu lábio inferior, o gosto metálico do sangue me fez lembrar da cena que não consigo apagar da minha mente. A frustração era física, uma força bruta que me prendia, me imobilizava. Quero ajudá-lo, desesperadamente, mas as soluções me escapam como areia pelos dedos. A impotência me corrói, uma dor lenta, constante, que me consome por dentro. Mas não desistirei, não vou deixá-lo morrer. Ele merece a paz, a felicidade.

Com um movimento brusco, atiro os lençóis para o lado, a madeira da cama fria contra minhas costas. A raiva, um vulcão prestes a entrar em erupção, me mantém alerta.

Talvez o sono trouxesse alguma resposta. Talvez... uma pequena faísca de esperança em meio à escuridão.

❈✡

A manhã nasceu radiante, e a minha alegria transbordava. Corri direto para o laboratório dele, o coração batendo forte no peito. Era o começo das pesquisas, da nossa luta contra Satã e da salvação de Belzebub.

A porta rangeu ao abrir, e o riso escapou dos meus lábios antes mesmo que pudesse contê-lo. Ele estava sentado à mesa, mais carrancudo do que já tinha visto. Os ombros tensos, a testa franzida, a boca apertada numa linha fina.

Sei o porquê daquela expressão. Ele não quer que me meta nisso. O medo dele é palpável, um espectro que paira no ar. O medo de que sofra o mesmo destino de todos que se aproximaram. Mas não vou recuar. Minha decisão está tomada.

Aproximei-me lentamente da mesa, observando sua expressão se intensificar a cada passo. O sorriso brotou nos meus lábios, um gesto suave, quase tímido. Ele suspirou, o som baixo e resignado, como o murmúrio de uma onda se quebrando na areia.

Emburrado... Ele fica até bonitinho assim. A imagem dele, tão sério e preocupado, me fez sorrir ainda mais.

— Está azedo hoje, Senhor Belzebub? — provoco, um sorriso travesso nos lábios. Vejo seus ombros se enrijecerem, um suspiro irritado escapando entre os dentes cerrados.

Irritá-lo é meio divertido. Sei que ele fará de tudo para me afastar disso, para me proteger. Mas ele não me conhece direito. Quando decido algo, vou até o fim.

— Vamos! O que vamos testar hoje em você, hein? — pergunto, a voz levemente debochada.

Seus olhos se fixam nos meus, um olhar intenso, quase penetrante, que me faz sentir um arrepio na espinha. A carranca dele se aprofunda, os músculos da mandíbula tensos.

— Pensei que você ia matar Satã — ele rosna, a voz carregada de sarcasmo.

— Está parecendo uma criança birrenta! — resmungo, cruzando os braços em resposta ao seu olhar acusador.

Outro suspiro, profundo e resignado. Ele cruza os braços, a tensão em cada músculo do seu corpo, gritando em silêncio.

— Não estou! Só quero te proteger! Todos que tentaram me ajudar morreram, você entende isso? — A voz dele sobe, carregada de raiva, a cada palavra uma ameaça velada.

Ele bate com a mão na mesa, um estrondo que corta o silêncio do laboratório. A madeira vibra sob o impacto. Ele está à beira de um colapso.

— Não preciso de proteção! — replico, mantendo o olhar firme, desafiador.

Seus olhos brilham, a raiva pulsando como um fogo contido. Seguro o olhar dele, a minha determinação igualando a sua. Não vou recuar.

— Diga isso quando arrancar seu coração! — a ameaça dele é um fio de gelo que percorre minha espinha, me deixando sem fôlego.

— Belzebub... — tento falar, mas ele me interrompe.

— Vou acabar te matando, não vou aguentar o peso da culpa, não posso morrer e guardar o peso da morte de pessoas inocentes é pior que a morte — a voz dele quebra, um sussurro carregado de angústia e desespero. Seus olhos refletem o turbilhão de emoções que o consomem.

— Fique tranquilo, não vai acontecer nada comigo — sussurro de volta, a voz firme, apesar do medo que se instala lentamente no meu peito.

Ele fecha os olhos com força, respirando fundo, tentando controlar a fúria que o consome. A luta dele é visível, palpável.

— Aine... não quero te matar, por favor... esquece isso de me ajudar a matá-lo, não vamos conseguir acabar com ele — o desespero na sua voz é quase físico, uma onda que me atinge com força.

A fragilidade dele, naquele momento, me atingiu como um soco no estômago. Segurei suas mãos sobre a mesa, a aspereza da madeira contrastando com a maciez da sua pele. Ele apertou os meus dedos com força, um suspiro cansado escapando entre os lábios. Entendia o medo dele. Entendia a dor de ter perdido todos aqueles a quem amava, de forma tão brutal e violenta. Mas não vou desistir. Vou ajudá-lo, custe o que custar.

— Nada do que você disser vai mudar minha ideia. Vou te ajudar! — a firmeza da minha voz ecoou no silêncio do laboratório, arrancando um olhar exasperado dele. Um olhar de pura impotência.

Não pude evitar o sorriso que se formou nos meus lábios. Ele revirou os olhos, num gesto de pura resignação. Com um movimento da cabeça, indicou a cadeira ao seu lado. Meu sorriso se alargou ao vê-lo rendido. Sentei-me, os olhos fixos na mesa repleta de livros sobre Satã. A quantidade era impressionante, ele estava disposto a colaborar ou apenas me testando? Não daria brecha para essa discussão agora. Ele tentaria me fazer desistir.

— Vamos começar a pesquisa? — perguntei, a voz suave, mas firme. Ele assentiu, o olhar fixo em mim, um misto de preocupação e esperança refletido em seus olhos.

Em silêncio, ele deslizou um dos livros pela mesa em minha direção. Peguei-o com cuidado, a capa antiga sob meus dedos. As letras, gravadas em dourado, pareciam brilhar sob a luz fraca do laboratório. Comecei a ler, a atenção total absorvida pelas palavras. Elas contavam as atrocidades de Satã, uma história de horror que se estendia desde o início dos tempos. Um nó se formou na minha garganta, o estômago embrulhando com cada atrocidade descrita. A personificação do mal, em sua forma mais pura e crua. Senti um arrepio percorrer minha espinha com algumas das passagens, a frieza do texto me congelando por dentro. Mas não mostrei nada. Sabia o motivo dele ter me dado aquele livro. Era para me mostrar o monstro em toda a sua glória horrível, para me fazer desistir. Para me mostrar o quão impossível era a nossa tarefa.

Nossos olhos se encontraram. A ansiedade dele era palpável, quase física. Ele esperava uma reação, um sinal de hesitação, de medo. Revirei os olhos, um sorriso irônico brincando nos meus lábios. Ver o quão monstruoso Satã era não me enfraquecia, ao contrário, me fortalecia. Me dava mais motivos para lutar, para libertar Belzebub daquele fardo. Algo me ocorreu, algo que Belzebub, em sua dor, não conseguia ver.

Satã era antigo, tão antigo quanto o próprio mundo. As escrituras sobre ele eram vagas, contraditórias, sem um consenso sobre sua origem. Duvidava que alguém o conhecesse desde os primórdios, alguém que pudesse registrar sua história de forma autêntica.

— Por isso, nunca chegaram a um consenso. Você procura no lugar errado! — declarei, a certeza na minha voz cortando o silêncio.

Seus olhos se arregalaram, a incredulidade estampada no rosto.

— O quê? — a pergunta dele saiu como um sussurro, quase perdido no ar.

Revirei os olhos diante da sua expressão incrédula. Ele ainda acha que me fará desistir!

— Belzebub, desiste. Esse livro não vai me fazer desistir. Ele fala sobre o monstro, não sobre você — afirmei, a minha voz serena, mas firme. Ele suspirou, a frustração evidente em cada traço do seu rosto.

— Sou o monstro! — resmungou, a voz baixa, quase um gemido. Sorri gentilmente, tentando transmitir tranquilidade.

Ele não era um monstro. Se fosse, lembraria perfeitamente de cada uma de suas vítimas. Ele mesmo não sabia que era Satã até acordar com as mãos cravadas em Lilith. A culpa não era dele.

— Aine... — ele tentou falar, mas o interrompi.

— Muda o disco e aceita a minha ajuda. Não te vejo como um monstro, então confia em mim — minha voz endureceu um pouco, irritada com a teimosia dele. Aquilo era melhor do que morrer!

— Mulher teimosa! — resmungou, a irritação dando lugar a um sorriso irônico. Ele não fazia ideia do quanto era teimosa.

— Posso falar agora sobre o que percebi lendo esse livro? — perguntei, buscando sua atenção. Ele assentiu, a carranca ainda presente em seu rosto.

— Ele era alguém, no início... alguém antes de ser você. Você não vai encontrar as respostas nesses livros! — A animação na minha voz era contagiante. Balancei o livro na sua frente. — Pensa bem: quão antigo ele é? Acha que desde que ele surgiu as pessoas registraram tudo nos livros?

Seus olhos se arregalaram, a surpresa evidente.

— O quê? — ele repetiu, aturdido.

— A primeira forma de escrita foi na pré-história, os homens escreviam nas cavernas. Acha que eles mencionavam Satã lá? Agora, pense na evolução dos meios de comunicação... as contas não batem com o surgimento dele! Não é possível saber com certeza quem escreveu a verdade sobre ele. Precisamos ir direto à fonte!

Seus olhos quase saltaram das órbitas. Quase ri.

— Belzebub, você é a fonte! Posso usar meus conhecimentos e poderes para te ajudar, e você sabe disso — a alegria na minha voz o deixou momentaneamente sem reação. Um alívio imenso me invadiu. Ia conseguir ajudá-lo.

— Você acredita que pode... que pode achar algo? — a pergunta dele saiu hesitante, cheia de uma esperança que nunca tinha visto nele.

— Com hipnose, posso acessar sua vida passada, por assim dizer... ou a vida dele, antes de estar em você! — respondi, com um sorriso radiante.

O brilho nos seus olhos era puro, a esperança viva e pulsante. Aquilo aqueceu meu coração. Talvez ele nunca tivesse sentido algo assim antes.

— Então faça! — a impaciência na sua voz me fez sorrir.

— Não funciona assim. Para acessar essa parte do seu cérebro, você precisa confiar em mim e não usar seus poderes para me bloquear. Só consigo acessar a superfície. Para chegar até ele, preciso ir muito mais fundo — expliquei, vendo a sua expressão murchar.

Peguei suas mãos, sentindo a tremedeira leve em seus dedos.

— Não se preocupe. Vamos treinar. Vamos começar com a voz. Desta vez, você vai me deixar, pelo menos tentar, no controle total. Assim, a cada vez, vou conseguir acessar partes mais profundas da sua mente. Tudo bem? — a minha voz era suave, reconfortante. Ele assentiu levemente, a cabeça baixa.

Concentrada nos seus sentimentos, percebi uma mistura de euforia e melancolia, tão característica dele. Um sorriso suave surgiu nos meus lábios enquanto começava a cantar, a voz carregada de emoção, buscando transmitir a ele a força da minha presença.

— Você está ferido e cansado... De viver a vida em um carrossel... E você não consegue encontrar o lutador... Mas eu vejo isso em você, então nós vamos sair dessa...

Seus olhos se fixaram nos meus, um olhar tão intenso que senti meu coração disparar. O impacto foi físico, uma onda de calor que me invadiu. Fechei os olhos, buscando refúgio na música, na emoção que transbordava. Não entendia esses sentimentos, essa atração irresistível. Eram tão complexos, tão confusos, tão novos... nunca havia sentido nada parecido.

Mas a intensidade da emoção dele era avassaladora. Não consegui manter os olhos fechados por muito tempo. Abri-os lentamente, vendo-o se aproximar vagarosamente, como se estivesse hipnotizado. Seus olhos brilhavam, um brilho intenso, quase sobrenatural. Pareciam conter todo o universo, um brilho que me deixou sem ar. Nunca o vi tão encantador. Se pudesse descrever a beleza em sua forma mais pura... seria ele. Aquele olhar brilhante era um toque divino.

— E eu vou me erguer... Alto como as ondas... Apesar da dor... E eu o farei mil vezes novamente... Por você...

Um sorriso iluminou seu rosto, os olhos ainda fixos nos meus. Sua mão se moveu, hesitante, em direção à minha. O toque foi suave, delicado, mas cheio de um calor que me aqueceu por dentro. Senti a textura áspera da sua pele contra a minha. Sorri, entrelaçando nossos dedos. Um estremecimento percorreu seu corpo ao sentir o meu toque.

— Quando o silêncio não é tranquilo... E parece que está ficando difícil de respirar... E eu sei que você sente como se estivesse morrendo... Mas eu prometo que vou levar o mundo a seus pés...

Acariciei sua mão com o polegar, sentindo uma paz profunda me envolver. Queria que ele sentisse o mesmo. Ele não estava mais sozinho. Estaria com ele sempre. Ele não precisava mais ter medo.

— Tudo o que precisamos é esperança... E para isso temos um ao outro... E vamos nos erguer...

Ao terminar de cantar, vi algo novo em seus olhos. Confiança. Confiança em si mesmo. Uma alegria profunda me invadiu. Naquele momento, vi um vislumbre da sua verdadeira alma, tão brilhante e pura quanto o sol. Ele não era o monstro que acreditava ser. E ia ajudá-lo a ver isso.

— Obrigado — a voz dele, rouca de emoção, quebrou o silêncio. Ele ergueu minha mão aos lábios, depositando um beijo suave na palma. O calor do seu toque me fez corar, um rubor que subiu pelas minhas bochechas. Seus olhos, cheios de uma doçura que nunca tinha visto antes, me envolveram em um mar de ternura. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Ele estava pleno, tranquilo, e aquilo me encheu de alegria.

Pela primeira vez desde que cheguei, realmente consegui ver seus sentimentos. A tranquilidade, a alegria, uma leveza que contrastava com a escuridão que o envolvia. Queria que ele permanecesse assim, então resolvi não forçar a conversa, não correr o risco de fazê-lo se fechar novamente. Mas queria conhecê-lo melhor.

— Belzebub, posso fazer uma pergunta? — indago, a curiosidade me impulsionando.

Seus olhos brilham, um sorriso leve surge nos lábios dele. Ele acaricia minha mão.

— Faz.

Esse jeito estoico dele me irrita.

— Por que tudo é tão escuro aqui? Digo, o quarto que você me deu é todo preto, e se te ver no escuro, não consigo te diferenciar da escuridão! — resmungo, minha voz carregada de um humor irritado. Ele ri, um som profundo e gostoso.

Faço uma careta. Venho de um mundo vibrante, cheio de cores e luz. Mentiria se dissesse que não sinto falta do sol, da alegria das cores. Aqui, tudo é tão sombrio, tão escuro.

— Estamos no submundo. É normal ser escuro aqui — ele responde, a voz levemente zombeteira.

Olho-o com irritação, e seu sorriso se alarga.

— Nem vem com essa! Hades não estava vestido de padre quando o vi! — replico, lembrando da minha primeira visita ao submundo.

Belzebub ri, brincando com meus dedos.

— Ele é um imperador, normal se vestir com pompa — ele retruca, bem-humorado.

Suspiro, exasperada, e seu sorriso aumenta. Ele é exasperante demais para a minha paciência curta.

Seus olhos brilham de diversão. Ele me provoca de propósito! Se ele acha que me irritando vai me fazer desistir de saber mais sobre ele... está muito enganado.

Já sei algumas coisas sobre esse lugar, mas duvido que o submundo seja completamente melancólico. Acho que é por ser o domínio dele, que é por causa dele que tudo é tão sombrio.

— Sei que você é um dos príncipes do inferno... fiz minha pesquisa sobre você, Senhor Belzebub — provoco, um sorriso travesso nos lábios. O sorriso dele desaparece, substituído por uma expressão de surpresa, quase incrédula.

— O quê? — a pergunta dele sai como um sussurro, a incredulidade evidente na sua voz.

— Não gosta do título de príncipe? Então, que tal sacerdote da gula, regente dos espíritos malignos, ou prefere Deus da escuridão? — a ironia escorre da minha voz enquanto o observo com malícia. A diversão é palpável.

— Não me chame assim, por favor! — a irritação na sua voz é clara, os músculos da mandíbula tensos.

— Tudo bem, então diga-me, Príncipe do Inferno, qual é a sua desculpa? — minha voz é brincalhona, mas a minha intenção é séria. Ele suspira, a frustração evidente em cada movimento do seu corpo.

— Você é irritante! — ele resmunga, a carranca aprofundando-se em seu rosto.

Levanto a mão, cutucando-o levemente no ombro, num gesto provocativo. Ele me observa em silêncio, os olhos escuros analisando cada movimento meu. Mas não paro.

— Quero saber mais sobre você, vamos! — insisto, apontando o dedo para o seu rosto. Seus olhos brilham, um reflexo de desafio e... algo mais.

— Gosto de cores escuras... cores coloridas me enjoam — ele responde, a provocação clara em sua voz.

Que idiota! A indignação me invade, mas a mantenho contida, um sorriso irônico se formando nos meus lábios.

— Sou muito colorida para você, Senhor Belzebub? — pergunto, o olhar travesso.

— Talvez... — a provocação na sua voz é evidente, um desafio velado.

Sorrio, um sorriso travesso e confiante.

— Talvez você precise de um pouco de cor na sua vida! — replico, meu olhar fixo em nossas mãos unidas. A sensação é estranhamente confortável, e perceber que ele também se sente à vontade me faz sentir um turbilhão de emoções no peito. Meu coração bate forte, descompassado. Com um movimento lento, passo o dedo indicador pela palma da sua mão, um carinho suave sob o seu olhar atento.

Ele sorri, um sorriso terno e suave, fixando os olhos nos nossos dedos entrelaçados. Com a mão livre, ele sobe lentamente em direção ao meu pescoço, os dedos tocando a minha pele com uma delicadeza que me faz ofegar. Um sorriso sensual surge no seu rosto ao ver meu rubor. O calor sobe pelas minhas bochechas, o contato dele me deixa mais solta, mais ousada. Ele está cada vez mais irresistível.

Meus sentimentos são uma confusão. Não entendo o que acontece, o motivo de meu coração disparar como um louco, ou o fato de meus olhos estarem fixos nos lábios dele, imaginando o seu gosto. Nunca senti isso antes. Não sou burra, sei que sou bonita e atraio atenção no mundo das fadas, mas jamais senti esse desejo crescente, essa atração irresistível por outro ser. Ele está me fazendo descobrir um lado meu que nem imaginava que existisse.

— Seu cabelo é tão bonito, por que sempre o deixa preso? — A pergunta dele me surpreende, quebrando o clima intenso. Ele solta meus cabelos, os fios caindo em cascata sobre meus ombros. Seus olhos, cheios de admiração, me deixam completamente vermelha. Nunca me senti tão envergonhada, tão vulnerável. Ele é o primeiro a me fazer sentir assim.

— Belzebub... — sussurro seu nome, a voz rouca, quase ofegante. Meus cabelos emolduram meu rosto, flutuando levemente ao meu redor. Ele ofega, seus olhos se dilatando. A admiração dos outros nunca se compara ao que vejo em seu olhar: desejo puro e brutal. Um arrepio percorre todo o meu corpo. Ele se aproxima lentamente, me deixando cada vez mais entregue à sua presença.

— Você é tão linda... não precisa de maquiagem alguma para ressaltar sua beleza — ele desliza o polegar pela minha bochecha, o toque suave queimando minha pele. — Nem Afrodite chegaria aos seus pés...

Ofego, completamente aturdida. Não consigo acreditar no que ele diz, no desejo que emana de seu olhar, que queima cada parte do meu corpo como se estivesse em chamas. Lentamente, ele se aproxima, seus olhos desviando para meus lábios. Ele morde os seus próprios lábios, e sinto minha boca secar.

Sua respiração contra o meu rosto me deixa ainda mais excitada. Quero tanto beijá-lo, sentir o seu gosto... Entreabro os lábios, num convite silencioso. Ele acaricia minha bochecha, um sorriso triste surge nos seus lábios. Fecho os olhos, sem querer ver a dor em seu olhar. Ele se entrega, mas algo o para, deixando-o amargurado e triste.

— Preciso ir... — a voz dele, um sussurro quase inaudível, corta o ar carregado de desejo, deixando um rastro de frustração em meu coração.

— Belzebub, espe... — nem sequer me permite terminar a frase. Ele se afasta rapidamente, sumindo pela porta, deixando-me sozinha no silêncio do laboratório.

Não acredito que isso aconteceu! A incredulidade me invade, fria e cortante. Estávamos em sintonia, nossos corações batendo em uníssono, e ele simplesmente quebra o encanto.

Ele fez de propósito! A raiva começa a ferver dentro de mim, um fogo que me consome. Ele instiga tudo, cria um clima ardente, intenso, apenas para se afastar assim, sem uma palavra, sem uma explicação.

Não vou deixar isso passar. Ele vai pagar por isso.

Por mais que seja difícil admitir em voz alta, sinto mais do que amizade por ele. O desejo, com uma intensidade que nunca senti por ninguém em toda a minha vida. Não posso perder a oportunidade de conhecê-lo verdadeiramente por causa do medo. Confio nele, sei que juntos podemos superar essas turbulências.

Sinto que algo especial está crescendo entre nós, e não vou perder isso por medo. Ele não pode continuar vivendo assim, preso pelas sombras do seu passado. Sei que ele quer me proteger, até de si mesmo, mas é impossível que seja a única a sentir esses sentimentos. Não vou perder a chance de ser feliz por causa do medo do que pode acontecer. Vou conquistá-lo.

música ➜ Andra Day - Rise Up

https://youtu.be/kNKu1uNBVkU

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