Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 4 - A Verdade

Aqui vai contar um pouco da história do Belzebub, algumas coisas serão parecidas com o mangá, outras vão ser tiradas da minha imaginação para encaixar na história, vocês vão entender ao longo dos capítulos.

Esse capítulo tem 3640 palavras.

Boa Leitura❤

Por mais que tentasse evitar, a culpa me consumia como uma maré incontrolável, arrastando-me para um abismo de desespero. Fiz de tudo para mantê-la longe, para escapar desse destino incerto que se aproximava, mas agora, com todos os olhos fixos em nós, percebo que a coloquei em um perigo maior do que jamais quis admitir. Antes, não pensava nas consequências, agora, o medo por ela me assombra, uma sombra constante que não me deixa em paz.

Tê-la em meus braços despertou algo ao mesmo tempo familiar e devastadoramente novo, uma centelha que acendeu um fogo dentro de mim. Um sentimento tão profundo que me desarmou por completo, desnudando minha alma de maneira que nunca experimentei. Não posso permitir que essas barreiras se rompam, não quando isso pode significar sua ruína, sua vulnerabilidade em um mundo que não perdoa.

Nunca imaginei sentir algo assim novamente. E agora percebo que cometi um erro terrível, um deslize que poderia custar muito mais do que estava preparado para perder. Fui imprudente, guiado por uma necessidade que não compreendo e talvez nunca compreenderei. O impulso de tê-la ao meu lado ofuscou meu discernimento. Não pensei nas consequências quando a trouxe para cá... talvez porque, no fundo, nunca quis resistir a esse desejo.

Aine é uma chama viva, uma força pulsante que me atrai e me desorienta ao mesmo tempo. Há uma vontade de viver nela tão intensa que, mesmo na escuridão que me cerca, encontro um calor inesperado em sua presença, como se ela fosse a luz que faltava em minha existência.

Um sorriso involuntário surge ao lembrar dela invadindo minha biblioteca sem ser convidada, sua ousadia e confiança fazendo daquele espaço, por um momento, um lar. Como se aquele ambiente austero sempre tivesse sido dela, como se ela tivesse o poder de moldá-lo à sua imagem, trazendo vida onde antes havia apenas sombras.

"Fugir dela assim... ridículo! Sempre que sinto sua presença, meu corpo age por instinto, e quando percebo, já estou correndo, como se isso pudesse me salvar.

Como posso ficar perto dela se nem confio em mim mesmo? O medo do que sou capaz de fazer me corrói.

Seu perfume, doce como rosas na primavera, uma explosão de rosas e jasmim, completamente avassalador, invade o ambiente, antes mesmo dela surgir. A ideia de fugir me assombra, mas ela não está sozinha. Fugir seria patético. Não posso viver assim, preso entre o desejo e o medo. Meu corpo se enrijece.

Ser responsável não significa ser imune. Esse perfume... meu coração dispara de um jeito desconcertante. Algo que nunca senti antes, e isso me aterroriza.

Ela me deixa completamente nervoso!

Seus passos se aproximam, cada som reverberando em meus sentidos. Sem pensar, pego o primeiro livro que vejo, como se isso pudesse criar uma barreira invisível, um escudo que me protegesse da intensidade que ela traz.

Quem estou tentando enganar?

Horas se passaram e ainda não consigo me concentrar. Não importa quantas páginas leia, ela está em cada pensamento, ocupando cada parte de mim como uma maldição inevitável. Aine me importuna até mesmo em minha mente, uma presença constante que me faz perder o controle.

O livro em minhas mãos é crucial, trata dos poderes das veelas, hipnose e compulsão, algo que deveria ser minha prioridade. Mas só consigo pensar nela, em sua proximidade sufocante, e no quanto a desejo. Meu corpo se aquece.

— Sei que sentiu minha presença! É rude ignorar as pessoas! — seu resmungo irritado ecoa.

Não resisto. Ergo os olhos em sua direção, tentando a todo custo parecer indiferente. Mas o rubor em suas bochechas, combinado com seu olhar irritado, só acentua sua beleza de uma forma avassaladora. Meu coração dispara sem piedade.

Ela é deslumbrante... mesmo quando está brava. Especialmente quando está brava.

Aine é tão linda que me tira o chão e isso me consome de uma maneira insuportável. Essa atração me arruína... e pode arruinar a ela também.

— Não estou ignorando. Quero ficar sozinho — retruco, forçando uma frieza que não sinto.

Seus olhos, de uma cor quase impossível para alguém comum, se arregalam. Não há uma única parte dela que não seja hipnotizante, aqueles olhos de topázio imperial, com um tom rosado suave que reflete seus cabelos cintilantes... tudo nela parece feito para provocar minha sanidade.

— O que quer? — resmungo, tentando esconder o tumulto.

Por favor, vá embora... Fique longe antes que perca o controle.

— Me trouxe aqui para me manter presa? — seu desafio me atinge. Ela não irá embora.

Suspiro, lutando contra o desejo de prolongar a conversa.

— Está livre! — retruco sarcástico, tentando recuperar alguma autoridade.

Seu rosto cora, ganhando um tom ainda mais vívido contra seus cabelos delicadamente rosados.

Interessante... ela fica ainda mais bonita quando está irritada.

Não deveria pensar nisso. Não posso pensar nisso. Mas, droga, Aine... por que tem que ser tão perfeita?

Ela respira fundo, tentando se controlar. Sua vontade brilha. Veelas são temperamentais, mas ela é algo além. Deve ter passado a vida reprimida...

A vontade de rir surge, inesperadamente, como uma centelha de vida há muito apagada dentro de mim. Ela é uma tempestade, uma faísca de luz em meio à escuridão que me cerca.

Mas essa mesma luz é o que me faz recuar.

Ela é vida. Sou trevas.

E sei que não posso me aproximar.

— Está fugindo de mim? — ela se aproxima. Não chegue perto!

Fecho o livro. Conversa focada nos poderes dela... talvez ela esqueça o que importa. Ou não. Aine é altruísta. Vai querer me ajudar, e isso a colocará em perigo. Todos que tentaram estão mortos.

— Conseguiu usar seu poder em mim, mas não por tempo suficiente. Vamos usar hipnose agora — proponho, desesperado, para desviar sua atenção.

— Não vai me responder? — sua frustração é genuína, perigosa.

— Não tenho motivo para responder.

Sua fúria brilha. Um arrepio gelado e um calor inquietante percorrem minha espinha. Ela me encara, como se soubesse tudo. Não pode se aproximar.

— Belzebub, não vai mesmo responder à minha pergunta? — sua voz se torna perigosamente sedutora.

Minha mente me trai... imagino seus lábios nos meus, seu corpo junto ao meu, o calor me envolvendo completamente...

Não!

Totalmente entregue em meus braços...

Não!

Meu coração dispara descontrolado, uma batida furiosa e imprudente. Ela me consome de formas que não entendo. Meu autocontrole, algo que sempre me definiu, desaparece quando estou perto dela.

Sempre fui implacável. Sempre tive controle absoluto, mas Aine...

Ela é uma tormenta. Irritante. Tão incrivelmente irritante!

Não vou me ajoelhar diante dela. Não posso. Não existe essa possibilidade.

Mesmo que cada parte do meu ser clame por ela, não posso ceder.

Se me permitir sentir... ela será destruída e, no final, serei o único a sofrer.

— Diga-me, está fugindo de mim? — ela sussurra, provocando.

Fecho os punhos com força, tentando resistir ao desejo ardente que me invade. Meu coração acelera como se quisesse escapar do peito.

Por que é tão impossível manter distância?

Ela nem está usando seu poder de verdade, mas ainda assim me prende como se fosse inevitável. Isso só torna tudo mais insuportável.

Sua presença me chama... é um apelo que não consigo ignorar.

— Belzebub... responde...

Não! Ela está perto demais. Meus lábios formigam como se já tivessem tocado os dela. É apenas minha mente me traindo, mas a dor de resistir é palpável.

Não posso... não com ela.

Ela é pura demais para ser manchada pelo meu toque.

Meu passado é uma sombra que não pode ser apagada. Não posso repetir os mesmos erros.

— Usa a maldita hipnose!

— Então foque no meu olhar, Senhor Belzebub — ela sussurra, segurando meu rosto. Seu perfume me envolve. Seus olhos me hipnotizam. Meu corpo relaxa. O perigo sou eu.

Estar perto só aumenta a necessidade. Isso alimenta minha raiva. Algum dia terei paz? Mereço tentar?

— Está fugindo de mim? — sua voz é irresistível. Ela quer respostas.

Não! Se insistir, vou quebrar essa conexão.

— Faça o que seu coração deseja — ela sussurra. Meu coração...

Meu coração?

Antes que possa pensar, meus braços envolvem sua cintura, puxando-a para mais perto. Seu corpo quente contra o meu faz minha mente se apagar.

Seus dedos delicados repousam em meu peito, sentindo cada batida frenética do meu coração, como se ele estivesse chamando por ela.

Ela é... deslumbrante.

Minhas mãos deslizam por suas costas, acariciando sua pele macia até seus cabelos sedosos, tão suaves quanto pétalas de rosas.

Perfeição.

Seus lábios convidativos parecem feitos para mim, tão suaves e rosados... seu perfume doce é intoxicante.

Não consigo pensar em mais nada além dela.

— Acorda...

Seu comando me atinge como um golpe cruel. Seria mais fácil se estivesse sob seu feitiço... ao menos teria uma desculpa."

Ela se encaixou em meus braços como se fosse feita para mim, seu corpo quente e macio contra o meu, seu perfume de rosas e jasmim me embriagando. Senti seu coração batendo contra o meu peito, num ritmo frenético que ecoava o meu próprio desespero. Cada vazio dentro de mim foi preenchido por seu calor, por sua presença, mas sei que não posso tê-la.

Por que sou condenado a viver dessa maneira, preso entre o desejo e a destruição?

Queria poder me permitir sentir, viver plenamente, sem o peso da minha própria escuridão. Mas ceder seria um erro fatal, um suicídio. Essa atração, essa conexão visceral, já é perigosa demais... pior ainda é saber que vai além de simples desejo, que se trata de algo muito mais profundo, muito mais antigo.

Sempre aceitei a ideia de desaparecer, de me extinguir, desde que entendi o que carrego dentro de mim. Mas agora, com ela tão perto, sua vida pulsando contra a minha, vibrante e radiante, tudo o que consigo pensar é em mantê-la comigo, em protegê-la do mundo e de mim.

Não posso permitir isso! Não posso permitir que ela se torne mais uma vítima.

A lembrança de todos que ousaram me ajudar, de como cada um deles foi destruído, queima como brasas em minha mente. Vejo seus rostos, ouço seus gritos, sinto a dor da minha própria culpa. A imagem de seus corpos inertes, consumidos pelas trevas, me assombra.

Não posso deixar que ela tenha o mesmo destino, que sua luz seja apagada pela minha própria escuridão.

Estou condenado a viver na sombra, mas não vou permitir que Aine seja arrastada para ela, mesmo que precise protegê-la de mim mesmo.

❈✡

Os dias se arrastam, longos e insuportáveis. A monotonia, sempre presente, agora é uma tortura. Sei que sempre foi assim, mas a convivência com ela mudou tudo. A ausência dela é um vazio que me consome. Um silêncio ensurdecedor.

Uma semana de solidão.

Entendo. Ela precisa pensar, de espaço. Evita o meu contato, e apesar da saudade, fico grato. Não posso me apegar mais do que já estou.

Mas meu corpo me trai quando ela entra. Um sorriso involuntário surge, irresistível. O perfume dela, doce e inebriante, me envolve, me domina.

Senti tanta falta...

— Podemos conversar? — A voz dela é quase um sussurro, carregada de uma fragilidade que me parte o coração.

Minha curiosidade aumenta. Ao olhá-la, sinto um aperto no peito, uma dor física.

Ela chorou. Seus olhos estão inchados, vermelhos.

— Estava chorando? — a pergunta escapa, rouca, carregada de preocupação.

Não a quero assim. Não quando ela transborda vida, quando seu sorriso ilumina tudo ao meu redor.

Aine se aproxima, hesitante, com uma timidez que jamais vi nela. Um choque. Ela está diferente. Fragilizada.

— Vou lhe dar uma escolha... — a voz dela é firme, mas seus olhos refletem uma insegurança que me angustia. — Escolha falar a verdade sobre seus motivos para fazer isso com sua vida, ou não vou ajudá-lo mais.

Não!

De tudo que ela poderia pedir, escolher justamente o que não posso dar...

A verdade não pode ser revelada. Não se quiser mantê-la viva. Foi um erro terrível trazê-la para cá.

Aine se sacrificou pelas fadas, e elas sequer merecem seu esforço, sua bondade. Se ela souber a verdade sobre mim, vai tentar me ajudar, e não posso permitir.

Ela tem uma alma linda, uma luz que ilumina tudo. Foi a primeira coisa que notei nela. Uma luz tão perfeita... capaz de extinguir minhas trevas. Esse foi meu erro.

Deixei-me guiar pelas minhas emoções. Cego pelo meu desejo.

— Não posso!

— Preciso saber, tenho esse direito — a voz dela é firme, mas há uma fragilidade por trás da sua determinação.

— Aine, por favor, não me peça isso! Todos que souberam acabaram morrendo!

— Não entendeu? Estou condenada, depois de ajudá-lo, vou me entregar, então não fará diferença. — a voz dela é um sussurro, carregado de uma tristeza profunda que me gela até os ossos.

Ver um ser tão vivo, tão radiante, tão apático... a apatia em seu olhar me paralisa. Seu brilho se apagou.

Ela não vai morrer. Não vou permitir. Não por minha culpa! Não vou deixar que ela fique desamparada.

— Isso é besteira!

— Não é, sabe disso! Não serei ouvida e não quero passar a vida fugindo — a voz dela é um fio de navalha, cortando o ar entre nós.

— Não vou permitir que nada aconteça, ninguém vai persegui-la! — asseguro, a minha voz firme, tentando transmitir confiança, tentando acalmá-la.

— Não poderá me proteger do além, ou sei lá para onde os deuses mortos vão — ela tenta aliviar a tensão com um toque de humor, mas a fragilidade em sua voz me parte o coração.

— Pode se proteger sozinha! Tem poderes para se manter segura! — replico, desesperado, o pânico apertando meu peito como uma mordaça.

— Belzebub, não quero carregar o peso de mortes inocentes. As fadas só estão cumprindo as ordens da rainha. Se as matar, estarei dando razão para que me cacem — a agonia em sua voz aumenta a minha própria dor.

Não posso julgá-la. Seria hipócrita. Esse peso é insuportável, e alguém com um coração puro como o dela não aguentaria. Eu, cercado de trevas, mal consigo suportar.

Droga! Jamais deveria tê-la trazido para cá!

— Desculpa! Juro que não pensei que fosse causar tudo isso — sussurro, o peso da culpa esmagando meus ombros.

Isso não está acontecendo! Não pode estar acontecendo!

Não contar significa mantê-la em segurança. De certa forma, me traz uma paz. Mas o medo em seu olhar, o medo dela saber o que sou... é insustentável.

Mas posso continuar escondendo isso? Posso viver com essa mentira?

— Ok... só peço que escute tudo... antes... antes de ter alguma reação... — murmuro, agoniado.

Seu olhar intrigado me fere. Sei que ela não vai me olhar mais assim depois de ouvir a verdade. A inocência em seus olhos... vai se perder.

— Tudo bem — a voz dela é suave, mas a tensão no ar é palpável. Um silêncio pesado cai entre nós, carregado de expectativa, de medo, de uma imensa incerteza.

Nunca precisei contar isso a ninguém. Todos já sabiam. Mas falar em voz alta... dói mais do que qualquer outra coisa. Uma pontada profunda no peito.

— Sempre houve um boato... que qualquer um que se aproximasse de mim... morreria... diziam que fui amaldiçoado por Satã... todos fugiam... — um suspiro longo e doloroso escapa dos meus lábios, um tremor na voz. A garganta fecha, a sensação de sufocamento é intensa. — Vivi completamente sozinho... até que encontrei três amigos... meus primeiros amigos... Lúcifer, Azazel e Samael... nenhum deles se importava com o que diziam...

O olhar dela, de descrença e horror, me fere mais do que esperava. Meu coração se aperta com a dor da lembrança. Minha voz se torna um sussurro, quase inaudível.

— Após muita insistência de Lúcifer... ficamos amigos... pela primeira vez, fiquei feliz... — desvio o olhar, incapaz de encarar a expressão de espanto no seu rosto. — Um dia, acordei coberto de sangue... um cheiro pútrido... fiquei louco... procurei por eles... só encontrei seus corpos... cobertos de moscas...

A dor me esmaga, me sufoca. Me afasto, incapaz de encará-la. Não posso ver o medo em seus olhos. Não consigo.

— Satã matou seus amigos? — a pergunta dela é um fio de voz, tremendo, quase inaudível.

Concordo com a cabeça, a insegurança me dominando. Evito seu olhar, temendo o que ela verá em meus olhos. A minha própria escuridão.

— Desde esse dia, jurei que iria matá-lo. Pesquisei por todos os lugares, até que encontrei uma amiga de infância de Lúcifer... procurando por quem fez aquilo... — minha voz embarga, meus olhos ardem. — Lilith insistiu em me ajudar... vingança pelo amigo. A evitei... mas, procurando por ele... criamos um laço...

— Vocês...?

— Um dia, tive um pesadelo. Ela me atendeu... perdi a consciência... Quando acordei, minhas mãos estavam perfurando seu peito... — a minha voz falha, um nó na garganta me impede de continuar. — O monstro... quem eu sempre procurei... era... Satã e eu... somos um só.

Um silêncio pesado cai entre nós, um peso insuportável. Não consigo me conter. Olho para ela e o medo em seus olhos me dilacera.

Quem não teria medo? Quantas histórias ela já ouviu? Sou a personificação do mal... cruel, desprovido de qualquer sentimento. É normal que ela esteja assim.

Meu peito dói. Mais do que qualquer julgamento. Mais do que qualquer dor física. Ver esse medo nos olhos dela... é insuportável.

— Belzebub... — a voz dela é um sussurro, carregado de uma compaixão que me surpreende.

Fecho os olhos, covardemente. Fugindo do que sei que ela pensa.

Sinto o toque dela, o calor do seu corpo, o abraço apertado.

— Não foi sua culpa... vocês não são a mesma pessoa... não podem ser... Vou ajudá-lo a livrar-se dele, prometo! — as palavras dela são um sussurro, mas a sua determinação é inabalável. A sua fé em mim me deixa rígido, como se tudo o que acreditava fosse desmoronar.

Ela é maluca?

— Não entendeu nada? — afasto-me, o seu olhar decidido me exaspera. — Está sendo imprudente, quase insana!

— Entendi, mas não consigo vê-los como a mesma pessoa! — a voz dela é firme, inabalável. O seu toque, leve, em minha bochecha, me deixa sem reação. — Sinto seus sentimentos. Se fossem os mesmos, não teria nenhum.

Ela não é maluca... Ela é... diferente.

— Sou um monstro!

Aine revira os olhos, cruza os braços, mais tranquila do que eu jamais estive.

— Não vejo você como um! Se fosse, não teria sentimentos. Se fosse ele, não sentiria culpa! — a voz dela é desafiadora, segura.

Elevo as mãos ao cabelo, numa postura desesperada.

— Aine... não confunda as coisas! — minha voz falha.

Ela sorri abertamente, sem hesitação.

— Não estou confundindo nada! Você me chamou para ajudá-lo, e é isso que farei! Vamos nos livrar desse imundo! — ela pisca, marota.

Por tudo que é sagrado... não pode estar acontecendo isso!

Não sei se fico irado com ela ou comigo mesmo.

Claro que ela faria isso. É lógico. Ela se jogaria para salvar qualquer um. Uma alma bondosa.

Se livrar do imundo? Se fosse possível, já teria feito... tentei... como tentei!

— Belzebub, vamos nos livrar dele! — ela segura minha mão, tentando me passar uma esperança que não sei se mereço. — Prometo a você, será livre disso.

❈✡

A maldita frase ecoou na minha cabeça por horas. Vamos nos livrar desse imundo. Os mesmos erros. Estou criando laços.

Dessa vez, será diferente. Não vou deixar que nada aconteça a ela. Mesmo que tenha que pisar no meu orgulho.

— Estou surpreso por querer uma reunião às pressas... — Hades murmura, o sorriso maroto em sua face idiota me irrita profundamente. — Você não é sociável.

— Preciso... da sua... ajuda — admitir isso em voz alta é pior do que qualquer sentença. Ver a surpresa em seu olhar só piora tudo.

Não quero envolvê-lo nos meus problemas. Nunca quis. A única vez que pedi algo foi para que ele lutasse contra mim. Nunca pedi algo importante.

— Precisa de mim, Belzebub? Engraçado, nunca pensei que fosse ouvir isso...

Não é como se tivesse escolha.

— Poderia usar... seus poderes para... me prender... durante a noite? — as palavras saem entre dentes, carregadas de vergonha.

Hades arqueia a sobrancelha. Coro, envergonhado.

— Por quê? — a voz dele é firme, sem rodeios.

Melhor que ele saiba de tudo. Talvez seja assim que consiga manter Aine a salvo...

Cada palavra me deixa mais exposto, mais vulnerável. Posso tentar esconder, mas Aine já me vê de outra forma. Isso me assusta. Não sei lidar com isso.

Relato toda a verdade, a voz trêmula. Hades mantém o semblante calmo, mesmo ouvindo sobre a lenda do meu nome. Assim como Aine, a simpatia aparece em seu olhar.

Qual é o problema deles?

— Compreendo... — ele suspira, elevando a mão ao queixo. — Ainda é idiota trazê-la cá por isso!

— Me arrependo disso! — resmungo, sob seu olhar sério. — Não posso voltar atrás, não com todos atrás dela. Por isso, quero que me prenda. Ao menos à noite, ela estará segura.

Hades suspira, então sorri.

— Noivado falso... para um, você é bem protetor...

Hades sempre foi assim: zombador, mas com uma sabedoria disfarçada de sarcasmo.

— Quer que a deixe morrer? — retruco, irritado.

— Todos que criam laços morrem... tem medo de que isso aconteça com ela? — a pergunta dele é séria, direta.

— Não quero perder alguém que está me ajudando, não a amo! — resmungo rápido demais.

O sorriso malicioso de Hades aumenta. Me deixa mais carrancudo.

— Não mencionei nada sobre você amá-la — a provocação continua.

— Vai me ajudar ou não? — resmungo, impaciente.

— Claro! Não esqueci que salvou a vida do meu irmão e da minha esposa, mesmo que da sua maneira torta — a sinceridade em sua voz me surpreende.

Nunca pensei em cobrar nada dele. Fiz por... amizade?

Salvar Adamanto foi um pedido dele. Atendi por respeito e pelo experimento. Salvar Sarah... foi para que a vida dele não mudasse. Não me intrometi apenas nos votos dos deuses do submundo, mas também na luta contra Perséfone.

— Obrigado.

— Sabia que é como meus irmãos? — Hades sorri. Suspiro, exasperado. — Só faz burrada!

— Não me compare àqueles idiotas!

— É um irmão para mim, mesmo que não veja isso.

— Obrigado, acho... — resmungo, me virando para sair. Sua tosse me interrompe.

O sorriso em sua face me faz me arrepender de ter vindo até aqui.

— Cuidado é uma forma de amor, sabia disso? — Hades cutuca, rindo da minha irritação.

Ele sabe exatamente como me irritar. Sempre soube.

Saio rapidamente, usando meus poderes para chegar ao meu quarto.

Sabia que ele ia se aproveitar. Não perderia essa oportunidade!

Caio sob a cama, encarando o teto, completamente irritado.

Será uma longa noite. Ao menos ela estará segura.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro