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Capítulo 11 - Reflexão


Contém 3755 palavras.

Boa leitura❤

A decisão de esquecê-lo não diminui a dor, uma fisgada persistente no peito. Meus sentimentos por ele são inegáveis, teimosos como ervas daninhas. Mas não posso forçá-lo a sentir o mesmo. Esta distância, no entanto, tem sido um bálsamo. A clareza dela permite que veja o que está fora do meu alcance, o que não posso controlar. Compreendo o medo que o assombra. Ele é um homem marcado por traumas, e a ideia de se envolver, com o peso que carrega, o aterroriza. Mas isso não lhe dá o direito de ser tão ignorante, de me magoar com tamanha frieza.

Errei em encurralá-lo, levá-lo ao limite, não importa se seus sentimentos são genuínos, não deveria ter feito isso, assim como ele não precisava me ferir assim!

Talvez seja melhor, estar ao seu lado exigiria uma maturidade que ainda não possuo, um esforço mútuo que ele, aparentemente, não está disposto a fazer. Um esforço unilateral é um castelo de areia, prestes a ruir.

Risos alegres rompem o silêncio, me arrancando dos meus pensamentos. Olho, curiosa, para as mulheres à minha frente.

Elas desafiam a imagem fantasiosa que me pintaram. Os humanos são descritos como seres cruéis, egoístas, indignos de confiança. Mas, ao observar Maya, o sorriso franco, os olhos brilhantes, questiono essa visão simplista. Sei que a maldade existe entre eles, mas não é a regra, não é a verdade universal.

— Vamos nos divertir muito! — Maya exclama, os olhos brilhando de alegria, o dedo indicador apontando para si mesma com um gesto animado. — Vamos a um spa, deixar nossa pele maravilhosa!

A confusão me toma de assalto, as palavras dela ecoam na minha mente, incompreensíveis, sem sentido. Minhas sobrancelhas se juntam em uma expressão interrogativa, franzidas em um esforço para decifrar o enigma. Algumas coisas são um pouco difíceis de acompanhar, não é nada parecido com o que conheço. Tento acompanhar a conversa, captando fragmentos de informações aqui e ali, mas a sensação de desconexão persiste. A cada nova frase, a confusão aumenta, me deixando cada vez mais perdida. Mesmo assim, evito interromper a todo momento, mesmo que meu semblante confuso me entregue. Tento disfarçar minha perplexidade, sorrindo timidamente.

— Embora Aine não precise, sua pele é linda! Aliás, nem parece ser daqui! — a frase dela me atinge como um raio, inesperada, me pegando completamente desprevenida. O suco que bebia me engasga, um acesso de tosse violenta me toma, me deixando sem ar por alguns instantes. A sensação de pânico me invade, gelada e intensa.

Maya arqueia uma sobrancelha, o olhar confuso se fixa em mim. A intensidade de seu olhar me deixa ainda mais nervosa. Meu coração dispara no peito, um ritmo frenético que ecoa nos meus ouvidos, um tambor frenético que ameaça me sufocar. A respiração se torna ofegante, superficial.

Impossível. Ela não pode ter percebido que não somos da mesma raça. A possibilidade de ter sido descoberta me deixa em pânico.

Fui cuidadosa, sempre imitando as humanas, me vestindo como elas, mesmo que fosse um desafio constante. Observei seus gestos, seus costumes, seus hábitos. Não deixei rastros, ou pelo menos achava que não. Minhas mãos tremem levemente, um sinal incontrolável do meu medo. Tento disfarçar, mas a sensação de pânico é avassaladora.

— C-como assim? — pergunto, a voz trêmula, quase inaudível, como um sussurro perdido no vento. As palavras escapam dos meus lábios, carregadas de medo. Maya estreita os olhos, seu olhar fixo em mim. A intensidade de seu olhar me deixa paralisada.

O ar parece rarefeito, cada respiração se torna um esforço, um fardo pesado no meu peito. Sinto um aperto na garganta, a respiração ofegante.

— Por que ficou nervosa? — Maya pergunta, os olhos brilhando com uma curiosidade que me deixa ainda mais tensa. — Está escondendo algo?

Meu sangue gela. Sinto um frio intenso me percorrer a espinha, paralisante.

Contar a verdade? Não! A ideia é absurda, catastrófica. A imagem de seu rosto, tomado pelo pavor, me assombra.

Duvido que sua reação seja positiva. Essas histórias de fadas, esses contos encantados... são atraentes justamente pelo mistério, pela curiosidade, pela dúvida que despertam. Mas a verdade, a realidade bruta e aterradora do meu mundo... a revelação a deixaria petrificada de medo.

Os livros antigos do meu mundo registram isso com precisão cruel. Os humanos não lidam bem com a realidade sobrenatural. A reação deles é previsível, quase estereotipada: ou tentam nos dominar, nos aprisionar, nos explorar, ou nos rotulam de loucos, de seres fantasiosos, de devaneios da mente perturbada.

No meu caso, a situação seria ainda pior. Não sou apenas um ser de um conto de fadas, uma figura etérea e fantasiosa. Vivi no submundo, conheci Belzebub, o próprio príncipe das trevas, o Deus que carrega o peso do mal da humanidade, aquele que todos temem.

Imagine ela sabendo disso?

— Não estou escondendo nada! — minha voz sai um pouco esganiçada, um reflexo do meu medo. Uma tosse seca me interrompe, enquanto tento me recompor sob o olhar atento e investigativo de Maya. — Fiquei surpresa por dizer que não pareço ser daqui, e, de certa forma, é verdade. Nunca saí do lugar onde vivia. Meu mundo era aquele... muitas coisas são novidades para mim.

É uma meia verdade, uma mentira conveniente. De fato, nunca saí do mundo das fadas... até conhecer Belzebub.

— Que triste! Não viu nada do mundo! — Maya diz, um sorriso triste e compreensivo se formando em seus lábios. A compaixão em sua voz me deixa um pouco desconfortável.

— Não suportaria isso! Já tenho minha vida perfeita, viajando pelo mundo! — Clara se intromete na conversa, um tom de orgulho evidente em sua voz. Maya suspira, revirando os olhos.

— Você não conta! Seu trabalho é maravilhoso! — Maya resmunga, um tom de brincadeira em sua voz.

— Não tenho culpa se escolheu ser advogada! — Clara debocha, um sorriso divertido em seus lábios. Maya revira os olhos, um gesto de irritação divertida.

Olho confusamente para ambas, sem ter a menor ideia do que elas estão falando.

— Clara trabalha como editora freelancer, ela praticamente é paga para ler! — Maya explica, emburrada, como se estivesse explicando algo óbvio.

— E faço viajando pelo mundo! — Clara completa, orgulhosa, um brilho de satisfação em seus olhos.

Minha confusão aumenta exponencialmente. Sei o que é ler, mas essa tal de "editora freelancer" não tenho a menor ideia do que seja.

—Tem uma profissão? — Maya me olha, curiosa, esperando uma resposta.

Profissão?

— O que é isso? — sussurro, sem entender, a pergunta saindo como um fio de voz. Ambas me olham, confusas.

— Faz alguma coisa? Se formou em algo? — Clara pergunta, reformulando a pergunta, tentando me ajudar a entender.

— Sou guerreira. Protejo... protegia meu lar — respondo, tentando explicar da melhor forma que consigo, mas sem entender completamente o contexto.

Ambas me olham, confusas, trocando olhares entre si.

— Serviço Militar? — Clara pergunta, tentando encontrar uma explicação.

— Provavelmente ela ficava apenas em casa — Maya murmura, tristemente, um tom de pena em sua voz.

Clara arregala os olhos azuis claros, surpresa.

— Que horror! Viver presa! — ela retruca, atônita, a incredulidade em sua voz.

Nunca pensei por esse ângulo. Na verdade, nunca desejei conhecer o mundo, apenas ser aceita e amada em meu próprio lugar. A única verdadeira liberdade que conheci, foi onde, ironicamente, me sentia presa: ao lado de Belzebub. Talvez não tenha visto nada de extraordinário naquele lugar, mas ele tinha um encanto peculiar, um fascínio que me cativava.

Como o lugar que ele criou para mim...

A imagem do jardim, florido e repleto de vaga-lumes, surge em minha mente. A luz suave do luar, o brilho intenso das estrelas... Sinto o perfume das flores, a brisa leve na pele. Uma onda de saudade me toma.

Ele não me tirou do meu mundo, ele me deu algo infinitamente melhor: a liberdade. A liberdade de ser quem eu sou, sem julgamentos, sem restrições.

Um suspiro pesado escapa dos meus lábios, carregado de saudade. O peso da lembrança se instala no meu peito, uma pressão constante. É difícil pensar nele sem sentir uma pontada de dor, uma saudade profunda que me invade. As lágrimas ameaçam transbordar, mas as contenho, apertando os punhos. A imagem de seu rosto, seu sorriso, sua presença marcante surge em minha memória. Uma onda de calor me percorre, um misto de alegria e tristeza.

❈✡

O ambiente é amplo e excessivamente iluminado, quase ofuscante. A intensidade da luz me atordoa, meus olhos piscam repetidamente em um esforço para se ajustar. Um perfume intenso me envolve, uma mistura inebriante de flores exóticas e doces irresistíveis, com um toque indefinível, algo metálico e levemente picante que não consigo identificar. Minhas narinas se dilatam, tentando decifrar a fragrância complexa, inalando profundamente, tentando absorver cada nuance. A sensação é ao mesmo tempo fascinante e levemente perturbadora. As prateleiras, que se estendem até o teto, estão lotadas de pequenos frascos de vidro, caixas delicadas e potes de cerâmica, uma profusão de objetos que imagino serem destinados à beleza, mas a quantidade me deixa confusa.

Como tantas coisas diferentes podem ser necessárias para realçar a beleza? Passo a mão levemente sobre um frasco de vidro, sentindo a textura lisa e fria, o peso delicado na minha mão. A sensação é estranhamente prazerosa.

Ao longo da tarde, mãos suaves e delicadas me conduzem, guiando-me por esse ritual desconhecido. Primeiro, me reclinam em uma cadeira macia e confortável, afundando-me em um mar de veludo e almofadas. Algo fresco e espumante percorre meus cabelos, uma cascata refrescante que me deixa levemente tonta. Sinto os fios se soltarem, se libertando de seus nós, uma sensação estranhamente agradável, quase sensual.

Depois, me deitam em uma cama acolchoada, macia e perfumada, onde minha pele é coberta por pastas geladas e perfumadas, que secam e são removidas com um cuidado extremo, quase reverencial. Cada toque é delicado, preciso, respeitoso. É tudo tão diferente, tão... delicado. Nunca me dei tanta atenção, nunca pensei em cuidar de mim dessa forma.

Como veela, a beleza sempre foi inerente à minha natureza, um dom sem esforço, uma dádiva inata. Sempre me vi como guerreira, forte e implacável, esquecendo que, antes de tudo, sou uma mulher. Agora, observando meu reflexo no espelho, a pele mais macia, os cabelos com uma leveza inigualável, percebo que me negligenciei por muito tempo, que priorizei a força em detrimento da feminilidade. Uma onda de compreensão me percorre, um misto de culpa e aceitação. A imagem de meu rosto, mais sereno, mais suave, me conforta. A sensação é estranhamente libertadora.

Não importa a raça, todas nós precisamos nos priorizar, de vez em quando.

— Porra! Aine está ainda mais linda! — Clara exclama, a voz vibrante num entusiasmo contagiante. Seus olhos azuis brilham com admiração. Ela segura minha mão com força, me girando suavemente, me exibindo como se eu fosse uma obra de arte recém-descoberta. — É até um sacrilégio tanta beleza!

— Algumas têm o dom de serem lindas! — Maya retruca, com um tom de provocação em sua voz.

Clara revira os olhos, um sorriso divertido em seus lábios.

— Sinto que não está falando da Aine! — ela retruca, o tom brincalhão, mas com uma pitada de verdade. Maya ri alto, uma gargalhada sonora que ecoa pelo ambiente.

— Estou falando de todas — Maya dá de ombros, um sorriso convencido em seus lábios. — Mas estou um colosso, obviamente, já que sou a estrela principal!

Clara se inclina para mim, tentando conter o riso, o rosto próximo ao meu.

— Não ligue, o ego dela às vezes é tão grande que nos expulsa do recinto! — Clara sussurra, um tom divertido em sua voz.

Não consigo conter o riso, principalmente ao observar o semblante aturdido de Maya, que claramente ouviu.

— No caso dela, pode mesmo se sentir bela — respondo, animada, o riso escapando livremente. 

Maya sorri abertamente, um sorriso radiante e genuíno, erguendo uma sobrancelha para Clara, que revira os olhos, num gesto divertido de irritação. A interação entre elas é divertida, cheia de cumplicidade.

Nunca tive um momento de cumplicidade dessa maneira, tão leve, tão despretensioso. A sensação é nova, estranhamente libertadora. É divertido, principalmente por nenhuma delas ter medo de mim, por me aceitarem como sou, sem julgamentos, sem preconceitos. A sensação de pertencimento me preenche, me aquecendo por dentro.

Sorrio, sentindo uma alegria genuína, um calor que se espalha pelo meu corpo, irradiando de dentro para fora. Este tempo de afastamento tem sido fundamental para me entender melhor, para me reconciliar comigo mesma. Tudo de ruim se dissipando, restando apenas a resignação. Se ele não me quer, não posso forçá-lo. Não posso mudar seus sentimentos. Minha responsabilidade é comigo mesma.

Sim, ainda sinto algo por ele, um sentimento profundo e complexo que não desaparecerá da noite para o dia. Não posso mudar isso, o que está ao meu alcance é me livrar dos sentimentos ruins que me assombraram desde a rejeição. Afinal, a única prejudicada com isso sou eu. Respiro fundo, sentindo uma sensação de alívio. A decisão de me priorizar, de me amar, me fortalece. 

Meu reflexo se tornou uma forma de autopunição, olhos fundos e escuros, marcados pela falta de sono, o rosto pálido e magro é um lembrete constante da minha culpa. Não durmo direito desde que ela partiu, o descanso se tornou um luxo inatingível, um privilégio que não mereço. A insônia me corroí, me deixando esgotado, irritadiço, à beira de um colapso nervoso.

Hoje faz uma semana. Uma semana desde que ela se foi, e a ausência dela é uma ferida aberta e sangrante no meu peito, uma dor lancinante que me consome, apertando o peito, uma pressão constante, sufocante, que me impede de respirar. A cada inspiração, a dor se intensifica.

Como ela pode ter sumido sem deixar rastros? 

Todos os mundos foram vasculhados: o reino humano, o reino das fadas, os territórios dos druidas, dos deuses, até mesmo o submundo. Mas nenhum sinal dela. A cada dia que passa, a angústia aumenta, me sufocando, me aprisionando em um mar de desesperança.

A possibilidade de ela ter sido capturada, de ter sofrido algum mal, sem que pudesse protegê-la, me consome. Sinto um aperto no peito, uma pontada de desespero, uma agonia profunda que me rasga por dentro.

Quase me vi procurando-a entre as fadas, mas a prudência me deteve. Se ela não estivesse lá, apenas a colocaria em perigo.

E isso não é tudo. Seus sentimentos, suas emoções, me assombram, me atormentam. Como ela está depois de tudo o que aconteceu?

Não sei mais o que fazer. Estou sem saída, a exaustão me esmaga, me deixando exposto à mercê de meus próprios demônios.

As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, um fluxo incontrolável que me deixa ainda mais miserável, mais exposto. Tento enxugá-las com a manga da camisa, mas é inútil. As lágrimas continuam a cair, um rio de sofrimento. A dor é profunda, avassaladora, me consumindo por dentro.

Um suspiro irritado, carregado de frustração e desespero, escapa dos meus lábios. Saio do quarto, o silêncio pesado do castelo me envolve como um manto de tristeza. Os corredores vazios me recebem, testemunhas silenciosas da minha agonia. Os demônios se afastam, recuando diante da minha aura carregada de raiva e sofrimento. Temem minha reação, acham que enlouqueci, e talvez estejam certos. A possibilidade de perder o controle me assusta, mas, ao mesmo tempo, me alivia. Talvez a loucura seja a única forma de escapar dessa dor insuportável.

Tenho que admitir: não vou encontrá-la sozinho. Preciso de ajuda, de alguém mais poderoso, mais experiente. A constatação me irrita ainda mais, aumentando a minha frustração. Aperto os punhos, sentindo a raiva me consumir.

— Melahel — minha voz soa como uma ordem, seca, autoritária.

A porta ao fundo do corredor se abre lentamente, com um rangido quase imperceptível. Alguns demônios se dispersam apressadamente, como se fugissem de algo, deixando apenas Melahel, o líder, ajoelhado à minha espera. Seu corpo treme levemente, um sinal de nervosismo.

— Sim, Príncipe Infernal? — ele pergunta, a voz baixa e hesitante, os olhos fixos no chão.

— Convoque Hades. Diga-lhe que preciso falar com ele e com sua esposa — ordeno, a voz seca e autoritária. A palavra "esposa" me causa uma pontada de irritação.

Não queria recorrer a Hades ou Sarah. É um golpe duro no meu orgulho, uma admissão de fraqueza. Mas não posso mais esperar. Se quero encontrar Aine, preciso da ajuda deles.

Hades tem mais influência que eu, e sua esposa, além de ser a Deusa da Magia, é uma bruxa de poder inigualável, superior até mesmo a Hécate. Se ela não conseguir encontrar Aine, ninguém mais conseguirá.

Melahel retorna em poucos instantes, ajoelhando-se novamente à minha frente. Sua expressão é impassível, mas seus olhos transmitem uma mensagem clara: os soberanos estão à minha espera.

Suspiro, a respiração presa na garganta, um som rouco e carregado de desespero. Uso meus poderes, a energia escura fluindo por minhas veias, para me transportar para os domínios de Hades, não muito distantes dos meus. A viagem é rápida, quase instantânea, mas a angústia, a preocupação, a culpa... me acompanham, me envolvendo como um manto pesado.

Nem quero imaginar o que Hades vai dizer. Esta é a segunda vez que recorro a ele pelo mesmo motivo, a segunda vez que admito minha falha, minha impotência. A humilhação me queima por dentro, uma sensação amarga e insuportável, mas a preocupação com Aine, a imagem dela, preocupada, assustada, sozinha... supera tudo. A necessidade de encontrá-la, de garantir sua segurança, me impulsiona.

Emerjo das sombras, materializando-me diante deles, sentindo os olhares curiosos, avaliadores, de Hades e Sarah pousados sobre mim. Ambos estão sentados em seus imponentes tronos, observando minha aproximação com uma mistura de expectativa e apreensão. Sarah, com seus olhos cinza penetrantes, demonstra uma curiosidade mais intensa, mais preocupada. Não costumo me aproximar de seus domínios sem um motivo específico, a proximidade implica laços, em dependência, algo que sempre evitei, algo que me deixa desconfortável. Sinto o peso do meu próprio desconforto, da minha vulnerabilidade.

Sarah salta de seu trono, a cadeira rangendo sob o impacto de seu movimento. Ela se aproxima rapidamente, seus olhos cinza arregalados em preocupação, a expressão de seu rosto revelando sua preocupação. O gesto, espontâneo e carinhoso, me atinge, me mostrando o quanto estou acabado, o quanto a minha angústia é visível. A preocupação dela me toca.

Devo estar pior do que imaginava. A exaustão me esmaga, me deixando vulnerável, exposto. Mas não é surpresa, a exaustão é extrema, me consumindo por dentro.

— O que aconteceu? — Sarah pergunta, a voz carregada de preocupação. — Por Hécate! Está com olheiras profundas!

Hades se aproxima, sério, parando ao lado da esposa. Seu olhar é penetrante, avaliador.

— Aconteceu algo? Onde está Aine? — ele pergunta, a voz grave e firme. Um suspiro triste escapa dos meus lábios, um som rouco e carregado de angústia.

Tudo o que quero é saber onde ela está! A preocupação está corroendo a minha sanidade, me deixando à beira do colapso. Aperto os punhos, tentando conter a onda de desespero que me invade.

— Nós... nós brigamos e... Aine desapareceu! Não consigo encontrá-la, preciso de ajuda... — confesso, a voz falhando.

Os olhos de Sarah me analisam com cuidado, intensificando meu desconforto. Sinto-me exposto, vulnerável.

— O que fez? — ela pergunta, séria, o olhar penetrante.

Suspiro, indignado. A acusação implícita me irrita.

— Por que acha que a culpa é minha? — resmungo, a voz carregada de amargura. A pergunta provoca um riso irônico de Sarah.

Reviro os olhos, emburrado.

A culpa é minha... mas ela não sabe disso ainda. Poderia pelo menos ter o benefício da dúvida!

Droga! Terei que admitir tudo em voz alta. Já estou condenado na minha própria mente, sem precisar do julgamento dos outros.

É mortificante demais. Por isso, não procurei a ajuda deles antes. Seria admitir que sou um completo idiota.

— Vamos começar com o fato de que eu te conheço, ao menos um pouco. Sei que foge de qualquer contato físico com qualquer ser que respire! — Sarah retruca, audaciosa, com um sorriso desafiador em seus lábios. Fecho a expressão, endurecendo o semblante. Ela ri, apontando um dedo para mim, o movimento leve e provocativo. — Fora que, sendo homem, tem essa mania de ser um completo idiota quando está em negação dos seus sentimentos.

Hades ri, circulando o braço na cintura de Sarah, num gesto possessivo e divertido. Seu olhar debochado se fixa em mim, intensificando minha irritação.

— Não estou apaixonado! Apenas preocupado! — replico, a voz carregada de irritação. Aperto os punhos, sentindo a frustração me consumir.

Sarah eleva uma sobrancelha, um sorriso irônico nos lábios. Hades acompanha o riso dela, a cumplicidade entre eles me irrita demais.

Que mania irritante de interpretar tudo errado!

Não estou apaixonado! Aine é minha responsabilidade! Simplesmente não quero que ela se machuque. Isso não é amor, é cuidado, responsabilidade. Quero cuidar dela, protegê-la, como alguém completamente responsável por sua segurança.

— Olhe para sua cara, seu desespero está estampado nela! — Hades retruca, o tom divertido.

— Nem precisa esconder. Seus sentimentos estão transbordando! — Sarah completa, a voz suave, mas a afirmação é inabalável.

Suspiro, exasperado. A irritação se mistura com o desespero.

Claro que estou desesperado! Não quero que Aine morra!

Que casal de idiotas! Estamos perdendo tempo com coisas fúteis!

— Claro que estou desesperado! Ela não conhece nada além do mundo das fadas, está sendo caçada por minha culpa! — rosno, cruzando os braços, sentindo a raiva me consumir. Seus olhares irritantes me deixam ainda mais frustrado. — Estou falando sério! Não deixei que escapasse que ela não está mais aqui, mas isso vai acontecer, e eles vão fazer um mutirão para caçá-la!

O semblante de Hades muda, a expressão divertida desaparece, dando lugar a uma seriedade preocupante. Ele olha para Sarah, depois para mim.

— Não está errado. Recebi alguns comunicados hoje sobre isso — Hades anuncia, a voz séria.

Sarah cerra os olhos para Hades, um olhar penetrante que o deixa visivelmente nervoso. A tensão entre eles é palpável, um clima pesado que me deixa ainda mais impaciente.

— Dulce meum, não me olhe assim! Estava com as crianças, ia contar, mas Belzebub nos chamou antes! — Hades explica rapidamente, tentando se justificar. A pressa em sua voz me deixa ainda mais irritado.

— Hades! Foco! Que comunicado é esse? — pergunto, a voz carregada de agonia. Não tenho tempo para a discussão deles.

— A rainha das fadas ofereceu uma verdadeira fortuna pela captura de Aine. Agora, tem até alguns deuses querendo buscá-la... — Hades responde, a voz grave, séria.

As palavras dele me atingem como um choque elétrico, um impacto que reverbera em meu interior. Meu sangue gela instantaneamente, como se uma onda glacial tivesse invadido meu corpo, congelando cada pensamento, cada emoção. Um frio intenso percorre minha espinha, como se pequenas agulhas de gelo estivessem cravadas em minha pele, me paralisando em um estado de horror.

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