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II. Um deus entre o povo

A chegada de Apolônio atraiu instantaneamente a atenção geral da Arcádia, e a notícia de sua presença correu tão rápido que, antes mesmo que ele chegasse na praça, já havia ali uma pequena multidão aguardando para recebê-lo.

Perguntavam entre si, ao ver aquele homem alto, forte e tão imponente como um deus entre mortais:

– Quem será este?

– O que Milo faz acompanhado dele?

– Será que veio juntar-se à Pirro?

Os mercenários de Pirro, contudo, também pareciam desconhecer aquela figura, que não sabiam se pertencia a um mero viajante ou a um perigo à ordem social. Ainda assim, nada fizeram para impedi-lo de transitar livremente pelas vias; antes, mandaram mensagens ao seu senhor, dando-lhe ciência da indecifrável chegada.

Assim que alcançou a praça, Apolônio, ainda acompanhado do jovem Milo, parou e ficou assistindo afluir, de todas as ruas da cidade, pessoas em sua direção. Por fim, quando parecia que a Arcádia inteira estava na ágora – a despeito dos esforços dos mercenários, que agora tentavam sem sucesso impedir a aglomeração –, o forasteiro começou a discursar. Sua voz era como um trovão pela noite, e o silêncio que impôs era suficiente pra permitir que ecoasse por toda a Hélade.

– Cidadãos da Arcádia – bradou ele. – Chamo-me Apolônio e venho de muito longe. Peço-vos que, por algum tempo, me abriguem em vossa cidade, dando-me repouso e comida. Em troca, ofereço-vos o meu serviço, dispondo-me a ajudá-los naquilo que bem acharem conveniente.

– Você é um herói? – perguntaram algumas vozes.

– Não me considero assim – ele respondeu. – Mas sou alguém sempre disposto a lutar contra a injustiça, não importa quão poderosa seja.

Excitados por aquela modesta demonstração de bravura, e ainda mais convencidos de que o extraordinário homem era um semideus, os arcadianos soltaram vários aplausos.

– Livra-nos de Pirro! – clamaram, em vozes dissonantes. – Livre-nos da opressão!

Os mercenários de Pirro, vendo aquela explosão popular de rebeldia, desembainharam as espadas e passaram a exigir silêncio. Um deles, na sua ânsia de impor ordem, pressionou a espada tão forte contra o ombro de um idoso que o perfurou.

– Vocês! – bradou Apolônio, dirigindo-se furioso aos soldados. A população se calou, cheia de expectativa. – Dou-vos um quarto de hora para que deixem essa praça e voltem a Pirro, onde irei ao vosso encontro.

Eles se entreolharam, um buscando na face do outro o que fazer. Apesar de serem maioria e estarem armados, era evidente o temor que tinham pela figura quase divina do homem. Dois deles recuaram e baixaram as espadas. Mas um deles, que tinha o rosto cheio de cicatrizes e parecia ter hierarquia sobre os colegas, se aproximou de Apolônio e, apontando-lhe a espada entre os olhos, disse:

– Você está preso, forasteiro, por perturbar a paz!

A um assovio seu, dez mercenários se adiantaram e também cercaram o herói, erguendo as espadas contra sua face.

– Pois então seja feita a vontade dos deuses – sentenciou Apolônio.

E, na velocidade de Hermes, fechou as mãos em torno de duas espadas e arrebatou-as de seus donos. As lâminas não fizeram efeito algum contra sua carne. Girou-as no ar e, empunhando-as, desarmou todos os soldados. Seus golpes eram tão fortes que, na maioria das vezes, não só partiam algumas espadas ao meio, como faziam saltar algumas mãos e braços. Ao final, deixou apenas um mercenário em pé: o que lhe dirigira a ordem de prisão.

– Reúna o resto de seus companheiros, deixem essa praça e voltem a Pirro, onde irei ao vosso encontro – repetiu Apolônio.

Dessa vez, foi obedecido incontinenti, e em instantes não havia um soldado sequer na praça – exceto os que estavam ao chão, mortos ou lamuriantes.

O povo bradou em alta voz e alguns se prostraram perante Apolônio, beijando-lhe os pés. Sorrindo, ele pareceu se agradar das reverências.

Um pio triste de coruja rasgou os ares.

Milo, todavia, já não parecia mais tão animado assim. Olhava com preocupação para os corpos mutilados, para a ovação do povo e para a cara satisfeita do herói.

– Parece estar em choque, filho – disse Apolônio, pondo-lhe a mão num ombro. – Por que não te alegra com a justiça, assim como os outros? Não era isso o que queria?

– Eu gosto da justiça, senhor. Mas ainda me assusto com o espetáculo da violência...

– Não confunda justiça com violência. Eu, mais do que ninguém, sei a diferença entre elas, e o sacrilégio que é confundi-las. Agora, Milo, dê-me licença – e alteou a voz, para ser ouvido por todos. – Bons cidadãos: irei neste momento ao encontro de Pirro, e prometo-vos isso: amanhã, nessa mesma praça, colocarei-o diante de vós, para que ele seja julgado pelo único justo juiz: o povo.

O júbilo da Arcádia subiu ao Olimpo. Alegre, Apolônio ergueu os olhos ao céu e reparou na coruja que sobrevoava solitariamente a praça. Ao baixar os olhos, viu que Milo havia desaparecido, cabisbaixo, entre a multidão.

– Juvenil inocência... – murmurou o herói, antes de abrir caminho entre o povo e partir rumo às residências do tirano Pirro.

***

Dois dias depois, a Arcádia, de um ambiente opresso e lúgubre, havia se transformado em um lugar de festa, onde predominavam a poesia e o júbilo. Cânticos épicos já eram cantados sobre como o extraordinário Apolônio, com a mera força de suas mãos e a nobreza de seu caráter, derrotara os homens de Pirro e trouxera o déspota ao povo, em cujos punhos ele encontrara seu destino.

Apesar de todo o louvor, o herói fazia questão de compartilhar sua vitória com os arcadianos:

– Os deuses podem ter fortalecido meus músculos – discursou na ágora, ao terceiro dia de festas –, mas foram vós que fortaleceram meu espírito. Essa vitória, destarte, não é minha: é de todo homem e mulher cansado com a injustiça!

Suas palavras tinham um efeito extraordinário sobre os habitantes, pois faziam-nos se enxergar, por um instante, também como heróis, tão capazes de feitos magníficos quanto aquele homem.

Não eram todos, porém, que se envolviam por elas.

A rebelde Têmis era uma dessas pessoas. Só dirigia olhares desconfiados a Apolônio.

– É rancor – diziam as línguas arcadianas. – Ela se imaginava como a pessoa que libertaria a Arcádia, e lhe dói ver outro roubar sua glória.

Talvez essa fosse a verdade. Ou talvez se tratasse realmente do que ela hora ou outra dizia:

– Não me iludo com aparências. Os monstros também são filhos dos deuses.

Mas ninguém considerava suas palavras.

Já Milo, o pastor, apesar de contente em ver a Arcádia livre de Pirro, demonstrava incômodo quando passava pela praça e via o corpo dele pendurado numa coluna – onde fora posto para execração pública –, sendo alvo de pedradas por crianças. O que perturbava o pastor era o sorriso quase sanguinário no rosto dessas crianças.

– Por que não o enterram logo e poem um fim a esse capítulo de nossa história? Deixá-lo aí só faz manter vivos, em nosso peito, o ódio e a dor!

– Ah, vai cuidar de suas ovelhas! -– diziam os que estavam na praça.

Milo aguentou aquilo por mais um dia; quando percebeu que não conseguia convencer o povo a encerrar o funesto espetáculo, foi até Apolônio e lhe pediu ajuda. O herói, encarando o rapaz como quem não sabe se está diante de alguém muito inteligente ou muito ingênuo, sorriu e concordou:

– Tem razão, bom Milo. Está na hora de deixar Caronte conduzir o tirano para os piores recantos do Tártaro.

E naquela mesma tarde Pirro foi enterrado.

Muito se discutiu, nos dias seguintes, a sucessão do governo na Arcádia. Com o trono livre, dois nomes foram ventilados para ocupá-lo: Têmis, herdeira do antigo rei, e, naturalmente, Apolônio, o libertador.

– Deixo-vos claro que não é minha intenção governar sobre ninguém – salientava o estrangeiro, sempre que lhe traziam essa questão. – Que o trono volte a quem lhe é de direito.

– O trono pertence a quem os deuses escolherem. E os deuses nos enviaram o senhor – respondiam.

E apesar de seus protestos – cada vez menos efusivos –, Apolônio não conseguiu demover o povo: duas semanas depois ele era instalado, com honras e festas, no palácio do governo.

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