- Foi esse seu lado que me beijou, certo? – ela disse corando e até mesmo Rigion ficou envergonhado.

- Sim, foi ele mesmo – afirmou e começou a dar passos pelo local, sentindo um nervosismo desconhecido até agora por ele.

- Rigion, você nunca tinha beijado antes, certo? – ele deu de ombros – por que mentiu para mim?

- A senhorita também mentiu, ainda disse que já tinha beijado melhores – ela colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha e desviou os olhos, sentindo sua bochecha pegar fogo.

- Como sabia que eu estava mentindo? – tirou a toalha, sentindo seu corpo recuperar o calor, e agora já sabia bem o motivo.

- Eu não tinha certeza, mas acabei de descobrir – ele deu um sorriso debochado e a puxou pela cintura – e é assim que se pega um mentiroso na mentira.

- Rigion, por que você não se queima quando me toca? – ela achava aquilo um mistério. Ele não possuía fogo nas mãos, apenas pele, uma pele macia e bronzeada.

- Bettany, temo que eu não seja desse mundo -ele sussurrou – mas não me pergunte de onde sou, eu também não faço ideia.

- Onde você nasceu? – aquela proximidade quase fazia a garota perder os sentidos.

- Aredon – ela arregalou os olhos. Também tinha nascido lá – não me diga que também é de lá? – Bettany afirmou com a cabeça – que estranho...

- Isso não está fazendo sentido, nós nunca nos conhecemos antes, mas eu tenho a impressão de já ter te visto antes daquele dia na rua. Além do mais, você tem um pedaço do pano do meu vestido – colocou a mão no queixo, fingindo estar pensando – o que isso significa?

- Eu poderia pensar em mil coisas agora, mas não consigo pensar em nada a não ser em colar nossos lábios e te beijar – até ele mesmo se impressionou com sua sinceridade.

O coração de Bettany, por mais quente que fosse, congelou no momento. Os dois se aproximaram ainda mais e Rigion apertou inconscientemente a cintura dela.

Quando os dois estão a um passo de se beijar, um estrondo é ouvido por todo o lugar, fazendo Rigion colocar Bettany atrás dele, já entrando em pose de defesa.

De alguma forma, Bettany apesar de não precisar ser defendida, achou uma atitude atenciosa da parte dele. Nunca tinha sido protegida por ninguém, era uma raridade se sentir dessa forma.

Que barulho foi esse? – ela perguntou e Rigion se afastou lentamente, com medo de algo acontecer com aquela mulher.

- Vou conferir, fique onde está – Bettany mordeu os lábios, sabendo que se algo acontecesse, quem iria sair ferido era ele por ser mais fraco.

Rigion andou lentamente até a porta, olhando para trás a cada segundo para que nada acontecesse com Bettany enquanto ele não estivesse vendo. Abriu a porta e viu algo brilhando no chão, se aproximando para descobrir o que era.

Era uma carta destinada à Bettany, com o remetente desconhecido. Ele pegou e entrou novamente na casa, fazendo a garota suspirar de alívio.

Rigion sabia que ela se importava, e já não adiantava mais ela manter a pose de garota durona com ele, sabia que ela não era tão sem coração quanto aparentava.

- O que era? Se machucou? – perguntou rapidamente, quase engolindo as palavras. Rigion queria sorrir, porém, isso faria com que ela notasse o fato de estar demonstrando algo.

- Era isso aqui – entregou a carta para Bettany, que franziu a sobrancelha e a segurou. Quando abriu a carta, uma pena caiu ao chão – não pode ser.

- Eu não acredito, até que fim ele voltou – a garota sorriu de forma maligna – dessa vez, eu irei destruí-lo com minhas próprias mãos.

- Bettany, você tem ideia de com quem está lidando?

- Com alguém da mesma linhagem que a sua, com os mesmos poderes que você – ela começou a ler a carta, se sentindo contente, pois tinha treinado anos para encontrar o louco que tentou matá-la.

"Rainha Bettany, ou, ex-rainha de Acátion,

Tenho a observado nos últimos dias e sabe, você parece bem vulnerável ultimamente... Eu esperava mais de você.

Mal posso esperar para colocar as mãos no seu bem mais precioso, e não me refiro ao trono, apesar de que em breve ele será meu.

Sinta-se avisada, eu não te matei de primeira, porém a sorte não joga ao nosso favor sempre."

- Qual é seu bem mais precioso? – Rigion estava curioso. O que seria se não fosse o reino?

- Se não é meu reino, eu não tenho a mínima noção do que seja – ela respondeu, mas no fundo sabia que aquilo não era verdade.