Capítulo 3. Operação: Conquistar o coração do imperador
㊧ 𝓞 𝓮𝓷𝓬𝓪𝓷𝓽𝓸 𝓭𝓸 𝓸𝓶𝓮𝓰𝓪 ㊧
𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 3. Operação: Conquistar o coração do imperador
Minhas pálpebras se abriram e fecharam de forma preguiçosa, até que me lembrei dos acontecimentos do dia anterior: minha queda sobre o imperador depois de ficar bêbado com apenas dois copos de vinho.
Corei e esfreguei as mãos no rosto, quase gritando ao reviver tudo.
Isso era muito vergonhoso! Como iria conquistar o imperador após tamanho fiasco? Agora ele só me enxergaria como a esposa bebum.
Puxei os cabelos, frustrado, enquanto a coberta escorregava para o chão. No mesmo instante, sentei-me na cama.
O outro lado do leito ainda estava quente, indicando que alguém havia se levantado há pouco tempo. O leito nupcial era grande demais para que apenas meu corpo tivesse aquecido tudo.
Ele havia ficado comigo?
Minhas bochechas queimaram, e minha mente, criativa demais, começou a imaginar cenários que descartei ao ouvir batidas na porta. A formalidade no tom indicava que era um empregado do palácio.
As portas se abriram, e uma jovem beta de cabelos presos e roupas impecáveis no padrão dos serviçais entrou. Ela segurava uma bandeja com expressão fechada e olhar fixo no percurso que fazia. Uma outra serva entrou logo depois, também uma beta, mas esta trazia tecidos e carregava um sorriso tão radiante quanto o sol nascente, quase saltitando em seus movimentos.
— Podemos ajeitá-lo, ah... mestre A-Ying? — Quem segurava as roupas perguntou.
Pelo menos não me chamaram de senhora, como era comum às concubinas imperiais.
Assenti, retribuindo o sorriso dela. Ela era a única animada das duas empregadas, a outra até mesmo revirava os olhos.
— Claro.
— Esse dorme demais... — murmurou a carrancuda ao descer da plataforma.
Ela não notou minha rápida atenção nela, mas a outra sim.
— Qual é o seu nome? — perguntei.
— Ming Hui — respondeu, fazendo uma reverência.
Segui as orientações de Ming Hui para escolher os tecidos. Todos tinham bordados femininos demais, o que me causou uma leve náusea.
Com os lábios torcidos, optei por um azul claro como o céu aberto e outro preto.
Para o penteado, deixei Ming Hui à vontade, desde que não exagerasse na feminilidade. Com um sorriso, ela moldou meus cabelos e acrescentou joias, das quais metade eu reconheci como sendo de A-Ying.
Durante nossa conversa, a carrancuda sussurrava comentários sarcásticos ou revirava os olhos enquanto arrumava o quarto.
— Se já terminou de arrumar o aposento, pode se retirar. — Avisei, observando-a pelo espelho oval à minha frente. — E não precisa retornar mais.
As pálpebras dela se arregalaram, e sua expressão empalideceu.
Notei sua palidez ao gaguejar algo que não parecia ser um pedido de desculpas, mas fiz um gesto com a mão para que saísse logo. Se não desejava me servir, que fosse para outra concubina.
Ela se curvou e saiu devagar.
Assim que abriu as portas, um alfa, identificado pelo porte e pela armadura de couro, esperou que ela saísse antes de pedir permissão para entrar.
— Concubina A-Ying, estou aqui para servi-lo. — Ele ajoelhou-se, unindo as mãos em torno da espada em sinal de reverência. — Sou Ming Lian e serei seu guarda-costas, conforme a ordem de Sua Majestade, o imperador.
Quanta formalidade.
Virei-me em meu assento, sorrindo, e pedi que ele se levantasse. Notei suas pálpebras se arregalarem por um instante. Provavelmente ninguém o avisara de que a concubina A-Ying era um homem. Porém, não era raro que ômegas machos fossem tratados como fêmeas, dada nossa delicadeza comparável ao sexo oposto.
Quase revirei os olhos ao pensar nisso.
— Sou... A-Ying. — Quase revelei meu verdadeiro nome. — Pode me chamar apenas de A-Ying ou Ya'er.
— Peço perdão pela falta de conhecimento. — Ele voltou a se ajoelhar, o que me fez suspirar.
Ming Hui riu, e nisso percebi que os dois compartilhavam o mesmo sobrenome. Descobri que eram primos. Ming Lian trabalhava para o imperador há mais de quatro anos. Um aprendiz promissor, considerado um dos melhores em artes marciais e esgrima.
Perfeito, teria um professor para afastar o tédio.
— Sua Majestade o convidou para uma refeição no jardim, caso deseje.
Quase pulei da cadeira.
Aquela era a chance de encontrar o imperador e começar a conquistá-lo. Perfeito!
Assenti, sem conter o sorriso.
Ming Hui riu ao me puxar para terminar de colocar os enfeites de cabelo. Enquanto isso, fiz várias perguntas a Ming Lian, cujo nome parecia carregar um gosto de lembrança familiar em minha boca.
Se não me falhava a memória, conheci um Ming Lian que sempre o esmurrava. Ele era uma das crianças que brincavam comigo e A-Ying, até ele ofender os ômegas na mesma época onde meu gêmeo e eu sabíamos que nós seríamos ômegas.
Seria este o mesmo Ming Lian? Parecia coincidência demais.
Os dois primos me acompanharam, mas mantiveram certa distância, como os outros guardas, quando chegamos a um dos muitos jardins do palácio.
Este era predominantemente verde, destacando-se apenas uma enorme cerejeira em plena floração. Atravessei o jardim até alcançar a plataforma escura onde o imperador estava, rodeado por aperitivos, chá e um livro que mantinha erguido à altura do rosto.
Sem guardas por perto, não compreendi como ele percebeu minha presença antes mesmo de me aproximar a dez passos.
O vento fraco agitava seus cabelos escuros, enquanto seus olhos, sombrios como um dia chuvoso, fixaram-se em mim durante todo o trajeto.
Ainda não gostava do fato de meu hanfu ser tão feminino pelo bordado, e só piorava pelo fato das aberturas dificultar ainda mais a subida de escadas.
— Majestade. — Fiz uma reverência.
— Está com enxaqueca? — perguntou, como se já soubesse. — O chá é de gengibre com cravo, para ajudá-lo.
Um leve sorriso escapou, impossível de conter ao perceber o cuidado com os detalhes. Ele havia pensado em tudo, e além de ter se preocupado com apenas mais uma concubina.
— Obrigado. — Sentei-me à sua frente, e ele mesmo serviu o chá.
O gesto, vindo de um imperador, era considerado uma honra. Agradeci novamente e bebi.
A dor não era aguda, conseguia aguentar, mas um bom chá era bem-vindo.
— Acha que todos os espíritos são realmente malignos? — A pergunta escapou ao ler o título do livro em suas mãos.
Todos sabiam que apenas os deuses podiam enfrentar demônios verdadeiros. Espíritos malignos, por serem inferiores, podiam ser purificados por alguém com cultivação alta, levando-os ao renascimento ou à destruição.
O que mais me incomodava no meu âmago, era fato de chamarem todos de espíritos malignos. Realmente, todos eram maus?
— Um espírito precisa ser purificado, e os demônios, destruídos. — Ele respondeu ao abaixar o livro.
— Acredito que nem todos sejam maus. Além disso, a crueldade nasce de uma origem. Se deseja destruir o mal, cultive o bem. — Terminei minhas palavras em um último gole o chá refrescante.
Liuxian me encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar para o livro novamente, embora não parecesse disposto a continuar a leitura.
— Quem é seu mestre?
Franzi o cenho ao sentir o gosto amargo de um dos bolinhos na mesa. Era horrível, mas, por sorte, mais chá foi servido.
Mesmo de uma família muito nobre, ômegas eram raramente escolhidos como discípulos pelas seitas ou um mestre vagando observando o mundo¹ . Por sermos considerados trabalhosos demais: fracos, sujeitos ao cio a cada três meses, entre outros inconvenientes.
— Ninguém. — O sorriso que escapou não carregava felicidade. — Sou um ômega, apenas existimos para servir os alfas, e aqueles que saem da curva são aberrações.
Peguei um pãozinho de feijão vermelho e saboreei, lembrando-me do quanto havia gostado deles na noite anterior.
— E para o infortúnio deles, escolhi ser uma aberração. — Limpei o canto da boca, revelando a tatuagem de cobra no pulso.
Não precisava de um mestre para aprender artes marciais.
Não precisava de uma seita para desenvolver minha cultivação.
Minha jornada não faria de mim uma aberração, mas sim um ômega que decidiu traçar o próprio destino.
O imperador Yuan esboçou um sorriso discreto.
— Agora fale sobre você. — Apontei para ele.
Ele voltou ao livro que segurava, tentando se esconder atrás do objeto ao erguer em frente de seu rosto.
Cutuquei o livro de leve e, ao conseguir sua atenção, ofereci-lhe uma panqueca de abóbora. já que foi a única coisa que o vi comer desde minha chegada.
— Contei uma história ontem. Não vai me contar nada? — Ele aceitou a comida, mas permaneceu em silêncio. — Então, fale-me sobre a princesa herdeira.
Suas sobrancelhas escuras se ergueram, numa expressão de... surpresa?
Ela não era a princesa herdeira?
O imperador poderia escolher quem ocuparia o trono, caso tivesse muitos filhos legítimos. Por essa razão, apenas alfas governavam até então. era escolhido os mais fortes para se tornarem governantes, e os príncipes seguiam a ordem de sucessão.
Mesmo assim, nenhuma mulher sucedeu o trono, não duvidava que a única princesa não se tornasse a herdeira.
O pequeno sorriso no rosto do pai dela entregava o que ele tentava esconder: era um pai babão pela filha
— Ela está viajando a estudo... — Ouvi algo sobre isso ao cruzar um dos pátios para chegar aqui. — Astrea é bem hiperativa, faz todos os servos do palácio arrancarem os cabelos. — Sua risada curta fez seus ombros balançarem.
Embora seus olhos estivessem fixos no livro, sua mente parecia longe, mergulhada nas histórias travessas da princesa Astrea. Um nome incomum para a região.
Quem teria escolhido esse nome? E qual destino havia sido traçado para ela?
— Aprendi a comer panquecas de abóbora, por serem as preferidas dela. E Tang Hulu. Nunca imaginei que gostaria tanto de frutas caramelizadas. — Coçou a têmpora distraidamente.
O sorriso dele era genuíno, seu olhar tinha um brilho sonhador enquanto falava da filha. Astrea era, sem dúvida, uma garota de sorte por ter um pai como ele.
Encostei a cabeça na palma da mão e, com a outra, manuseava os kuaizi para pegar mais aperitivos na mesa. Os sabores eram variados, havendo mais doces do que salgados.
Alguns mal lembrava de ter comido antes, mas explodiam em sabor na boca.
Mastiguei devagar, apreciando a textura das massas e recheios.
Os chás das tardes sempre traziam doces em abundância, e Liuxian falava das refeições tradicionais que compartilhava com a filha. Mesmo com ela longe, continuava a fazer, sozinho.
Minha mandíbula travou ao ouvir isso, e minha mente gritou: oportunidade, A-Yang!
Precisava descobrir quando Astrea voltaria, mas pelo menos três tardes ao lado do imperador pareciam garantidas. Uma viagem demorava, ainda mais para as montanhas como a da princesa herdeira.
— Se precisar de alguém para dividir esses doces maravilhosos... — Lambi os hashis e pisquei. — Vou adorar devorá-los.
O livro de bambu caiu sobre a mesa, em uma queda livre do braço de Liuxian.
Meu corpo congelou. Falei de forma errada? Ele odiou a ideia e ia me expulsar agora?
— Quando achei que perderia peso com a viagem dela, Astrea deixa alguém para ocupar seu lugar.
Demorei o tempo de três lufadas do incensário oval na mesa para entender e rir.
— Prevejo que nós daremos bem, então. — Ergui o queixo mordendo um baozi recheado. — Desde que ela não me faça nadar, podemos aprontar muito. — Girei os kuaizi nos dedos.
Será que ela gostava de pregar peças? Tomara que sim.
Roubar doces na cozinha. Se esconder para assustar quem passasse. Praticar espada. Discutir sobre qual era a pior seita, e falarmos mal de várias pessoas.
— Não gosta de nadar?
Balancei a cabeça em negativa.
— Meu pai me jogou em um lago quando criança. — Torci os lábios ao lembrar do castigo.
O imperador ergueu as sobrancelhas, surpreso.
— Foi quando parei de temê-lo. Desobedeci pela primeira vez ao lado de um lago, na mansão Gu. Ele me empurrou e quase me afoguei porque torci o tornozelo. — Cocei a nuca.
A situação era patética. Naquela época, ser forte ainda era um conceito em construção.
Não suportar a dor diante do inimigo era um erro imperdoável. Graças a isso, além de um resfriado no inverno, adoeci. Mas sobrevivi.
Como com a mordida da cobra, após a calamidade, me ergui mais forte.
— O ex-ministro realmente fez isso... — Não parecia uma pergunta.
Assenti devagar.
— Ele já fez muitas coisas para "me corrigir", como ele sempre fala: Sou o pior dos irmãos Gu. — Ri sem humor.
Olhei para um bolinho próximo, torcendo os lábios ao recordar a figura do meu pai.
Crueldade sempre o definiu. Apenas meu irmão alfa e a segunda esposa recebiam um tratamento melhor. A primeira esposa e seus filhos só tiveram acesso ao melhor por conta da matriarca Gu, minha avó. Se não fosse por sua autoridade, teríamos perdido a guerra.
Ele ainda me pagaria por tudo que fez e continua a fazer com minha mãe.
Pagaria por humilhar e intimidar A-Ying.
Eu me tornarei poderoso o suficiente para obrigá-lo a se curvar diante de mim, e assim pedir perdão pelos pecados cometidos contra nós três.
E então, retirarei seu poder, sua liderança, sua voz.
— Você sabe por que ele se aposentou? — Liuxian perguntou, levando a xícara aos lábios. — Ele não tem idade para isso e muito menos serviu no exército para ter méritos ou problemas.
Lembrei-me de ouvir o anúncio de sua aposentadoria. Cerrei os dentes por tanto tempo que só me movi quando o suspiro cansado da minha mãe ecoou no ambiente.
Com o trabalho de ministro, ele dedicava boa parte do tempo às obrigações, e o restante, à segunda esposa. Porém, ao encontrar tempo livre, seu foco voltava para nos torturar. Por isso nunca parei para pensar no motivo de sua aposentadoria.
Neguei com um único balançar de cabeça.
— Uns anos depois de assumir o trono, dispensei mais da metade dos ministros que serviram ao meu pai.
A-Ying saberia mais sobre o antigo imperador e a quantidade de irmãos que Liuxian tinha, mas eu? Estava contente de ter lembrado o nome do meu atual soberano e marido.
— Meu pai passou anos caçando um demônio, e seus ministros o apoiavam. — Liuxian revirou os olhos. — O imperador matar um demônio milenar garantiria prosperidade ao império por mil anos, tornando-o o imperador mais lembrado da história. Essas e outras baboseiras. — Ele pousou os dedos nas têmporas.
A surpresa me atingia.
Um governante que não priorizava conquistas ou o desejo de ser lembrado por séculos era algo raro.
Yuan Liuxian não era apenas um alfa; tampouco um imperador comum.
Precisava ser cuidadoso.
— Graças ao péssimo trabalho deles, precisei assumir o trono aos quinze anos. Só fui apresentado ao povo quase aos dezessete, por causa da minha inexperiência e dos riscos que ela poderia trazer.
A inexperiência para homens que devem assumir poderes altos, era um perigo. Sem orientação do antecessor ou apoio adequado, um imperador tão jovem tornava-se alvo de conflitos internos e guerras externas.
— Qual demônio milenar estavam tentando caçar? — Perguntei, mordendo outro baozi.
Os demônios dividiam-se em duas categorias.
Os espíritos malignos iam de níveis inofensivos a medianos, sem capacidade de assumir formas humanoides. Muitos, quando conseguiam, apresentavam deformidades e não se misturavam entre os humanos.
E os demônios de alto nível.
Se escondiam em formas animais, assumindo aspectos humanos sedutores e perigosos. Esses seres, letais, só podiam ser enfrentados por cultivadores sêniores ou mestres, devido ao poder imenso que possuíam.
Se era um milenar, provavelmente era um um kitsune, ou um Long², eram os mais próximos do poder de um Deus, e milenares.
— Tian Yangxiu.
Engasguei ao ouvir o nome.
O Deus demoníaco, Tian Yangxiu. Rei Serpente, o único demônio poderoso capaz de destruir deuses, e mantem um reino sob seu domínio total.
— Minha mãe me contava histórias sobre o Deus demoníaco. E seu jeito de falar dele, e de outros espíritos apenas tentavam viver em paz, me fez repensar. — Liuxian ergueu os olhos para mim. — O mal não nasce, é criado. E se cultivarmos o bem, evitaremos a criação do mal.
O imperador sorriu de forma triste.
— Ministros e seitas discordam disso.
"Por isso o mundo está nesse caos." Quis falar, mas optei por desviar o olhar para os doces à minha frente, evitando dizer o que pensava.
— Existem muitas histórias sobre o Rei Serpente, mas sei que ele existe. Meu pai o encontrou, e a batalha resultou na perda da sanidade dele. Até hoje, luta contra um fantasma em sua mente.
O antigo imperador Yuan estava vivo?!
Ele havia sido dado como morto anos atrás. Pelos cálculos, isso teria ocorrido por volta dos dezessete anos de Liuxian.
Yuan suspirou alto.
— Ele está trancado, e poucos servos ou guardas sabem disso. Meu pai perdeu a sanidade e conversa apenas com sombras, prometendo matar Tian Yangxiu. Não tem sequer capacidade de conhecer a própria neta ou me reconhecer hoje.
Aceitar a morte de alguém amado era uma dor corrosiva, mas mantê-lo vivo naquele estado era ainda mais cruel.
— Existem histórias sobre uma toxina capaz de enlouquecer mortais, envolvendo Tian Yangxiu. Provavelmente, são verdadeiras.
Minha mãe também mencionava essa toxina, porém, suas histórias enfatizavam a benevolência do Deus Demoníaco. Ele evitava conflitos se não fosse necessário, devido a isso se mantinha sendo uma lenda para os mortais.
Embora sua forma original fosse a de uma cobra-dragão, Tian Yangxiu estava além dos outros demônios serpentes. Nem mesmo kitsunes ou dragões alcançaram o status de deus até hoje — e todos o obedeciam.
— Disse que poucos sabem sobre seu pai. — Baixei os hashis, fitando o imperador. — Por que me contou?
Esperava que ele não se arrependesse de ter me contado, gostava muito da minha língua, e principalmente da minha cabeça grudada ao meu corpo.
Liuxian desviou o olhar para o jardim às minhas costas. Notei seu cenho de enrugar de leve.
Seus dedos estavam envoltos de sua xícara de chá, vazia.
— Não sei. — Foi sua resposta depois de alguns minutos. — Apenas saiu, com o assunto à tona sobre os demônios.
Meus pés inquietaram-se.
Talvez mudar o tema o fizesse esquecer a conversa?
— Essa informação entrou por uma orelha e saiu pela outra, majestade. — Me curvei do melhor jeito possível, levando minha mão até a região do coração.
— Mesmo que fosse descoberta, não sou mais o jovem de quinze anos, inexperiente. — Ele sorriu de forma serena. — Está tudo bem, A-Ying.
Sim, precisava lembrar que A-Ying era quem eu era agora. Meu nome antigo estava morto para mim e para meu irmão.
Não podia me dar ao luxo de ressuscitá-lo.
Na vida, mudanças eram inevitáveis. A minha hora havia chegado.
Retribuí o sorriso, ainda que fraco, com os pensamentos rodopiavam em minha mente.
Quando ergui o olhar, não consegui desviar das órbitas cinzentas à minha frente. Meus dedos vacilaram, e as varetas escorregaram da mão, caindo sobre a mesa. O som não foi suficiente para quebrar o contato visual.
Uma sensação quente tomou conta não apenas das bochechas, mas também do peito, trazendo uma estranha nostalgia. Era como se já conhecesse Liuxian há muito tempo, separados apenas pelo destino.
A presença dele me fazia sentir relaxado, com a guarda baixa, assim como a sensação de que ele era um confidente de muitos anos, não importava o assunto, poderia falar com ele.
O pigarrear alto rompeu o momento.
Ambos desviamos o olhar, inclinando as cabeças em direções opostas.
— Majestade. — A voz de Ming Hui me puxou de volta à realidade. — Mestre Ya'er, tem alguém querendo vê-lo, é seu irmão gêmeo.
O que A-Ying estaria fazendo ali?
— Ele está sozinho?
Ela negou, e um calafrio percorreu minha espinha.
Meu pai teria descoberto? Será que viera expor nossa farsa ao imperador?
Com isso ele conseguiria se livrar de nós dois, como sempre quis. Por enganar o imperador, provavelmente iríamos ser condenados.
— Seu irmão alfa está com ele, mas apenas o acompanhando.
— Terei uma reunião em breve, então não poderei conhecer seus irmãos. — A voz de Liuxian se antecipou à minha. — Aproveite a visita e convide-os para almoçar com você. À tarde, você será meu. — Um sorriso torto surgiu em seus lábios.
Ele se levantou, e as palavras sumiram da minha boca.
Após ajeitar o hanfu preto com detalhes dourados, Liuxian mencionou que um servo me buscaria para o chá da tarde.
Ming Hui deixou escapar um sorriso quando ele se afastou.
— Parece que você conquistou a atenção do imperador Yuan. — Ela tocou os lábios com os dedos e abaixou a voz. — Tome cuidado com Qin Su. A primeira esposa é a pior e mais ciumenta de todas.
E deveria ser a que menos conseguia algo de Liuxian.
— Se puder me contar sobre as outras três esposas mais tarde, ficarei muito grato.
Ela assentiu, sorrindo de leve.
[1] Mestre sem ligação atualmente com uma seita de cultivação
[2] Um dragão
❀ ♕ ❀
❝ A-Yang conseguiu conquistar o imperador kkkk tem até um encontro marcado kkkkk ❤ ❞
Espero que tenham gostado do capitulo! Não deixem de comentar e até o proximo domingo.
Até o proximo capitulo ❝ Algo está errado comigo? ❞
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro