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O Emissário da Justiça - Parte 1

William Ford acordou meio desnorteado em seu escritório, sentindo dores no pescoço e nas costas, provavelmente por ter dormido em uma posição tão desconfortável. Havia adormecido enquanto tentava escrever uma história que jurava que finalmente iria conseguir desenvolver.

Olhando para o relógio ele se levantou de sobressalto e correu para o banheiro, onde tomou um banho veloz e após se vestir em uma velocidade maior ainda, saiu apressadamente pois sabia que ela odiava atrasos.

- Boa tarde, detetive Thompson! - ele disse ao sentar-se à mesa. O relógio marcava sete minutos após o meio dia e a detetive já dava sinais de impaciência. - Eu me atrasei um pouco.

- Deixe-me imaginar... - ela disse com seu sarcasmo característico. - você teve alguma ideia brilhante para seu romance e parou em algum lugar para escrever.

- Pode continuar zombando, Maggie - ele disse, abaixando a cabeça, visivelmente magoado com o sarcasmo dela. -, mas quando eu for um best seller, você vai ter que se humilhar para dizer que eu estava certo em perseverar na escrita!

- Me desculpa, Will! - ela disse, pegando a mão dele com ternura. - Eu estou tendo problemas no trabalho. Era tudo mais fácil quando você estava lá.

- Além do mais, eu não consigo aceitar que você nos deixou. - ela continuou após uma breve pausa, ainda segurando a mão dele. - Você era nosso criminalista mais brilhante!

- Você sabe por que eu fiz isso. - Will respondeu, erguendo a cabeça e olhando nos olhos dela. - O trabalho da polícia é inútil contra certas pessoas. Toda aquela dedução e lógica para provar a culpa dos criminosos, e o dinheiro e poder deles sempre prevalecem. Eu prefiro os meus romances, onde eu posso punir os criminosos como quiser, ou até criar um mundo onde eles não existam.

O toque de um celular interrompeu o diálogo e a detetive, pedindo licença, atendeu. Era alguém da delegacia e era sempre assim. Eles sempre eram interrompidos e mais uma vez ela teve que ir, porém dessa vez foi a última vez que ele a viu com vida.

Um bandido que eles haviam prendido tempos atrás e que tinha conseguido liberdade por meio de fiança estava mantendo a namorada refém e disse que só conversaria com a detetive Thompson, que aceitou trocar-se pela refém e foi assassinada covardemente pelo desgraçado, que se entregou logo depois e foi preso.

Já havia se passado um ano, mas ele se lembrava daquele dia como se tivesse acabado de acontecer e a única forma de se livrar da culpa por tê-la abandonado quando deixou a polícia, era se embriagando até cair desmaiado.

Seus dias eram sempre assim, apenas bebendo para esquecer sua covardia, que o impediu até mesmo de tirar sua própria vida por diversas vezes. Já não escrevia mais, pois Maggie não era só sua ex-parceira, mas também era o amor da sua vida e ele nunca disse a ela, mas também era sua fonte de inspiração.

Mais uma vez ele havia desmaiado no parque. Há muito tempo ele não conseguia sequer chegar em casa depois de beber e só ia pra casa pela manhã, após acordar sujo pelo seu próprio vômito e urina.

O que Will não sabia é que dessa vez aconteceria algo diferente, que mudaria tudo em sua vida. Deitado de costas na grama do parque quase inconsciente, ainda conseguiu ver o vulto do que pareceu ser um grande pássaro, pelo som do bater de asas e sem reação por conta do torpor da embriaguez, viu algo cair do céu e pousar sob o seu peito, até enfim apagar por completo.

...


Will acordou com o barulho da buzina de um vendedor de algodão doces, e ao abrir os olhos a claridade quase o cegou. A cabeça latejava tanto que a princípio apenas permaneceu deitado, protegendo os olhos do sol, e se virou de lado para acostumá-los à luz.

Ele ouviu um barulho de algo caindo no chão, logo que fez o movimento, e olhando na direção viu que se tratava de um caderno de capa preta com algo escrito em letras brancas que a princípio não conseguiu ler pelo ângulo em que olhava, mas assim que se sentou e pegou o caderno, pode ler que nele estava escrito "Death Note".

A princípio, ele apenas jogou o caderno em uma lixeira próxima. Não era a primeira vez que jogavam lixo nele enquanto ele dormia e não os culpava, afinal era isso que ele estava se tornando, uma grande lixeira humana. Levantando-se, ele decidiu ir para casa. Precisava de um banho e de comer alguma coisa, porque mesmo que estivesse pouco se importando consigo mesmo, a sua fraqueza colocava um limite na quantidade de sofrimento que o seu corpo e sua mente podiam suportar.

Após dar alguns passos, ele se lembrou de algo na noite anterior. O vulto do grande pássaro e seu bater de asas alto e poderoso, e de sentir depois algo caindo sobre seu peito.

- O caderno! - Ele pensou intrigado, e por mais louco que parecesse tudo aquilo, ele não podia evitar de ficar inclinado a pegar aquele caderno e levá-lo para casa. Então voltando até a lixeira, a revirou até encontrá-lo.

- Ei moço, não precisa comer lixo! - uma garota que aparentava ter dez anos disse se aproximando, e entregando a ele uma nota de dez dólares. - Toma aqui esse dinheiro para uma refeição decente.

Antes que pudesse protestar, ela saiu correndo alegremente em direção a um casal que deviam ser os seus pais, então apenas acenou para eles agradecendo.

Olhando o caderno em uma mão e o dinheiro que a menina lhe deu na outra, Will decidiu tomar um café ali no parque mesmo antes de ir embora e comprando um café com leite e um pastel, sentou-se em um dos bancos para fazer a sua refeição. Enquanto comia, ele observou o caderno que havia deixado ao seu lado em cima do banco.

- Death Note? - Ele leu em voz alta, enquanto mastigava. Olhando as letras escritas em tinta branca na capa preta do encadernado estilo brochura. - Que porra de livro é esses?

Terminando de beber o café com leite e de comer o seu pastel, ele decidiu dar atenção ao livro, e após jogar o pacote de papel e o copo em uma lixeira, ele voltou até o banco e começou a ler. Na primeira página encontrou o que pareciam instruções abaixo da frase "Como Usar".

- O humano que tiver seu nome escrito no Death Note morrerá. - Ele iniciou a leitura das instruções. - A escrita do nome não terá efeito se o escritor não tiver em mente o rosto da vítima. Assim, pessoas que compartilham o mesmo nome não serão afetadas.

- Se a causa da morte for escrita dentro dos próximos 40 segundos após o nome ser escrito, assim acontecerá, desde que a causa não seja impossível. - Ele leu o segundo tópico, estranhamente interessado naquela leitura peculiar. - Se a causa da morte não for especificada, a vítima morrerá de ataque cardíaco.

Pegando o celular, Will digitou a frase "Livro Death Note" na pesquisa, mas não obteve retorno algum. Tentou novamente com a frase "Escritor de Death Note" e mais uma vez não conseguiu nada, então deduziu que não havia nada publicado com esse nome.

No livro tinham mais algumas instruções e depois apenas páginas em branco, e ele deduziu que alguém tendo um bloqueio criativo, desistiu de continuar a história e jogou o livro fora. Aquela era uma ideia muito louca para um livro e por isso ele pensou em continuá-la. Talvez essa fosse a chance de colocar sua vida nos eixos novamente.

Um barulho de frenagem chamou sua atenção, e ele voltou sua atenção para a direção de onde veio, à tempo de ver um carro que tentava frear após perder o controle e invadir o parque atingindo várias pessoas ali, inclusive aquela gentil garotinha que havia lhe dado dinheiro mais cedo, e os seus pais.

Um tempo depois o resgate chegou e levou os feridos para o hospital, e o motorista, que apresentava sinais de embriaguez foi levado preso. Will apenas foi para casa, mas a imagem da garotinha sendo atropelada não saía da sua cabeça.

...


Em casa após tomar banho e vestir uma roupa limpa, Will decidiu começar a escrever, mas um plantão do noticiário chamou a sua atenção.

- Acaba de ser solto por fiança, o motorista que atropelou dez pessoas no parque central essa manhã. - a repórter começou a falar. - Carol Jenkins, está na porta do hospital com mais notícias das vítimas.

A repórter estava entrevistando o pai da menina que havia lhe ajudado no parque. Chorando, o homem disse que a menina e a mãe estavam em estado grave e precisavam ser transferidas para um hospital particular, mas ele não tinha dinheiro para pagar, então fez um pedido de ajuda e deixou uma conta para depósito.

Na sequência da reportagem, a repórter disse que Harry Phillip Jr, um jovem milionário que é o único herdeiro de uma fortuna imensurável, era o motorista que causou aquela tragédia e que não era a primeira vez que ele era preso por dirigir sob o efeito de álcool e inclusive já havia matado três pessoas, mas era sempre solto por fiança e conseguia se livrar dos processos.

Will sentiu uma imensa raiva ao ver aquela foto na televisão. O desgraçado estava sorrindo na foto que a polícia tirou. Isso porque sabia que seu dinheiro iria resolver, enquanto aquele pai chorava por não ter dinheiro para transferir a filha e a esposa para um outro hospital.

Um movimento na mesa de centro o fez olhar. No centro da mesa, o livro se abriu na página de instruções, e uma nova instrução começou a ser escrita no livro como que por mágica.

"Após especificar a causa da morte, detalhes dessa podem ser escritos nos 6 minutos e 40 segundos seguintes"

Mesmo assustado com o modo como aquilo aconteceu, uma ideia absurda passou pela sua cabeça e pegando uma caneta, folheou o encadernado até uma página em branco, e começou a escrever.

"Harry Phillip Jr, suícídio após transferir cem mil dólares para a conta..."

Após escrever o número da conta bancária que o pai da garota informou na reportagem, Will fechou o caderno e soltando a caneta em cima da mesa, levantou-se e foi até o armário pegar uma garrafa de uísque e servir a bebida em um copo. Antes de beber, ele pensou em tudo o que aconteceu aquela manhã e no que acabara de fazer. Ele escreveu o nome de uma pessoa em um caderno intitulado "caderno da morte", e ainda escreveu que o sujeito ia transferir dinheiro antes de se matar.

- A bebida está acabando com minha sanidade! - ele disse em voz alta, para si mesmo, e pegando a garrafa e o copo, virou todo o líquido na pia.

Servindo-se de uma xícara de café, Will voltou até o sofá, mas antes de se sentar algo o fez paralisar-se na frente da televisão. Em uma notícia de última hora a repórter anunciava que o jovem milionário, Harry Phillip Jr, havia se jogado de sua cobertura no décimo terceiro andar.

- Aquilo só podia ser coincidência! Aquele caderno não tinha esse poder! - ele disse à si mesmo, sem tirar os olhos da televisão que noticiava os bastidores do suicídio.

- E se não for coincidência? - Ele pensou, agora aterrorizado com a possibilidade de ter matado alguém. - A porra do caderno se abriu sozinha, e apareceram aquelas palavras do nada.

Após o surto, ele decidiu se acalmar. Mesmo que aquela loucura fosse verdade ele não podia se desesperar e nem se culpar, afinal o desgraçado mereceu aquilo pelas vidas que ele tirou e pelo sofrimento que causou a outras famílias.

Desligando a televisão, ele decidiu ir até o quarto e tentar dormir um pouco. O idiota do milionário já estava com três mortes nas costas, e agora deve ter visto o sofrimento desse pai, ficou com a consciência pesada, e não suportando a culpa decidiu se matar. Simples assim. Nada de cadernos mágicos que matam pessoas!

O telefone tocou quando ele ia pegar no sono e Will viu que era o seu irmão. Provavelmente, Peter tinha visto o acidente pela televisão e estava preocupado, mas ele não queria falar, então recusou a chamada e enviou uma mensagem.

"Eu estou bem Pete"

"Ah, Graças a Deus, Will"

"Você viu o que aconteceu, no parque?"

"Eu estava lá, mas não fui atingido"

"O motorista se matou."

"Dizem que não aguentou a culpa, e que antes de se jogar de sua cobertura, depositou uma boa quantia de dinheiro na conta de uma das vítimas."

"Como assim?"

"Dizem que foi cem mil"

"Vou te mandar o link da reportagem"

Abrindo o link, Will leu completamente assustado a reportagem que dizia que Harry Phillip Jr transferiu cem mil dólares para a conta do pai da garotinha que se chamava Cecília, e que ela e a mãe já estavam sendo transferidas para um hospital mais equipado, e que poderiam receber o tratamento necessário agora.

- QUE MERDA EU FIZ?- ele gritou, soltando o celular, e cobrindo o rosto com um travesseiro.

- Justiça! - uma voz estranha respondeu, vinda de dentro do quarto e o fez levantar-se em um salto, para ver que perto da grande janela estava um ser alto e meio encurvado, com membros longos e dedos compridos e pontudos. Usava roupas pretas em estilo gótico, e seu rosto cadavérico tinha um sorriso de escárnio e triunfo e olhos amarelos assustadores.

- Qu-que po-porra e vô-vôcê? _ o jovem gritou, afastando-se por instinto.

A figura lhe disse que se chamava Kuroth e que era um Shinigami, uma espécie de ceifador, e que o Death Note era seu. Kuroth ainda explicou que já vinha o observando há algum tempo, e que Will despertou nele a curiosidade de saber como alguém como ele usaria o caderno, pois sabia de toda toda tristeza e raiva que ele carregava, mesmo tendo um coração bom o suficiente para descontar essa dor apenas em si mesmo.

Aquilo tudo era uma loucura terrível, mas o que aconteceu era real. Tudo aconteceu conforme ele havia colocado no caderno, e ele havia causado a morte daquele jovem. O estranho era que Will não se sentiu culpado, se sentia como alguém que praticou justiça e devolveu para Cecília e para a mãe dela os direitos que haviam lhes sido cerceados por um criminoso inconsequente que não cumpre os seus deveres com a sociedade.

O poder que sentia em suas mãos era quase sufocante e a vontade que tinha era de escrever naquele caderno o nome de todos os criminosos do mundo e nunca mais haveria um criminoso sendo solto porque tem dinheiro ou porque enganou a justiça. Com o Death Note ele seria o júri, o juiz e o carrasco!

- Então William, o que fará a partir de agora? - Kuroth lhe perguntou com um olhar de êxtase, como se estivesse se divertindo muito com a situação.

Sem responder, Will pegou o caderno e saiu às pressas, sendo seguido pelo Shinigami que cantava alegremente. A princípio ele tentou andar mais rápido que Kuroth, fingindo que não o conhecia, mas pela reação das pessoas nas ruas, começou a perceber que nenhuma delas podia ver o monstrengo, até que a sua mente aguçada deduziu que só o proprietário do caderno, ou só quem o tocasse poderia vê-lo ou ouvi-lo.

Após andar por alguns quilômetros eles chegaram a um cemitério e o jovem caminhou entre as lápides até parar na frente de uma que tinha o nome de Margareth Thompson, com a frase que ele havia escrito gravada no mármore.

"Se há lugares para ir depois do fim, para Maggie Thompson foi reservado o melhor, porque ao menos fora daqui há de existir justiça."

A palavra justiça ecoava em sua mente como nunca antes. E o dia da morte dela, bem como a última vez em que conversaram e o que lhe disseram o golpearam com força. Ele a havia abandonado, tinha deixado ela sozinha caçando os monstros, até que um dia um deles a matou.

Agora ele poderia fazer justiça por ela, e pegando o caderno, ele escreveu o nome "Todd Mitchell", seguido por "Se matou enforcado na cela, após escrever uma carta confessando todos os crimes" e se despediu de Maggie, após pedir perdão pelo que estava fazendo, pois sabia que ela jamais concordaria com isso.

Saindo do cemitério com um olhar decidido, ele pegou um ônibus com o intuito de ir até a prisão onde Todd estava preso e após a revista entrou, estranhando o fato de que não lhe disseram que ele estava morto. Após esperar um pouco na sala de visitas ele apareceu e o olhou com surpresa ao vê-lo.

- Ora se não é o detetive Ford! - o presidiário disse do outro lado do vidro. - Que grande surpresa vê-lo aqui!

Will apenas olhava para o relógio e para o Shinigami, sem entender por que o desgraçado ainda estava vivo.

- Sabe, eu achei que nunca mais iria te ver. - O bandido continuou, se divertindo com o silêncio dele. - Fiquei muito triste quando a Maggie apareceu sozinha, eu tinha pedido por vocês dois.

A gargalhada do bandido fez seu estômago embrulhar e ele apenas se levantou e saiu apressadamente acompanhado de Kuroth, que mantinha um sorriso irônico no rosto.

- Eu dei a ela a chance de me matar Will - Ele ouviu Todd gritar. -, mas ela não era uma assassina. Será que você teria feito? Nunca iremos saber!

Chegando a uma sala, onde ficou apenas com Kuroth, Will se desfez em lágrimas, e perguntando ao Shinigami por quê não deu certo. Por que o desgraçado ainda estava vivo, obteve a resposta.

" Porque o nome dele não é Todd Mitchell!"

Will sentiu o caderno mexendo no bolso do sobretudo e pegando-o o abriu, para ver que mais dois tópicos haviam sido adicionados às instruções de uso.

"A princípio, o shinigami não pode ajudar o proprietário atual, nem prevenir as mortes que ele pretende causar"

"O humano com posse do Death Note pode obter os "Olhos de Shinigami" e, com isso, ver os nomes e expectativas de vida das possíveis vítimas. Essa troca custa metade da expectativa de vida do humano"

Will entendeu a intenção de Kuroth imediatamente e sem pensar duas vezes ele disse que queria os "Olhos de Shinigami" e sentiu uma pressão que o deixou meio tonto, como se metade do que restava de sua vida estivesse realmente deixando o seu corpo, porém, ignorando a fraqueza que sentia, ele voltou correndo até a sala de visitas e gritou Todd, que estava sendo escoltado de volta para sua cela.

Quando o bandido olhou em sua direção, mensagens apareceram sobre a sua cabeça e Will pode ver que ele se chamava Abraham Dewell e tinha mais quarenta anos de expectativa de vida. Os nomes e expectativas de vida de todos quanto ele via apareciam sobre as respectivas cabeças e ele pensou no desastre que seria se esse poder caísse nas mãos de um assassino.

- Eu com certeza o mataria se estivesse lá! - Will disse e saiu logo em seguida, sentindo-se fraco e com uma dor de cabeça terrível.

Will saiu da prisão a caminho do ônibus, mas antes do ônibus chegar resolveu pegar o caderno e escrever o nome correto do bandido, não queria deixá-lo viver nem mais um minuto, mas antes que pudesse escrever, sentiu uma forte dor de cabeça, uma gota vermelha e viscosa pingou de seu nariz na página do caderno e sentindo a vista embaralhar desmaiou ali mesmo no ponto de ônibus.

...

- Que bom que acordou, senhor Ford! - uma voz masculina disse e à medida em que ele abria os olhos pôde ver que estava na sala de um hospital e que Peter e Kuroth também estavam no local.

- O que aconteceu? - Will perguntou, e pelos olhos vermelhos de seu irmão, pode ver que ele tinha chorado bastante. - E como eu vim parar aqui?

- O senhor desmaiou e foi trazido para cá! - o Doutor explicou. - Nós fizemos alguns exames e constatamos que o senhor tem um tumor no cérebro, em estágio avançado.

Will recebeu a notícia com um grande choque e se desesperou ainda mais depois que o doutor disse que era um milagre ainda estar vivo, que não esperava nem que ele acordasse, mas que talvez tivesse mais algumas semanas ou meses de vida.

Will apenas pediu para ficar sozinho no quarto e após receber um abraço do irmão, todos saíram. Ainda era difícil aceitar, mas ele entendeu o que havia acontecido. Kuroth sabia de sua expectativa de vida, que devia ser mínima e ao usar os "Olhos de Shinigami", ele acelerou o processo do seu tumor, que nem sabia que tinha.

Há muito tempo ele sentia dores de cabeça, mas como neste último ano ele estava embriagado o tempo todo, sempre relacionava as dores à ressaca. Depois do choque inicial, ele se acalmou. Morrer não seria ruim, pelo menos não para ele que ainda não havia se acostumado a viver sem a Maggie e jamais iria se acostumar.

- Kuroth - ele chamou, continuando após o monstro se aproximar. -, onde está o Death Note?

O Shinigami lhe entregou o caderno e a caneta, e com dificuldades ele escreveu o nome de "Abraham Dewell" e em seguida escreveu a frase " se matou enforcado na cela, após escrever uma carta confessando todos os crimes", e fechando o caderno, o colocou no criado mudo ao lado da cama.

- Kuroth, eu posso te pedir mais uma coisa? - ele perguntou já com dificuldades, recebendo a confirmação do Shinigami. - Pode ligar a televisão no noticiário para mim?

A Televisão foi ligada e um tempo depois uma notícia de última hora interrompeu a programação. O condenado "Todd Mitchell" foi encontrado enforcado em sua cela, e uma carta onde ele confessava todos os crimes foi encontrada pelos agentes.

- Quanto tempo de vida ainda tenho, Kuroth? - Will perguntou com um sorriso triunfante mesmo sentindo-se fraco e sonolento - Você pode me dizer isso?

- Na verdade não - o Shinigami respondeu com um sorriso -, mas eu gosto de você, então lhe direi que você ainda viverá por mais seis meses.

- Esses médicos não sabem de nada mesmo, né? - ele disse sorrindo - Obrigado Kuroth, vou dormir um pouco agora.

...

Uma semana depois, já se sentindo um pouco melhor, Will foi para a casa de Peter, onde viveu seus últimos momentos de vida sob os cuidados dele e passou a se dedicar aos seu livro e também ao Death Note.

Depois de seis meses ele decidiu que havia terminado enfim o seu livro e o salvou em uma pasta nomeada "Peter, por favor, só abra depois que eu morrer" e fechando o notebook, o guardou em uma gaveta.

Pegando o seu celular, Peter abriu o aplicativo da Intranet da polícia e usando uma senha que tinha conseguido com um amigo da época em que era detetive, o acessou. Lá ele teve acesso à milhares de casos não resolvidos pela justiça, com nomes e fotos dos bandidos.

Kuroth trouxe até ele o Death Note e ele passou horas escrevendo nomes de bandidos, causas de morte e o que ele queria que fizessem antes de morrer. Naquele dia os noticiários travaram com milhares de mortes e confissões de crimes, alguns que já estavam a vários anos sem solução.

- Está na hora de fazer o que eu lhe pedi - Will disse, com uma voz que quase não saiu enquanto entregava o caderno para o Shinigami -, pode guardá-lo agora, não irei mais usar, a minha parte está concluída!

Um sorriso se estampou no rosto de Will, enquanto o ar começava a lhe faltar e seus olhos se fechavam aos poucos. Antes de apagar ele ainda conseguiu dizer baixinho um "obrigado, Kuroth!", enquanto via que o Shinigami retirava do bolso outro caderno e anotava o que ele sabia que era o seu nome.

...


Chegando em casa após o funeral, Peter Ford decidiu mexer nas coisas de seu irmão e abrindo o notebook viu uma pasta em destaque com a descrição: "Peter, por favor, só abra depois que eu morrer" e então atendeu ao pedido expressado ali. A pasta continha diversos arquivos de rascunhos do que pareciam ser projetos de livros inacabados e poemas, além de um arquivo que lhe chamou atenção, por chamar-se "O Emissário da Justiça parte 1 - Concluído".

Abrindo o arquivo que já estava formatado, ele viu que se tratava de e uma história narrada em primeira pessoa, onde o personagem principal contava que após se cansar de tanta injustiça, encontrou um modo de fazer com que ela acontecesse sem falhas, através de um caderno chamado "Caderno da Morte", onde anotava o nome de criminosos e eles realmente morriam conforme ele especificava nas páginas.

Após ler grande parte da história, Peter já havia percebido as semelhanças com a vida de Will, mas se alarmou quando o nome de Harry Phillip Jr apareceu na história, bem como os detalhes de sua morte. Ao mesmo tempo, um objeto caiu da estante no chão do quarto e chamou a sua atenção. Um caderno de capa preta que ele nunca havia visto antes, mas que estava escrito em sua capa "Caderno da Morte".

Ao abri-lo, ele se assustou de vez. O nome de Harry Phillip Jr e o modo como morreu estavam escritos na primeira página, junto com uma frase dizendo que ele transferiria Cem mil dólares para uma conta. Um movimento em seu campo de visão periférica o fez se virar com um salto, para ver uma figura monstruosa parada bem à sua frente com um sorriso assustador.

O ser monstruoso se aproximou lentamente e com sua voz grave disse simpaticamente:

"Olá Peter, eu me chamo Kuroth!"...

4287 palavras

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