6-uma casa de madeira
Uma casa de madeira escura. Essa foi a primeira coisa que vi quando cheguei ao lugar indicado no papel.
Era no meio de uma floresta, onde as folhas amarelas e laranjas começavam já a cair com a chegada do outono. A sara corria de um lado para o outro, a tropeçar e a cair com passos bamboleantes no monte de folhas douradas.
Ao redor da casa corria um rio de águas cristalinas, onde peixes coloridos de todas as espécies saltavam. Pequenos animais aproximavam se para beber água, mas recuavam ao perceber a presença humana.
No centro deste paraíso natural, de cores outonais e de vida animal, uma casa antiga, de dois andares, feita de madeira escura, claramente muito antiga, erguia se por entre as árvores. As suas janelas eram grandes, apesar de o interior estar oculto por pesadas cortinas brancas
Nessas mesmas janelas, canteiros de flores maravilhosas e perfumadas, com um magnífico tom azul escuro, cresciam, contrastando com os tons dourados do resto da floresta.
Por fim, aproximei me lentamente da grande porta de carvalho, com dois batentes e que, mesmo sem fechadura, estava trancada e imóvel.
Perguntava me como seria isso possível, quando ela se começou a mover. O barulho da porta a ser aberto de repente assustou me e fez me repensar a minha decisão de vir aqui, mas depressa a curiosidade dominou o medo. Chamei pela Sara e, quando ela se aproximou de mim, avancei para dentro da casa com ela. E a porta fechou- se atrás de mim
A rapariga que tinha falado comigo estava á minha frente. Os seus olhos cinzentos ainda me encaravam. Ela sorriu.
- Bom dia Sofia. Ainda não nos tínhamos apresentado. Eu sou a yara
- C...Como é que sabe o meu nome
- Desculpa... Não fazia intenções de te assustar. Sei o teu nome porque esse é o meu trabalho
- o seu trabalho é saber o meu nome?
- não- ela riu se- o meu trabalho é encontrar pessoas extraordinárias, como tu
- como assim? Existem outros como eu?
- nem fazes ideia Sofia. Existem pessoas extraordinárias por todo o mundo.
Ela ajoelhou se á minha frente e sorriu
- Olá Sara
-...
- Sei que me entendes. Talvez ainda não saibas falar , mas entendes me perfeitamente
A Sara olhou para ela com um ar intrigado. Já eu, olhei para ela com um ar de puro pânico. Aquela mulher estava a falar com um bebê de poucas semanas á espera que ela a entendesse, que já anda e já tem os dentes todos, mas ainda assim...
Ela reparou no meu ar confuso e sorriu
- não entendes pois não?
- nem fazes ideia...
- venham comigo
Ela levou nos por umas escadas claras, em direção a um quarto. Ela abriu a porta. Nós entramos e ela entrou, logo em seguida, fechando a porta atrás de nós.
O quarto era pequeno, mas muito organizado, com as paredes pintadas de um azul escuro acinzentado, uma cama branca com lençóis da cor do céu, uma secretária de madeira clara, com um computador e várias gavetas, um armário da mesma cor da secretaria e uma linda estante cheia de livros, a maioria de fantasia, mas outros de ciências demasiado complexas para eu entender. No chão, um tapete azul celeste, felpudo e confortável. O quarto transmitia um ar de inteligência e sabedoria, mas também uma sensação de calma e reestabelecimento.
Ela guiou me até á estante e puxou um livro. " Princípios da anatomia humana". O livro abriu uma porta, escondida por trás da estante e nós entramos, segundo a.
O seu laboratório era algo incrível. O chão era feito de azulejos pretos, de um tom próximo ao azul escuro, e as paredes eram de azulejo branco resplandecente e impecávelmente limpo. Em toda a sala, impecáveis bancadas de ferro repousavam, segurando todo o tipo de objetos dos quais eu nem imaginava a utilidade.
A mesa central estava coberta por uma espécie de colcha, daí ter concluído que se tratava de uma espécie de maca.
Ela pegou na Sara ao colo e senti me imediatamente a ficar tensa. Ela deve ter reparado pois olhou para mim e falou:
- se te incomoda que pegue nela podes ser tu. Fazes me o favor de a deitar na maca?
Relaxei, percebendo instantaneamente que ela não lhe iria fazer mal. Peguei a ao colo e sentei a na cama, enquanto ela colocava umas luvas de látex.
- o que vai fazer?
- vou verificar uma coisa.
Ela levantou lhe o cabelo, mostrando na parte de trás do seu pescoço e pela primeira vez reparei numa marca de nascença de forma semelhante á minha. Assemelhava se a uma nuvem. A minha era mais escura que a dela, mas ainda assim estranhei o facto de nunca ter reparado nela.
- Como se chamavam os teus pais?
- Linda e Josh marsh
- e o teu pai tinha alguma irmã?
- N... Não sei. Eles não falavam muito.
- Ouve. Isto é muito importante, por isso preciso que me prestes muita atenção.
- O que se passa?
- Ao redor do globo sempre existiram pessoas extraordinárias. De várias espécies. A maioria delas tem os seus poderes devido a um fator genético, que é o teu caso. Desconfio que o teu vem da tua avó. É curioso
- o que é que é curioso
- o teu poder é o controle total do ar. Normalmente esse gene passa de mulher para mulher. Penso que a tua avó só teve o teu pai como filho estou certa?
- N.. não sei
- Imagina que estou. A tua avó pensou que o seu poder morria nela, porque o teu pai não o tinha, então não o poderia passar para os seus filhos. A tua avó estava errada. O poder estava no sangue do teu pai, adormecido, sem ele sequer imaginar que o possuía, e sem saber o que a mãe era.
- então quando ele me teve...
- passou o poder para ti
- isso é... Isso é um bocado de mais para uma pessoa absorver assim de repente
- espera um pouco.- ela mostrou de novo a marca da Sara- tens uma igual, estou certa?
- sim está...
- isto é a marca daqueles que são portadores deste poder, e que o podem utilizar. A tua avó podia. Agora tu e ela também podem. Ela é muito mais poderosa que tu, mas isso também acarreta riscos. O poder rouba lhe muita energia. Ela vai envelhecer depressa e em alguns anos vai ser uma mulher adulta. Acho que virá a morrer em aproximadamente sete anos.- ela fez uma cara desgostosa
O meu mundo desabou. Nunca senti tanto Pânico como naquele momento. A minha pequenina... Ela... Eu não tinha palavras para defenir aquele momento de pânico. Pensei se valera a pena, salvar lhe a vida para ter de viver escondida, a contar os dias até á sua morte. Uma criança eternamente presa num corpo de adulta Aí á voz calma da Yara trouxe me dê volta á razão.
- Eu... Não sei se ajuda muito mas... Eu tenho estado a trabalhar numa coisa. Ainda está em fase de teste mas...
Ela dirigiu se á bancada atrás dela. Num suporte para tubos de ensaio, apenas um repousava. Dentro dele um líquido azul escuro. Ela pegou nele com quidado redobrado.
- Ouve... Não te conheço á muito tempo, mas já sei que farias qualquer coisa para a salvar e ... Acho que isto pode realmente salvar lhe a vida. Ainda não sei se funcionará e ainda vai demorar algum tempo a estar pronto mas... Pode dar lhe uma vida normal, ou perto disso, pois ainda terá os seus poderes...
Eu enxuguei as lágrimas...
- tu... Tu achas mesmo?
- eu... Eu não tenho a certeza... Mas é o melhor que consigo.
Eu abracei a. Até que uma voz, inicialmente relutante e depois mais confiante disse
- obrigada
Eu olhei para a Sara
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