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"O Caderno Azul"
Estava sentado no chão abraçando minhas pernas, não tinha ninguém a minha volta, de repente senti meu rosto ser levantado e a minha frente vejo uma garota com um sorriso gentil. Sua pele era morena, cabelo castanho claro na altura dos ombros e olhos amendoados com um certo brilho no olhar.
- não chore pequeno girassol... - diz com uma voz calma enquanto acaricia meu rosto
Eu não conseguia dizer uma palavra sequer, como se todas as palavras estivessem presas em minha garganta. Apenas observo a garota acariciar meu rosto, suas mãos eram macias e quentes, de um jeito inexplicável, senti todo o meu corpo relaxar aos seus toques e nada mais importava.
- agora está tudo bem - beija a minha testa e estende as mãos
Instintivamente, me afasto para trás, mas a mesma se aproxima de mim e estende as mãos novamente, dessa vez, pego em suas mãos e a garota me puxa para cima.
- está tudo bem, pequeno girassol - solta minhas mãos devagar e se vira de costas começando a andar
Só naquele momento, consegui reunir poucas palavras para fazer uma frase.
- ...e-espere! Não vá! - tento alcança-la mas minhas pernas não se moviam - Como se chama!... - grito e ela para por um segundo e se vira para mim com um enorme sorriso
- me chamo... - antes que ela pudesse dizer seu nome, as cortinas são abertas no meu quarto e o sol entra batendo no meu rosto.
Só então percebi que tudo aquilo não passava de um sonho
- bom dia filho! - diz minha mãe com um doce sorriso
- bom dia mãe - digo forçando um sorriso sem demonstrar minha frustração
- você estava falando enquanto dorme, ou melhor, gritando - senta na beirada da cama e me olha preocupada
- não era nada demais, apenas...um sonho - suspiro levantando os braços para cima os esticando
- então tá, levante logo, está quase atrasado - diz me deixando com os olhos arregalados
- já estou indo! - me levanto rápido quase tropeçando e pego meu uniforme junto da toalha logo entrando no banheiro
Enquanto faço o que tenho de fazer, vou me apresentar: sou Akarui Himawari, apesar de ter um nome tão...como posso dizer, que dá a impressão de que sou uma pessoa radiante, é completamente o contrário. Sou muito tímido e fechado com as pessoas, sou assim desde pequeno, digamos que eu não tenha experiências boas em relacionamentos. Por isso não tenho muitos amigos.
Depois que sai do banheiro, já com o uniforme da escola, pego minha mochila e vou para a cozinha. Minha mãe estava tomando café enquanto lia um jornal
-eu vou comendo no caminho - pego um pedaço da torta de maçã e dou uma mordida
-está bem, até mais tarde filho - se levanta e me abraça calorosamente
Depois que sai de casa, comecei a pensar sobre o sonho que tive, foi tão...real. Gostaria de ter ouvido o nome daquela garota, ela me chamou de ''pequeno girassol'', sei que meu nome significa isso, mas realmente foi inesperado, parece estranho, mas é a terceira vez na semana que o sonho é o mesmo. Isso tem tirado minha concentração na maioria das vezes, simplesmente não consigo ignorar.
De repente, sinto algo bater na minha cabeça e depois cair no chão, era um... Caderno? Um caderno azul com um tipo de sinto fechando ele. Me abaixo e o pego, observo um pouco o caderno, o lacre estava enferrujado, mas no momento em que iria abrir o alarme do meu celular toca, isso significa que se não me apressar agora irei me atrasar para a aula. Em uma ação rápida, jogo o caderno na mochila e corro o caminho todo até a escola.
- não acredito que consegui entrar a tempo - sussurro me curvando para frente, recuperando o fôlego
- ei, você vai entrar ou não? - levanto a cabeça e vejo o zelador me olhando sério - no meu tempo, quem chegava atrasado levava punições
Apenas balanço a cabeça e sussurro"me desculpe" quase inaudível, depois entro na escola a passos rápidos até minha sala, entro em silêncio e sento no meu lugar - terceira mesa do lado da janela - cruzo os braços em cima da mesa e em poucos segundos o professor de história entra na sala. Depois das aulas, o sinal do intervalo toca e todos saem da sala apressados, coloco meus materiais na mochila e saio da sala.
Ando pelos corredores até me deparar com o quadro de avisos da escola, amanhã os testes para o teatro "O Pássaro Dourado", uma das minhas histórias preferidas dos Irmãos Grimm, amo contos de fadas e histórias de fantasias como pode imaginar. Gostaria muito de fazer o teste para o filho mais novo do jardineiro, mas a minha timidez não deixa, só de imaginar em pisar em um palco e ficar na frente de todos, meu estômago fica embrulhado, tenho certeza de que iria dar tudo errado. Saio dos meus pensamentos ao me deparar com a dupla de valentões da escola - Akira e Yudi - aperto as alças da minha mochila e abaixo a cabeça andando mais rápido por eles, mas tropeço em algo e caio no chão.
- nossa, como sou desastrado - diz Akira e pega a minha mochila
- o que tem aí? - Yudi abre a mochila e começa a jogar minhas coisas pelo chão - não tem nada de interessante aqui
- esse inútil não serve pra nada mesmo - joga o estojo na minha cabeça
- vem, eu estou com fome - começa a andar na frente - com esse dinheiro podemos comprar algo na cantina
- você é o melhor Yudi! - chuta minha mochila e ela cai no fim do corredor
Fecho os punhos me ajoelhando no chão e sentindo as lágrimas pesadas rolarem nas minhas bochechas, sinto meu antebraço doer e coloco a mão no local. Lá se vai o dinheiro para o lanche, estou faminto e parece que vou continuar assim até chegar em casa.
- idiotas... São todos idiotas... Droga eu odeio isso - seco o rosto com as costas das mãos e recolhi o meu material do chão
Vou até o meu canto secreto - uma sala não reformada e esquecida por todos, no andar de cima perto do terraço - e sento no chão apoiando as costas na parede.
- ... Será que sempre vou ser o garoto tímido que ninguém gosta?... - sussurro abraçando meus joelhos
Pego um livro da mochila e começo a ler, desse jeito eu me afundo na história e no universo do livro, esquecendo de tudo e todos a minha volta, essa sensação é incrível, mas tive que parar é voltar para minha sala é ficar lá até a aula terminar. No caminho para casa, escuto um assobio e olho para trás, mas nesse momento uma pedra acerta minha testa me fazendo sangrar.
- aquela miséria de dinheiro não compra o que eu quero! - Akira grita vindo em minha direção
Eu não acredito nisso. Começo a correr o mais rápido que consigo, mas eles estavam me alcançando facilmente, péssima hora para sentir fraqueza nas pernas pela falta de alimentação, viro em uma rua e tropeço rolando pela grama e caindo em um pequeno lago.
- para onde aquele inútil foi!? - escuto as vozes de Yudi e Akira em cima da ponte, coloco as mãos na testa e vejo que ainda estava sangrando, minha vista começa a ficar embaçada, mas ignoro ainda apreensivo com os dois valentões me caçando - amanhã ele está ferrado na minha mão
As vozes se distanciam e logo tudo estava em silêncio, me levanto com dificuldade e vou praticamente me arrastando para casa, estava completamente acabado, tudo o que queria era me jogar na cama e dormir até sábado. Quando chego em casa, vou direto para o meu quarto - minha mãe só chegava do trabalho a noite - tiro as minhas roupas encharcadas, tomo um banho demorado, visto uma calça moletom e uma blusa larga, coloco os materiais e a mochila pra secarem, deito na cama e em poucos segundos caio no sono.
- por aqui, pequeno girassol, venha por aqui - sinto as mãos dela puxarem meu braço - agora falta pouco, você não precisará chorar, por que eu estarei com você
Sento rapidamente na cama despertando do que parecia ser mais um sonho, sinto minha testa latejar e me levanto indo em direção ao espelho, tinha se formado um galo bem roxo e dolorido, isso explicava a dor. Vou até a cozinha, pego uma bolsa de gelo na geladeira, coloco na testa e volto para o meu quarto, me jogo na cama e suspiro. Tenho que arrumar uma boa desculpa para esse hematoma, mas antes, tenho que comer.
Era fim da tarde, o sol se punha atrás das casas no fim da rua, era a minha hora favorita do dia. Peço um lanche por delivery e em alguns minutos chega, depois de comer e assistir um pouco de anime, vou pro meu quarto e sento na cadeira folheando um livro em cima da escrivaninha, quando vou pegar outro livro, embaixo dele estava aquele caderno azul, um certo interesse despertou em mim no momento que pus meus olhos nele.
- está seco - digo surpreso, tudo dentro da mochila tinha molhado, menos esse caderno...
Atrás dele, tinha alguns escritos em dourado, "para aqueles que desejarem, seus desejos mais profundos se realizarem", parece um tipo de propaganda para vender caderno, abro o que parecia ser um cinto o fechando, ao abrir vejo que todas as páginas estavam em branco, nelas as linhas eram douradas e pequenos desenhos da mesma cor estavam desenhados.
- nunca vi um caderno como esse, parece não pertencer a ninguém, não tem nada escrito e muito menos uma identificação. Já que eu achei, talvez devesse ficar com ele - digo concluindo meus pensamentos e pegando uma caneta começando a escrever
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(13 / 02 / ##)
Querido diário, bom acho que posso chamar assim. Hoje foi um dos piores dias que já vivi, aqueles idiotas - vulgo Akira e Yudi - sempre dificultam tudo, por que simplesmente não podem me ignorar como todos fazem? Se pudesse chutaria os dois, mas isso apenas está nos meus pensamentos - as vezes motivo de algumas risadas - por que não me atrevi a fazer isso, sou um covarde que mal consegue fazer um simples teste para o teatro, queria ser mais confiante e nem tão tímido, talvez assim as pessoas gostassem de mim ou eu teria ao menos um amigo. Me sinto solitário na maior parte do tempo, minha mãe sempre está no trabalho e quase não tem tempo para mim, entendo que seu trabalho é importante, mas queria um tempo só com ela para nos divertirmos juntos, faz muito tempo que não fazemos isso. Tudo bem, sei que nem tudo pode ser como queremos, mas ao menos quero que esse ano seja O ANO pelo menos uma vez.
{Himawari🐥}
Quando termino de escrever, faço um pequeno desenho e fecho o diário - resolvi chamar assim, meu diário - em cima da mesa, de um jeito estranho, me sinto muito melhor, como se tivesse acabado de desabafar com um amigo.
- Himawari? Cheguei! - ouço minha mãe me chamar da sala, saio do quarto e abraço a mesma no momento que a vejo
- bem vinda mãe
- como foi seu dia? - beija minha bochecha
- foi... Bom - pela primeira vez não forço um sorriso por dizer isso, por mais que meu dia tenha sido horrível, não sinto como se realmente fosse
- que bom, está com fome?
- eu pedi um lanche pra mim, mas como mesmo assim - dou de ombros
- vou fazer nikumans para nós dois, quer me ajudar?
- sim
~ ~ ~
Essa fanfic estava a um tempo pra ser escrita, dêem uma ajuda, é a primeira coisa feita do zero por mim, me sinto realizada 😊💕✨ kkk
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