Capítulo 4
O turno da noite foi intenso, para dizer o mínimo. Após uma sequência interminável de emergências e caos no hospital, a calmaria da manhã parecia quase surreal. A emergência estava agora mais silenciosa, com apenas alguns pacientes remanescentes aguardando atendimento, e a equipe médica tentava recuperar o fôlego após a noite extenuante.
Caminhei pelos corredores iluminados pelos fracos raios de sol que penetravam pelas janelas, sentindo-me como se estivesse em um universo paralelo, onde a linha entre a vida e a morte era tão tênue que era difícil discernir onde uma terminava e a outra começava.
Cheguei à estação de enfermagem, onde Viviane e outros colegas estavam imersos na revisão dos prontuários dos pacientes e preparando-se para a próxima onda de atendimentos. Cumprimentei-os com um aceno de cabeça e me juntei a eles, pronto para enfrentar minha parte das responsabilidades.
O café estava amargo, mas tinha um conforto peculiar, e cada gole me oferecia uma breve pausa das intensas demandas do trabalho. O aroma do café misturava-se com o cheiro persistente de desinfetante e sangue, criando uma atmosfera familiar, mas estranhamente perturbadora.
Enquanto revisava os prontuários dos pacientes, minha mente vagava para os eventos da noite anterior. A presença dos três homens na minha casa havia trazido um senso de perigo e mistério que me envolvia de uma forma quase hipnótica. A imagem do homem desconhecido, suas tatuagens enigmáticas e o tom de sua voz, parecia se projetar na tela da minha mente. Tentava me concentrar nas tarefas diante de mim, mas a sensação de atratividade e desconforto persistia.
A tensão começou a se acumular dentro de mim, e eu me apressei para o banheiro dos funcionários, ansioso por um breve momento de isolamento. Fechei a porta atrás de mim e entrei na cabine, apoiando-me contra a parede fria, tentando acalmar a mente que estava fervilhando com pensamentos perturbadores.
Com um suspiro profundo, abri a calça e a cueca, permitindo que caíssem sobre minhas coxas. Fechei os olhos, tentando afastar as imagens persistentes do homem, mas era impossível ignorar a intensidade com que ele havia marcado minha mente. Sua presença e suas palavras pareciam continuar ecoando em meus pensamentos, um enigma que eu não conseguia decifrar.
O momento de tranquilidade que buscava parecia distante, e eu me encontrava lutando para reconectar com a realidade do meu trabalho. Sabia que precisava enfrentar a situação, focar nas demandas imediatas e deixar para trás a perturbação que havia me consumido. Mas, em um canto escondido da minha mente, a curiosidade e a inquietação continuavam a me atormentar, tornando difícil ignorar o fascínio que aquele homem havia despertado em mim. Me olhei para meu reflexo do pequeno espelho, toda aquele nervosismo e estresse precisavam sumir... minhas mãos caminhavam pelo meu corpo despido. Eu já estava duro, não dava para voltar atrás. Cospi ne minha mão... Eu conseguia ver aquele homem na minha frente, sentia seu dedos entrelaçarem seus cabelos enquanto sua boca estava me devorando. Podia ver seus olhos lacrimejarem em cada vez que aprofundava sua rosto em minha pele. Aquilo estava bom demais! Fechei os olhos e fui o mais rápido possível. MORDO OS LÁBIO INFERIOR e suspiro.
— Hmmmm.
Após alguns minutos de alívio no banheiro, uma comoção no corredor atraiu minha atenção. Eu ouvi uma enfermeira sendo confrontada por pessoas exaltadas, e o barulho dos gritos misturava-se com o som frenético de um cachorro latindo. Ao sair da cabine, olhei para a cena que se desenrolava à minha frente.
Um homem estava filmando a situação com um celular, sua expressão uma mistura de nervosismo e desdém. Outros espectadores se aglomeravam ao redor, alguns incentivando a briga, enquanto outros pareciam chocados e desconfortáveis com a situação. O cachorro caramelo, corria em círculos, latindo freneticamente. Sentia uma pontada de simpatia pelo animal, que parecia confuso e assustado com toda a comoção.
Com passos firmes e resolutos, avancei em direção ao grupo, minha voz tentando manter a calma e a autoridade
— Por favor, todos, precisamos manter a calma. Não é seguro para ninguém agir dessa forma aqui dentro. — minha voz ressoava pelos corredores, tentando instaurar um pouco de ordem.
Olhei ao redor, na esperança de ver uma mudança na atitude das pessoas. A paz era frágil e poderia ser rompida a qualquer momento. A voz da mulher no centro da confusão cortou o ar, carregada de frustração.
— Estou aqui desde as 7 da manhã, ainda não fui atendida. Que merda é essa? — sua indignação era palpável, seus olhos faiscando com raiva e impaciência.
Reconheci a enfermeira Luciana, uma colega dedicada que geralmente lidava bem com o estresse. Mas, mesmo ela estava visivelmente tensa, seu rosto uma máscara de esforço e preocupação.
— Entendo sua frustração, senhora. Estamos fazendo o nosso melhor para atender a todos o mais rápido possível. Por favor, tenha um pouco mais de paciência enquanto cuidamos de todos os pacientes aqui presentes. — minha voz era calma, mas firme, tentando transmitir tranquilidade e autoridade.
Observava os espectadores, alguns concordavam com minhas palavras, enquanto outros permaneciam céticos e impacientes. A presença do homem com o celular ainda me incomodava, suas intenções pareciam suspeitas e inquietantes.
— Eu não posso esperar mais! — a mulher gritou, sua voz tingida de desespero. Sentia uma pontada de compaixão por ela, mas sabia que não podia fazer milagres. A equipe estava sobrecarregada e os recursos eram limitados. Ofereci o melhor que podia, prometendo que faríamos o possível para atendê-la o mais rápido possível.
— Por favor, me acompanhe até a recepção, onde podemos verificar seu estado e tentar agilizar seu atendimento. — minha voz era suave, mas determinada, enquanto oferecia minha ajuda à mulher, esperando que isso pudesse ajudar a acalmá-la e a fazê-la sentir-se mais compreendida.
Meu coração deu um salto quando avistei Fernando, um dos homens que haviam invadido minha casa, passando pelo meu local de trabalho. Ele estava acompanhado por outro sujeito, ambos envolvidos em uma conversa animada enquanto se afastavam pelo corredor.
Instantaneamente, minha mente foi invadida pelas imagens do homem misterioso que eu havia visto hoje pela manhã em minha casa. A pequena televisão havia exibido o nome "Lucas Ribeiro" em letras brilhantes abaixo de sua imagem, destacando sua conexão com o mundo do crime. Saber que ele era um ex-policial agora envolvido no tráfico do morro intensificava a sensação de perigo iminente que eu havia enfrentado com a invasão dos homens.
O rosto de Lucas Ribeiro, com sua expressão dura e olhos penetrantes, parecia gravado em minha mente, cada detalhe agora amplificado pela televisão. Uma onda crescente de preocupação e ansiedade tomou conta de mim, à medida que eu me perguntava sobre as implicações de sua presença e o que isso significava para a segurança e a paz que eu tentava manter em meu ambiente de trabalho.
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Nota do Autor: Não queriam capítulos grandes? Aqui está... não esqueçam de comentar o que estão achando e ouvir as músicas da playlist
:)
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