Abri os olhos e respirei fundo. Estiquei meu corpo, tentando acordá-lo do sono tranquilo que havia tido. Olhei ao redor e percebi que a cama estava vazia ao meu lado. Lucas não estava ali. A chuva suave continuava a bater contra as janelas, e o som era calmante.

Sentei-me na beira da cama por um momento, tentando organizar meus pensamentos. A noite anterior havia sido cheia de emoções, e agora me sentia um pouco mais claro sobre o que estava acontecendo dentro de mim. Levantei-me e saí do quarto, indo em direção à cozinha, guiado pelo som suave de movimentos.

Quando cheguei à cozinha, uma cena inesperada me esperava. Lucas estava de costas para mim, usando apenas um avental, sem camisa, e uma calça de moletom. Ele estava concentrado em preparar o café da manhã, o cheiro de café fresco e torradas preenchendo o ar.

Por um momento, fiquei parado na porta, observando-o. Havia algo incrivelmente doméstico e reconfortante naquela visão. Lucas parecia tão à vontade, tão em casa. Finalmente, decidi anunciar minha presença.

- Bom dia _ disse, minha voz suave.

Lucas se virou, um sorriso surgindo em seu rosto quando me viu. - Bom dia! Dormiu bem?

- Sim, melhor do que esperava _ respondi, aproximando-me. - E você? Conseguiu dormir depois do pesadelo?

Ele me olhou estranho, colocando uma caneca de café na minha frente. - Que pesadelo?

Sentei-me à mesa, observando-o enquanto ele finalizava os preparativos. Havia uma sensação de normalidade e paz que era nova para mim. Lucas trouxe uma bandeja com torradas, frutas e ovos, e se sentou ao meu lado.

- Obrigado por isso _ disse, pegando uma torrada. - Você realmente não precisava fazer tudo isso... Não se lembra da noite passada?_ questionei incrédulo.

- Dormi igual uma pedra. Quando acordei você estava lá do meu lado. _ disse ele soltando um risinho.

Fiquei um momento em silêncio, processando o que ele havia dito. Minha mente corria em busca de alguma explicação. Será que eu tinha sonhado tudo? As conversas, os pesadelos, a intimidade que parecia tão real...

- Então, você não se lembra de ter tido um pesadelo e eu vindo te acordar? - perguntei, ainda perplexo.

Lucas balançou a cabeça, tomando um gole do café. - Não, só me lembro de ter deitado e depois acordado com você ao meu lado. Mas é bom saber que estava lá, de qualquer forma.

Havia algo surreal naquilo tudo, como se a linha entre o sonho e a realidade estivesse borrada. Decidi deixar para lá, pelo menos por enquanto, e aproveitei o café da manhã com ele. A normalidade daquele momento era reconfortante, mesmo com a estranha sensação de incerteza persistindo no fundo da minha mente.

- Bem, de qualquer forma, obrigado pelo café da manhã - disse, tentando afastar os pensamentos confusos. - Está ótimo.

Lucas sorriu, parecendo satisfeito. - De nada. Vamos aproveitar o dia. Vamos almoçar fora hoje.

- Como assim?_ pergunto.

- Vamos para um almoço de família!

- Almoço de família? - perguntei, surpreso e um pouco nervoso.

Lucas riu, percebendo minha reação. - Não se preocupe, vai ser tranquilo. Minha família é legal, e acho que seria bom para nós dois sair um pouco de casa e nos divertir.

Hesitei, mas a ideia de um almoço de família soava interessante, apesar do nervosismo que sentia. - Tudo bem, vamos.

Lucas se aproximou e me deu um beijo rápido na cabeça. - Vai ser ótimo, você vai ver. Você já conhece Fernando, Gabriela... vai dar tudo certo.

Passei o resto da manhã tentando me preparar para o almoço, ainda tentando entender o que havia acontecido na noite anterior. Mesmo com a confusão, havia um sentimento de antecipação e excitação pelo dia que tínhamos pela frente.

Depois do café da manhã, subi para o meu quarto e me preparei para o almoço de família. Lucas parecia animado e sua energia era contagiante, mas eu ainda estava um pouco nervoso. Conhecia Fernando e Gabriela, e eles sempre haviam sido acolhedores. No entanto, Miguel, o irmão envolvido com o crime, adicionava uma camada de tensão ao encontro. Lucas raramente falava sobre Miguel, mas quando o fazia, havia uma mistura de preocupação e carinho em suas palavras.

Descemos as escadas juntos, pegamos a moto, e durante o trajeto, Lucas tentou me tranquilizar, contando histórias engraçadas de sua infância com Fernando e Gabriela. Apesar das preocupações, eu estava curioso para ver como a dinâmica familiar se desenrolaria.

Chegamos a casa de Gabriela pouco depois do meio-dia. A fachada era simples, mas bem cuidada, com grafites coloridos nas paredes externas, refletindo a vibrante cultura local. O som de risadas vindo de dentro da casa nos deu as boas-vindas enquanto subíamos a ladeira estreita e sinuosa que levava à entrada. Um cachorro estava deitado sobre um tapedinho na entrada de sua casa.

- Lucas! Marcus! - exclamou Gabriela, levantando-se para nos cumprimentar. - Que bom que vocês vieram!

Fernando se levantou também, dando um abraço forte em Lucas e me tirando do chão com um abraço caloroso. - Sejam bem-vindos, rapazes.

Assim que entramos, notei o ambiente aconchegante e cheio de personalidade. Fotografias da família estavam espalhadas pelas paredes, mostrando momentos felizes e viagens que eles fizeram juntos. A sala de estar tinha um sofá confortável, uma estante cheia de livros e uma televisão antiga. Havia também uma janela que oferecia uma vista impressionante da cidade lá embaixo.

Enquanto nos acomodávamos, comecei a perceber pequenos detalhes da casa. A decoração era uma mistura de rústico e moderno, com móveis de madeira escura combinando com acessórios coloridos e vibrantes. Havia um aroma delicioso vindo da cozinha, misturando o cheiro de ervas frescas e carne assada.

Lucas se sentou ao meu lado no sofá, e eu não pude deixar de sentir uma onda de nervosismo quando vi Miguel entrar na sala.

///Nota do Autor///

Oi, estou acompanhando vocês com os likes e alguns comentários, mas estou sentindo falta do engajamento de vocês com a história e com os fatos que vieram acontecendo... deixe nos comentários com está achando da história e o que vocês acham quem está por vir...

Um beijo e até a próxima.