🎬[Capítulo 14. Pela tela de uma TV]
A partir da segunda vez que Nicolas perguntou a Monike se ele queria dormir e a resposta foi não, o homem deixou de questionar sobre imaginando que iriam virar a noite, agora sentados do corredor enquanto Mell analisava o Roteiro.
Nicolas aguardava paciente, com os braços cruzados e os olhos focados em seu Ator. Era bom poder enfim tê-lo sob seu controle, mesmo que fosse de um jeito nada natural. Ah, ele sabia disso, sabia que era errado, que ao se forçar na vida de Mell dessa forma, como um tipo de... "Salvador" deturpado, poderia enfim conseguir o que tanto queria.
Nada justificava seus atos e ele não tinha a tendência a se importar.
Bastava ficar olhando para o belo rosto de Monike, tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Tão cansado e mórbido. Era lindo mesmo assim. Pela televisão, mesmo ao vivo ele sempre brilhava com aquele sorriso de comercial de pasta de dente. Lá ele era... Diferente. Um personagem, um delicioso e cruel personagem.
Ele é lindo. Lindo. Lindo, perfeito!
O modo que seu cenho se franzia quando tentava ler uma palavra que não entendia, o modo que sempre levava a ponta da caneta aos lábios antes de anotar alguma coisa. Até mesmo, a forma que tremia antes de pressionar a pontinha da caneta no papal e como entreabri-a os lábios pálidos, meio secos e rachados quando estava concentrado.
Era lindo, era humano... Era real.
Ele é real.
Não havia ficado irritado com o ataque de mais cedo. Não. Era natural que ele tentasse isso, qualquer pessoa faria... Apenas se perguntava por que Mell demorou tanto para tentar. Se ele se esforçasse, talvez um pouco, poderia matá-lo. É talvez.
Ser morto pelas mãos dele parecia... Excitante. Sua respiração ficou ofegante.
Ele apenas ficava incomodado com as ações de Monike em relação a si, como se distanciar ou manter a conversa de forma superficial. Bem, não poderia esperar muito sendo que era ele o errado ali.
Mas apenas queria ajudá-lo... Isso era... Pedir demais?
Quando o viu pela primeira vez, pela tela de uma TV, se perguntou se alguém poderia ser tão perfeito assim. Não, era impossível, as pessoas eram uma falha, ele incluso... Com tudo, como alguém poderia ser tão superficialmente perfeito? Ele sempre parecia uma boneca, mesmo agora, pálido e com aquela magreza assustadora e desumana... Aos poucos iria o concertar. É. Ele só precisava de um reparo.
Um jovem tão frágil emocionalmente, abandonado em uma chácara no meio do nada.
Pobrezinho.
Perseguido e encurralado por um stalker.
Coitadinho.
Quando o encontrou, ele estava quase definhando vivo.
Podia salvá-lo, iria salvá-lo.
Ainda era um monstro por só querer ajudar?
Monike então coloca o Roteiro no chão ao seu lado e esfrega os olhos com as palmas das mãos, para então colocar seu cabelo para trás, mantendo seus dedos presos entre os fios pretos.
Um longo suspiro ecoou pelo corredor enquanto Mell levava o olhar cansado a Nicolas.
- Eu vou mudar a trama desse Roteiro.
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