🎬[Capítulo 12. Leia o Roteiro]
Alguns dias se passaram e no máximo Mell pode caminhar até a porta sem tremer e se sentar perto dela como se fosse o limite, parecia que ali havia uma linha invisível ao qual não podia ultrapassar.
Por um tempo, ele ficou encarando a mesma parede, ou o teto, revisitando o passado algumas vezes. Pode controlar sua respiração e já não mais tremia, mas toda a vez que colocava um pé para fora, sentia vertigem, falta de ar o que lhe obrigava a dar alguns passos para trás.
A essa altura já deveria ter conseguido sair dali.
Os passos de Nicolas se aproximaram até adentrar ao quarto, fazendo Monike engolir a seco enquanto se abraçava. Sentiu o coração disparando seguindo aquele homem de canto de olho.
O quão estranho era estar se acostumando com ele? Não deveria, mas sentia que suas reações estavam sendo... Normais? Algo estava errado, muito errado.
Miguel o olhou por alguns segundos, calado o analisando com aqueles olhos castanhos. Ele nunca o forçou a nada, não além de uma reabilitação, o forçando em sua vida, lhe obrigando a caminhar e a prosseguir... Deve ser... Um tipo de abuso.
O homem também se sentou no chão, deixando o espaço da porta aberta entre eles.
Aquele maldito silenciou estava evidente.
Até que o som do papel fez Mell virar o rosto. Nicolas passou o dedo pelas folhas do Roteiro, já bem usadas e até amassadas, não parecia procurar por nada em especial, apenas revisitava as anotações de Monike.
Foi quando Miguel segurou na ponta do Roteiro e o estendeu para Mell.
- Le pra mim. - Era uma ordem simples.
Monike levou a mão até o roteiro, com os dedos trêmulos e antes de conseguir tocar no papel, recuou o toque, apenas um pouco enquanto fechava a mão apertando seus dedos para parar de tremer, até que conseguiu pegar o Rodeiro.
Ele era tão pesado e as folhas estavam tão desgastadas... Mas o que estava escrito, cada palavras em português que lia, cada frase que completava sem errar, ou parágrafo que podia compreender, lhe deixava entretido e com uma sensação boa de avanço, além de poder ver Miguel como nada além de um professor.
Parecia tão familiar e ao mesmo tempo se tratava de algo novo. Se recordava de sua vida como Ator, quando analisava criteriosamente seu papel e a história que iria atuar, o novo personagem que daria vida, lhe dando uma sensação de nostalgia misturado com acomodação. Já a escrita em português era um verdadeiro desafio, quase como um enigma a ser desvendado.
Aquele Roteiro... Aquele maldito Roteiro... Era a razão pela qual não havia enlouquecido ainda.
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