Por quanto tempo ele saiu? Horas? 

Já era de noite e aquela porta continuava fechada, como se zombasse da parecença de Monike.

Ele tentou algumas vezes ir até ela, ao menos chegar perto, tocar. Não precisava sair, apenas chegar seria o suficiente. Mas toda a vez que levantava da cama, o coração disparava como se fosse explodir e sentia uma vontade de vomitar tão forte.

Mell acabava desistindo se sentando na cama ao lado do maldito Roteiro. 

Não sabia por que havia pego aquilo, mas ajudava ler algumas palavras em português e treinar a pronuncia para se esquecer da porta, de como estava sendo inútil ao tentar aquilo.

Nicolas por acaso... Iria voltar? 

Lendo mais uma vez a mesma página, Monike escutou o som de um carro estacionando e então a porta da frente sendo aberta. Seu coração disparou e por um instante ele se pegou desejando ser Miguel, descobrindo que estava fadado aquele maldito sentimento.

Logo alguns passos se aproximaram dali, fazendo o garoto apertar o Roteiro em suas mãos suadas. 

Poderia ser um de seus irmãos, mas... Não era, não podia ser.

Os passos se aproximaram da porta e a maçaneta girou lentamente.

Em um suspiro aliviado, Mell passou os polegares pelas folhas em suas mãos, já não estava mais sozinho.

- Você voltou pra cá. - A voz de Nicolas soou pelo cômodo. - Eu comprei Podrão, é tipo um lanche só que muito melhor. - Ele não parecia surpreso, nem com raiva. - Vai comer ai ou vai desce?

Era isso? Ele sumia por horas e simplesmente voltava assim?

- Aqui. - Monike respondeu sem rodeios. - Eu como aqui.

 - Tá. 

Nicolas iria fechar aquela porta, mas Mell se apressou.

- Deixa. - Disse com dificuldade olhando para Miguel com os olhos arregalados. - Pode deixar aberta... Por favor.

- Você que sabe.

Vê-lo se distanciar foi um alivio, mas ouvir aqueles passos pela casa mais uma vez, conseguiram acalmar um pouco o coração de Mell lhe fazendo suspirar agradecido.