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Capítulo 24

      Às vezes somos tentados a esfregar verdades na cara dos nossos desafetos. Quando Rebeca me dá uma indireta, tenho vontade de dizer o que ela tem vocação pra ser corna, já que o namorado dela vive flertando comigo. Tenho certeza que isso me daria prazer. Muito.

       Mas será que isso me faria sentir bem depois?

      Quando decidi não me trocar no vestiário por não me sentir à vontade em ficar nua na frente de outras meninas, achei que as possibilidades de me estranhar com aquela garota diminuiriam. Eu não podia estar mais enganada. 

      Ela tem prazer em dizer algo desagradável, mesmo sabendo que eu não pego leve e a humilho sem pena. Não suporto garota bonitinha e mimada.

      Apesar das nossas diferenças, eu sei deixar de lado problemas pessoais quando tenho coisas mais importantes com que me preocupar.

      Nossa viagem para Posadas é daqui a dois dias. Hoje de manhã, ao fazer meu check-in on line no site da Aerolíneas Argentinas, ondas de emoção atravessaram meu corpo. Conferi meus dados duas vezes, número do vôo, do assento, turma. 

      Jordana deveria ser canonizada como santa. A ruiva me respondeu com paciência todas as perguntas que fiz sobre como me comportar no aeroporto e dentro do avião.

      — Garota, não precisa se preocupar. Nós vamos todos no mesmo avião, passar pelos mesmos portões — ela riu.

       Essa resposta me tranquilizou. Mas em questão de minutos, fiquei novamente inquieta quando me lembrei que nunca voei e que tenho medo da minha barriga grudar na espinha quando o avião levantar vôo.

      Tive um dia bom até aqui. As duas últimas aulas no colégio foram suspensas, o que me possibilitou ir ao shopping com a Jaqueline. Para variar, não comprei nada além de um lanche.

      A aula de balé também não apresentou nenhum ponto fora da curva. Como sou a única aluna da nossa turma que competirá na Argentina, fui a quem mais ensaiou (e a quem mais foi corrigida). Letícia me advertiu que eu não vou muito longe se não melhorar meu fechamento de pernas em quinta posição e ser lembrada dessa minha dificuldade me frustrou um pouco.

      De repente todas essas pequenas frustrações perdem importância enquanto volto para a sala de aula, já usando uma calça de moletom por cima do collant e um par de sapatilhas de meia ponta, para dar aula às menininhas do Baby Class.

      Entro na classe sorrindo, mostrando um semblante acolhedor. Minhas pequenas alunas estão conversando, rindo, alheias à minha presença. Elas usam collants cor de rosa, como manda a graduação das crianças. Duas usam faixas em volta da cabeça.

      — Boa tarde, crianças — faço um aceno animado enquanto diminuo o espaço até o suporte de som. Destravo o celular e aciono o bluetooth, sintonizando uma playlist de músicas para Baby Class e Grade 1.

      — Tia Bombom! — elas respondem animadas e uma delas corre em minha direção. — Tia Bombom, você faz o meu coque? — Isabella, uma garotinha de cabelo louro-escuro e liso, fica de costas pra mim depois de pôr na minha mão elástico, redinha e grampos.

      — Claro, meu anjo — o cabelo da pequena é tão macio que meus dedos deslizam por ele sem sentir.

      — Tia Bombom, minha mãe mandou te perguntar se a gente vai ter aula sábado — Melissa indaga.

     — Vai sim, lindinha. A professora Samantha dará aula no meu lugar.

      Samantha é uma bailarina experiente, do Balé Profissional (comecei a usar essa denominação para o Balé Avançado, já que, segundo Letícia, é a mais adequada). Ela dá aulas de sapateado, mas já ensinou balé para crianças no passado e, quando lhe pedi para me substituir nesse fim de semana, aceitou de bom grado.

      — Verdade que você vai pra Argentina? — Gabi pergunta com curiosidade. 

      — Vou sim. 

      — Que legal — a garotinha negra bate as mãozinhas uma na outra. 

      Além de Gabi, Carla e Luísa tem a minha cor, e as três são um motivo de orgulho pra mim. Mas não há nenhum menino. A verdade é que a presença de meninos nas escolas de balé ainda é rara.

      — Você já viajou de avião antes? — Isabella pergunta.

      — Nunca.

      — É muito legal voar de avião. Eu já viajei muito com meu pai e com minha mãe.

      — É mesmo? Que legal, Isabella. E pra onde você viajou?

      — Pra um monte de lugar. Porto de Galinhas, Fortaleza, Orlando, Nova York, Paris, Londres, Lisboa…

      — Uau! Quanto lugar — murmuro impressionada, terminando de enrolar o cabelo.

      Como uma criança de cinco anos de idade pode conhecer tantas cidades? 

      — E… Você não sente medo? — tenho curiosidade em saber como ela se sente quando voa.

      A menina balança a cabeça em negação.

      — Só da primeira vez que eu fui. O avião balançou.

      — Ah! Balançou? — meu sorriso petrifica.

      — Aham! Turbulência. 

      Mordo o lábio inferior, pensativa.

      — Não tá com medo, né, Tia Bombom? — Melissa pergunta à modo de provocação. É incrível o quanto algumas crianças desde tenra idade conseguem ser travessas.

      — Não, não tô — faço uma careta. — E querem saber? Já estamos atrasadas. Vamos começar a aula — dou uma palmadinha carinhosa no bumbum de Isabella.

      — Sentadas no chão. Borboleta!

      Gosto de ensinar crianças. Quando dou aula de balé, quando olho para os rostinhos das minhas alunas, fragmentos da minha infância voltam à minha memória. 

      Gigi e eu, sentadas no chão e mexendo nossas pernas como asas de borboleta, e em seguida esticando nosso tronco à frente. Dona Fernanda nos ensinando desde cedo a não termos atitudes indivuais, sempre enfatizando que devíamos usar o mesmo uniforme.

      O tempo passou e não percebi. Mas uma parte da criança que eu fui ainda vive em mim, ela sempre estará comigo.

                               …

      Quando acordo, já estamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Passageiros descem dos táxis e carros de aplicativo, aguardando que os motoristas retirem as bagagens dos porta malas.

      Olho para o alto, para as paredes altas do aeroporto e para as pessoas que entram pelo portão de embarque. O número de pessoas circulando pelo saguão é assustador, lembra um pouco Campos do Jordão em alta temporada.

      — Temos quatro horas antes do embarque, então vamos ficar sempre pertos um do outro — Letícia orienta.

      Alice está usando um par de óculos escuros e brincos de argola, e uma boina de lã lhe cobre a cabeça pelada. É a mais estilosa do nosso grupo. O par de botas de cano alto dá ao seu visual uma atmosfera de empoderamento, as tatuagens dos braços à mostra.

      Jordana usa um vestidinho simples, de alças. Seu cabelo cor de cobre, como sempre, está solto, e ela calça um par de tênis confortáveis. Angel usa jeans e uma camiseta cinza.

      Como é minha primeira viagem de avião, segui o conselho da minha colega de quarto e me vesti com uma roupa confortável. Nada exagerado.

      — Não desgruda da gente por nada — Jordana segura minha mão como uma mãe faz com um filho.

      — Se está com medo de perder a menina, põe uma pulseirinha nela — Angel ri com seu habitual sarcasmo, passando por nós com sua bagagem. Muito engraçado.

      Jordana revira os olhos e o chama de bobo.

      As portas de vidro se abrem quando nos aproximamos e se fecham tão logo passamos por elas. Seguimos para a esquerda. Se no térreo a quantidade de pessoas é intimidadora, no primeiro andar é ainda mais impressionante.

      É como se existisse uma cidade dentro do aeroporto, com tudo o que você possa imaginar. 

      — Vamos ver as informações do nosso vôo? — Letícia aponta com o indicador para uma tela acoplada à uma coluna.

      O número do nosso vôo, o horário, estão ali, mas não o número da plataforma. Jordana, adivinhando que a ausência dessa informação me deixa um pouco apreensiva, sorri com ternura e me tranquiliza, dizendo que geralmente essa informação é atualizada faltando duas horas para o embarque.

      Outro detalhe importante: apesar de nas companhias nacionais o check in online e o cartão de embarque eletrônico bastarem, com as companhias estrangeiras precisamos enfrentar filas nos balcões de atendimento. 

      Nosso corpo de baile caminha até grupo de cadeiras próximas a um totem de recarga de celulares. Sem ter o que fazer até o momento de check in, me deixo cair sentada. 

      Meu celular está com mais de 70% de carga. Mesmo assim, o conecto numa das tomadas, já que os aplicativos instalados nele consomem bateria e gosto de navegar pela internet quando não tenho nada pra fazer.

      — Eu já volto — Alice se levanta de repente.

      — Aonde vai, gata? — Angel pergunta com voz maliciosa.

      — Fazer xixi — a garota careca olha para o amigo com uma expressão azeda. — Francamente, Angel, tem pergunta que não se deve fazer.

      — Eu faço porque você sempre me responde, meu bem.

      Alice suspira com tédio e rebola a bunda bem feita enquanto desfila pela área de espera.

      — Vamos ficar naquele mesmo hotel? — Jordana pergunta.

      — É o que temos para hoje. Não é nenhum palacete como o Santa Fé, de Buenos Aires, mas é adequado.

      As duas mulheres e Angel conversam animadamente sobre variados assuntos. Minha colega de quarto tenta me incluir, mas por dignidade própria, me abstenho de fazer comentários que sei que não vão fazer falta. Prefiro ficar quieta, aguardando as horas passarem.

      Depois de algum tempo, Jordana e eu nos levantamos e fomos a uma cafeteria. Tomamos chocolate quente com bolo e voltamos aos nossos lugares. Chegamos a tempo de ouvir os outros três partilhando lembranças de viagens passadas à Argentina.

      — Que bom que vocês voltaram. Estávamos falando de você, Jordana — Letícia une as mãos diante dos lábios.

      — Tomara que bem — a ruiva se senta e confere o nível de carga em seu celular.

      — Estávamos falando daquela vez em que você ficou em segundo lugar em Mar del Plata e não se conformou com o resultado.

      A boca da ruiva forma uma linha reta fininha.

      — E você queria que eu abrisse um sorriso no rosto por ter sido sacaneada? Os jurados deram o primeiro lugar para uma bailarina que girou os fouettés mais tortos que eu já vi, e ela quase caiu no palco.

      — Gente, aquilo foi marmelada. Só pode — Angel defende sua colega. 

      — Eu gostei da performance da paraguaia — Letícia ri. — Tinha uma expressão, uma desenvoltura artística linda, uma aura de fada. Qual era o nome dela mesmo?

      — Dolores Cardozo — Jordana pronuncia este nome como se estivesse se referindo a uma vadia que roubou seu namorado. — Nunca vou me esquecer desse nome.

      — Isso, Dolores.

      — Mas, se a Jô dançou melhor, então por que deram o primeiro lugar para uma competidora que deixou a desejar?

      Os quatro me olham com curiosidade.

      — Jurados são imprevisíveis e nem todos usam critérios justos, pode ser que não tenham ido com a cara da nossa amiga — Alice passa o braço em volta do pescoço da ruiva, que obviamente não gosta do jeito sarcástico da bailarina sem cabelo.

      — Mas isso é antiético — protesto. — Eu ficaria puta se me matasse nos ensaios, se fizesse uma apresentação impecável e os jurados dessem o primeiro lugar a uma bailarina que não dançou melhor que eu.

      — Não é sempre, mas acontece. A Alliance Produções Artísticas acabou por causa disso — Letícia suspira com pesar.

      Franzo a testa, sentindo ondas de revolta passearem por meu corpo. Não gosto de surpresas. Não quero imaginar que o ocorrido com Jordana possa acontecer comigo.

      Cresce minha dificuldade em manter os olhos abertos, até que o sono me vence, minha cabeça pesa e acabo perdendo os sentidos.

      Acordo com o ruído das rodinhas das malas dos passageiros passando à nossa frente. Jordana me dá um empurrão.

      — Acorde, temos que fazer o check in.

      Fico em pé e desconecto o cabo do celular da tomada. Letícia já está a seis metros diante de nós, exalando disposição. Por sorte não há tantos passageiros na fila, e fazemos o check in sem problemas. Eu tinha medo de que, por se tratar de um vôo internacional, exigissem de mim passaporte – que não tenho. Mas esse documento não é exigido em países do Mercosul.

      O frio na minha barriga retorna com intensidade quando nossas mochilas passam pelo detector e seguimos para as plataformas de embarque, a fim de despacharmos nossas bagagens. Jordana fica o tempo todo com os dedos entrelaçados aos meus, num gesto de solidariedade. O sorriso dela me traz um pouco de conforto.

      — Não tenha medo. O avião é um dos meios de transporte mais seguros que existem — ela me lembra.

      — Não estou com medo. Quer dizer… Só um pouco.

      Há aglomerações de pessoas em frente aos balcões. A maioria delas são como nós, com bagagens para serem despachadas. Mordo o lábio inferior. Já ouvi falar de pessoas que tiveram suas malas extraviadas ou danificadas. Meus olhos encontram os de Jordana, que põe as mãos na cintura e me encara com um misto de severidade e diversão.

      — Menina, pare de se preocupar antes da hora.

      — Não tô preocupada. Eu só…

      — Próximo! — me viro rapidamente. A funcionária da Aerolíneas tem ambas as mãos sobre um tipo de livro e o queixo empinado.

      É sua vez, Jordana me empurra delicadamente com as pontas dos dedos.

      Letícia, Angel e Alice estão paradas de frente para a parede de vidro, observando os aviões sendo reabastecidos. Me aproximo dos três. 

      — Aquele é o nosso — Alice põe a mão em meu ombro. 

      Um caminhão tanque se aproxima e dois homens acoplam uma mangueira. Ao mesmo tempo, outro veículo chega e uma esteira começa a mandar malas para o compartimento de carga. Espero que meus figurinos e roupas sejam bem cuidados.

      — É maior do que imaginei — murmuro impressionada.

      Enfim somos autorizados a entrar. Me sento à janela, do meu lado está a turbina gigante do avião. Jordana está no meio e Angel, no assento do corredor. Letícia e Alice estão do outro lado junto de um cara que está teclando um celular.

      A comissária de bordo dá instruções quanto ao uso de cintos de segurança e demais equipamentos e procedimentos em caso de queda (que espero que não aconteçam). 

      Parece que meu coração vai atravessar meu peito e que meu umbigo vai colar nas costas no momento em que o avião ascende aos céus depois de ganhar uma velocidade absurda na pista. Me lembro dos meus pais, dos meus amigos. Começo a experimentar sensações que nunca tive antes. Medo. Quase pânico. Adrenalina por estar no alto, e por fim, êxtase. Quando o avião atinge os assustadores dez mil pés de altitude e as nuvens estão abaixo de nós, posso sentir uma corrente de energia atravessando meu corpo. Não tenho palavras pra expressar essa nova sensação.

      — Que lindo — meus lábios se abrem num sorriso.

      Sinto um toque na minha mão. Jordana, sempre afetuosa e amiga, me presenteia com um de seus sorrisos mais acolhedores. Retribuo ao seu sorriso. Vencida pelo sono, inclino a poltrona e fecho os olhos.

                          …

     Parece o roteiro de um filme. Os passageiros comemoram a aterrissagem bem sucedida, começam a se levantar e a retirar suas malas de mão dos compartimentos acima dos assentos e saem em fila. 

      Minha vontade é pular por cima de Jordana e Angel, sair logo do avião. O motivo da minha pressa não é fazer xixi (me levantei duas vezes do assento durante o vôo pra ir ao toalete), mas esticar as pernas e me espreguiçar um pouco. Estou travada.

      — Vamos buscar nossa bagagem — Letícia conduz nosso grupo assim que saímos da plataforma de desembarque.

      Há pessoas segurando placas com mensagens de Bievenidos e nomes escritos. Obviamente não há ninguém nos esperando, estamos sozinhos aqui, mas os abraços emocionados entre as pessoas me tocam. Deve ser incrível ter alguém te esperando voltar.

      — O que achou da sua primeira viagem de avião, criança? — Alice põe a mão em meu ombro.

      Prefiro ser sincera.

      — Quase me borrei de medo, principalmente na decolagem. Mas depois gostei. Claro que prefiro ficar no chão mesmo.

      A bailarina careca ri, balançando a cabeça. 

      Sou a última a pegar a bagagem. Abro o porta tutu com meu figurino, felizmente está em ordem.

      Saímos pelo portão de desembarque e Letícia acena para um homem de óculos escuros que está de braços cruzados, encostado em uma minivan. Pela forma animada com que ele retribui, deve ser o brasileiro que mora aqui e que todos os anos faz o transfer do aeroporto para o hotel.

      — Bom dia, Xavier — nossa professora e o motorista se cumprimentam. — Como está?

      — Bom dia. Muito bem e você? — ele desvia sua atenção para nós. — Seu grupo está maior este ano.

      O motorista estreita os olhos enquanto me estuda. Não chega a ser um olhar invasivo, mesmo assim não fico à vontade.

      — Eu trouxe minha aluna nova para competir — Letícia pousa sua mão em meu ombro e eu a olho, sem sorrir. — Ela chegou há poucas semanas na minha escola.

      — E logo de cara vai disputar o Festival de Posadas? Parabéns.

      Nenhum músculo do meu rosto se move.

      — Obrigada — murmuro, neutra.

      O tal Xavier compreende que não estou receptiva a conversas e seu sorriso aos poucos se desfaz. Ele pigarreia e abre o porta malas.

      — Deixem tudo comigo. Vou levá-los ao hotel.

      — Tenha cuidado com as minhas malas, está bem, querido? — Angel pede.

      — Pode deixar, pode deixar.

      A minivan deixa a área do aeroporto e entra na avenida. Demora um pouco para chegarmos ao centro de Posadas devido ao fluxo de carros. Através do vidro vejo os outdoors da cidade, os cartazes, todos com mensagens e propagandas em espanhol.

      Nas calçadas das ruas, pessoas vestidas de um jeito comum. Não são pessoas louras de olhos azuis e pele branca — segundo Jordana, gente assim se vê aos montes em Buenos Aires e Mar del Plata —, mas homens e mulheres de cabelos escuros. A maioria deles lembra mestiços, descendentes de índios.

      Nunca fiquei de frente com um argentino. Será que vão gostar de mim? Ou será que vou ser só mais uma entre tantas brasileiras que sofrem discriminação por causa da pele negra? 

      Duda sofreu injúria racial em Buenos Aires. Chamaram-na de macaquita num barzinho, faltando uma noite para ela se apresentar no Teatro Colón. Ao invés de se abater, ela se motivou e venceu a competição, derrotando a argentina Antonella Carrascosa e calando a boca de todo mundo. 

      Quem sabe eu consiga o mesmo feito nesse fim de semana? Se eu cheguei até aqui, não deve ser por acaso. 

      Xavier estaciona em frente à um prédio grande, entre dois carros dos quais descem homens com pastas. 

      — Tenham uma boa estadia em Posadas — ele deseja, após retirar nossa bagagem do porta malas. — Estarei à disposição de vocês sempre que precisarem.

      Letícia agradece. Fico atrás do grupo, olhando ao meu redor. É tudo muito bonito. As calçadas com árvores, as construções. É o tipo de lugar em que qualquer foto fica boa, e sem perder tempo, tiro meu celular do bolso da calça e bato uma selfie.

      — Bombom, você não vem? — Jordana bate nas laterais das coxas, impaciente com minha relutância.

      — Já tô indo.

      Mas hesito. Há uma pessoa que eu sei que está aguardando uma mensagem minha, que quer saber se estou bem.

      — Mãe, acabei de desembarcar em Posadas e já estou no hotel. A cidade é linda. Estou indo fazer check-in, e vou tomar banho. Depois eu te ligo, tá? Beijo.

      Como Jordana ainda está à porta e me olhando com severidade, solto um suspiro e ando até ela, enfim entrando.

         3,2k de palavras













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