Capítulo 23
— Excelente — as palmas das mãos de Letícia se unem quando Gabriel me desce de seu ombro e me abaixa em pescado.
Ao ficar em pé, tiro o collant do bumbum e fico de frente para ele, sorrindo em agradecimento.
— Foi um ótimo ensaio — reconheço.
— Também acho — o aluno novo delineia um meio sorriso.
Gabriel estudava numa escola do Tatuapé e ouviu falar da Letícia Ballet, da Duda. Como fã confesso da Pérola Negra, sonhava em ser ensinado por Letícia Espinoza e participar de competições importantes. Fez uma aula teste, ficou encantado com nossa técnica e garra, e hoje é nosso colega.
E também meu partner. Isso mesmo. Agora eu também tenho um parceiro de dança, como a Rebeca, a Tamires, a Pamela e a Maria Isabel.
Ontem ensaiamos pela primeira vez e logo de cara ficou evidente que nos daríamos muito bem, já que temos as mesmas ambições. Ele se entrega ao máximo, tem força e é preciso nas elevações e giros.
Pamela me disse, assim que o viu, que ele era gay, se bem que nem fosse necessário. Ele tem trejeitos, modos afetados, para tristeza das garotas da nossa turma. Afinal, Gabriel é um garoto lindo.
— Você já dançou pas de deux alguma vez, menina Bombom? — andamos lado a lado enquanto saímos da sala de aula.
— Já, na minha antiga escola — tomo um gole de água, tampando minha garrafa a seguir. — Mas nunca tive um partner fixo. Você sabe: poucos bailarinos para muitas bailarinas.
— Sei como é. No Tatuapé também era assim, eu era muito disputado, sabia? Até bailarinas de outras escolas queriam dançar comigo — com um gesto esnobe, ele põe a mão no peito e estreita os olhos.
Reviro os olhos. Pelo visto, Gabriel não tem a humildade como atributo, e nesse ponto somos bem parecidos. Contanto que ele não me derrube, seu convencimento não vai ser empecilho para que nos darmos bem.
Vejo pelo vidro Rebeca e Bruno dando início ao seu ensaio, o último da noite. Como aluna dedicada, eu devia permanecer na sala e aprender com as eventuais correções que Letícia fará, mas amanhã tenho prova de Química e quero estudar um pouco.
Falando em prova, é amanhã que saberei que nota obtive na avaliação de Matemática, e estou com um pressentimento ruim.
— Menina Bombom, soube que você mora no estúdio. É verdade? — Gabriel me desperta de meus devaneios. Já estamos bem perto do ponto de onde ele vamos nos separar.
— Sim. Divido o quarto com a Jordana, Primeira Bailarina do estúdio.
— Que luxo! Deve ser incrível sair da casa dos pais, poder ficar à vontade. Ah, como eu te invejo!
— Você fala como se morar longe dos pais fosse algo fácil. Vai por mim, não é. Sinto muita falta dos meus pais, e além disso, eu tive que assumir várias responsabilidades, como por exemplo: lavar minha própria roupa nos fins de semana, varrer.
— Mesmo assim, eu queria. Sempre quis ter um cantinho só meu, onde eu pudesse andar só de cueca, ir aonde eu quisesse sem ter que dar satisfação a ninguém.
Gabriel não me conhece. Não é porque estou longe da minha família que eu faço o que bem entendo, e além disso, Letícia um dia deixou um ponto bem claro: se eu pisar em falso, ônibus para Campos do Jordão é o que não falta.
— Tchau, amiga. Adorei ensaiar com você — o bailarino segura minhas mãos, despedindo-se de mim depositando um beijo no meu rosto.
— Tchau. Até amanhã.
Jordana está ensaiando um duo contemporâneo com a Alice numa das salas, que elas vão apresentar em breve. Queria poder vê-las. As duas são tão diferentes, como luz e sombra ou gelo e fogo, mas se complementam, se tornando um só elemento.
Tenho coisas mais importantes com que me preocupar, porém. A droga da prova de amanhã é uma delas. Não tomo banho de imediato, assim que fecho a porta, me jogo na cama e desamarro minhas sapatilhas de ponta. Fico por algum tempo olhando para o teto, braços cruzados debaixo da cabeça.
A primeira pessoa em quem penso é Odin. Na verdade, ele tem insistido em permanecer na minha cabeça. Seja antes do balé ou durante a aula no colégio, parece que meu corpo sente todo tipo de abalo quando me lembro daqueles olhos azuis fixos nos meus. E é nesses momentos que eu me sinto uma idiota.
Nesses dias venho apresentando padrões de comportamento que jamais havia tido antes de conhecer Odin Dressler. É um pouco constrangedor dizer, mas às vezes, durante o banho, eu pinço meus mamilos e acaricio meus seios pequenos, e insiro dedos na minha vagina, me masturbando. E quando o líquido viscoso desce pelas minhas coxas junto com a água, o nome dele sai da minha boca como um ganido enquanto reteso minha cabeça pra trás. E fico me sentindo um lixo.
Por que comigo? E por que ele? O que um homem como ele, que viajou para tantos países e sabe falar inglês, é modelo famoso e inteligente, veria numa garota bocuda como eu?
Por mais que seja errado (já que ele é mais velho), eu queria ter mais contato com ele. Ou que eu me machucasse logo de uma vez, pra amadurecer.
De repente me lembro do Léo. Ele não foi hoje à escola e ontem não ficamos perto um do outro. Acredito que ele está me evitando desde que viu subir na garupa da moto do Odin, o que me deixa emputecida. Eu nunca lhe dei nenhuma esperança.
Merda. Não quero que fique um clima chato entre nós. Preciso conversar com ele e perguntar o que está acontecendo e o que precisamos deixar às claras.
Será que Rebeca sabe que o namorado, de quem ela fala com tanta volúpia, é capaz de trai-la? Se eu fosse cuzona, podia muito bem contar a ela como é o grau de intimidade que Léo e eu temos na escola, mas não sou disso.
Solto um suspiro, dando por encerrado o expediente dos meus devaneios, e como não há outro jeito de tirar uma boa nota na droga da prova de Química senão estudar, puxo o zíper da mochila para o lado e abro o caderno.
…
Jaqueline e eu adentramos os muros do leprosário (a garota ruiva que nunca usa a camiseta do colégio gosta de se referir assim ao Vitória Spoladore e eu curti). Viemos conversando e rindo durante o curto trajeto que fizemos até aqui, contando uma a outra o que fizemos ontem à tarde.
De repente vejo Léo numa roda de garotos, e ele, ao me ver, sinaliza que precisa ir e se afasta do grupo. Meus olhos se estreitam.
— Jaque, pode ir sem mim — nem olho para minha colega enquanto adianto o passo.
Léo não está andando tão depressa, mas suas pernas compridas lhe proporcionam passadas muito largas. Quase preciso correr para alcancançá-lo.
— Léo — ele para e se vira pra mim.
Sua fisionomia é neutra, embora os olhos negros transmitam um pouco de raiva.
— Bailarina?
Pelo menos ele me chamou de bailarina, o que quer dizer que existe possibilidade de uma conversa parecida com o que costumamos ter.
— Oi — ponho as mãos nos bolsos traseiros da minha calça jeans. — Está tudo bem com você?
Léo joga os ombros para o alto num gesto de desdém, os lábios carnudos se retorcendo.
— Tudo ótimo. E com você?
Dou um sorriso levemente irônico.
— Tem certeza? — o encaro com desafio. Sei que não está dizendo a verdade.
— Por quê? Parece que tem algo errado comigo?
— Bem que você podia me dar essa resposta, já que vem agindo de um modo estranho comigo nesses dois últimos dias.
— Estranho como, bailarina?
— Parece que você tá me evitando.
— Eu tenho andado ocupado esses dias.
É óbvio que ele está mentindo, mas se pensa que sou idiota, se engana.
— Não me venha com esse papinho pra cima de mim, Leonardo. Sei muito bem qual é a tua. Você me viu subindo na garupa do Odin naquele dia, não é?
Não é uma pergunta necessariamente que estou fazendo. Pressionado, incapaz de negar a verdade, Léo passa a mão na cabeça quase raspada e exterioriza o embaraço que todo mundo sente quando não quer dar o braço a torcer.
— Eu vi sim — confessa.
Minha boca estala em descrença.
— Não tô acreditando.
— Olha aqui, Bombom, antes que você fale que eu tô com ciúmes, fique sabendo que não tô nem aí se você tá namorando.
— O Odin não é meu namorado — subo em uma oitava o tom da minha voz, tirando as mãos dos bolsos e abrindo os braços.
Pelo sorriso irônico estampado nos lábios de Léo, minhas palavras não transmitem confiança.
— Sério? — o queixo dele se empina.
— Não, ele é só um amigo. Mais que isso, é filho da dona da produtora pela qual eu disputo competições e também quem cuida de um monte de coisa pra gente, mas você nunca iria entender.
— Ah, sim! Eu nunca iria entender! — o tom de deboche de sua voz ao repetir a última parte da minha frase me dá vontade de dar um soco em sua boca. — Afinal, o balé é uma arte linda, um mundo de beleza em que só vocês, meninas lindas e flexíveis, podem pisar, porque vocês são princesas e nós, pessoas comuns, só podemos aplaudi-las.
Quanto mais escuto Léo falar, mais desconcertada fico.
— Qual é o seu problema? — indago num tom incisivo. — Com quem eu ando de moto não é problema seu. Você namora a Rebeca. É dela que você devia ter ciúme, não de mim.
— EU. NÃO. TÔ. COM. CIÚME.
À sua frase pausada e enérgica se segue um momento de silêncio, um silêncio opressivo. Faço um estudo minucioso de seu rosto, a veia da jugular pulsando e a respiração ofegante.
Se prolongarmos nossa conversa, chegaremos a um destino que eu não quero, que é uma discussão. Gosto demais do Léo e ficar brigado com ele é a última coisa que desejo.
— Você não está bem. Vou pra minha sala — desvio dele.
Antes que eu dê dois passos, sua mão forte segura meu pulso.
— Bombom…
Ele solta quando paro de andar. Sua fisionomia agora transmite vergonha.
— Bombom, me perdoe. Eu… não tenho o direito de te cobrar nada, afinal, a gente não tem nada…, embora eu goste muito de você. Mas é que…
— Continue.
Os olhos dele tremulam nas órbitas enquanto tenta buscar palavras para se justificar.
— Você disse que aquele cara é seu amigo, mas nenhum homem se aproxima de uma garota só pra oferecer amizade. E ele é maior de idade. Com caras assim, que têm uma moto e dinheiro, é preciso sempre ter cuidado. Me preocupo com você.
— Léo…
— Bombom, eu posso te defender de qualquer cuzão que mexer com você aqui no colégio, mas não vou poder fazer nada se você não estiver perto de mim. Você consegue entender?
Balanço a cabeça em aceno positivo. Mostro um sorriso, recebendo em troca um olhar bondoso.
— Obrigada por se preocupar comigo. Mas não precisa. Como eu disse, o Odin é só um amigo, e não preciso que ninguém me defenda o tempo todo.
De repente, eu gostaria que isso não fosse verdade e o modelo louro me enxergasse como mulher. Como que machucada em minha autoestima, me sinto pequena, e só o sorriso acolhedor do meu amigo me impede de soluçar.
Ele põe uma mecha do meu cabelo cacheado atrás da minha orelha, se aproxima mais do meu corpo, quase me tocando. Me mantenho impassível.
— Gosto muito de você, bailarina. Quero que você encontre um cara legal. Mas um cara como eu é difícil de achar.
— Seu bobo! — dou um tapa no ombro de Léo. Ele ri, o que é um bom sinal: a pior parte passou.
Balanço a cabeça em negação. Acabo rindo também. Não há como não rir estando perto de Leonardo.
— E a sua prova de Matemática? — ele muda de assunto.
A pergunta inesperada me faz cair sem paraquedas em um abismo.
— Eu vou saber daqui a pouco, mas antes tenho uma prova de Química.
Léo estala os lábios.
— Se você estudou, não tem com que se preocupar — a tentativa de me animar é inútil. Me conheço bem o suficiente pra afirmar inequívocamente que qualquer coisa que envolva cálculos e fórmulas é como a morte do Cisne.
Dou um sorriso sem graça.
Então o sinal toca e meu corpo vibra.
— Tchau, depois a gente se fala — saio correndo, esbarrando em alunos e derrubando cadernos de alguns deles.
Quando chego à sala, diminuo a velocidade. Não quero parecer uma estabanada. Além disso, não sou a única retardatária. A garota ruiva e rebelde é uma das que estão atrasadas, e pelo que conheço dela, pouco se importa se vai perder a prova ou não.
Ela chega quase dois minutos depois. Entra desfilando, usando uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos, camiseta do Metallica, e a tatuagem de índia no braço esquerdo aparecendo. Não olha pra ninguém e nem diz bom dia, indo se sentar em seu lugar lá no fundo.
— Cadernos e livros debaixo das carteiras, e de agora em diante, silêncio — a professora ordena, abrindo sua pasta e tirando as provas.
Olho a furto para Jaqueline, que faz o sinal da cruz e beija seu crucifixo de pescoço. O barulho dos passos da professora fica mais alto à medida que se aproxima de mim.
Quando tiro os punhos fechados de diante dos meus olhos e vejo as questões, penso que posso tirar uma boa nota.
…
Olhei para minha nota apenas uma vez. Aceito que não fiz por merecer uma avaliação melhor, e além disso, os sinais do fracasso estiveram sempre ali: falta de vontade de abrir o caderno, de levantar a mão e pedir ao professor para explicar melhor.
Pensando bem, por mais que 4,5 seja uma nota ruim, é menos humilhante do que o 2 que Enzo tirou, o que não me coloca numa situação melhor que a do meu vizinho de carteira.
Segundo o professor, de um modo geral a classe não foi bem.
— Bombom, precisa melhorar — ele me adverte enquanto lhe devolvo meu atestado de burrice.
Soltei o ar pela boca, frustrada, e na hora do recreio, me sentei num banco de madeira do pátio. Não estava a fim de conversar com ninguém. Queria ficar sozinha.
De repente, alguém se senta ao meu lado, e virando a cabeça, vejo Léo, o habitual sorriso fácil no rosto. Mesmo chateada, sorri de volta.
— Que cara é essa, bailarina? — ele tocou a maçã do meu rosto com o dorso do seu indicador.
— Levei bomba na prova de Matemática — olhei para o chão.
Léo suspirou, balançando a cabeça.
— Sei como se sente — retrucou, condescendente. — Eu tirei 3 em Literatura.
— Caramba. É minha matéria preferida. Sempre tiro nota dez.
— Já eu adoro Matemática. Tenho facilidade para fórmulas, cálculos e tal.
Fiquei surpreso de verdade por Léo falar que adora Matemática, uma matéria difícil.
De repente, ele fica quieto por alguns segundos, como se estivesse pensando.
— Por que não fazemos um trato? Eu te ajudo com Matemática e você me ajuda com Literatura.
Aprecio a ideia. Mas tínhamos que escolher um lugar pra estudar. Como no estúdio era inviável, Léo sugeriu sua casa, no próximo sábado.
Estudar com Léo seria legal. Tínhamos os mesmos gostos, inclusive torcíamos para o Corinthians. A gente amava funk, gostava de falar sobre séries de tv, e ele vivia dizendo que queria me ver logo dançando num espetáculo aqui em São Paulo. A amizade dele me fazia bem.
Eu me perguntava como um garoto tão legal, tão do bem, podia namorar uma pessoa como a Rebeca Horowitz. Os dois não combinavam.
Nos despedimos trocando um soco no ar e voltei para o estúdio ansiosa para fazer a aula de pontas. Rebeca, como sempre, me mediu da cabeça aos pés quando entrei na sala, e achei melhor não contar que eu estudaria com seu namorado.
Sábado de manhã, assim que levantei, tomei banho e me vesti de um jeito bem despojado pra ir à casa do meu colega de estudo. Eu usava um short lycra preto, blusinha branca e um par de chinelos. Ao parar em frente ao portãozinho metálico de sua casa, bati palmas, e em menos de cinco segundos ele abriu a porta da casa, vindo me receber.
— Oi — me cumprimenta com um beijo no rosto.
— Oi — sorrio, simpática. — Seus pais estão?
— Não. Eles trabalham também aos sábados.
Mal presto atenção à resposta de Léo. Por estar usando uma camiseta justa (que realçava os músculos de seus braços, peitoral e abdome, e por suas pernas estarem à mostra por causa da bermuda, fico meio que fora de ar. Minha boca permanece semiaberta semiaberta por alguns segundos.
— Vamos? — acordo do transe.
— Claro — abanei meus sentimentos.
Enquanto o sigo pelo interior modesto da casa, olho para suas costas. Seu conjunto físico. Pela primeira vez, enxergo mais do que o corpo de um garoto. Vejo o corpo de um homem com ombros fortes.
Não posso deixar de pensar que Rebeca é uma vaca de muita sorte por ter um cara tão gostoso como namorado.
Começamos a estudar Matemática e é até engraçado Léo tentando me explicar a matéria do jeito mais didático que possível, com paciência e bom humor. Se o Tales fosse assim, eu teria mais facilidade de aprender.
Se por um lado me esforço pra aprender sobre a matéria que eu odeio, o mesmo não posso dizer dele em relação a Literatura. Ele não tem o menor interesse em aprender sobre Barroco e Classicismo.
A gente perde o foco do nosso objetivo e começamos a falar de tudo, desde futebol, séries e filmes. Léo é tão babaca que é impossível eu ficar séria.
Nossos olhos se permitem uma conexão mais íntima, e ficamos mudos. O sorriso dele fica grave, seus olhos adquirem um brilho cristalino e de repente sinto que ele tem urgência em me dizer alguma coisa. Sua mão desliza pelo tampo da mesa e segura com suavidade e delicadeza minha mão.
— Você é muito gata, Bombom.
Meus lábios semiabrem em surpresa. É sempre legal receber um elogio. Nenhum garoto tem coragem de me chamar de gata, porque isso implica riscos de um soco na boca do atrevido . Mas Léo não é um garoto qualquer. É um cara por quem sinto um afeto especial.
— Você também é bem gatinho.
O jeito dele me olhar se intensifica. Por um momento me esqueço do motivo que me trouxe aqui e de um detalhe importante: ele é namorado da garota que quer meu tendão de Aquiles se rompa.
Mas o brilho travesso de seus olhos negros, seu sorriso cheio de confiança causa um abalo no meu equilíbrio de bailarina. Só me deixo levar, sem me importar para qual destino estou caminhando.
Nossas cabeças se inclinam de encontro uma a outra, ele sela meus lábios com um beijo. O contato do seu corpo ao meu me faz querer mais.
Quando volto ao estúdio e fecho a porta do quarto, um sorriso brinca em meus lábios. Foi divertido, embora eu não possa compartilhar com ninguém, já que não quero ganhar fama de vadia.
3,1k de palavras
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