9. O Grande Jogo
"Me diz, por que meu coração queima desse jeito quando vejo seu rosto? – Heartburn, Wafia".
Depois daquela conversa no outro dia, as coisas entre o Jordan e eu estavam caminhando cada vez melhores, até mais leve eu acho. Ele era mesmo um amor comigo, e eu tentava não me importar com os comentários ao seu respeito, pois o seu passado não me dizia nada. Para ser honesta, eu só queria me importar com o Dan de agora, e ele era tão perfeito, tão viciante que me arrancava o fôlego. Estávamos em seu carro agora, nos últimos dias sempre acabava pegando carona com ele depois do colégio, o que eu acho que era só um pretexto pra gente passar mais tempo juntos, ainda mais hoje que não iríamos pra casa tão cedo.
Apertava os seus ombros, enquanto os seus lábios macios se amassavam contra os meus num beijo extremamente intenso. Seus toques e carícias me faziam sonhar acordada, mas não passávamos de beijos... Tá, rolava uns amassos também, mas nada além da conta. Sua mão esquerda se emaranhou entre os fios dos meus cabelos, enquanto a outra acariciava uma das minhas coxas, ameaçando passar por baixo da minha saia. Puxei a gola da sua camisa em minha direção, e senti seu corpo decair mais sobre mim naquele banco, me empurrando contra a porta do carro.
– Dan... – senti minhas bochechas esquentarem ao rompermos o beijo.
– Vem cá! – seus lábios se esfregaram nos meus e, antes que eu percebesse, ele me puxou para o seu colo.
– Jordan, a gente tem que ir. – pousei as minhas mãos em seu peitoral, me ajeitando com uma perna para cada lado – Esqueceu que você tem jogo hoje?
– A gente já vai. – ele afastou uma mecha de cabelo para trás do meu ombro, e se adiantou a beijar o meu pescoço.
– Não podemos ficar aqui assim. – fechei os olhos por alguns breves segundos, num leve sorriso de canto.
– Eu sei, relaxa. – sua mão esquerda alcançou a minha destra, a qual fez escorregar pelo seu peitoral – Não vamos demorar, hum?
– O que está fazendo? – franzi a testa ao perceber para onde ele conduzia a minha mão – Jordan!
– Shh... – ele selou meus lábios, me fazendo apertá-lo por cima da calça – Gosta disso?
– E-eu... – gaguejei nervosa, e ele me fez repetir o ato para que eu sentisse o quão rígido estava ali embaixo.
– É bom que goste, porque a culpa é toda sua. Você me deixa louco, linda. – estremeci inteira quando seus dentes mordiscaram suavemente o lóbulo da minha orelha – Completamente louco.
Então, sua mão soltou a minha, deixando que eu o apalpasse sozinha, senti meu rosto inteiro ferver de vergonha, pois não sabia exatamente o que devia fazer além de seguir seus estímulos. Eu não tinha lá tanta experiência, quanto talvez gostasse de ter agora, e por algum motivo bobo não queria que o Jordan percebesse nada. Ele tornou a alcançar a minha nuca, e seu olhar logo encontrou o meu, sorri tímida à medida que passava a esfregar a ereção que crescia enorme em sua calça. Um suspiro baixinho me fugiu, no momento que os seus lábios se esfregaram nos meus, e pude notar um sorriso malicioso tomar conta da sua face.
– Você pode fazer melhor, não acha? – suas sobrancelhas arquearam.
– Do que está falando? – questionei um tanto confusa.
– Você sabe... – Jordan apertou minhas coxas – Não acha que o seu quarterback favorito merece um carinho especial hoje? Pra dar sorte no jogo, hum?
– Ah, isso... – minha voz soou trêmula, e tentei pensar logo numa boa desculpa – Bom, talvez sim, mas não aqui.
– Qual o problema? Só tem nós dois aqui... – disse Jordan, se adiantando a passar uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.
– Sim, mas é que pode chegar alguém, estamos no meio de um estacionamento, Dan. – me recompus, cessando as carícias – E também, já está quase na hora do jogo, não temos tempo pra isso.
– É, você deve estar certa. – ele soltou a respiração com força quando lhe dei um leve empurrãozinho, fazendo com que se recostasse contra o banco.
– É claro que eu estou certa. – sorri tímida, antes de selar seus lábios – Mas espero que não fique chateado.
– Por que eu ficaria chateado? – suas mãos apertaram firme meus quadris.
– Você sabe... – desviei o olhar, um tanto insegura com a minha decisão.
– Relaxa, você tem razão, esse não é o melhor lugar. – Jordan alcançou o meu queixo entre o polegar e o indicador, puxando a minha atenção para si outra vez.
– Tem certeza que não está chateado comigo? – questionei em tom baixo.
– Não tem nenhum motivo para eu ficar chateado com você, linda. – ele se inclinou para frente, selando meus lábios vagarosamente – Além do mais, não quero que se sinta obrigada a fazer nada se não estiver completamente confortável com a ideia, entendeu?
– Tá certo então. – concordei por fim, e trocamos mais alguns selinhos até que saí do seu colo – A gente se vê no jogo?
– É claro que sim. – Jordan sorriu doce, enquanto eu organizava os meus cabelos.
– Está bom assim? – passei meu olhar do retrovisor em sua direção.
– Você está linda. – respondeu ele, fazendo minhas bochechas esquentarem – Está sempre linda.
– Não me olha desse jeito, eu fico sem graça. – me apressei a apanhar a minha mochila no banco de trás.
– Eu sei, adoro isso. – o vi umedecer os lábios, num sorriso sacana, e rolei os olhos.
– Tudo bem, eu tenho mesmo que ir agora. – me inclinei para lhe dar um último selinho, o qual ele rapidamente correspondeu.
Depois disso, nos despedimos e descemos do seu carro, que estava propositalmente estacionado um pouco mais longe dos outros hoje. Sem dizer nada, Jordan deu a volta e me agarrou, selando meus lábios mais algumas vezes como se não quisesse me deixar ir, o que me arrancou uma boa risada gostosa. Contudo, no fim seu celular tocou e tivemos que seguir em direções opostas, já que o Tayler pediu para que ele passasse pelo campo antes de ir para o vestiário. Aquela altura, o sol terminava de cair entre as colinas ao longe, e precisei apressar o passo para dentro do colégio outra vez, não queria acabar me atrasando logo no meu primeiro dia como uma Lioness.
Ao chegar no vestiário feminino, vi que algumas garotas já se arrumavam ali, e segui direto para o meu armário onde deixei minha mochila com o uniforme que usaria mais tarde. Apanhei uma toalha, e tratei logo de tomar um bom banho quente para relaxar, mas não me dei ao luxo de demorar. Assim que saí, notei que mais meninas haviam chegado, e a maioria já usava seus uniformes, então cuidei logo de vestir o meu, era uma gracinha e caiu muito bem em mim. Se tratava de um cropped com mangas 3/4, e uma sainha curta com pinças, tudo em verde com detalhes brancos.
Em seguida, apanhei minha nessessaire, para fazer minha maquiagem em frente ao espelho, e caprichei como pude dessa vez. A Rose até me ajudou com o delineado, ela era muito boa nisso, ficou ainda melhor do que eu esperava, de verdade. Para completar, prendi os cabelos com um laço no topo da cabeça e passei um batom vermelho nos lábios. Estava pronta. Respirei fundo, ouvindo os burbúrios aumentando na arquibancada lá fora, à medida que as pessoas iam chegando. Meus pais também já deviam ter chegado, e confesso que isso me deixava meio nervosa, afinal hoje também seria minha primeira apresentação com as Lioness.
– Não pode entrar aqui, Jordan! – escutei a voz da Christine, vindo de fora, o que me acordou dos meus pensamentos.
Arquei as sobrancelhas e, me pondo de pé, segui em direção à porta.
– Eu só quero ver a Lizzie antes do jogo. – ouvi aquela voz suavemente rouca e sorri largo – Tem como chamar ela?
– Eu? – abri a porta, e os dois me encararam.
– Volta para dentro, Liz. Não quero esses marmanjos deixando as minhas meninas nervosas. – disse Christine, decidida a empatar aquela conversa, isso me arrancou uma risadinha.
– Eu... preciso falar com ele, juro que vai ser rápido. – usei minha voz doce, e ela rolou os olhos, desencostando-se da parede.
– Cinco minutinhos e eu volto! – ela deu o braço a torcer, passando por mim para dentro do vestiário.
Voltei a olhar para Jordan, ele já estava com o uniforme que, a propósito, lhe caía muito bem. Uma camisa verde com o brasão dos Tigers e o número 09 estampado, acompanhada por uma calça branca e chuteiras pretas. Um sorriso tímido se fez em meus lábios, e rapidamente suas mãos alcançaram e me puxaram pela cintura, me encostando contra a parede enquanto me media inteira só com o olhar, o que fez minhas bochechas se aquecerem muito rápido.
– Antes de qualquer coisa, você tá muito gostosa nessa roupa! – ele me roubou um selinho demorado, causando um rubor ainda mais intenso em minhas bochechas
– Deixa de ser bobo. Por que veio aqui? – passei minhas mãos à sua nuca, e seus olhos se encontraram aos meus.
– Primeiro, eu já estava morrendo de saudades. – ao ouvir isso, posso quase ter desaprendido a respirar – Segundo, preciso que me ajude com uma coisa. E terceiro, quero que aceite o meu convite.
– Te ajudar e aceitar um convite? – questionei, arqueando uma sobrancelha e ele sorriu assentindo.
– Sim. Quero ajudar o Noah e a Emily a fazerem as pazes. – explicou ele.
Não preciso nem dizer que concordei com aquilo no mesmo instante. Afinal, não pude deixar de notar que a Emily esteve muito tristonha a semana toda, mas acontece que ela também era muito cabeça dura, e ainda não tinha perdoado o Noah.
– E o que você quer que eu faça? – perguntei disposta a ajudar.
– Bom, entrega esse bilhete para ela? – ele pediu meio sem jeito, o que me deixou de orelha em pé.
– O que tem aqui? – questionei ao pegar o bilhete, e ele deu uma risadinha.
– Só diz a ela que foi o Noah quem escreveu. – Jordan acariciou o meu rosto delicadamente.
– Dan... – fui interrompida por outro selinho, então ele colocou o seu dedo indicador sobre os meus lábios.
– Agora vai o convite. – senti sua mão apertar minha cintura – Depois que nós ganharmos o jogo hoje, quero que você venha comigo.
Seu tom risonho não anulou o friozinho que senti crescendo em minha barriga.
– Eu não sabia que você era tão convencido assim, Davis. – sorri, na tentativa de disfarçar que estava nervosa, ele rapidamente negou com a cabeça.
– Eu não sou convencido, linda. – disse Jordan, me puxando um pouco mais para si, enquanto se apoiava com uma mão na parede.
– Claro que é. Já está contando vitória antes do jogo começar. – provoquei uma risadinha gostosa nele.
– Não estou contando vitória. Esse é um lema dos Tigers, Lizzie. Entrar em campo respirando a vitória, sabe? Ajuda na concentração dos caras. – ele explicou, enquanto eu brincava com os meus dedos por entre os fios dos seus cabelos.
– Entendi. – logo o vi sorrir largo – Você fica muito feliz assim em todos os jogos?
– Ah, esse é especial. Eu tenho você, os seus pais estão aí e até o Jason veio, acredita? – ele estava mesmo animado. Eu também sorri, era impossível não se contagiar com aquela alegria toda – Mas então, você aceita?
Aquela pergunta de novo, e eu engoli em seco. Podia imaginar o que aconteceria ou o que Jordan queria que acontecesse caso eu fosse com ele, mas não sabia se estava pronta para isso.
– Depende, pra onde você quer me levar? – questionei, a fim de ter certeza do que se tratava.
– Bom, a minha mãe não está em casa hoje, eu pensei... Seria uma boa a gente curtir um pouco a sós, não acha? – suas sobrancelhas arquearam – Você sabe, é legal ter privacidade de vez em quando.
– Tá dizendo... Você quer...
– Sem pressão, não precisa rolar nada se não quiser, eu só quero passar um tempo sozinho com você, linda. – ele foi rápido ao me responder – Me faz bem ficar ao seu lado, eu me perco em você.
– Eu... – olhei aquele sorriso em seus lábios levemente rosados, não queria estragar a sua felicidade dizendo um não logo de cara – Posso pensar?
– Só se me prometer... – ele aproximou o seu rosto um pouco mais do meu, senti as minhas pernas ficarem bambas, aquele "efeito Jordan" só estava aumentando em mim – Se me prometer pensar com carinho.
– Marca um touchdown para mim e eu juro que penso com carinho. – pedi, e ele arqueou uma sobrancelha, depois mordeu o seu lábio.
– Você quer um touchdown, é? – perguntou Jordan, fazendo minhas bochechas queimarem violentamente, aquela era uma jogada complicada.
– Sim! – respondi após respirar fundo.
– Tudo bem. Vou marcar um especial para você hoje, bebê. – ele falou baixinho, bem perto da minha boca, antes de selar os seus lábios aos meus.
– Hum-hum! – olhamos para o lado, era a Christine. Ela estava com os braços cruzados, nos encarando.
Jordan deu uma risadinha e me soltou.
– Ok, já estou indo embora. – ele se afastou de mim, erguendo os braços em redenção. Christine rolou os olhos.
Umedeci os meus lábios com a língua, bem rápido, sorrindo ao vê-lo dar as costas. Respirei fundo outra vez, balançando a cabeça de um lado para o outro. Jordan era muito intenso, muito mesmo. Ele conseguia me desconcertar toda, sem ter que fazer muito.
– O que ele queria, my darling? – perguntou Christine, e eu a encarei, sentindo as minhas bochechas bem quentes.
– Depois do jogo... – parei ao ouvir sua risadinha, acho que ela já tinha entendido.
– O que você disse? – ela pareceu bem curiosa.
– Ah, que eu ia pensar. – respondi meio nervosa, ouvindo-a soltar o ar com força pelo nariz.
– Olha, o Jordan é um cara, e a gente sabe no que eles pensam. Mas ele é legal. Não fica tensa com isso não. Ele não vai te forçar a nada, e não vai ficar chateado também. Sabe disso, não é? – ela pousou uma mão em meu ombro, e eu sorri.
Realmente não sabia se queria ou não aceitar aquele convite. Mas teria o jogo inteiro para decidir isso. Acho que Christine estava certa, talvez ele fosse diferente.
– É, acho que sim. – olhei para trás, vendo-o virar a esquerda pelo corredor.
– Ai, dear. Eu sei que o Davis não é tão perfeito quanto o meu Taylerzinho. – ela sorriu largo quando voltei a encará-la – Mas olha, antes de rolar mesmo, Tayler e eu dormimos juntos várias vezes. Isso intensificou o nosso relacionamento. Agora ele só tem olhos para mim.
– Mas, você é a Christine. Todo mundo te adora. – falei, e ela assentiu.
– É, eu sei. Mas ainda sou uma garota e estou dizendo para você não ficar nervosa. Se aceitar, que eu acho que vai, e as coisas não forem do seu jeito, só conversa com ele, raiozinho de sol. – Christine sorriu amigável, e concordei com a cabeça.
Christine podia ser implicante as vezes, até maldosa a maior parte do tempo, mas ela era mesmo boa em dar conselhos. E no geral, acho que nós duas tínhamos nos dado bem.
– Você está certa. – concordei, pois não queria criar um preconceito com todos os garotos pelo que ocorreu com o Luke, meu ex-namorado, meses atrás.
– É óbvio que eu estou certa. Mas agora vem, florzinha? Vamos entrar e nos concentrar. Saímos em dez minutos. – ela avisou, e eu assenti, me lembrando do bilhete para a Emily.
Entramos no vestiário e nos separamos, Christine disse que reuniria as garotas, e mandou que eu pegasse os meus pompons. Aproveitei aquela brecha para falar com a Emily, ela estava de costas para mim, sentada sozinha no banco, a ouvi fungar com o nariz enquanto tentava secar as lágrimas. Vê-la daquele jeito me partia o coração, ela gostava muito do Noah, e eu acho que ele gostava muito dela também.
Tomei um pouco de fôlego e me aproximei com calma, vendo-a se virar em minha direção. Seus olhos estavam avermelhados pelo choro, mesmo assim ela forçou um sorriso para mim. Eu a conhecia bem pouco, mas já havia percebido que era do tipo que bancava ser forte, mesmo quando se fazia visível que não estava bem. Engoli em seco e estendi as mãos, mostrando o bilhetinho para ela.
– O que é isso, Liz? – Emily perguntou confusa quando me sentei ao seu lado.
– Abre, vai te fazer bem. – falei, e ela finalmente pegou o bilhete.
– Foi ele que mandou você me entregar isso? – ela me fez lembrar do Jordan.
"Só diz a ela que foi o Noah quem escreveu..." a voz rouca dele ecoou na minha cabeça. Eu apenas assenti para a Emily. Não sabia mesmo se tinha sido o Noah ou o que tinha ali, mas se fosse algo ruim, eu mataria o Jordan, sem dúvidas. Ela me deu um sorriso fraco, e foi abrindo o bilhete, fiz menção de me levantar, mas Emily me segurou pelo braço.
– Pode ficar. Eu... acho que estou precisando de uma amiga. – ela pediu tristinha, então assenti outra vez.
Depois disso, tornou a abrir o bilhete, e respirei fundo, sentindo o meu coração quase saltar pela boca. O que será que tinha escrito naquele papel? Não dava para negar que também estava curiosa.
– É... é a letra dele. – Emily sorriu ao ver e eu respirei mais aliviada, então corri os meus olhos pelas linhas.
"Sete bilhões de pessoas no mundo tentando se encontrar e eu encontrei você. Mantenha-se firme, Emy. Há um sorriso em seu rosto, mesmo que seu coração esteja triste. Mas, hey! Agora você sabe, baby, nós dois sabemos que não existe perfeição. Nunca foi minha intenção te machucar, amor. Me perdoe, e eu prometo que eu arriscarei tudo, contanto que você me ame...
Contanto que você me ame, eu serei o seu soldado, e lutarei a cada segundo do dia pelos seus sonhos, amor. Então não se estresse e não chore. Você sabe que as suas lágrimas podem me quebrar, baby. Não precisamos de asas para voar, apenas segure a minha mão e eu terei tudo o que preciso, contanto que você me ame... eu terei tudo o que preciso.
Com todo amor, do seu tigerzinho, Noah"
Aquilo era lindo. Uma poesia escrita com o coração. Noah era muito fofo mesmo. Senti lágrimas em meus olhos quando terminei de ler a última linha e as sequei rápido, antes que borrassem a minha maquiagem. Vi Emily secar as dela também e depois abraçar o bilhete sorrindo largo.
– Ele me ama, Lizzie. O meu Noah tá arrependido, você viu? – ela me olhou com uma felicidade estampada no rosto.
– Você precisa perdoar ele, Emy. Vocês dois estão mal com isso. – falei e ela assentiu.
– Vamos, levantem! – ouvimos a voz da Christine – Que cara inchada é essa, garota?
– Ah, Christine... – tentei remediar enquanto Emily guardava o bilhete na bolsa.
– Calada que a conversa não é com você, florzinha! – ela passou por mim que nem um furacão, e segurou no rosto da Emily com força, fazendo-a olhar para cima – Corrija isso agora ou você está fora, eu fui clara?
– Christine... – chamei, e ela soltou o rosto da Emily.
– Tudo bem, Liz. Ela tá certa, eu vou retocar. – Emily se levantou rápido do banco, pegando a sua bolsa. A vi seguir para os espelhos.
– Ela estava mal. – tentei justificar, encarando Christine que olhava as unhas enormes e vermelhas.
– É, eu vi. Aquilo estava horrível. – ela apontou para o rosto, rindo maldosa, e eu neguei com a cabeça.
– Estou falando que ela estava triste porque brigou com o...
– Isso não é da minha conta, dear. E já fica de aviso para você também. Eu não tolero chororô nos dias de apresentação, entendeu? Então pode brigar com o namorado, o pai, a mãe, o papagaio... se a sua casa pegar fogo e o seu bichinho de estimação morrer, não chore no dia de se apresentar. Eu fui clara? – Christine falou extremamente séria, em um tom irritado, eu assenti porque achei que se não fizesse isso ela iria me matar – Ótimo, florzinha. Agora cadê os seus pompons?
– Ah, estão... – me levantei um tanto nervosa, rapidamente pegando-os sobre o armário – bem aqui.
– Ai, você está linda, Liz, linda! – Christine falou com voz fofa, eu forcei um sorriso – VAMOS, MENINAAAAS!
Ela saiu gritando, reunindo todas as outras meninas no vestiário. Olhei para o lado e Emily já guardava as suas coisas de volta na bolsa, então eu segui a Christine, me misturando com as outras. Logo saímos do vestiário em fila reta, os jogadores de cada time estavam postados de um lado e do outro da saída. Jordan mandou um beijinho para mim e eu fingi pegá-lo no ar, mandando outro para ele em seguida. Sorri quando o vi fazer o mesmo, levando a mão ao peito. Olhei para trás e Emily sorria toda tímida para o Noah que se desencostou da parede no mesmo instante, sorrindo largo enquanto Chris batia no seu capacete, e os outros lhe zoavam.
Eu ri daquilo, ouvindo os gritos da multidão quando as Lioness foram anunciadas. Entramos em campo uma a uma, em meio a saltos e estrelinhas. A música começou a tocar assim que nos posicionamos ao centro do campo, iniciamos a coreografia e não tardei a encontrar meus pais na arquibancada, assim que fui ao alto quando Emily e Rose me levantaram. Acenei para eles super animada e antes mesmo de descer, também avistei Jason, ele estava na outra ponta se comparado a distância com os meus pais, não me parecia muito contente por estar ali.
Tá que eu não gostava nem um pouco do Jason, mas não dava para mudar o fato que ele era o irmão do cara que eu estava saindo, e o Jordan parecia mesmo se importar com ele. De mal pra ruim, acho que não me custaria dar uma chance de conhecê-lo melhor, sem julgamentos, não é mesmo? Não que planejasse ser sua amiga ou coisa assim, afinal ele também não ia com a minha cara, mas talvez pudéssemos nos esbarrar nos corredores sem nos odiar. Assim que a coreografia acabou, a pirâmide foi montada com Christine no topo, finalizei com algumas estrelinhas junto de Emily e Ashley. Fomos calorosamente aplaudidas.
– Que apresentação de tirar o fôlego, meus caros... – a voz do narrador ecoou pelos megafones aos quatro cantos do campo – Mas agora vamos receber nossos amigos do colégio...
Parei de prestar atenção ao ver Jason descer as arquibancadas, ele não iria embora, iria? As meninas falaram alguma coisa ao desfazerem a pirâmide, eu não entendi muito bem o que era, mas assenti e logo vi que seguiam para o banco fora do campo, do outro lado do gradeado. Segui com elas até certo ponto, tentando me convencer de não ir atrás do Jason, porém, era mais forte que eu, aquele idiota não podia ir embora, o Dan ficaria super triste.
Me afastei das Lioness, seguindo apressada na direção contrária, passei entre algumas pessoas, com cuidado para não esbarrar em ninguém, e logo avistei Jason, um pouco mais a frente. Ele não estava indo embora como pensei, mas parecia comprar bebida, o que também não era lá muito bom se analisasse o temperamento surtado dele. De qualquer modo, eu precisava garantir que não arrumasse confusão, não essa noite, era especial para o Jordan.
– Estou com cara de quem está brincando, por acaso? – o ouvi falar ríspido para o moço que vendia as cervejas.
– Jason! – resolvi chamá-lo antes de desistir e voltar para o meu lugar.
Ele rapidamente olhou para trás, franzindo a testa ao me ver.
– Aqui, moço. – o cara lhe entregou as cervejas e ele rapidamente pagou.
Notei que não comprou uma ou duas, mas sim a grade inteira. Jason tirou uma cerveja, enquanto se aproximava de mim. Engoli em seco e ele umedeceu os lábios, parando bem a minha frente.
– O que você quer? – perguntou meio confuso ao abrir o lacre da latinha.
– Eu sei que não nos damos muito bem, mas você é irmão do Jordan...
– Bela observação. – fui interrompida por um de seus comentários recheados de sarcasmo – Percebeu isso sozinha ou precisou fazer um teste de DNA?
– Será que só dessa vez, você pode por favor não me insultar a cada frase que sai da sua boca? – questionei, tentando manter a calma.
– Tá, mas não se acostuma. – concordou ele, após tomar um longo gole da sua cerveja – Agora anda, fala logo o que quer, o jogo já vai começar.
– Como eu ia dizendo, você é irmão do Jordan, e aparentemente é importante pra ele. – terminei a frase anterior.
– É mesmo? – suas sobrancelhas arquearam – E daí?
– Hoje é uma noite especial, e o Jordan está muito feliz que você veio assistir o jogo. – fui sincera.
– E o que te faz acreditar que...
– Ele me disse. – o interrompi – Eu achei que você deveria saber.
– Pronto, agora eu já sei. – ele rolou os olhos, sem demonstrar o mínimo interesse possível – Satisfeita?
– Bom, não exatamente. – cruzei os braços – Sei que você é idiota o suficiente pra causar algum problema, e fazer o Dan se sentir mal.
– Espera aí, o que foi que aconteceu com o lance de não insultar? – o vi cerrar os olhos.
– Presta atenção, eu só vim te pedir uma coisa... – respirei fundo, ainda não acreditava que estava mesmo conversando com ele.
– Até você, é? Quem diria... – Jason me olhava surpreso agora, esbanjando um sorriso cínico nos lábios, o que me fez encará-lo confusa – Tá legal, mas só vendo pra você, se tiver grana.
– Quê? – perguntei realmente perdida naquela conversa, e logo ouvi sua risada, o que me deixou constrangida.
– Não aceito outro tipo de pagamento, além do mais não acho que você saiba como me agradar. – concluiu ele, me deixando mesmo incrédula com tamanha estupidez.
– Eu não quero drogas, e não faria nada indecente com você, seu babaca idiota! – ralhei irritada e, aparentemente, foi sua vez de ficar confuso.
– Então diz logo o que você quer! – seu tom soou impaciente, e o vi beber mais um pouco da sua cerveja.
Por Deus, como alguém podia ser tão estúpido e cretino assim? Seus comentários me ofendiam de uma forma que nem eu mesma conseguia explicar, a vontade que eu tinha agora era de cobri-lo com tapas e pontapés até a raiva esvair completamente do meu corpo. Quem aquele cretino pensava que era, para insinuar coisas assim ao meu respeito? Apertei os meus próprios braços com força, antes de soltá-los e cerrar os punhos numa tentativa de controlar a minha língua que coçava afiada dentro da minha boca.
– Só não arruma nenhuma confusão, e fica até o final do jogo, pelo seu irmão. – torci o nariz, visivelmente chateada.
– Ah, fala sério... Veio até aqui pra isso? – Jason me encarou por um momento, antes de cair na gargalhada – Não é possível que não perceba o quanto está sendo patética agora, Lizzie. O que achou que fosse acontecer? De repente, se não falasse comigo, no meio do jogo eu ia sacar a minha arma e atirar pra cima? Puta que pariu!
– Você está armado? – ignorei todo o resto da frase.
– Não, a minha gangue adotou uma política pacífica, agora a gente larga rosas ao invés de balas. – ele se engasgou de tanto rir, e senti o sangue ferver nas veias – Caralho, você vai me fazer se mijar!
– Que bom que eu te divirto, devo mesmo ser uma piada e tanto. – foi a minha vez de rolar os olhos – Apenas se comporte, e aprecie o jogo na sua, ninguém aqui precisa se ferir por causa de um idiota irresponsável feito você.
Rangi os dentes com muita raiva, me forçando a se virar e sair dali, já tinha dado o recado e não ficaria ouvindo suas grosserias.
– Agora vamos a equipe dos Tigers! – disse o narrador, a arquibancada toda se levantou gritando.
Me apressei a chegar até as meninas, que saltavam sacudindo os pompons a cada nome chamado, e tentei ao máximo não olhar em direção a Jason, ele era mesmo um idiota insuportável.
– Com vocês, o camisa 09. Ele mesmo, o quarterback mais adorado da temporada, JORDAAAN DAVIIIS! – o narrador anunciou, arrancando uma chuva de gritos eufóricos da torcida.
E foi exatamente nele que me concentrei, pulando e sacudindo meus pompons junto as meninas, aquele jogo prometia...
[...]
⁜ Roy, turu baum? haha o que estão achando da história?
⁜ O que acham, a Liz deve ou não aceitar o convite do Jordan?
⁜ E esse Jason... será que a Liz vai conseguir manter uma relação boa com ele???
⁜ Deixem seus comentários e não esqueçam de votar no capítulo!! 😘😘
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro