59. Você nunca será amado
"Esse tudo ou nada realmente me deixa louco. Eu preciso de alguém para curar, alguém para conhecer, alguém para ter, alguém para segurar... Acho que eu meio que gostava do jeito que você entorpecia toda a dor... – Someone You Loved, Lewis Capaldi."
– Desgraçado! – berrei, sentindo a raiva me invadir – Foi você, seu filho da mãe! Eu te odeio!
Jason se virou outra vez, um tanto confuso, mas não lhe dei tempo de reagir, e parti para cima, empurrando-o com força ao tempo em que disparava tapas e socos contra o seu peito. Contudo, em segundos ele agarrou minhas mãos, apertando meus punhos com força, enquanto me olhava extremamente zangado.
– Do que porra está falando? Por acaso ficou maluca? – ele perguntou entredentes, e me chacoalhou logo em seguida.
– Não seja hipócrita! Um dos caras ontem, tinha uma tatuagem... – tentei me soltar dele, mas acontece que Jason era muito mais forte que eu – Uma águia. Sabe do que estou falando, não sabe?
– Eles serem da BW, não quer dizer nada, Liz. – Jason me deu um leve empurrão ao me soltar, e caí sentada numa poltrona – Eu já te disse que isso aqui não é um acampamento de férias. O que tá pensando? Tem caras querendo arrancar a porra da minha cabeça como prêmio o tempo todo. É assim que funciona a cadeia alimentar de uma gangue.
Ele abriu os braços, me fazendo olhar em volta. Sua posição na gangue parecia... confortável, e provavelmente deviam haver pessoas querendo o seu lugar. Como pude julgá-lo tão rápido? Jason não seria capaz de algo tão horrível assim, aqueles caras teriam matado Jordan ontem se não fosse a polícia ter chegado. Ele definitivamente não estava por trás daquilo, matar seu próprio irmão a troco de nada... Onde eu estava com a cabeça?
– Mate um superior, e o trono dele será seu. Esse é o caralho do lema! – Jason praticamente berrou aquilo – Bem-vinda a minha realidade, Lizzie Andrews. Eu não sei se ainda não percebeu, mas não vivo na porra cor de rosa que é o seu mundinho de merda.
– D-desculpa. – encolhi os ombros um tanto envergonhada por acusá-lo daquela forma – Estou nervosa, não pensei direito. Não quis... Eu não quis te ofender.
– Me ofender? – Jason soltou o ar pelo nariz num sorriso sem vida – Vai se foder, Lizzie! Entra aqui sem ser chamada, interrompe a porra da minha foda, depois surta que nem uma maluca e vem me dizer que não quis... Não quis me ofender?
Recuei um pouco naquela poltrona quando ele apontou o dedo na minha cara. Fiquei quieta e o vi dar um passo para trás, levando o cigarro até os lábios. Eu não sabia exatamente como me desculpar com ele, mas realmente precisava após pisar feio na bola.
– Olha...
– Cala a porra da boca. – Jason soprou a fumaça para cima, e balançou a cabeça para os lados – E se manda daqui de uma vez, caralho!
Ele me deu as costas, seguindo apressado até o balcão de bebidas onde alcançou uma garrafa de whisky, pude ouvir o som que a tampinha fez ao cair no chão. Logo depois, o vi levar o gargalo da garrafa até a boca, dando um longo gole na bebida.
Eu ainda me lembrava de como ele ficava agressivo quando bebia, não era isso que queria, então juntei minhas forças e fiquei de pé. Ainda precisava convencê-lo de ajudar o Jordan com o time. Sei que estava chateado comigo agora, mas no fundo ele também entendia o que eu estava passando, apesar de não querer dar o braço a torcer.
– Eu realmente sinto muito por ter acusado você. – fui sincera, e seu olhar se direcionou a mim outra vez – Mas preciso que me ajude. Não estaria aqui se não estivesse mesmo precisando.
– O que foi? Quer que eu pegue os caras que quebraram o meu irmãozinho na porrada? – Jason limpou os lábios com as costas das mãos – Sinto muito, mas até eles encontrarem o verdadeiro McClain, eu não faço ideia de quem sejam.
– Não é isso. – me apressei em dizer – A polícia está cuidando do caso.
– Então o que caralho você quer de mim, Lizzie? – ele cerrou os olhos, e parecia muito bravo.
– Acontece que o Dan não vai poder jogar por três semanas. E, querendo ou não, você tem culpa nisso. – falei de uma vez, como se aquilo pudesse amenizar o impacto das minhas palavras.
– Comovente. Eu até choraria, mas... É mesmo, eu não dou a mínima. – Jason apagou o cigarro em um cinzeiro, e eu cerrei os punhos com força antes de dar alguns passos em sua direção.
– Ele vai ser prejudicado, isso pode até custar uma boa universidade. – me aproximei, vendo-o dar a volta no balcão, enquanto tomava um pouco mais de whisky – Pode acabar com a carreira dele no futebol.
– Qual parte do "estou me fodendo" você ainda não entendeu, Lizzie? – Jason arqueou as sobrancelhas.
– Achei que você pudesse cobrir ele. – fui direto ao ponto, e o movimento de seu braço paralisou antes que o gargalo da garrafa tocasse seus lábios novamente.
– Quê? – Jason voltou a me encarar, com um semblante confuso.
Seus olhos estavam meio avermelhados pela maconha, mas ele parecia lúcido. Apertei os punhos com ainda mais força, tomando um fôlego de coragem ao vê-lo dar a volta pelo balcão lentamente, como se ainda processasse a informação. Precisava convencê-lo, não seria tão trabalhoso assim, ele só tinha que sentar em um banco. Não teria que correr ou jogar.
– Tem jogo amanhã e você é o único que pode salvar a pele do Jordan. – falei de uma vez – Além do mais, não tem que fazer muita coisa, é só... ficar no banco.
– Deixa eu ver se entendi... Você quer que eu finja ser o Jordan durante o jogo de amanhã? – ele arqueou uma sobrancelha, parando bem a minha frente.
– Sim. – respondi, tomando um susto ao ouvir sua risada ecoar alto por aquele escritório.
Esbarrei as costas contra o balcão, sentindo meus batimentos acelerarem enquanto Jason balançava a cabeça para os lados, rindo descontroladamente. Franzi a testa, fechando a cara ao me recompor, e ele agarrou sua própria barriga, tentando se controlar.
– Mas nem se eu me odiasse muito! – ele deu algumas últimas risadinhas, secando as lágrimas nos cantos dos olhos.
– Por favor? Estou te implorando. – minha voz soou pesada – Você é a minha única esperança, e eu faço o que for preciso.
Pude sentir um ardor subir por minha garganta, no momento em que seus olhos se encontraram aos meus, pois um sorriso de tom maligno surgiu em seus lábios. Em seguida, Jason deu alguns passos em minha direção, me encurralando entre seus braços e o balcão de bebidas ao deixar sua garrafa de whisky ali em cima.
– É mesmo? Até onde estaria disposta a fazer o que for preciso, Lizzie? – ele pousou suas mãos na borda daquele balcão, praticamente me prendendo ali – Vamos lá, o que você faria para me convencer?
Estranhamente me senti como se fosse uma presa, prestes a ser engolida por um poderoso predador, porque era exatamente isso que Jason transmitia em seu olhar. Engoli em seco, encolhendo os ombros quando sua destra pousou em minha cintura, por baixo da jaqueta a qual eu usava.
– Jason... – senti os pelinhos da nuca eriçarem quando ele me puxou, enquanto seu rosto se aproximava do meu.
– Eu faço o que você quer, mas tem que me dar uma coisa em troca. – notei seu olhar faminto recair sobre meus lábios, causando um rubor violento em minhas bochechas.
– O que... O que você quer? – perguntei nervosa, sentindo sua mão grande e forte apertar minha cintura.
– Acho que você consegue adivinhar, Lizzie. – podia sentir seu hálito quente de álcool se chocando contra o meu rosto enquanto falava – A pergunta é: você vai me dar o que eu quero?
Ao perguntar aquilo, seus olhos caramelados se cravavam aos meus, me arrancando um forte arrepio que percorreu por todo o meu corpo. Em seguida, o vi umedecer rapidamente seus lábios com a língua, os quais eu encarei por alguns segundos, sentindo um friozinho crescer em minha barriga.
– J-Jason... – gaguejei, ao tempo em que minha respiração pesava.
– Uma noite, e eu salvo a pele daquele babaca. – ele sussurrou bem próximo aos meus lábios – Basta abrir as pernas pra mim uma vez, Lizzie. É pegar ou largar.
– O quê? – franzi a testa, não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir.
– Vamos lá, o quanto você ama o meu irmãozinho? – seu corpo se colou ao meu, e uma de suas mãos acariciou o meu rosto, pude sentir o seu polegar desenhar os meus lábios lentamente – Me deixa te comer como eu quero, e dou minha palavra que apareço no maldito jogo. O que me diz?
Não consegui controlar o reflexo da minha mão que acertou em cheio a sua cara. O estalo alto e seco ecoou pela sala, e pude sentir a palma da minha mão formigar junto aos meus dedos, de tão forte que foi aquele atrito. Jason soltou a minha cintura no mesmo instante, acariciando a vermelhidão que surgia rapidamente em seu rosto, enquanto eu sentia todo o meu sangue ferver de raiva outra vez. O que aquele estúpido pensava que eu era? Me propor uma coisa absurda dessas, isso... Eu gostaria de cobri-lo com tapas e socos agora, para aprender que devia me respeitar.
– Justo porque eu amo o seu irmão que nunca dormiria com você, seu cretino! – berrei, lhe empurrando e tratando de passar rápido por ele.
Jason pareceu estático nos primeiros segundos, mas logo o vi ranger os dentes, travando o seu maxilar. Não dava nem para acreditar que ele chegou a cogitar que eu me prezaria a isso, que aceitaria essa droga de proposta idiota de me entregar a ele por uma noite. Eu jamais faria uma coisa dessas com Jordan, não seria capaz de traí-lo de nenhuma forma.
– Ótimo. Então arranja outro otário com a cara daquele mané até amanhã, vadia! – Jason pegou a garrafa sobre o balcão outra vez, dando um longo gole.
– Você... Jordan é o seu irmão. – antes que eu percebesse, minha voz soou embargada e duas lágrimas rolaram pelos meus olhos, mas não por tristeza, isso era a raiva transbordando em mim – Achei que você fosse uma pessoa melhor, Jason.
– É, mas eu não sou. E se não vai abrir as pernas pra mim, pode vazar. Já dei minha condição. – ele disse grosso, seguindo até o sofá e, meu Deus, como eu queria ter alguma coisa em mãos para arremessar nele com toda força – Ah, e faz um favorzinho, manda a Shely voltar quando chegar lá embaixo.
Sequei minhas lágrimas com a força do ódio. Eu iria embora, iria sim, porque não devia nem ter pisado ali para início de conversa. Olhei para a porta, depois para ele, que havia ligado a TV. Cerrei meus punhos, rangendo os dentes. Podia sentir cada célula do meu corpo tremer nesse momento.
– Eu não queria ter de fazer isso. – engoli a Liz boazinha, já que ele não queria por bem, então que fosse – Mas se você não aparecer amanhã naquela porra de campo, eu sugiro que me mate, porque vou abrir minha enorme boca e contar para o meu tio tudo o que eu sei de você e sobre aquela noite do tiroteio na sua casa, o qual ele ainda está investigando pra sua informação. Isso aqui vai estar cheio de federal antes que você possa piscar. Eu fui clara?
– Está... – Jason olhou em minha direção outra vez – Eu entendi errado, ou você está me ameaçando?
– Não, não, você entendeu muito bem. Ah, e tem mais... – olhei bem no fundo de seus olhos – Você merece ser sozinho. Eu achei que não, mas merece sim, porque afasta todo mundo com essa sua arrogância e prepotência. Amor não se força, Jason. E o que me conforta é que você nunca vai saber como é amar e ser amado por alguém. Vai ser sempre essa pessoa medíocre e solitária, vivendo uma vida vazia, porque é isso que você merece!
Praticamente cuspi aquelas palavras, antes de sair daquele escritório, cortando o vento. Jason não veio atrás de mim, na verdade, eu acho que ele nem se deu ao trabalho de levantar daquele sofá nojento com cheiro de sexo. Desci as escadas pisando forte, e vi quando os meninos se levantaram de onde estavam sentados, mas não esperei que fizessem a primeira pergunta, apenas me apressei a sair daquele lugar, empurrando as portas com força.
Desci os batentes tão irritada que nem ouvi quando eles também saíram daquela boate. E ao toque da primeira brisa que soprou, espalhando meus cabelos ao vento, senti minhas forças evaporarem. Então as lágrimas vieram com força, e antes que eu pudesse controlar, já estava soluçando de tanto chorar. Tayler e Logan se entreolharam, completamente confusos.
– O que... – Logan deu um passo a frente – Liz, o que aconteceu lá em cima?
– Aquele desgraçado machucou você, foi isso? – Tayler se aproximou, cerrando os punhos com força – Droga, eu sabia... A gente não devia ter deixado você subir sozinha.
– Não. – tentei secar as lágrimas com as costas das mãos – Ele não me fez nada. Não foi isso.
– Então... Por que está chorando? – os dois perguntaram quase num coro perfeito.
– Eu não sei. – menti, seria vergonhoso demais explicar tudo o que tive de ouvir – Mas ele vai... Ele deve aparecer amanhã. Agora vamos embora.
– Tem certeza? – Tayler arqueou as sobrancelhas, e eu assenti tentando me controlar – Tudo bem. Vamos lá.
Ele destravou o carro, Logan foi gentil em abrir a porta para mim, mas eu não consegui agradecê-lo. Sentia o meu coração sangrando dentro do peito, pelas coisas absurdas que tive de ouvir, eu nunca me senti tão humilhada antes, quanto me sentia agora. Jason simplesmente me tratou como se eu fosse mesmo uma vadia, ele era tão estúpido.
Fechei os olhos com força ao ouvir as portas da frente abrirem, os meninos não disseram mais uma palavra sequer, provavelmente não entendiam porque eu chorava. Mas acontece que eu precisava esvaziar aquele sentimento ruim do peito antes de chegar com eles no hospital, e o único jeito de pôr para fora era através do choro, eu sabia disso.
O caminho pareceu encurtar na volta, e antes que eu percebesse, Tayler já parava o carro dentro do estacionamento do hospital. Fiquei uns minutos quieta, meu rosto estava inchado demais, e se Jordan me visse assim, ficaria preocupado na certa. Essa era a última coisa que eu queria que acontecesse.
– Mas o que porra é isso? – Logan franziu a testa, quando o ronco alto de um motor invadiu todo o lugar.
Ao olhar para trás, vimos uma moto passar pela entrada a toda velocidade, seguindo exatamente em nossa direção.
– Merda, merda, merda! Esse maluco vai bater na gente. – Tayler mal fechou a boca, e podemos ouvir o barulho dos pneus ecoarem ensurdecedores por todo o estacionamento.
Aquela moto parou a um fio de bater contra o porta-malas do carro onde estávamos. Engoli em seco, cerrando os olhos logo em seguida, reconheceria aquela jaqueta de couro em qualquer lugar. Jason estacionou e desceu de sua moto, arrancando o capacete da cabeça no mesmo instante. E, assim que seu olhar furioso recaiu sobre mim, senti minha respiração pesar.
– Abre a porra da porta e desce, Lizzie! Os outros palhaços, fiquem quietinhos aí dentro. – disse ele, em tom de ameaça.
– Não é seguro descer. Ele está... – Tayler arregalou os olhos quando Jason subiu a camisa, mostrando sua arma entre o cós da calça.
– Desce de uma vez, Lizzie, ou eu vou encher esses seus amiguinhos de buracos. – ele foi bem mais direto em sua ameaça dessa vez.
– Tudo bem. – destravei a porta, mas antes que pudesse abri-la, Jason a puxou com toda força, se adiantando a me arrancar com brutalidade para fora.
– Hey, cara, não machuca... – a voz de Tayler foi abafada ao bater da porta.
– O que tá fazendo? – tentei me soltar enquanto era arrastada por aquele estacionamento – Me larga agora, ou eu vou...
– Vai fazer o quê? Chamar a porra do seu titiozinho pra me prender? – Jason me empurrou contra a traseira de um dos carros estacionados do outro lado – Então chama! Começa gritando bem alto, eu não dou a mínima. – sua destra alcançou meu rosto, apertando minhas bochechas com força – Quem pensa que é pra me ameaçar, Lizzie? Hum, fala pra mim!
Tentei me livrar de seu toque, mas ele acabou chegando mais perto. Cravando seus olhos nos meus.
– Me larga! – o empurrei com força, mas ele rapidamente voltou a se aproximar, segurando meus braços – Eu não tô nem aí se feri o seu ego de merda. Você ouviu o meu recado muito bem. Então, se quiser me matar agora, vá em frente, porque a minha palavra continua sendo a mesma de antes.
Cuspi aquelas palavras com toda a raiva que tinha guardada na alma, e logo tentei me soltar, mas Jason me segurou ainda mais forte.
– Você é uma filha da puta mesmo. – ele me empurrou contra a traseira do carro outra vez, prensando seu corpo ao meu, para impedir que eu me debatesse – Toda bravinha assim... Por acaso, tem noção da puta vontade que me dá de te educar, Lizzie?
– Você... – franzi a testa ao sentir sua destra agarrar minha cintura com força.
Antes mesmo que pudesse repreendê-lo, seus lábios quentinhos e macios se precipitaram ao meu pescoço, em curtos beijinhos molhados. E, automaticamente, um tremor percorreu pelo meu corpo inteiro, fazendo os pelos da minha nuca eriçarem intensamente. Eu não sei como, mas Jason arrancou o resto das minhas forças, e ao mordiscar o lóbulo da minha orelha, senti minhas pernas ficarem bambas.
– J-Jay... – fechei os olhos com força ao gaguejar, mas logo tornei a abri-los.
– Shh! Só quero te dar um recado... Vou te castigar de jeito quando cair na minha cama. – sua destra deslizou por minha cintura, até alcançar minha coxa, a qual ele apertou firme enquanto sussurrava em tom rouco bem rente ao meu ouvido – Quando acontecer, eu só vou parar de meter em você, depois que me fizer gozar com força, fui claro?
– Eu nunca vou me deitar com você! – rangi os dentes, e ele segurou meu rosto com força outra vez.
– Ah, mas você vai sim, até já implorou pra eu te foder antes. – virei o rosto quando achei que ele me beijaria, mas tudo o que senti, foi sua respiração quente se chocar contra a minha pele – Vou te fazer implorar de novo, só que dessa vez... Dessa vez eu vou me enterrar dentro de você, até seus olhinhos girarem de prazer pra mim.
– Do que merda tá falando? – franzi a testa, e ele me soltou, com um sorrisinho sacana nos lábios.
– Você sabe. No fundo ainda lembra daquela noite, Lizzie. Eu sei disso. – o vi dar alguns passos para trás – A gente se vê amanhã.
Dei um passo a frente, abraçando um de meus braços completamente confusa pelo que acabara de ouvir. Eu queria respostas, queria que aquele cretino me explicasse tudo, mas ele apenas se virou, caminhando até a sua moto. Eu não consegui dizer, ou fazer nada enquanto o via se afastar, então Jason subiu em sua moto e colocou seu capacete. Estremeci com o ronco do motor.
Ele rapidamente fez a volta e, ao passar por mim, pude ver seus olhos caramelados me encararem com um certo tom de satisfação. Engoli em seco, e ele desapareceu ao fazer a curva em direção a saída daquele estacionamento. Em seguida, o som das portas do carro de Tayler ao serem fechadas me fez despertar para o momento presente. Assim que olhei em sua direção, vi que ele e Logan se aproximavam.
– O que ele queria? – indagou Tayler, olhando de mim para o fim do estacionamento.
– Nada. – respondi e ambos franziram a testa – Eu disse algo que chateou aquele idiota, ele só veio acertar isso comigo. Mas não se preocupem, já está tudo bem. Só... Não contem nada do que aconteceu aqui ao Dan.
– Pode crê, o cara ia surtar. – Logan concordou de imediato.
– Quanto ao jogo, Lizzie... Ainda está de pé? – as sobrancelhas de Tayler arquearam.
– Sim. O Jason vai aparecer amanhã. – confirmei, mesmo que ainda não estivesse tão confiante com aquilo.
Os dois respiraram aliviados, e eu forcei um sorriso, não queria deixar transparecer o quanto aquele encontro havia me bagunçado por dentro. Digo, o que Jason queria dizer com "ainda lembra daquela noite..."? De que noite estava falando? Ele estava mesmo ficando louco, não tinha nenhuma chance de nós dois... Não mesmo, eu nunca fui pra cama, ou cheguei a pedir que fizesse coisas indecentes comigo antes, e de jeito nenhum isso aconteceria futuramente.
Enquanto seguia para dentro do hospital com Tayler e Logan, resolvi esquecer aquilo. Precisava estar bem para me encontrar com o Jordan de novo, além do mais, não dava para levar em consideração as coisas que Jason me disse, eu mesma vi que ele estava se drogando naquela boate. Então, muito provavelmente devia ser isso, aquele estúpido estava delirando e cuspindo idiotices. Eu não tinha que me preocupar com nada disso. A única coisa que eu realmente queria dele, era que desse as caras no jogo de amanhã.
– Onde estava, filha? – minha mãe saltou da poltrona assim que abri a porta do quarto – Saiu sem avisar nada. Eu tentei ligar, mas...
– Meu celular está descarregado, mãe. – expliquei, abraçando um de meus braços – Estava nervosa com os exames do Dan, então fui dar umas voltas com os meninos.
– É, a Liz tava precisando esfriar a cabeça. – Logan me deu cobertura – Nós fomos juntos pra garantir que ela ficasse bem.
– Sabe como é, tia... O Davis é nosso irmão, e se a garota dele tá precisando... – Tayler bateu com o cotovelo no de Logan.
– Ah, meninos... Vocês são umas gracinhas. Obrigada por cuidarem da minha garotinha. – dona Elisa sorriu doce após comprar nossa história – Mas venham, entrem. Jordan já está chegando.
Nós apenas concordamos, e pouco minutos depois, Jordan foi trazido para o quarto. Dava para ver o quanto estava cansado, mesmo assim se esforçou pelos seus amigos, que só foram embora depois do horário de almoço. Pela tarde, Susana ajudou seu filho a tomar um banho e chamou uma enfermeira para refazer os curativos, mesmo contra a vontade de Jordan ela aproveitou para aplicar um sedativo para que ele pudesse dormir bem. Todos nós sabíamos que isso não aconteceria espontaneamente.
Meus pais e Susana ficaram com a gente até o início da noite quando o horário de visitas encerrou. Assim que se foram, eu me aproximei de Jordan para fazer um carinho, mas ao mover minha mão em sua direção, senti meu braço latejar. Então, rapidamente desci a jaqueta a qual ainda usava, arregalei os olhos ao notar uma marca um tanto arroxeada ali, mas logo me lembrei do episódio com Jason no estacionamento. Aquele cretino tinha apertado muito forte.
– O que é isso, Liz? – a voz de Jordan soou sonolenta, e me apressei a cobrir aquela marca.
– Não é nada, amor. Devo ter me machucado ontem, mas está tudo bem. – acariciei seu rosto cuidadosamente – Volte a dormir.
– Não sem você... – ele tocou minha mão em seu rosto – Deita comigo?
– Não posso, Dan... – me inclinei um pouco, e beijei sua testa – Mas prometo que não vou sair do seu lado.
– Não vou dormir se você não deitar comigo. – ele sustentou, e eu sabia o quanto era teimoso.
Soltei o ar com força pelo nariz, mas acabei assentindo.
– Tá, você venceu. Mas deixa eu te ajudar a se afastar. – um sorriso vitorioso se fez em seus lábios.
Depois de alguns minutos, organizando-o sobre a cama, eu me deitei ao seu lado. Assim que apoiei minha cabeça sobre seu peitoral, Jordan depositou um suave beijinho no topo dela, o que me fez sorrir doce. Um "Eu te amo!", ecoou em meus ouvidos, e sua mão livre passou a afagar meus cabelos. Fechei os olhos, me aconchegando mais a ele, era realmente bom estarmos juntinhos assim outra vez.
Contudo, à medida em que o sono chegava, alguns lapsos de memória invadiam meus pensamentos:
"No fundo ainda lembra daquela noite, Lizzie..."
"Jay? Eu... gosto muito de você..."
"Você foi drogada, Lizzie..."
"Até parece que eu estou tentando corromper um santo..."
Pude sentir uma pontada na minha cabeça ao ouvir minha própria risada. Então, meus olhos se arregalaram, Jason não estava delirando, ele referia ao aniversário de Christian, hoje mais cedo. Só que o único problema, é que boa parte daquela noite foi apagada da minha memória, e o pouco que me lembrava, empurrei para o fundo do meu subconsciente. Em outras palavras, eu podia muito bem ter feito uma grande merda aquele dia, uma tão grande quanto...
"Isso é errado, Lizzie. Eu... Você nem vai lembrar..."
De repente, aqueles olhos caramelados carregados de tristeza ressurgiram em minhas lembranças, e um suspiro pesado me escapou.
– Está desconfortável pra você, linda? – a voz sonolenta de Jordan me fez estremecer.
Dependendo do que tivesse acontecido aquela noite, eu sentia que ele nunca me perdoaria, e isso me assustava profundamente. Na verdade, acho que o medo de lembrar tudo foi o que me fez esquecer aquilo por completo, mas agora...
– Não, amor. Só estou cansada. – me forcei a não deixar nenhuma lágrima escapar, Jordan não podia... Ele não podia nem desconfiar disso – Vamos dormir.
Foi tudo o que eu disse, antes de fechar os olhos com força...
[...]
💋. Fogo no parquinho!! Como assim já rolou Liz e Jason???? Alguém aí já desconfiava da noite do aniversário do Christian?? 👀
💋. Será se a Liz vai lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite? O que acham que ela vai fazer a respeito disso??? Só digo uma coisa, meus amores, esse jogo promete. Aguardem! hihi🤭
💋. Se gostaram do capítulo, deixem seus comentários e não esqueçam de votar na ⭐, eu agradeço imensamente. Um beijo e até o próximo capítulooo 😘
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