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17. Natal em Seattle

"Não sei o que estou pensando, não consigo tirar você da minha cabeça. Não sei se a coisa de que tenho medo é você ou aquele momento. Quero te amar como fogo agora. – Savage Love, BTS."

A viagem para Seattle foi bem tranquila. Acabei dormindo durante o voo inteiro, e cochilei no táxi a caminho da casa da vovó. Estava mesmo exausta aquela noite. Quando finalmente chegamos, apenas cumprimentei minha avó com um abraço bem apertado, e subi para o quarto de hóspedes, onde tomei um banho rápido antes de cair na cama. Porém, o sono havia passado e por horas a fio fiquei encarando o teto branco acima de minha cabeça. A vontade de chorar vinha e logo passava, enquanto ouvia o barulhinho das mensagens ecoarem em meu celular, até que finalmente resolvi desligá-lo.

Acho que caí no sono depois disso, mas não consegui dormir muito bem, ou sequer por um longo tempo, e me acordei com a doce lembrança daqueles olhos da cor de caramelos me encarando de tão perto. "Você fica bem melhor assim, Lizzie... Não quero mais te ver chorar... As lágrimas roubam todo o brilho dos seus olhos, e isso não combina com você...", por algum motivo, os momentos que tive com o Jason naquele ginásio de natação ontem não saíam da minha cabeça desde que acordei. Ele estava tão estranho...

Quer dizer, pela primeira vez foi agradável estar ao seu lado, sem que debochasse de mim ou me insultasse. Não sei explicar, mas parecia até que aquele garoto idiota se importava com o fato de que eu estava mal, mas pensar isso era loucura, certo? Alguém como o Jason não se importava com ninguém, ele só devia estar doente ou sei lá. Ri fraco pelo nariz ao me lembrar da cara que ele fez ao cairmos juntos na piscina, aquilo foi tão engraçado que por um momento me fez esquecer toda a melancolia que me rondava.

"Aposto que você é bem docinha... Achei esse lance de anjinha bem sexy... Isso não me impede de te achar gostosa...", senti as minhas bochechas inflamarem de vergonha e apertei o travesseiro contra o meu corpo ao me lembrar do Jason completamente pelado no meio do vestiário. Por Deus, aquilo foi tão constrangedor que até chegava a ser cômico agora, e não consegui conter uma risadinha. Ainda bem que ele não havia se chateado, apenas me ajudou com o zíper emperrado e se retirou, ou juro que eu não saberia onde enfiar a minha cara.

Mas, acima disso, aqueles olhos... O jeito que ele me olhava era tão intenso, e as coisas que me disse naquele vestiário... "Ninguém vale o seu sofrimento, muito menos o fodido do Jordan. Ele não reconheceria a preciosidade de um anjo nem mesmo se testemunhasse a sua queda com os próprios olhos...". Ele foi tão gentil e carinhoso comigo, que até parecia ser outra pessoa. Penso que talvez esse pudesse ser o verdadeiro Jason, enterrado debaixo de toda aquela grosseria e má educação. Isso simplesmente não saía da minha cabeça, e me deixava tão confusa. Eu não sei o que tinha acontecido com o Jason ontem, mas acho que havia gostado, apesar dos seus comentários indevidos e dos sorrisos repletos de malícia que, estranhamente, lhe caíam bem.

Tive meus pensamentos interrompidos ao sentir o perfume adocicado dos famosos biscoitos natalinos da vovó Dália, o que acabou me animando um pouco. Era bom estar de volta, e impossível continuar melancólica provando aquelas delícias amanteigadas. Só de imaginar o gosto derretendo em minha boca, sentia minha barriga roncar, e passei alguns minutos tomando um pouco de coragem, até que finalmente decidi me levantar. Fiz minhas higienes matinais, e desci para a cozinha de pijama mesmo, assim como quando eu era criança. O natal tem disso, não é mesmo?

Quando cheguei ali, as primeiras coisas as quais avistei foram as duas fornadas de biscoitos em cima do balcão de madeira branca. Também não custei a encontrar a vovó, pois dava para ver o topo da sua cabeça, com seus cabelinhos esbranquiçados, logo atrás do balcão, enquanto ela retirava a terceira fornada de biscoitos do fogão. Os enormes janelões de vidro acima da pia tornavam o ambiente extremamente claro e acolhedor, mesmo que o céu lá fora estivesse em tom cinzento. Sempre gostei de visitar aquela casa, porque era repleta de boas energias.

– Bom dia, minha abelhinha. – vovó Dália abriu o maior sorrisão ao me ver.

Ela me chamava assim, porque quando eu era bem mais nova, fiz um comercial de mel para a TV, e me vestiram de abelha. Minha vó achava a coisa mais fofa do mundo, mas porque não foi ela quem teve de aturar as piadas com zumbidos das outras criancinhas na creche, claro. No início, eu odiava esse apelido, mas a vovó tinha um jeito doce de tornar tudo mais leve.

– Bom dia, vozinha. – me apressei em abraçá-la – Quanta saudade!

– Ah, querida, não sei o que deu na cabeça dos seus pais para irem morar assim tão longe. – ela deu dois leves tapinhas em minhas costas, e sorri ao desfazermos o abraço.

– É o trabalho deles, vó. Lá é melhor, sabe? – tentei explicar, mesmo sabendo que ela já fazia por vista.

– Eu sei, eu sei. – dona Dália ergueu as mãos na altura na cabeça – Mas é que sinto saudade da minha abelhinha.

– Ah, – sorri doce – mas a faculdade está bem próximo, faço 18 anos dentro de dois dias e só faltam 5 meses até o final do ensino médio. Antes do fim das férias de verão estarei aqui, eu prometo.

– Assim espero, assim espero. – ela repetiu para dar ênfase – Mas agora sente. Preparei seus biscoitos favoritos. Aceita um copo de leite para acompanhar?

– Eu adoraria. – me sentei, vendo-a colocar alguns biscoitos dentro de uma tigela.

Notei então que haviam mais três fornadas ainda sendo feitas. Sim, era biscoito para um batalhão, mas é que desde que meu avô perdeu a luta para o câncer, vovó Dália sempre visitava o hospital, e fazia doações. No natal ela preparava sacolinhas com guloseimas saudáveis para todos os pacientes, em especial as crianças, ela adorava crianças, dava para notar o seu carinho quando contava histórias divertidas da época em que minha mãe e o tio Henry eram pequenos. Acho que ela sentia falta desse tempo.

– Vou ferver um pouquinho. – vovó Dália se livrou da forma, seguindo até a geladeira, onde pegou a caixa de leite – Aproveite e me fale sobre esse coraçãozinho. Sua mãe me contou que está de namorico de novo.

Engoli em seco ao ouvi-la. Lembrar de Jordan logo cedo assim era tão desconcertante.

– Não estou namorando. – fui sincera, afinal, nunca foi um lance sério mesmo.

Eu que fui boba por achar que seria.

– Ficando, se conhecendo... para mim é tudo a mesma coisa. Se já beija na boca é namoro. Na minha época era assim. – a vi colocar leite na panela sobre o fogão, para ferver.

– Tanto faz, não está mais rolando nada. No fim das contas, era só um cara, um... Um grande idiota. – não sei por que, mas aquela última palavra pareceu amargar em minha língua.

Na verdade eu sabia sim. Sabia exatamente que não achava Jordan um idiota. Eu... gostava muito dele. Tanto que meus batimentos aceleravam só de pensar nele. E talvez eu que fosse uma grande idiota por isso.

– Não foi o que a sua mãe me contou. – vovó continuava com o olhar fixo na panela a qual havia levado ao fogo.

– A senhora sabe como a sua filha é. Apressada demais... – falei em total desânimo.

– Ah, querida... sinto muito. – ela me olhou por cima do ombro – Mas se for assim, pelo menos agora é menos um no caminho para encontrar a pessoa certa, não é mesmo?

– Não sei mais se existe mesmo isso. – suspirei triste, pousando meus braços e queixo sobre a mesa de madeira escura.

– Como assim? É claro que existe! Será que não se lembra de seu avô e de mim? E o que falar de sua mãe com o seu pai? Um foi feito para o outro, querida. – ela se aproximou da mesa, puxando uma cadeira, na qual logo se sentou – Não fique desanimada. A pessoa certa ainda vai aparecer.

– Não é por aí, vovó. – desviei meu olhar do seu.

– Como não? – seus olhos continuaram fixos em mim.

– Eu... Acontece que ele me fazia sentir aquele friozinho bom na barriga. E me arrancava suspiros. Não qualquer suspiro, aquele tipo de suspiro. Achei... Eu realmente pensei que o Jordan fosse essa tal pessoa certa. – tentei conter as lágrimas que se acumulavam em meus olhos.

– É natural que se sinta assim. Você está apaixonada por ele, minha abelhinha. – vovó Dália passou a afagar meus cabelos.

– Não é só isso. Eu nunca me senti assim com ninguém. Em menos de um mês parecia que a gente se conhecia há séculos, vovó. – minha voz saiu pesada, e eu me endireitei novamente na cadeira – Ele era tão doce e gentil...

– E o que de tão grave aconteceu para mudar esse sentimento tão bonito? – vovó arqueou as sobrancelhas, um tanto curiosa.

– Ele me magoou só para ficar com outra garota. – fechei os olhos com força, deixando duas lágrimas rolarem pelo meu rosto.

– Ora, não fique assim, meu amor. – ela se apressou a secar minhas lágrimas, então tornei a encará-la – Se esse rapaz é mesmo tudo isso, talvez tenha sido só um mal entendido. Já tentaram conversar?

– Eu não quero falar com ele nunca mais. – senti meu nariz arder pelas lágrimas – Quero que ele e a Ashley explodam.

– Ah, minha abelhinha, – vovó segurou firme em minhas mãos – lembre-se de que você não é assim. Não é uma pessoa triste e rancorosa. Use seu tempo aqui para respirar um pouco, saia com seus amigos, aproveite seu aniversário de 18 anos ao máximo. É uma data feliz, não um enterro, então se divirta sem dar espaço para melancolias, limpe sua mente e o seu coração.

– Acho que a senhora está certa. – respirei fundo ao terminar de falar.

– Claro que estou. Você sempre deve encher a sua vida de coisas boas, e se livrar das ruins. – seus polegares acariciaram as costas das minhas mãos – Uma hora tudo se encaminha para o seu devido lugar. Não tenha pressa, querida, ela é a inimiga da perfeição.

Vovó tinha razão. Eu estava chateada, e não seria nada bom guardar esse sentimento, até porque cedo ou tarde eu voltaria para Shadowtown, e consequentemente para o colégio. O que queria dizer que muito provavelmente assistiria o novo casal desfilando pelos corredores a todo o tempo. E guardar rancor deles não me faria bem algum. Respirei bem fundo, tentando pensar racionalmente.

– Sim, isso é verdade. Vou seguir o seu conselho e chamar a May para sair. Esfriar a cabeça vai ser bom. – forcei um curto sorriso.

– Sim, querida. Faça isso, mas não antes de tomar o seu café. – vovó se esticou um pouquinho, deixando um beijinho carinhoso em minha testa.

Sorri um pouco mais leve. Adorava conversar com ela, porque sempre me ouvia sem fazer tempestade, ou sem me julgar como se eu fosse uma criança, fora o fato de que tinha bons conselhos. Acho que a dona Dália era a única pessoa para quem eu ainda contava a maior partes das coisas que me ocorriam, sem mentir ou omitir nada.

– Sim. Estou faminta. – falei ao vê-la se pôr de pé – Mas peço que não conte nada disso à mamãe. Ela sempre faz a maior tempestade, e não preciso disso agora.

– Pode ficar tranquila. Será um assunto só nosso. – ela me lançou uma piscadela, servindo o leite em um copo para mim.

Tratei logo de alcançar a tigela de biscoitos sobre a mesa, servindo meu prato com algumas daquelas delícias. O café da manhã se deu mais leve dali por diante. Vovó me atualizou sobre a vizinhança, em especial, o casal que estava morando agora em minha antiga casa. Depois de um tempo a cozinha começou a encher. Terminei minha refeição e subi para o meu quarto, onde tomei um bom e demorado banho quente.

Ao sair do banheiro, peguei meu celular apenas para avisar a May que estava na cidade, queria muito vê-la. Ela ficou super animada, e acabamos marcando um passeio no shopping, mas assim que o Jordan começou a ligar eu tratei de encerrar a chamada, desligando o celular outra vez, escondendo-o dentro da gaveta da cômoda. Não queria mais ficar triste, e não ficaria. Aproveitaria esse feriado ao máximo. Então apenas tomei um fôlego e tratei de me arrumar.

– Vai sair, filha? – ouvi meu pai perguntar, assim que desci o último degrau da escada.

– Ah, sim. Marquei de encontrar a May. – forcei um sorriso.

– Certo, querida. Mas volte a tempo para a ceia. Sua mãe e avó estão muito animadas por termos vindo. – papai pediu em tom doce, terminando de tomar o seu chá.

– Claro, não atrasaria por nada. – me aproximei dele, dando um suave beijinho no topo de sua cabeça.

– Quer uma carona, Liz? Eu estava indo ao centro da cidade mesmo... – tio Henry se postou de pé.

– Se não for nenhum problema... – resolvi aceitar, apesar de ter um certo receio por ele poder... sei lá, me cobrir de perguntas no caminho até a casa da May.

– Nenhum. Vamos? – o vi pegar as chaves no bolso da calça.

– Lizzie, se for sair leve um agasalho, mocinha! – ouvi a voz da minha mãe vindo da cozinha – Está nevando lá fora.

– Pode deixar, dona Elisa. Já estou bem agasalhada. – avisei em tom risonho.

Fora o casaco longo de cor vermelha com capuz grosso e quentinho que eu usava aquela manhã, vestia também uma calça jeans de lavagem escura, e calçava um par de botinhas pretas. Estava bem acostumada com os invernos de Seattle. Não eram dos mais rigorosos, mas ainda assim nevava, mesmo que bem pouco, e eu achava esse clima uma delícia. Ponto a menos para Shadowtown nesse quesito. Me despedi de todos, e segui com o meu tio até o seu carro.

– Onde você quer que eu te deixe? – foi a primeira coisa que ele me perguntou, após colocarmos os cintos de segurança.

– Ah, na casa da May. Fica a dois quarteirões daqui. – expliquei direitinho, passando o endereço logo em seguida.

– Certo. O que está achando de Shadowtown, Liz? – perguntou tio Henry, manobrando o carro para fora da vaga.

– É legal. – respondi sem dar muita abertura.

– Sente falta daqui, não é? – ele arqueou as sobrancelhas, atento ao caminho que seguia.

– Sim. Bastante. – forcei um sorriso – Posso ligar o rádio?

Perguntei numa tentativa de mudar de assunto, tudo o que eu menos queria falar agora era sobre Shadowtown. Meu tio concordou com a cabeça e me apressei a ligar o rádio. Troquei a estação duas vezes até parar em "Savage Love" na versão do BTS. Não costumava escutar muito a banda, mas essa música sem dúvidas tinha ficado melhor na voz deles. Quando tornei a me endireitar no banco, vi o pingente de estrela vazando para fora da manga do meu casaco. "Você é minha estrela, Liz.", a voz de Jordan ecoou em meus pensamentos.

Eu sei que devia ter tirado aquela pulseira, me livrado dela, ou sei lá... mas acontece que não consegui. O significado que ele disse que tinha... Bom, provavelmente foi só da boca pra fora, não era verdade. Suspirei baixinho, escondendo o pingente para dentro da manga outra vez. Depois desviei o meu olhar para a janela, e fiquei observando os floquinhos de neve caindo lá fora. Meu tio puxou conversa uma ou duas vezes durante o caminho, o que me fez notar que estava bem humorado. Isso era bom.

– Chegamos, mocinha. – disse ele, assim que estacionou em frente aos enormes portões da casa da May – Vai precisar de carona de volta?

– Ah, obrigada, mas não precisa se preocupar. Qualquer coisa peço para a mãe da May me levar. – sorri agradecida.

– Tudo bem então. Tenha uma boa tarde, pequena. – nos despedimos e logo desci do carro, batendo a porta.

Ajeitei a alça da minha bolsa no ombro e acenei, vendo o carro de tio Henry seguir pela rua. Então me apressei até o enorme portão, tratando logo de interfonar para a casa principal. Não demorou até que um dos seguranças aparecesse para me atender. O pai da May era um empresário importante, e um homem muito influente no ramo da política, então toda a família sempre estava acompanhada por seguranças. Acho que ele tinha planos para chegar ao senado americano um dia, ou algo assim.

O único problema é que, por ser tão ocupado, muito dificilmente o tio Alex estava em casa, era comum que sempre estivesse viajando, quando não estava em sua empresa. Assim que os portões se abriram, um segurança me revistou, o que nem sempre ocorria quando eu ia visitar a May, mas ele logo liberou minha entrada, me acompanhando até a casa principal. Notei que o homem não era de muitas palavras, porém não me importei com isso. Eu só queria ter um dia agradável com a minha amiga.

– Lizzie, – Alexander, pai da May, abaixou o jornal o qual segurava, me olhando do sofá onde estava confortavelmente sentado – que prazer lhe ver por aqui.

– Ah, obrigada, tio Alex. – sorri, sentindo minhas bochechas esquentarem.

A porta atrás de mim fez um barulho ao fechar e, automaticamente, olhei naquela direção.

– Está de volta à cidade? – perguntou ele, e tornei a encará-lo, enquanto me aproximava.

– Vim passar o feriado. – sorri ao vê-lo se pôr de pé.

Era um homem alto, e muito bonito. Tinha cabelos castanhos, e olhos tão azuis quanto o céu em um dia ensolarado. Sua barba cheia e muito bem aparada lhe atribuía um tom mais maduro, apesar de não me parecer tão velho quanto o meu pai por exemplo. Sempre que nos encontrávamos, era comum que estivesse usando um de seus ternos elegantes, mas hoje, em especial, usava um suéter natalino, nas cores vermelho e branco, com alguns poucos detalhes verdes. Desde que eu era criança, acho que essa era a primeira vez que o via com roupas comuns.

– Está gostando de Shadowtown? – perguntou Alexander, seguindo até o pequeno barzinho ao lado da lareira na sala.

– É legal. – forcei um sorriso, olhando rápido em direção as escadas. Acho que eu não tinha nada além disso para falar de Shadowtown no momento.

– É um bom lugar para os negócios, seus pais fizeram certo em aceitar a promoção. – disse ele, enquanto servia uma dose de rum em seu copo – Evana me contou quando cheguei de viagem.

Evana era a mãe da May. Ela e seu marido não tinham um relacionamento muito amoroso, acho que só estavam juntos por conta da filha. As vezes eu até achava que a tia Eva tinha medo dele. Não que fosse uma má pessoa, mas acredito que porque se eles se separassem, tio Alex ficaria com a guarda da May, e as duas não se veriam muito já que ele sempre viajava. No entanto, podia ser só coisa da minha cabeça, afinal, eu tinha o relacionamento dos meus pais como base, só que nem todos os casais eram como eles.

– Então o senhor já trabalhou lá? – perguntei, fingindo interesse no assunto.

– Digamos que tive negócios por lá. Era um bom lugar, Liz, até os ratos infestarem a cidade. – ele sorriu estranho, voltando para o sofá – Acho que já sabe das gangues.

– Sim. Aparecem nos noticiários. – falei devagar, não sei se por impressão minha, mas havia algo estranho naquela conversa.

– Infelizmente o lado sul da cidade é um lugar bem violento agora. Deve pensar duas vezes antes de andar por lá. – pelo tom de voz, tio Alex parecia se referir a algo em específico – Mas claro que seus pais não lhe deixariam frequentar lugares... perigosos, não é mesmo?

O seu olhar se fixou em mim, e senti um arrepio me correr à espinha. Tinha algo diferente nele, mas eu não sabia dizer o que era. Raiva? Bom, talvez fosse isso.

– Ah...

– Liiiz! – o grito estridente de May descendo as escadas me assustou – Meu Deus, você está ainda mais linda, amiga.

Ela me recebeu com um abraço apertado, o qual logo retribuí. Estava morrendo de saudades daquela loirinha cabeça de vento. Assim como eu, ela se parecia mais com a mãe do que com o pai, isso incluía os longos cabelos dourados.

– Que saudade! – lhe apertei um pouco mais no abraço, e então rompemos sorrindo largo uma para a outra.

– Pensei que eu teria de obrigar o papai a me levar em Shadowtown nesse feriado. – ela deu uma risadinha, olhando para o tio Alex por cima do ombro.

– Que bom te ver, querida. – tia Eva desceu o último degrau da escada.

Era uma mulher linda e elegante, que sempre estava bem vestida e maquiada. Mas havia algo diferente nela hoje, talvez pelo corte de cabelo. Antes de eu viajar eram tão longos e dourados, quanto os da May, porém, agora estavam curtinhos em um chanel com pontas mais longas na frente, o que dava mais destaque ao seu belo e suave rosto. Estava linda como sempre, ou talvez mais, apesar do brilho apagado em seus olhos. Não sei por que, mas não conseguia enxergar felicidade neles, isso me deixava um pouco mal.

– Também estou muito feliz por ter vindo, tia. – sorri doce ao abraçá-la.

– Vai ficar para a ceia? – ela arqueou as sobrancelhas, segurando minhas duas mãos ao rompermos o abraço.

– Não, infelizmente não. Minha avó e mãe estão na cozinha desde já preparando tudo. – dei uma risadinha.

– Ah, claro. Entendo. Mas espero te ver mais vezes durante o feriado. – tia Eva apertou levemente minhas mãos, eu apenas assenti.

– Tá, agora deixem eu curtir a minha amiga. – May me puxou pelo braço, me arrancando uma risada contida.

– Por que não abrem os presentes antes de saírem? – perguntou tio Alex – É manhã de natal. Sua mãe caprichou esse ano, e tem um para você também, Lizzie.

– Ai, que saco. Tá, vamos abrir... – May rolou os olhos, me puxando em direção a enorme árvore enfeitada no centro da sala.

– Não precisavam ter se incomodado comigo. – sorri sem graça.

Como fui pega de surpresa com essa viagem, não tive tempo de comprar nada para a May, ou para eles. Mas aproveitaria a ida ao shopping para fazer as compras.

– Não foi nenhum incômodo, Liz, e também em dois dias você completa 18 anos, não é mesmo? – Evana sorriu doce, sentando-se ao lado de seu marido no sofá – Nós não esqueceríamos disso. Espero que esteja do seu agrado.

Apenas assenti, me ajoelhando junto a May aos pés da árvore. Ela pegou algumas caixas, me entregando uma em específico. Era branca, comprida e fina, tinha um lacinho verde super delicado em volta, o qual desfiz com todo cuidado para abrir. Assim que retirei a tampa, afastei os papeis, sentindo meus olhos brilharem ao ver o lindo vestido azul marinho ali dentro. Puxei uma parte dele para fora, admirando o bordado milimetricamente perfeito.

– É lindo! – falei contente – Muito obrigada.

– Ficamos felizes que tenha gostado, querida. – tia Eva falou doce, e tornei a guardar o vestido dentro da caixa.

– Eu ajudei a escolher, de nada. – May deu uma risadinha – E adorei meu novo ipad, paizinho. Valeu!

– Tudo pela minha princesinha. – tio Alex sorriu largo.

– Ok. Presentes abertos, agora a gente tá caindo fora. – May se pôs de pé, e eu logo em seguida também.

– O carro já está pronto, Rudolf levará vocês. Não dê muito trabalho a ele dessa vez, princesa. – tio Alex colocou o copo agora vazio sobre a mesinha de centro.

– Vou tentar, papai. – May agarrou meu braço, me puxando em direção a porta – Até mais!

Nos despedimos deles com acenos, e assim que saímos já havia um carro preto estacionado bem a frente. O motorista abriu a porta para nós duas que nos precipitamos a entrar no veículo.

– Então, como o seu gatinho ficou quando deu um pé na bunda dele para vir me ver? – May perguntou risonha, enquanto colocávamos o cinto de segurança.

Engoli em seco ao me lembrar de que já tinha contado de Jordan para ela, mas é que achei que nós dois... estava errada.

– Não tem mais gatinho nenhum. – respondi fingindo estar tudo bem.

– Como assim? Você parecia tão... apaixonada. O que aconteceu? – ela arqueou as sobrancelhas.

– Ah, May... eu não quero falar disso, não hoje. Pode ser? – pedi um tanto tristonha.

Estaria enganando a mim mesma se dissesse que falar de Jordan agora não me causaria nenhum desconforto, ou que eu não cairia no choro ao me lembrar dele e de tudo o que aconteceu durante a semana do musical.

– Claro. Me desculpe? Eu... sinto muito. – May sorriu complacente, pousando uma de suas mãos sobre a minha.

Agradeci apenas com o olhar, e o motorista adentrou o carro. Em seguida os portões se abriram, então não demoramos a sair da propriedade.

– Então, vamos mudar de assunto, me diga se já tem planos para o seu aniversário? – suas sobrancelhas arquearam – Sabe, não é todo dia que a gente faz 18 anos, então quero garantir que você vai se divertir, e não ficar em casa assistindo filmes caidinhos enquanto devora um pote de sorvete entre lágrimas.

– Eu não... assisto filmes caidinhos. – lhe roubei uma risada – May, qual é? Do jeito que você fala, parece até que sou uma pessoa melancólica e depressiva.

– Claro que não. Afinal, como você pode ser assim, se tem a mim? – ela se gabou como de costume, e eu rolei os olhos num leve sorriso – Mas e aí, posso cuidar do seu aniversário? Diz que sim, por favor?

A vi juntar as mãos, fazendo biquinho. Eu sabia que ela planejaria algo mesmo sem o meu consentimento, éramos amigas a bastante tempo para que eu conhecesse muito bem aquela loirinha maluca.

– Tá legal. – concordei, e ela bateu palminhas em comemoração – Mas nada de festas, nem bebidas. Poderia ser algo leve só com as Vikings, estou com saudades delas.

– Ótima pedida, boo-boo! Eu já sei exatamente o que fazer. – um largo sorriso se fez em seus lábios...

[...]

🍁. Será que Lizzie está certa, Jordan e Ashley vão voltar? O que vocês acham??

🍁. E esses pais da May, em... será que tem coisa estranha aí, ou é só impressão da Liz?

🍁. Quem amou a vovó Dália?? haha um amorzinho de pessoa, né?

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