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1. Primeiro Dia

"Minha cabeça está girando, sério... O que está acontecendo nessa mente linda? Estou nessa jornada mágica e misteriosa, e eu estou tão tonto, não sei o que me atingiu, mas eu ficarei bem... – All of me, John Legend"

Havia sangue seco embalado em meus dedos, respingos em minhas coxas, vestido, e até mesmo pelo casaco o qual eu segurava debaixo do braço. Era o sangue dele. Nenhuma palavra escapava por entre os meus lábios, estava em choque, paralisada, sozinha naquele corredor extenso e impecavelmente branco. Nunca me senti tão angustiada, sufocada e desolada quanto nesse exato momento.

Fomos separados. Os médicos o levaram para uma sala onde não pude entrar, minhas lágrimas já haviam secado, e mesmo assim o tormento continuava presente dentro de mim. Aquela maldita impotência. Não pude fazer nada. Não importava o quanto eu gritasse ou tentasse me soltar, aqueles monstros continuavam batendo e batendo nele. Respirei falhado, tentando espantar aquelas lembranças assustadoras de minha cabeça.

– É sua? – alguém chamou a minha atenção, era o policial que nos ajudou.

Nesse instante, foi como se o som a volta tivesse sido ligado de novo. Minha cabeça latejou com as vozes e o barulho dos telefones, vindos da recepção. Estava tão nervosa, que de alguma forma consegui abafar tudo aquilo por um certo tempo.


Quatro meses antes...

Conhece aquela famosa sensação ruim de que tudo está descendo pelo ralo, enquanto o máximo que se pode fazer é observar? Bom, é mais ou menos como me sinto agora, e nem estou fazendo drama. Acontece que, realmente achei que fosse morar em Seattle até a faculdade, sabe? Digo, toda a minha vida havia sido estruturada lá, amigos, colégio, família... Tudo o que eu era e gostava estava naquela cidade, e parecia ter ficado para trás depois que meus pais ganharam uma promoção no trabalho.

Estava feliz por eles, porém, isso não queria dizer que gostava da ideia de nos mudarmos tão repentinamente. Na verdade, se eu pudesse escolher, teria ficado com a vovó. Faltava mesmo poucos meses até a faculdade, então talvez eu devesse ter insistido para ficar em Seattle, mas é... Acima de qualquer coisa, eu não queria preocupar ou decepcionar os meus pais, eles estavam tão animados que eu não me perdoaria se estragasse isso.

"A polícia local informa que mais um conflito armado entre gangues no lado sul da cidade na noite de ontem, fez oito vítimas, deixando três fer..."  – a notícia foi interrompida quando minha mãe trocou a estação de rádio.

– Nada de notícias ruins essa manhã. – disse ela, ao se decidir por uma música tranquila enquanto dirigia – Está animada, querida?

– É. – ao menos conseguia prestar atenção em algo que não fossem os enormes arranha-céus do lado de fora da janela do carro – Estou muito animada.

Não dava mais para negar o quão nervosa estava para o meu primeiro dia de aula no colégio novo, com pessoas novas, numa cidade completamente alheia a mim. Suspirei baixinho, qualquer um na minha idade sabe como o ensino médio pode ser complicado. Quer dizer, e se eu não fosse bem aceita? Essa era a menor das minhas preocupações, enquanto observava o meu próprio reflexo na janela, aguardando o sinal abrir para tomarmos caminho outra vez.

De repente, me peguei pensando no quanto gostaria de ter feito algo diferente com os meus cabelos, eram ondulados e tão volumosos... Mas a minha ansiedade não me deixou pensar muito nisso. Tenho certeza de que a May teria me ajudado, só que a minha melhor amiga estava a uns bons quilômetros de distância de mim agora, igual todos os outros a quem eu conhecia. Não sei se aguentaria a saudade até as férias de verão, mal podia esperar que chegassem.

– Tente respirar, filha, parece mais pálida do que de costume. – minha mãe tinha razão. Até mesmo meus olhos, que eram tão verdes quanto duas esmeraldas, pareciam maiores essa manhã – Sei que é tão nervosa quanto eu, mas tenho certeza de que vai adorar seu novo colégio. Seu pai disse que é ainda melhor que o antigo.

– É, o papai falou isso várias vezes. – forcei um sorriso para acalmá-la, me virando para frente no banco.

Estava nervosa, mas em hipótese alguma queria soar indiferente a minha mãe. Ela era uma mulher doce e atenciosa, não merecia nenhum tipo de má criação, acho que eu era incapaz de fazer qualquer coisa para magoá-la, nem por acidente. Nos minutos seguintes, conversamos um pouco sobre a viagem e a casa nova que ficava em um bom bairro da cidade, isso quer dizer longe das gangues e confusões de Shadowtown, não que teríamos vista para o mar. As casas de praia eram lindas, mas ficavam bem acima do nosso orçamento.

Demos algumas risadas lembrando o quão empolgado meu pai estava essa última semana, parecia uma criancinha com um brinquedo novo. Ele quem cuidou pessoalmente da maior parte da mudança, só para que nós duas não esquentássemos a cabeça com nada. Deu certo em parte, mas eu ainda preferia que estivéssemos em casa, na nossa antiga casa. Nossa conversa encerrou quando minha mãe precisou atender uma ligação do antigo escritório onde trabalhava. Apesar de estar no alto falante do carro, eu não me atentei ao assunto.

– Chegamos, querida. – anunciou ela, ao estacionar em frente aos enormes portões do colégio J. Falls.

Engoli em seco, por menos que eu quisesse, ainda me lembrava de que meus últimos meses no ensino médio não foram tão agradáveis quanto eu queria que tivessem sido. Na verdade, graças a um pequeno incidente, eles foram bem tortuosos, e se não fosse pela May... Nem sei se teria aguentado.

Ela era incrível, e às vezes eu gostaria de ser igual, mas agora eu estava sozinha, e por menos que isso me agradasse, tinha a chance de reiniciar tudo do zero. Ninguém me conhecia, e da mesma forma que isso podia ser ruim, também podia ser muito bom, não é?

– O que foi, não vai descer, filha? – perguntou minha mãe ao encerrar a chamada.

– Ah, claro. – passei um olhar rápido pelas pessoas que adentravam o colégio, após tirar meu cinto de segurança.

– Tenha um ótimo primeiro dia, minha bonequinha. – minha mãe apertou o meu rosto quando passei a mochila por cima do ombro.

– Dona Elisa, nós já conversamos sobre me fazer passar vergonha. – rolei os olhos, abrindo a porta do carro.

O som de cochichos e conversas espalhadas invadiu o espaço, nada que não fosse familiar para mim, afinal, estávamos em frente a um colégio, não uma igreja. Mesmo assim, senti minhas mãos suarem frio e os batimentos no meu peito aceleraram um pouco, arrastando lembranças desagradáveis de volta aos meus pensamentos. "Vamos, Lizzie! Não tem como ninguém estar falando de você aqui, eles nem te conhecem.", a voz da razão ecoou em minha cabeça, e forcei um sorriso para que minha mãe não percebesse nada.

– Estou ansiosa para saber como foi. – ela disse, assim que desci.

Assenti mais para mim mesma antes de bater a porta. Já havia me decidido, e encararia aquela mudança como uma chance de recomeço, era só fazer tudo certo dessa vez, não estragaria as coisas de novo. É, ia ser bom, eu só precisava confiar nisso. Vi o carro da minha mãe seguir pela rua e acenei em despedida.

Assim que me virei, li o letreiro de ferro com o nome do colégio sobre os enormes portões, tomei um pouco de ar nos pulmões e segui para dentro, me misturando entre as pessoas que caminhavam pelo pátio externo. Haviam muitas árvores e grama verdinha do lado direito, enquanto que do lado esquerdo ficava o estacionamento.

Pelo que li no folheto, a escola disponibilizava de uma área bem ampla, contendo cafeteria, quadra de futebol americano, ginásio, biblioteca, laboratórios, estacionamento, quadra de corrida, área de natação, refeitório e, claro, o pátio externo. Aparentemente, era um bom colégio, mas não era sua estrutura ou metodologias de ensino que me preocupavam.

Me apressei a subir os degraus, passando para dentro do prédio, como o esperado, haviam muitos alunos pelos corredores. Ao caminhar por ali, senti alguns olhares em minha direção, mas resolvi ignorar aquilo, tratando de pegar o folheto com as orientações dentro da minha mochila. Acho que não teria dificuldades para encontrar a minha primeira turma.

Pelo horário, se não me engano, a primeira aula seria de química, não era lá a minha matéria favorita, mas o que fazer, não é mesmo? Já estava fechando a minha mochila quando esbarrei com força em alguém pelo corredor e quase caí no chão, teria mesmo se não tivessem me segurado por trás. Olhei rápido para frente e engoli em seco ao ver um cara alto, de traços orientais e cabelos negros feito a noite, me olhar por cima do ombro.

– Qual é, Tayler? Vê se olha por onde anda, mané. – uma voz rouca soou atrás de mim, e logo me soltaram.

Então, rapidamente desviei minha atenção, terminando de fechar o zíper da minha mochila, ainda precisava encontrar a sala de química para minha primeira aula.

– Aí, desculpa, gatinha. – pediu o tal Tayler em quem eu esbarrei, e logo fez um toque com o outro garoto que me segurou – Fala, grande Davis!

Notei que os dois usavam jaquetas iguais, de cor verde com o símbolo do colégio nas costas, era um brasão muito bonito com um leão branco desenhado no centro, mas não foi isso que me chamou atenção em si. O segundo garoto era ainda mais bonito que o primeiro, ambos tinham quase o mesmo tamanho e porte físico, então logo de cara percebi que eram atletas.

Davis passou sua mão esquerda por entre seus cabelos dourados e levemente bagunçados, numa tentativa de organizá-los para o lado, mas alguns fios rebeldes caíam por sua testa, lhe atribuindo um tom inegavelmente sensual. Senti meu rosto se aquecer inteiro ao perceber o rumo que meus pensamentos tomavam, enquanto seus lábios suavemente rosados se moviam falando algo que eu provavelmente deveria escutar.

– Você não se machucou, né? – questionou ele, e tornei a encarar seus lindos olhos cor de mel.

– Não, eu... Estou bem. Está tudo bem. – tentei ser educada, afinal, ninguém havia se machucado, não é mesmo?

– Foi mal mesmo, mas eu não te vi. – o tal Tayler falou e eu o encarei outra vez.

– Ele é meio cabeça oca assim mesmo, vai se acostumando. – Davis abriu o sorriso mais lindo que já vi, fazendo minhas bochechas esquentarem rapidinho.

Isso sempre acontecia quando estava envergonhada, droga!

– Ah, não. Não tem problema mesmo. – me apressei em responder, não queria parecer uma idiota.

– Tudo certo, gatinha, tudo certo. – Tayler também sorriu.

– Então, você... é nova aqui, não é? – perguntou Davis, me encarando com uma sombra de curiosidade em seus olhos.

– Hey-ey-ey... senhor Jordan! Será que não perdoa por um segundo? – ouvi outra voz se aproximando e olhei naquela direção.

Era um rapaz bem afeiçoado, com cabelos castanhos bem organizados para trás. Ele era alto, mas não tinha lá um corpo muito atlético, e falava de forma divertida. Ao seu lado havia uma menina negra, de cabelos lindos e encaracolados. Ela era baixinha, mas muito bonita, e também sorria enquanto se aproximava, segurando os seus livros com uma das mãos.

– Eu só estava ajudando, não é não? – Jordan olhou para mim com aquele sorriso lindo nos lábios outra vez, depois passou o seu olhar para eles – Afinal, temos de ajudar os colegas, não é o lema do colégio J. Falls, Emilly e Dylan?

– Claro, claro. Sempre prestativos os dois, mas a aluna nova vem com a gente. – Emily pousou sua mão em meu ombro direito.

– E vê se tira o olho. Vocês dois! – Dylan prosseguiu em um tom engraçado, e me virou pelo corredor a direita.

– Hey, qual é? Não era isso... – ouvi Jordan falar, enquanto eles me puxavam, olhei para trás sorrindo ao vê-lo sorrir para mim de volta.

Mordi meu lábio inferior de leve e balancei a cabeça para os lados, seguindo pelo corredor com aqueles dois em risadinhas. Eu não fazia a menor ideia de quem eram, mas a primeira vista, me pareceram bem legais e divertidos.

– Garota, que chama é essa? – Dylan me perguntou – Você me topa de frente logo com aqueles dois pedaços de mal caminho no seu primeiro dia aqui?

– Ah, eu... não conheço eles. Nem vocês. – falei ao pararmos de caminhar.

Eles se entreolharam, depois me encararam em tom sério. Eu arqueei as minhas sobrancelhas, e os dois caíram na risada. Franzi a testa, forçando um sorriso e senti minhas bochechas esquentarem outra vez. Eles estavam rindo de mim?

– Desculpa, desculpa... – Emily pediu, tentando se controlar – É que aquilo lá atrás foi muito engraçado.

– Nossa, você viu a cara do Jordan quando a gente te arrastou para longe? – Dylan também tentava parar de rir.

– Quem... quem são eles? – perguntei curiosa, e eles balançaram a cabeça para os lados.

– O oriental sexy se chama Tayler Dempsey, o loiro gostoso é o Jordan Davis e, bom, eles são os jogadores mais populares do colégio. – Dylan respondeu e eu arqueei uma sobrancelha.

Havia notado que eram jogadores só pelas jaquetas que usavam, mas daí a saber que eram os mais populares... Bem, já era demais, né?

– O Davis é um fofo, e metade das garotas do colégio são louquinhas por ele. – avisou Emily, e senti minhas bochechas esquentarem.

Então Jordan era tão popular com as garotas quanto... Claro, o que eu esperava de um jogador de futebol americano? Eles eram sempre as estrelas do colégio, e por mais que parecessem gentis... "Não, Lizzie, não é certo julgar ninguém assim!", minha consciência rapidamente me corrigiu. Ninguém ali tinha nada a ver com o meu passado, mas era meio difícil não fazer comparações depois de tudo.

– Mas o Tayler já tem namorada, a chefe das líderes e a rainha dessa escola. – Dylan parecia estar voando nas nuvens agora.

– A Christine é o tipo de garota com quem você não vai querer se meter. – explicou Emily – Ah, e... acho que nós devíamos nos apresentar. Eu me chamo Emily Hoffman, também sou uma das líderes, e esse é o Dylan Baker, editor chefe do jornal do colégio. Ele é fascinado pela Christine, ela é tipo a diva inspiradora dele.

– Ah, acho que estou entendendo. – sorri, um tanto confusa, era muita informação de uma só vez – Eu me chamo...

– Lizzie Andrews. – Dylan me interrompeu e arqueei as sobrancelhas – O diretor nos incumbiu de apresentar tudo para você hoje, florzinha.

– É, mas por ora, nós vamos para o campo de futebol americano, vai ter jogo dos Tigers hoje no primeiro horário. – Emily falou animada.

– Ah, por mim tudo bem. – sorri gentil.

Era bom já conhecer alguém antes mesmo do início do primeiro horário, pelo menos não seria tão tedioso quanto eu imaginava. Talvez fazer novos amigos fosse mais fácil do que eu havia pensado. Eles me levaram até o meu novo armário, onde aproveitei para deixar meus livros e cadernos, pois estavam pesando na mochila. Depois disso seguimos para o campo, as arquibancadas estavam começando a ser preenchidas aquela altura.

Emily se despediu de nós, e se juntou a sua equipe de líderes, parece que elas abririam o jogo como de costume. Então Dylan me arrastou para os lugares que ele julgou serem os melhores na arquibancada, eu não contestei nem por um segundo. Enquanto mais e mais alunos eufóricos chegavam, ele ia me atualizando sobre as Lioness e tudo o que dava. A apresentação das meninas foi impecável, acho que a May adoraria liderar aquela equipe, eram mesmo muito boas.

– Aqueles são os Touros Negros, do colégio Ohio. – disse Dylan, assim que o time pôs os pés no campo – Acredita se eu disser que o capitão deles já foi dos Tigers?

– Sério? – arqueei as sobrancelhas, e ele assentiu – E por que resolveu jogar por outro colégio agora?

– É uma longa história, mas em resumo... Ele não presta, e causou um problemão na equipe. – Dylan explicou resumidamente, saltando do banco junto com toda a arquibancada quando a equipe dos Tigers foi chamada.

"Isso mesmo, agora com vocês... o quarterback mais adorado da temporada, JORDAAAN DAVIIIS!" – a voz do narrador quase foi abafada pelos gritos eufóricos da torcida.

Era de arrepiar toda aquela emoção, mas permaneci sentada. Quando os ânimos se acalmaram, Dylan tornou a sentar ao meu lado, e notei todos voltarem aos seus devidos lugares, então pude ver Jordan terminar de cruzar o campo em direção a sua equipe. Em sua camisa, numa fonte bem grande e legível estava estampado os números "09", mas ele não carregava a braçadeira de capitão e sim o Tayler.

Quando o juiz fez sinal para os capitães se aproximarem, ele e Tayler fizeram um toque, então seu olhar veio quase diretamente em minha direção. Uma brisa suave soprou meus cabelos e, por um segundo, quase esqueci como respirar ao ver um sorriso se formar em seus lábios antes dele se virar e colocar o capacete. Involuntariamente minhas bochechas esquentaram, Jordan havia sorrido para mim?

– Ah, ele sorriu pra mim. – disse a garota sentada ao meu lado, com voz apaixonada – Você viu, né?

– Claro que não, sua boba. Foi pra mim. – a amiga dela rebateu no mesmo tom – Ele é tão lindo...

Engoli em seco, rapidamente negando com a cabeça. É claro que tive uma impressão errada, Jordan nem me conhecia para ficar de sorrisinhos durante o jogo. Quer dizer, podia ter sido para qualquer uma ali e isso não me dizia respeito. A partida não demorou a iniciar, e me concentrei apenas nas jogadas e no que Dylan ia dizendo ao meu lado...


Algumas horas mais tarde...

O jogo foi insano, os Touros Negros não tiveram nem chance contra os Tigers, apesar da rivalidade bem presente entre os dois times. No final do terceiro tempo Tayler e o tal Lince, que era capitão do time visitante, se estranharam no campo, e se não fossem as equipes intervirem acho que teriam brigado sério. Não sei os motivos, mas eles não pareciam se dar bem nem um pouquinho sequer.

O placar encerrou com 38 pontos para a casa e 13 pontos para os visitantes, foi mesmo um grande jogo, mas quase não consegui tirar minha atenção do Jordan, pois era ele quem mais marcava na partida. Daí toda aquela euforia quando ele entrava em campo. Somente quando seu olhar vinha em minha direção, que eu conseguia desviar.

Aquilo me deixava um tanto nervosa, mesmo sabendo que provavelmente não era pra mim que ele tanto olhava, por sorte, parece que mais ninguém havia notado isso. Quando a partida encerrou já era quase horário de almoço, Emily pediu que a esperássemos, e assim fizemos. Confesso que achei estranho ela não querer almoçar com a sua equipe de líderes, mas não disse nada.

– Nós estaremos logo ali em frente, na segunda mesa, vou ficar olhando para cá e aceno quando você sair. – explicou Dylan, eu assenti sorrindo.

Acontece que ele e Emily já haviam pedido o almoço, e eu ainda estava olhando o cardápio, me decidindo o que pedir. Não que fosse muito exigente, mas gostava de me alimentar bem, então precisava me familiarizar logo com o cardápio do colégio.

– Tudo bem, obrigada. Já encontro vocês. – agradeci, observando os dois seguirem para fora da cantina.

Tornei a correr os meus olhos pelo cardápio e mordi o cantinho do meu lábio esquerdo, analisando a porcentagem de proteínas e carboidratos de cada prato servido. Sorri ao ver que tinham algumas coisas iguais ao meu outro colégio, e senti alguém se aproximar de mim. Olhei para frente e era a garçonete, ela não parecia estar nada satisfeita comigo, afinal, acho que estava mesmo demorando muito.

– Então, moça, já se decidiu? – questionou ela, me encarando impaciente, eu assenti, forçando um sorriso.

– Sim, quero um suco de laranja, sem açúcar nem adoçante, e um sanduíche, pão sem glúten, por favor? Ah, e sem maionese. – finalizei o pedido, vendo-a franzir a testa, mas confirmou com a cabeça e se virou.

– Max, um sanduíche light e um suco de laranja sem açúcar. – anunciou ela.

Sorri agradecida, me virando para ver se ainda avistava Dylan e Emily, mas acabei esbarrando novamente em alguém que passava por ali. Olhei para frente, logo sentindo as minhas bochechas esquentarem com aquele par de olhos castanhos cor de mel me encarando, junto ao sorriso mais encantador que já vi. Era o Jordan outra vez. Abri a minha boca na intenção de lhe pedir desculpas, mas ele foi mais rápido.

– Só vamos nos encontrar com esbarrões? – perguntou risonho, me arrancando uma risadinha.

– Aparentemente... – ajeitei minha mochila no ombro.

– Olha, talvez eu me acostume. – disse ele, bem humorado.

Eu passei uma mecha de cabelo para trás da orelha, olhando rapidamente para o lado e voltando a encará-lo logo em seguida.

– É, talvez seja bom. Ah, Jordan, não é? – perguntei o seu nome, mesmo já sabendo, ele assentiu.

Não que eu tivesse interesse em conhecê-lo, só era educado da minha parte.

– E você é...? – suas sobrancelhas arquearam, atribuindo um tom de curiosidade a sua feição.

– Lizzie Andrews, mas pode me chamar só de Liz. – respondi rápido, antes que as palavras se embolassem.

– Acho que Liz soa melhor do que "A garota do esbarrão". – disse ele, com todo o seu bom humor, e rimos juntos.

– É, parece melhor. – concordei, vendo-o umedecer os lábios com a língua.

Aquilo era tão simples, mas lhe caía extremamente sexy. Tentei disfarçar que estava olhando diretamente para a sua boca, mudando minha atenção aos seus olhos novamente.

– Você assistiu o jogo, né? Te vi na arquibancada. – cerrei os punhos com força ao ouvi-lo, mas assenti – Então, o que achou?

– Bom, foi legal. Quer dizer, você é brilhante e... A equipe é muito boa. – as palavras saíram apressadas, como se eu não tivesse mais controle nenhum sobre a minha boca.

– Obrigado, Liz. Fico contente que tenha se divertido, mas a verdade é que tivemos muita sorte hoje. – ele deu uma leve risada, me fazendo relaxar um pouquinho.

Devia estar parecendo uma idiota toda nervosa, ainda mais sem motivos assim. Era só uma conversa. Odiava ser tão tímida, sempre acabava passando vergonha por conta disso.

– Hey, garota, o seu lanche! – ouvi a voz da garçonete, e me virei em sua direção.

A bandeja com o que pedi já estava sobre o balcão.

– Ah, claro. Obrigada. – agradeci ao pegar a bandeja.

– Não vai almoçar sozinha, né? – perguntou Jordan, assim que eu me virei para ele outra vez.

– Não. Estou com o Dylan e a Emily. – respondi, seguindo com ele para a área externa da cantina.

– Ah, eles... Aquilo hoje de manhã, não sei o que você ficou pensando, mas eu não quis te deixar sem jeito. – ele tentou se explicar, parecia meio sem graça agora.

– Não, tudo bem. Você me livrou de pagar um mico caindo no meio do corredor no meu primeiro dia. Teria sido péssimo. – usei de bom humor, tentando ser gentil.

Paramos de caminhar, enquanto eu procurava a mesa com os meus novos amigos. Pelo visto, a área externa estava lotada. Parecia bem aconchegante e tranquila, com todas as árvores e mesas de madeira em meio a grama muito bem podada.

– Então, você... chegou hoje? Quer dizer, não é daqui, certo? – questionou Jordan, e eu avistei Dylan acenando para mim.

– Ah, sim. Eu morava em Seattle antes de vir pra cá. Me mudei ontem com os meus pais. Trabalho deles, sabe? – expliquei e ele assentiu.

– Aew, Dan! Chega mais. – alguém gritou, nos fazendo olhar naquela direção.

Era um garoto loiro, de olhos azuis, sentado a mesa com os outros jogadores, suponho que ele também fosse do time. Jordan acenou para eles, logo voltando a me encarar.

– Acho que eu preciso ir. – falou ele, e assenti – Nos vemos... depois?

– Sim, qualquer coisa eu esbarro em você, ou em um dos seus amigos outra vez. – falei em tom risonho, ele também deu um sorriso balançando a cabeça, enquanto tirava o celular do bolso.

– Talvez, você possa me passar o seu número e a gente marca as horas dos esbarrões. – Jordan propôs, desbloqueando o celular. No mesmo instante, senti as minhas bochechas esquentarem, junto a sucessão de borboletas se revirando em meu estômago – O que acha?

Ele queria o meu número. O que eu devia fazer? Por um lado, estava contente que tivesse pedido, mas por outro...

– Bom, eu queria dizer que é uma boa ideia, mas... – olhei rápido por cima do seu ombro, avistando todos os seus amigos atentos a nós dois.

Parecia até que estavam esperando por aquilo, e eu não duvidava que realmente estivessem, ainda mais se fossem tão parecidos com os jogadores do meu antigo colégio, quanto eu achava que deviam ser. Eu não gostava de julgar as pessoas, mas ao mesmo tempo não queria cometer os mesmos erros, porque se o Jordan fosse como o Luke... Talvez eu devesse me manter longe.

– Ainda não te conheço muito bem. Então, acho melhor deixarmos os esbarrões ao acaso, é mais divertido assim. – forcei um sorriso, pois não queria que aquilo soasse grosseiro.

– Ah, é. Claro, você tem razão. – Jordan pareceu meio confuso, mas guardou o celular de volta no bolso.

Fiquei feliz por ele não ter insistido, e respirei aliviada. Afinal, não era tão difícil assim dizer um não. Acho que estava orgulhosa de mim, mesmo sabendo que a May arrancaria meu pescoço se soubesse disso.

– Uhuhu! O DAVIS TOMOU UM FORA! – alguns garotos da mesa dos jogadores começaram a gritar entre gargalhadas, e o vi negar com a cabeça.

– Desculpa por isso... – pediu Jordan, completamente envergonhado, eu assenti apertando a bandeja em mãos.

Fiz certo em negar, não é?

– Ah, sem problemas. – me afastei um passo antes de me virar – Até mais.

– Até, Liz. – ele sorriu doce.

Nos despedimos e eu segui o meu caminho, sentindo os olhares voltados para mim, depois daquela gritaria dos garotos do time. Me apressei a chegar até a mesa onde Dylan e Emily estavam sentados, tentando não demonstrar o quão nervosa eu estava. Não fazia ideia de como aquilo aconteceu, ou se eu tinha feito certo em negar o meu número para Jordan, mas foi bem rápido e acho que eu não tive muito tempo para pensar direito.

– Ai, florzinha, você faz mesmo o estilo de jogador do colégio J. Falls? – Dylan arqueou uma sobrancelha, quando me sentei à mesa.

– Hey! Não são todos uns trogloditas. – Emily defendeu e ele deu uma risadinha.

– Tá, tá! O Noah é uma exceção, meu brotinho de rosa, mas o Davis? – ele suspirou, me deixando um pouco mais tensa.

– Ah, para! Ele é legal. – disse Emily, convicta. Eu dei um sorrisinho sem graça, abrindo o meu suco.

– Não foi nada demais. Ele só pediu o meu número e eu neguei. Não o conheço. – falei sem olhá-los, estava muito envergonhada mesmo.

– Tá, mas como o seu tutor, me sinto na obrigação de alertar para que fique longe do Davis. Ele é um cafajeste de carteirinha, e só quer uma coisa das meninas... – ele avisou o que eu já imaginava.

– Não corta o barato da Liz, Dylan. O Davis não é assim. Daqui do colégio ele só namorou uma garota, a enjoada da Ashley. – Emily deu um sorriso gentil para mim.

– Claro, isso enquanto saía com a Rebecca, a Gaby e a Karen. – Dylan gesticulava com um canudo em mãos.

– Você é terrível... – Emily o repreendeu – Não dá ouvidos para o Dylan, Liz, ele aumenta tudo. O Davis é um cara legal, e não parou de te olhar o jogo inteirinho hoje.

Quase virei meu copo de suco na mesa ao ouvi-la. Bom, Jordan praticamente me confirmou aquilo a alguns minutos atrás, mas... Eu não achei que outra pessoa tivesse notado.

– É, tá bom, tá bom. Mas fica longe daquele margin... Meu Deus, é a Christine. – Dylan mudou completamente o assunto, arregalando os olhos.

– Olá, raiozinho da manhã. – olhei para trás, vendo uma garota ruiva se aproximar.

Então, aquela era a tal Christine? Ela era realmente muito bonita, como Dylan tinha dito. Com seus cabelos ruivos e compridos, medindo até um pouco abaixo de sua cintura. Era um tanto mais alta que eu e, por Deus, impecavelmente arrumada. Esbanjava um largo sorriso naqueles lábios marcados com um batom de cor vermelha bem intensa. Era do tipo de garota que tinha o cara que quisesse em suas mãos e ao seu dispor. Emily tinha me explicado que Dylan a venerava, agora eu acho que entendia o porquê.

– Ah, olá. – falei meio sem jeito, quando notei que ela me encarava diretamente com aqueles olhos azul turquesa.

– Você é a aluna nova, não é? Soube que chegou hoje ao colégio e, provavelmente, vai ter que se matricular em uma das atividades extras. – ela sorriu, puxando a cadeira ao lado e se sentou.

– Ah, sim. Me chamo Lizzie. E você eu já ouvi falar, Christine, certo? – perguntei e ela rapidamente assentiu.

– Ótimo, já somos quase amigas. Então, vim como chefe das líderes de torcida avisar que os testes ainda estão abertos, e você será muito bem-vinda as Lioness do Colégio J. Falls. – ela anunciou em um tom doce.

– Ah, nossa! Obrigada, eu vou me inscrever sim. – sorri animada, adorava dançar – No meu outro colégio eu também era uma líder de torcida.

– Oh, é mesmo? E em qual colégio você estudava? – Christine parecia realmente interessada naquilo.

– Mistck River, de Seattle, o meu grupo eram as Vikings. – respondi sorridente, ela também sorriu.

– Nossa, então você fazia parte das Vikings? Elas são muito boas mesmo, mas você vai ver que as Lioness estão em um nível um pouco superior, sem desmerecer a sua antiga equipe, mas é só a verdade. – ela me soou um tanto convencida demais.

– Ah, claro. – forcei um sorriso, não queria ser mal-educada – Irei fazer o teste.

– É claro que vai, florzinha. Mas agora eu preciso espalhar essa notícia pelo colégio, precisamos de três garotas boas. Talvez, – ela olhou para Emily, que comia o seu enorme hambúrguer, então fez uma careta de nojinho – mais algumas, se certas meninas continuarem a comer como elefantes.

Emily rolou os olhos, tomando o seu refrigerante, fazendo barulhinho só para irritar a ruiva implicante. Precisei segurar o riso ao ver Christine se levantar furiosa.

– Espero te ver em breve. – ela se despediu, e eu acenei com uma das mãos.

Ouvi o Dylan dar um suspiro quando ela se virou, tratando de ir embora, e ri daquilo. Ele era realmente um fã da chefe das Lioness. E não vou mentir, eu acabei achando ela um tanto esnobe e chatinha, mas não posso negar que era mesmo muito linda. Olhei para frente e vi a Emily sorrir, colocando o hambúrguer em seu prato, acho que ela tinha escolhido aquela comida especialmente para provocar a Christine.

– O que foi isso? – perguntei finalmente, na tentativa de entender o que tinha acabado de acontecer.

– Isso? Foi só o furacão Christine, vai se acostumando que ela é sempre assim, e se você entrar para as Lioness, vai ver que estou falando a verdade. – ela respondeu rapidamente e entronchou a boca para o lado, mas depois deu risada outra vez.

– Estou passada... – ri junto a ela.

– Hey-ey-ey! Do que vocês estão rindo? – Dylan perguntou confuso, pois até há poucos instantes ele estava perdido em seus pensamentos e suspiros.

– Nada! – respondemos em coro e continuamos a rir sem controle.


[...]

E aí, o que acharam do capítulo? Deixe seus comentários e não esqueça de votar no capítulo. Beijinhoooos!

PS.: Por questões de coerência, esse livro mudou de título, no entanto as premiações nos concursos foram registradas com o título original da história. Espero que entendam 😘

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