×××

Eu despertei me sentindo perdida até relembrar os últimos acontecimentos. Levei a mão até meu ventre e olhei para os lados observando o quarto e uma enfermeira mexendo em algo que não identifiquei.

— Como está o meu bebê? — eu perguntei com a voz rouca e falhada.

A mulher loira se virou para mim e me olhou meio cabisbaixa. Eu senti uma pontada no peito.

— O que aconteceu? — eu perguntei elevando meu tom de voz.

— Você sofreu um aborto, a criança não sobreviveu. — ela disse e eu senti como se o tempo parasse.

Meus olhos se encheram de lágrimas, apenas uma gotícula derramei e nenhuma outra. Em estado de choque fiquei não sei por quantos minutos.

Eu não sinto nada no momento se não um vazio enorme no peito.

Eu olho para o teto branco e na minha mente me pergunto o porquê de tanto sofrimento.

Era o meu bebezinho.

— Foi espontâneo? — eu a questionei, mas a mulher não disse nada apenas se virou e saiu do quarto.

Não muito tempo depois a mulher que se denomina minha mãe biológica entrou no quarto em que estou com um enorme sorriso satisfeito.

Eu a odeio por tudo o que está fazendo eu passar.

— Que bom que já acordou, já sabe o que aconteceu com a criança, eu já mandei enterra-la não precisa mais se preocupar com isso.

— Você não tinha esse direito. — vociferei furiosa. — Era o meu bebê, por culpa sua eu o perdi. Eu te odeio!

— Muita gente me odeia e não me importa, os exames estão quase prontos, logo ponderemos saber os resultados. Se prepare. — ela disse amarga.

— E eu tenho um recadinho do seu marido que parece muito bem sem você. — ela me entregou um celular com o vídeo de Josh e a mulher que eu reconheço muito bem.

— Ele disse que não pode fazer mais nada, até porque ele está no mundo dos mortos agora. — ela começou a rir maldosa.

— É mentira. — eu gritei incrédula.

— Acredite no que quiser. — ela disse com seu sorriso diabólico. Eu joguei o celular na direção dela.

— Eu não acredito em você.

— Pense que se os resultados forem positivos você morrerá logo para acabar com essa frustração. — ela saiu do quarto com sua pose arrogante.

Eu levantei o vestido que colocaram em mim e vi os pontos que deram. Senti meu mundo desabar e dessa vez o choro veio com força e eu não pude conter.
Por mais que eu quisesse ser forte eu não consegui.

...

Em posição fetal eu fiquei por quase dias, eu não tinha forças para nada, absolutamente nada. Eu já não tinha mais lágrimas para chorar, eu não conseguia mais me alimentar e talvez "minha mãe" estivesse certa.

A morte talvez seja a parte menos dolorosa da vida e já não vejo mais muitos motivos para vive-la.

Mas eu ainda tenho meu pequeno Jack.

— Os resultados saíram. — Priscila entrou no quarto acompanhada de seus capangas.

Eu a olhei sem ânimo, apenas esperando pela resposta.

— Você não é compatível. — ela disse com frustração. Eu a encarei sem reação.

Uma mulher entrou com meu filho nos braços.

— Agora vai me deixar livre? — questionei e estiquei meus braços querendo meu bebê.

A mulher não me entregou.

Priscila ficou em silêncio.

Uns barulhos de tiros nós ouvimos e os capangas entraram em alerta. Ela ficou me encarando enquanto os homens correm para fora.

— Vieram na hora certa. — ela disse e eu franzi a testa.

Os tiros são frequentes. Jack chora alto e a mulher me entregou meu filho, eu o ninei em meus braços.

— Shhh, meu amor, vai ficar tudo bem. — eu sussurro.

Priscila ri.

— Não se iluda. — ela disse e a porta do quarto foi aberta brutalmente.

Josh entrou no quarto ofegante.

Eu senti um peso sair do meu peito.

Ele atirou na babá e mirou a cabeça de Priscila.

— Eu deveria te dar uma morte lenta, sua filha da puta. — ele disse para ela.

— Que feio xingando a sogrinha. — falou debochada.

— Eu vou acabar com você. Como pôde fazer isso com a própria filha? — ele grita furioso.

— Ela não me serve mais, mas também não serve para você. — ela disse com o sorriso perverso. — Mas você, Beauchamp, serve para mim.

Eu a olhei com nojo e me levantei com dificuldade para ir para perto de Josh.

— Do que está falando, sua nojenta? — que grunhiu e me colocou para trás dele.

— Você não pode mais ficar com ela, você ainda que novo também tem seus dias contados e é o único compatível. Betina fez um ótimo trabalho para mim. — ela disse e eu fiquei confusa. — Levem ele.

Uns homens apareceram eu gritei para soltarem ele, mas me agarraram pelos ombros enquanto seguro Jack.

Josh não teve tempo de reagir, enfiaram uma agulha e injetaram algo que o amoleceu completamente.

— Você não sabia né?! Apenas estou acelerando o processo, ele está doente a algum tempo e seu coração agora será meu. — ela disse gargalhando cínica.

As lágrimas rolaram.

— Agora Betina terá tudo o que era dele, ela será a chefe e você poderá ficar com o que tem. — Priscila falou sem um resquício de remorso. — Leve ela. — ela tomou Jack dos meus braços. — Não se preocupe filhinha, farei um bom trabalho com meu netinho.

O homem me prendeu em seus braços pela cintura e me arrastou para fora da casa.

Eu tentei me soltar, mas foi impossível, o homem tem o dobro de tamanho e o triplo de minha força.

Quando eu desisti de lutar contra o brutamontes um filme começou a rodar em minha cabeça. Tudo o que aconteceu em minha vida começou a passar em câmera lenta.

Lembro quando eu era apenas uma garotinha sonhadora, que queria viver um conto de fadas como as princesas da Disney. Pensava que viveria um romance épico com um príncipe incrível e romântico, que teria uma vida perfeita.

Mas quando amadureci percebi que os contos de fadas só fazem sentido para nos lembrar que a vida não é um sonho.

Eu matei meu pai e quase destruí meu irmão, encontrei um homem lindo, mas ele é um criminoso, eu construí uma família, mas ela está arruinada e eu não sou uma princesa, sou apenas uma vítima dessa história trágica.

Eu não poderia viver meus sonhos, contudo, eu tive o privilégio de conhecer e gerar as pessoas mais incríveis de todas.

Pensar que tudo pode acabar assim.

Meus bebês foram tirados de mim e Josh tem um fim determinado.

Eu não tenho mais nada para fazer nesta terra. Eu só queria que tudo fosse diferente, mas a minha realidade é o meu pior pesadelo.

O homem me levou para um beco, ele me jogou no chão e puxou sua arma. Pronta para meu fim eu fechei meus olhos e respirei fundo.

O disparo foi dado e eu senti o sangue se espalhar.

FIM?!

Final lindo né gente?!

Temos mais um capítulo e então poderemos nos despedir dessa tragédia de fanfic.

bjs <3