- Bem, James tenho de ir! 

A mãe e Scooter entraram em casa divertidos.

- Tens mesmo de ir?- Perguntei e senti um vazio por dentro.

- Bia porque é que não vais para o teu quarto...- Improvisou a mãe.

- Sim. Foi um gosto conhece-lo David, faça boa viagem!- Disse despedindo-se de Scooter, subindo as escadas de seguida.

- Adeus Beatriz!- Despediu-se ele.

- Não vás, por favor! Eu estou aqui sozinho! Não tenho ninguém! Scooter não me faças isto!- Disse eu assim que ouvi a porta do quarto fechar-se, sentia os olhos lacrimejar.

- Não dá, Justin. Já estives-te mais longe de casa e aguentaste-te...- Respondeu-me com certo "peso".

- Era temporário! E tinha todos comigo, aqui eu não posso falar com ninguém, não posso contar com ninguém, eu não confio em ninguém...- Eu sentia-me mais sozinho que nunca.

- Eu venho buscar-te. Só tens de ser normal...

- Normal?! Mas tu achas que eu sei o que é ser normal?!- Explodi de vez. Eu já não sabia o significado de normal à muito tempo.

- Se não sabes é bom que aprendas! Pede ajuda e não sejas orgulhoso!- Disse-me de forma fria.- Eu venho buscar-te. Porta-te bem, e não sejas mal-educado, desobediente, rude... e controla os teus ataques de raiva.- Ele amansou a voz.

- Vou ter saudades Scott!- Abracei-o com força.- Diz à minha mãe, que adoro e vou ligar-lhe o máximo de vezes possível.

- Eu digo, Justin. Eu digo... aproveita para ser feliz.- E saiu de casa.

Aquelas palavras rebentaram comigo: "Aproveita para ser feliz".

Sei que assim que a porta à minha frente se fechou caí de joelhos e senti umas lágrimas saírem de mim. A ultima vez que isso aconteceu foi quando, foi quando... esqueçam. Eu estava sozinho no Mundo, agora mais que nunca.

Olhei de relance para Raquel e vi que ela também soltou uma lágrima. Veio ter comigo, ajudou-me a levantar e abraçou-me:

- Lamento, Justin...- Disse-me. Abracei-a com força. Normalmente era eu quem dava os abraços, mas desta vez eu estava mesmo a precisar de um, a Raquel não me tratava como se eu fosse aquela estrela-pop convencida e rude, tratava-me pelo que eu era: o Justin Bieber, o adolescente com saudades de casa.

- Sim...

- Quero que saibas que podes falar comigo sobre o que precisares: se tiveres alguma dúvida, precisares de ajuda, algum pedido... eu estou aqui e vou tentar ajudar-te.

- Obrigado. Vou levar as malas para cima.- Demorei uns 20 minutos a carregar aquilo tudo. 

Depois tranquei-me no quarto apenas com a minha melhor companheira: a guitarra. Queria tocar algo, mas tinha-se apagado tudo. Desde o que era meu, às músicas dos outros que eu sabia... tudo foi embora, até que me veio algo muito especial, o meu "Be alright"; nem tive tempo de começar a tocar, bateram-me à porta.

- James, estás bem?- Era a Bia.

- Sim, olha Bia... eu preciso de ficar sozinho, ok?

- Claro, estou lá em baixo...

- Espera! Senta-te aqui!- Pedi e ela sentou-se.

- Olha, quero que saibas que... eu... eu sou um aluno que se esforçava para conseguir trazer ao de cima o melhor de mim: sou criativo e às vezes nem durmo de noite para conseguir alcançar os meus objetivos, é uma vida dura mas já consegui alcançar alguns patamares que à uns anos eram impensáveis; impossíveis mesmo!

Ela ouvia-me com atenção, via-se que se preocupava comigo de verdade.

- Às vezes fico longe de casa, uns meses mas depois volto e nunca mais largo os meus amigos, familiares... mas tenho sempre a minha equipa comigo, quer dizer os meus professores e colegas, somos como uma família, mas agora eu estou aqui sozinho, estão todos do outro lado do Atlântico, e eu aqui sozinho sem ter em quem confiar, com quem falar...

Senti um abraço que foi um pouco atrapalhado pela guitarra. A Bia tinha a sua face na curva do meu pescoço:

- Eu sei que só nos conhecemos hoje, mas podes confiar em mim, não quero que te sintas sozinho: se sentires saudades a meio da noite, ou assim podes invadir-me o quarto e ficamos na conversa ou fazer qualquer coisa para isso passar.

- Obrigada, Bia. És muito fixe, muito mesmo...

- De nada. Se estás a pensar na Adriana, ela também não é má de todo, mas tem estes desequilíbrios. Uma das minhas melhores amigas é directioner e nós não nos damos assim. Bem vou-me embora. Fica à vontade!- Disse fechando a porta.

Sorri fraco, esta Beatriz estava a ser espetacular. Lá comecei a dedilhar a minha companheira para mandar as saudades da música embora.

...

- Meninos, jantar!- Chamou Raquel.

Os três saímos do quarto a correr.

- O que é?- Adriana.

- Línguas de perguntador!- Disse a mãe a brincar.

- Então pai?- Beatriz foi ter com ele e abraçou-o com força.

- Tudo bem, olha: hoje temos mais gente para jantar!- Disse Filipe sorrindo.

Aproximei-me com um sorriso simpático.

- Olá, como está?- Disse em português. Andei a treina: é a única coisa que sei dizer!

- Bem, obrigada...

- James, o meu nome é James!

- Bom, espero que te sintas confortável...- Disse o pai.

- Sim, são todos muito simpáticos, obrigado por tudo!

- Bem vamos jantar?- Beatriz.

- Sim!- Eu e o pai.

Sentámonos à mesa.

- Para explicar as tarefas: como eu e a Beatriz pusemos a mesa, tu e a Adriana lavam a loiça!- Disse Raquel.

- Tem mesmo de ser?- Eu/Adriana.

- Tem mesmo de ser, sim.- Confirmou firme.

Comemos, rimos e pusemos conversa. Faziam-me muitas perguntas sobre a América, a cultura, os saberes, o modo de vida... eram muito fiches! Como combinado depois de jantar eu e a Adriana fomos lavar a loiça.

- Então, que é que gostas de fazer?

- Sorry, Eu não falo inglês.- Ela disse, mas eu não percebi. Chamá-mos a Beatriz, que estava a ver o noticiário.

- Ela disse que não percebe inglês.- Disse para mim.- Adriana o James perguntou-te o que tu gostavas de fazer.

- Nesse caso, eu gosto de ouvir música e desporto!- Disse com um sorriso.

A Bia traduziu e eu também sorri.

- A sério?! São as minhas coisas favoritas! Já experimentaste basquetebol, ou hóquei no gelo?

- Gosto de basquetebol, mas nunca hóquei, principalmente no gelo.

Rimos os três. Mas vi que a Beatriz já estava a milhas de distancia. No planeta Bieber.

- Ei malta, venham cá!- Chamou Filipe.

Vimos as letras gordas do noticiário, mas eu só ouvia o que eu meu mini-tradutor me dizia pela voz da jornalista.

A cantora Selena Gomes confirma o namoro com Niall Horan...

- O QUÊ?!!!?- Estávamos os três mais que estúpidos a olhar para o ecrã.

A ex-namorada de Justin Bieber diz que está a viver o romance com quem a valoriza verdadeiramente. Uma fonte revela que Niall lhe ofereceu uma simples camisola de dormir com o seu perfume, para a cantora nunca se esquecer dele...

- O QUÊ?!!!?-  Continuávamos os três mais que estúpidos a olhar para o ecrã.

"Com quem a valoriza?! Ela é/era tudo para mim! Como é que me pode fazer isto... com o Niall?!"

Isso pode significar que Selena pode ter esquecido de vez o romance com a estrela-pop Justin Bieber. O próprio admitiu que a cantora de "Good for you" não o deixava ser ele próprio. Será o fim de Jelena, para sempre?

- Que porra é esta? O que é que o meu Niall faz com aquela meia-leca?!- Perguntou Adriana.

- Pior que isso: uma camisola de dormir com perfume?! Se eu agora fosse ao garanhão pedia-lhe todos os Ferraris, carros de luxo... e a fama! Eu sei que não é por aí que conta, mas porra: o Bieber gostava mesmo dela, gostava dela a sério! Para quê o Niall?!- A Beatriz estava tão surpreendida como eu.

- Bom, pelo menos sabemos que soube escolher o lado dos vencedores antes de acabar divorciada...- Aquela directioner adorava encher o saco.

- Ouve lá, Adriana, o qual é o teu nome mesmo. O Justin gostava a sério daquela cantora de 2º categoria. Ele é novo mas isso sabia sem duvida alguma. Essa cena de passar para o outro lado é só uma desculpa para se esquecer dele, percebes?! Ela também o amava como ninguém, mas ele meteu-lhe os cornos da pior maneira!- Falei. Só subi a correr para o quarto.

- Dou-te um mês para eles acabarem!- Apostou Beatriz com a irmã.