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Capítulo 4: Aluno de intercâmbio

- Olá?! És tu Scooter?- A senhora perguntou.

- Raquel?! Tu estás muito diferente! Num bom sentido claro...- Rematou Scooter.

- Entrem!- Ela disse toda animada.

Os três tivemos que acatar com as malas, eram imensas!

- Tens mais barba, Scooter; e cortas-te o cabelo?- A mulher continuava.

- Não quero ser rude, mas também cá estou!- Fiz-me notar. Desde que entrei naquela casa ainda não tinha ouvido o meu nome, era só Scooter e Scooter!

- Sim... o Justin Bieber!- Disse a senhora com um sorriso simpático.

- Falta "O grande" Justin Bieber!- Corrigi.

- Não... és mais baixo que eu!- Essa doeu no orgulho.

O Scooter riu e eu fuzilei-o com os olhos.

- Justin, eu sou a Raquel. Pelo que percebi o teu nome é James Butler, certo?- Perguntou-me.

- Sim, sou o Butler!- Butler uma porra! Eu sou Bieber!

- Antes de mais tenho a avisar que tenho duas filhas: uma directioner, ou anti-belieber porque é mais isso que se passa; e uma... belieber!- Disse Raquel.- E não me faças esse sorriso: dás uma de espertinho com alguma delas...

- E olá África, adeus Portugal!- Completou a treta do meu agente.

- Portanto não vou poder dizer um "obrigado", a uma fã minha, nem dar um abraço simpático e vou ver ataques de febre Bieber à minha frente e não vou poder dizer nada?!

- Sim, é isso!- Ela disse indiferente.

- Ok, era só para confirmar.- Fiz de conta que não me afetou, mas afetou caraças, afetou.

- Sigam-me vou mostrar-vos a casa:- Demos uma volta.- Aqui é a cozinha, a sala... a sala de estar... aqui a garagem, ...ginásio...

- Esse sim é o meu território!- Disse inconscientemente.

Os dois olharam-me de lado.

- Ok, eu vou fazer um esforço...

- No andar de cima, temos os quartos!- Ela encaminhou-me para o meu quarto.

- Ok, qual é o meu?

- É este.- Ela deixou-me em frente a uma porta.

- Ora, tens tudo o que precisas lá dentro...

Ouviu-se a porta de casa abrir-se:

- Olá, mãe!

- Depressa entrem!- Disse empurrando-nos aos dois para dentro daquela divisão.

- Põem os óculos de sol!- Eu meti-os e pus o capuz do meu casaco.

- Demoras-te hoje, Bia.- Ouviu-se dizer.

- Sim, pensava que tinha dinheiro para o autocarro, mas tive de o dar à Adriana e de pedir a um colega meu. Amanhã tenho de lhe levar o dinheiro...- Ouviu-se outra voz, e o meu aparelho traduziu.

- Tudo bem...

- Vamos de viagem? Haviam tantas malas na entrada... o rapaz do intercâmbio já chegou?- Perguntou essa tal Bia.

- Sim...

Era a nossa vez. Saímos daquele quarto.

- Vez... tens de fazer força no trinco da janela.- Inventou o Scooter em português.

Virei-me para a rapariga e tirei os óculos de sol substituindo-os depressa pelos de graduação. Eu estava irreconhecível: risco ao meio, calças de ganga puxadas para cima, camisa, pólo e laço? Eu ia matar o Ryan assim que voltasse, para meu consultor de swag isto está tudo menos swag!

- Hello!- Ela abriu um grande sorriso.

Eu dei-lhe um beijo na bochecha:

- Hello!

O seu celular fez um barulho qualquer.

- Desculpem: Notificações JB!

Este era o perigo do meu território: a belieber.

- Como eu estava a dizer, é um prazer conhecer-te!

- Prazer, só na cama princesa!

O Scooter deu-me uma pancada fortíssima na cabeça, ela olhava-me com uma sobrancelha levantada.

- Que foi?- Perguntou a mãe.

- Nada, só queria não ser tão boa a inglês!- Disse ela.- Afinal qual é o teu nome?

- Sou o Butler, James Butler.- Normalmente fica melhor com Bieber, mas não podia.

- Ok, Butler. Só deixar um aviso: começas com essas piadinhas da treta e podes ir lá para a América ou o raio que o parta!- Ela disse em inglês.

Eu levantei os braços em sinal de desistência. Ela entrou para o seu quarto. Ouviu-se um grito agoniante.

- Foste apanhado!- Scooter/Raquel.

- Não! Isto não foi um grito de febre Bieber!- Entrei pelo quarto depressa.

A Bia estava de joelhos no chão.

- Que foi?

Não precisei de resposta. Haviam pedaços de posters ainda rasgados nas paredes, o que faltava estava em cima da cama, bem amarrotado e rasgado. Estes não iam lá com fita-cola.

- MÃE!!

- Eu sei, eu estou aqui!

A Bia estava a fazer um esforço grande para não chorar. Até a mim me estava a doer, era a minha cara!

- Acabou!! Eu vou enxertar aquela atrasada mental!

Ela saiu do quarto a grande velocidade, mas nem precisou.

- Ui! Que ouve mana?! O Justin Bieber... está bem... amarrotado!- Aquela maninha mais nova riu, ainda agora cá cheguei já me estou a passar.- O tempo que estás a gritar comigo lhe fosses buscar fita-cola... Pelos vistos a maconha que ele fuma é tanta que lhe chegas aos posters: estão completamente acabados!

- Eu não te admito, filha da ...- A mãe agarrou-a.- Eu não te admito que me fales assim incompetente! Vais pagar-me estes posters todos, eu tinha quatro posters de coleção! Sabes o que eu tive de trabalhar para os comprar?- Agora sim eu vi umas lágrimas descerem do seu rosto delicado.- E ninguém fá-la assim de Justin Drew Bieber! Eu ainda me vou vingar, e vai doer-te tanto que vais a chorar para o colinho do Styles!

O Scooter estava a agarrar-me a todo o momento, mas eu soltei-me.

- Ó Directioner da treta! Sim tu, a pequena de cabelos escuros. Não é nada simpático fazer isto: e não é por ser Bieber, até podia ser Avicii; não tinhas de fazer isto à tua irmã; ela nunca te rasgou um poster. Aqui ninguém te obriga a ser belieber, mas se respeitam o teu gosto e opinião respeita a dos outros! E não gostei nada dos "elogios" que deste lá ao Bieber. O gajo pode ser um cabrão do caraças, e pode nem fazer nada de jeito, mas tenho a certeza que nunca te pediu opinião!

Todos me olharam surpreendidos.

- E quem és tu?- Ela perguntou com cara de desprezo.

- Eu sou aquele que te vai meter na linha! Volto a ver mais um poster rasgado, de quem quer que seja e a bolha rebenta!- Eu sou firme quando quero.

A Beatriz aproximou-se da secretária. Todos saíram menos eu. Aí eu vi largas lágrimas a escorrerem. Olhei para o que tinha nas mãos. Era um desenho feito em mil pedaços:

- Era o quê?- Perguntei com cuidado.

- James, quando eu crescer quero ser estilista. Eu gosto de praticar nos meus croquis: este foi o meu primeiro, foi de minha autoria não era uma cópia que eu vi na internet.

Ela juntos os pedaços que conseguiu em cima da escrivaninha:

- Este fato era para... para... não importa.

- O Justin Bieber?

- Sim.- Ela soltou um riso envergonhado.

- Como era?

- Era um terno preto, com uma camisa simples branca. O terno tinha estampados no tecido, as calças tinham um desing confortável, mas não desportivo, que dava para ele ir andar de skate depois dos eventos; tinha um laço falso, sim porque ele tem ar de saber fazer laços tão bem como eu...

Os dois rimos. Era verdade eu tinha de pedir sempre a alguém para me fazer os laços!

- O laço tinha um botão que o ligava à fita que rodeia o pescoço. Os sapatos eram de verniz, em pele sintética, mas estou indecisa entre uns sneaker's pretos e prateados.

- Tenho a dizer que se o fato não tem nada de casual, se metesses os sneaker's ias estragar o visual!- Soltei eu.

- Sim... tens razão!- Ela tinha um sorriso triste.

- Aposto que se o Justin visse este fato, iria quer usá-lo!- Eu gostava mesmo daquele terno. Ela até tinha pensado no pós-cerimónia: escolher os tecidos mais confortáveis para o skate.

- É um fato feito por uma adolescente; não é nenhum Valentino!

- Tu é que sabes...

Abri a porta da quarto para sair:

- James, obrigado!

- De nada, Bia. Olha o que é que se come por aqui?- Eu estava morto de fome.

Ela riu:

- Anda! Também tenho fome, acho que tenho qualquer coisa no frigorífico.

- Bia, a Adriana está de castigo! A mesada que ela receber vai para ti até compensar o dinheiro dos posters, e tu não te vais vingar!

- Eu?! Não...- A Beatriz foi bastante irónica.- Rebentar com todos os meus posters, desenhos e falar daquela maneira de JB?! Eu cada vez a amo mais!

Ela foi direito à cozinha, ignorando o Scooter e a mãe. O Scooter também estava meio que diferente, usava mais roupa e quase não falava, as beliebers que me conheciam, conheciam-no a ele.

- Então... quando é que estás a pensar levar as malas para cima?- Aquele Scooter gostava de encher o saco.

- Quando a pirralha directioner me pedir desculpas!

- Ela não sabe, nem vai saber quem tu és!- Atirou essa Raquel.

- Não podem pelo menos mandá-la parar com as ofensas à minha pessoa, verdadeira pessoa?!- Eu implorava não queria mandar aquela Adriana a um sitio.

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