- Ultimo concerto da tout!- Dissemos aliviados, mas havia uma nota de desilusão na nossa voz.

Foram dois anos à volta do mundo com estas pessoas, como uma família, passávamos grande parte do tempo juntos.

- Parece que é o fim.- Comentou uma delas.

- Pois... eu vou sentir falta disto pessoal.- Comentou um outro.

O Justin não estava. Ele era muito rico para se dar com os bailarinos, ele chegava aos bastidores, entrava no palco, fazia o sei trabalho e ia embora.

Eu não era assim, eu era um deles. Eu achava errada a forma como o Bieber agia. E como eu namorava com ele, vários bailarinos me olhavam de lado e eu sabia que falavam mal nas minhas costas, mas eu estava-me nas tintas para as suas bocas ou para o que pensavam.

Depois do concerto troquei de roupa e entrei com o Justin, que me esperava no Range Rover, a direito para o aeroporto.

Enquanto estávamos no avião eu achei um pouco estranho o seu comportamento.

- Tu não... não te toca isto? A tua tour acabou, Justin.

- Eu sei.

- E... lamento dizer-te mas acho que se era para isto funcionar como equipa, correu mal.- Disse cruzando os braços.

- Porquê?- Encarou-me.

- Porque havia a equipa unida. O staff com os bailarinos e todo o resto da equipa e depois... havias tu.

- Eu percebo o que me queres dizer, mas é melhor assim. Eu já fiz duas tours antes desta e, acredita em mim, eu dispenso os dramas do final e lágrimas e palavras comoventes...

Eu assenti, ele tinha razão.

- O que é que eu faço agora?- Perguntei para o ar.

Ele olhou-me.

- Como assim? Não estás a pensar ir...

- Eu não sei Justin. O meu sonho era entrar nesta tour e eu concretizei-o. Eu só não sei o meu lugar agora.

- Porque é que não tentas arranjar outro sonho?- Sorriu.

Recebi uma chamada e atendi.

- Oi Bia!! Noticias escaldantes!!- Disse animada.

- Vem merda...- Gozei.

- Cala a boca e ouve: a Taylor Caniff... Swift está a fazer audições para um espetáculo em Calabasas e achei que tivesses interessada.

- AI NÃO POSSO!! QUANDO?!

- Para a semana, o espetáculo é daqui a um mês.

- Tchau! Eu já te ligo!

- Que foi?- Ele sorriu ao ver a minha felicidade toda.

- A Taylor vai fazer um espetáculo e as audições estão abertas!!

- Tu não vais entrar num espetáculo da Taylor!- Disse já serio.

- Porquê?! Lá por tu e ela andarem à pancada eu não tenho nada a haver com isso.

- Ela vai meter-te de parte de propósito. Ela é a Taylor!- Advertiu.

- Mesmo assim, eu vou tentar.

- Tu lá sabes.

...No dia da audição...

Eu estou tão nervosa. Eu já nem me lembrava de toda esta emoção.

Lembrei-me da audição do Justin e sorri.

O meu nome foi chamado e entrei. Não eram assim tantos bailarinos, talvez umas dezenas, mas nada como numa tour.

- Como correu?- Perguntou assim que cheguei a casa. Parecia tenso.

- Acho que bem, e tu? Que é que se passa?- Sorri e dei-lhe um beijo para o confortar.

- Eu tenho de falar contigo...- Puxou-me para a cozinha, parecia serio.- Eu...

Ouvi umas gargalhadas, atrás de mim e olhei. O Mike brincava com uma menina com talvez uns 4 anos e sorri.

- Pipoquinha, podes ir lá para fora? O pai quer falar com a Bia.

PERAÍ!! PAI?! EU ESPERO BEM QUE ISSO SEJA UMA ALCUNHA PARA UM DOS FILHOS DAS KARDASHIAN!!!

A pequena sorriu e saiu com o animal.

- Justin...

- Eu... eu sou pai dela. Pelos vistos sou.

- Tu sabias?- Perguntei com as lágrimas nos olhos.

- Não, eu não desconfiava sequer.

Sentei-me na cadeira da cozinha.

- Quase 4 anos. Antes de ir para Portugal, bem... deve de ter sido aí.

O choque invadiu-me.

O Justin tinha uma filha e não era minha.

- Eu...- Ouviu-se bater à campainha.

Pattie!

- Onde está a minha netinha?!- Ela tinha um sorriso tão grande. Estava tão feliz. As suas palavras magoaram-me.

- Parabéns!- Veio abraçar-me.

Eu senti-me estúpida e o meu coração partiu-se, eu não conseguia falar sequer.

- Mãe, não é da Bia.- O Justin passou as mãos pela cara.

- Tenho fome.- A menina entrou pela cozinha.

A Pattie encarou-a surpresa.

- É da Selena.- Concluiu.

- Eu... eu tenho de ir, lamento.- Disse e corri para o meu quarto.

Eu deitei-me em cima da cama a chorar rios.

Eu pensava que o primeiro filho do Justin saíria de mim. Eu... sempre vivi com essa ideia. E a Pattie, eu sempre pensei que aquele sorriso fosse totalmente para mim... O meu coração partiu-se e caiu no chão quando ela me abraçou.

Eu sinto que estou aqui a rebentar com a felicidade a alguém. O Justin e a Selena podiam estar a ter uma vida feliz Juntos, com a sua filha, mas não podem, porque eu a meti atrás das grades e porque insisto em namorar o Justin.

*

Os seus olhos estavam molhados de lágrimas mesmo sem eu ainda dizer nada.

Quando a minha mãe a abraçou... nem eu tive coragem de olhar. Ela começou mesmo a chorar.

Depois correu para o quarto.

- Bia espera...- A minha mãe agarrou-me o ombro quando a tentei seguir.

- Justin, ela precisa de tempo.

- Eu sei, mas e se ela terminar comigo por causa desta criança?- A pequena estava na sala a ver desenhos.

- Então é porque não é a pessoa certa para ti.

Em parte ela tinha razão.

- Mãe! Eu amo a Bia, e não estou a dizer que a minha filha é um erro, mas tal como ela, eu queria que os meus filhos fossem dela e não da Selena.

- Aí o único culpado és tu.

- Eu sei mãe.- Revirei os olhos.

- Vai ter com a minha neta, eu vou tentar falar com a Bia.

Não discuti.

*

Ouvi bater à porta.

- Justin, eu não quero falar com ninguém! Vai embora!- Disse abraçada à almofada enquanto soluçava.

- É a Pattie.

Calei-me e olhei a porta.

Sequei as lágrimas o mais que pude e tentei recompor-me. Se eu tivesse maquilhagem, a esta hora estava a parecer a Taylor Swift com um desgosto amoroso.

- Entre.- Disse abrindo-lhe a porta, sem nenhum entusiasmo.

Ela entrou e sentou-se em cima da cama.

- Eu lamento por aquilo lá em baixo, eu não sabia.

- Não faz mal, Patricia.- Mordi o lábio para não voltar a chorar.

Ela bateu duas vezes no colchão ao seu lado e eu sentei-me ali.

Eu não tinha coragem de a encarar.

- Bia, existem coisas que acontecem. Não deviam, mas acontecem. Aquela menina que está lá em baixo é uma dessas coisas...

- Pattie, por esperiencia pessoal, aquela criança não é um erro, nenhuma criança o é, seja em que circunstância for.- Disse lembrando-me do meu pai biológico.

- Eu sei, não era isso que eu queria dizer. É que... o Justin não estava em si, quando aconteceu.

- Esse não é o problema, Pattie. É só que... eu pensava que os filhos que o Justin teria viriam de mim, eu não quero parecer egoísta, mas é assim que eu penso. E se... este não é meu lugar? A esta hora o Justin podia estar feliz da vida a cuidar da filha com a Selena...

- Bia, o Justin nunca seria feliz com a Selena e tu já sabes porquê. Agora o Justin precisa de ajuda a cuidar da filha e...

- Pattie eu quero deixar bem claro que eu não quero confundir a menina, eu não quero tomar o lugar da mãe. Eu vou ajudar, mas...

- Eu percebo querida.- Disse abraçando-me.- O Justin teve muita sorte em te encontrar.

Sorri e abracei-a com força descendo a correr para o Justin.

- Eu posso explicar, deixa-me só pensar...- Ele estava com a filha ao colo no sofá.

- Tudo bem.- Disse beijando-o.- Isto ainda me é estranho, mas é a tua filha e eu respeito isso.

- A sério?!

Assenti.

- És a melhor!- Disse abraçando-me.- Tive medo de te perder.

- Tu nunca me vais perder.- Sorri e beijei-o.

- Bleck!- Rimos.

- Olá!- Disse-lhe.- Como te chamas?

- Sou a Miranda.- Disse um pouco mais tímida.

- Sou a Beatriz, prazer em conhecer-te Miranda!- Sorri.

Olhei-a com atenção. Ela tinha o cabelo da Selena, tal como o nariz, mas os lábios e os olhos eram os do pai dela.

- Ainda bem que se entenderam.- A Pattie desceu.

- Sim, parece que sim...- O Justin sorriu ao olhar-me e eu corei um pouco.

- Tenho fome.

- Ainda agora estiveste a comer bolachas!- O Justin sorriu surpreendido.

- Eu gosto de comer.

Todos rimos com a sua resposta. Ela por sua vez ficou um pouco tímida e abraçou mais o peluche.

- Anda, vamos ver o que encontramos.- Disse pegando-lhe pela mão.

- Vais ter de a meter numa escola Justin.- A minha mãe disse.

- Não! Eu quero a minha bebê em casa! E se lhe acontece alguma coisa?!

- Justin!- Pattie riu.- Que papá galinha!

- A Miranda não ia ao pré-escolar. Ficava em casa com a mãe da Selena. Poucas vezes se viam pelo que me contou, mas adora-a muito.

- É a mãe.

- Eu sei. O que é que eu faço agora? A Bia não é a mãe dela, a Miranda vai sentir falta da Selena.

- Eu percebo querido, mas vai ter de se habituar.

- Olha pai! Bolacha!- Disse chegando com um copo de leite e um prato de bolachas com Nutella.

- Que isso?! Sabes quantas calorias e açúcares isso tem, pipoca?

- O que são calorias?- Perguntou inocente.

- Tu queres engordar a minha filhota?- Perguntou-me na brincadeira.

- Justin, é uma criança! Deixa-a comer o que quiser enquanto pode!

Todos riram.

Justin passou a tarde toda a brincar com a filha e a fazer jogos, ele estava mesmo feliz.

Parecia ser simples cuidar de Miranda.

- Hora de dormir.- Disse depois de jantar.

- Mas eu não tenho sono!- Disse depois de bocejar e nós rimos.

- Claro que não!- Zuou o Justin.- Vamos, o pai lê-te uma história, queres?

- Siiiim!- Disse com um grande sorriso.- Eu vou escolher!

Levantou-se da mesa e correu para o quarto.

- Ela é uma querida.- Confessei.

- É...- Suspirou.- Felizmente sai ao pai!- Revirou os olhos.

- Justin!!- Repreendi.- Não digas isso!

- É a verdade.

- Basta sermos nós a saber a verdade, imagina se a Miranda ouvisse?! Tu também não gostavas que o teu pai dissesse mal da tua mãe ou vice-versa.

Ele refletiu.

- Ok...

Levantámo-nos e fomos dormir.

- ... e viveram felizespara sempre.- Justin fechou o livro.- Que é isto?! Que clichê!

- É fofo!- Debateu Miranda.

- Não é, não senhor!

- É pois!

- Não é!- Disse fazendo-lhe cócegas.

- O papá ama-te, pipoca. Tu vais ser sempre a pipoquinha do papá.- Disse beijando-lhe as bochechas.

- O papá também vai ser sempre o meu pipocão.

Justin riu.

- Pipocão?!

- Sim! Uma pipoca muito grande!!

- Tudo bem.- Riu.

Tapou-a melhor e foram dormir.