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Capítulo 159: No elevador

- Que é que se passou?!- Ana viu-nos na recepção do hotel. Tinha uma cara bem assustada.

- Eu nunca mais vou a um encontro.- Desabafei. - Não me entendas mal, até foi uma noite muito fiche. Diverti-me imenso!

- Eu não levei, mas também penso o mesmo.- Disse revirando os olhos.

A Ana fazia sinal para a minha cara. Peguei no telemóvel e usei-o como espelho.

EU TINHA DUAS ENORMES OLHEIRAS DE RIMEL E EYELINER. EU PARECIA A TAYLOR SWIFT COM UM DESGOSTO AMOROSO!!!

- Deus... que vergonha... eu não acredito que me viste assim...- Disse virando-me de costas e tentando limpar o preto da minha pele molhada de lágrimas.

- Nem reparei... Anda, vamos limpar-te.- Disse com um sorriso.

- Eu não acredito que tu não lhe ligaste ao ponto de não reparares nisto!- Apontou para mim.

- Ele não estava a falar nesse sentido... acho eu.- Disse olhando-o.

- Ugh! Claro que não. Eu queria dizer que ela era bonita que qualquer forma.- Ecplicou-se.- Mas e tu, que é que fazes aqui?

- Vim beber qualquer coisa, as miúdas estão na sala de estar a ver umas revistas e Mara... bem... com o Kico. O Alex saiu para ir dar uma volta... Ele nem me convidou para ir com ele!!!- Disse acusadora.

- Calma. Ele podia querer ir sozinho. Não tem de estar sempre com os amigos...- Acalmei.

- Ele pode estar com os amigos quando voltar-mos a Portugal! Eu estou em Paris, custava muito levar-me a...- Tapou a boca, percebendo que já tinha falado demais.

- Oh não.- Eu fiquei estática.

- Oh sim!- O Justin sorriu vitorioso.

- Tu gostas do Alex?!- Quis confirmar.

- Pfft! Claro que não! Tu achas o quê?!

- Tu estás a mentir-me!- Disse com um sorriso.

- Não, eu não estou!- Insistiu.

- Estás pois! Tu disseste: pfft! Tu gostas dele!

- Sabes... gostar é uma palavra forte, tipo... mesmo forte e assim...

- Eu vou deitar-me!- Disse o Justin.- Crises de miúdas não fazem o meu género.

- Eu vou com ele. Acabamos esta conversa quando chegares ao quarto.

Subimos... outra vez no elevador!

- Hoje foi uma longa noite!- Disse com as mãos nos bolsos sem me olhar.

- Sim... Eu gostei muito!- Acabei por admitir.

- Que parte é que mais gostaste?- Perguntou com um tom de voz doce, olhando-me com carinho.

- Ham... só se disseres primeiro!

- Nem penses, primeiro as senhoras!- Riu.

- Eu sou rapariga.- Defendi.

- Conta na mesma!- Disse.

Desisti.

- Eu gostei do jantar, gostei do sitio e da privacidade que tinha, gostei da vista da Torre Eiffel e do que me deste naquele lugar, gostei quando caminhamos junto ao rio de mãos dadas um com o outro... a noite foi simplesmente perfeita! E tu?

- Eu... eu não consigo escolher. Eu adorei a nossa noite, há muito tempo que eu não saía com uma rapariga sem sermos sempre interrompidos. Foi... uma noite magica ao teu lado, Bia.

Sorri abertamente.

- E gostei em especial daquele beijo delicioso, fantástico e romântico que me deste enquanto eu rogava pragas àqueles dois...

- Não foi por mal, é só que... eu sei lá! Ainda aparecia alguma coisa ali e ainda morriamos os dois... portanto pareceu-me uma boa ideia...- Disse levando as mãos à cara.

- Hum... a sério...- Roçou o nariz no meu.- Talvez eu devesse beijar-te, antes de isto parar... Confias em mim?

- Depende.

Ele riu e carregou num botão ao qual o elevador parou.

- JUSTIN!! Que é que fizeste?!- Eu estava a surtar. A única coisa que eu temia num elevador aconteceu.

- Pareceu boa ideia na altura... Esqueci-me que isto não tem janelas...- A sua respiração estava cada vez mais acelerada.

Eu fui apaixonar-me pelo maior idiota do planeta.

- Ok, Justin tem calma. Não faz mal, já deve de estar a chegar ajuda da recepção... Nós estamos bem, estás a ver?- Eu tinha as minhas mãos de cada lado do seu rosto para que ele olhasse para mim e não ligasse ao mini espaço.

- Bia, isto está a encolher...- Disse olhando por todo o lado.

Ele estava a entrar em pânico. Nada bom.

- Justin, não está! Olha para mim, amor! Isto vai passar, vamos fazer algo que gostes, sim?- Ele pareceu acalmar-se um pouco.

- Tudo bem, de que é que eu gosto?

Ok, não é só o elevador que encolhe, o cérebro dele também.

- De muita coisa. Porque é que não me falas de como é Stratford? Eu nunca lá fui, parece ser um sitio simpático...

Sentamo-nos encostados ao espelho.

- E é. Está sempre algum frio, só podemos usar t-shirt um ou dois meses num ano, não é como em Portugal. Eu gostava da minha t-shirt branca com molho de tomate... Eu usava-a assim mesmo. Escondia-a sempre bem escondida para a minha mãe não encontrar. Quando cresci insistia em vesti-la... eu nem conseguia respirar dentro daquilo!- Riu.- Uma vez cheguei a casa e não a encontrei, a minha mãe deitou-a fora.

Eu ri com a cara de caso que ele fez ao contar a sua história.

- Mas e tu, Bia? Tens alguma historia para me contar?

- Bem... não te rias, mas ouve uma vez, quando eu era bem pequenina ainda, em que fui com a minha mãe à sapataria e... as botas que me comprou eram lindas! Portanto... depois dos meus pais me virem dar um beijo de boa-noite... eu peguei nelas e calcei-me! No dia seguinte a minha mãe andou a manha toda à procura das botas que afinal, estavam nos meus pés!- Ele riu que nem um doido.

- E aí começou a paixão pelo primeiro par de sapatos!- Disse triunfal.

- Uau... Ainda bem que agora me tens!

- Isso quer dizer o quê?!- Cruzei os braços.

- Quer dizer que agora vou poder beijar-te quantas vezes quiseres, e a todas aquelas cenas que tu dizias pirosas na TV, eu vou testar e ver se eram assim mesmo tão foleiras!- Disse levantando-me.

- Tipo quais?!- Fiz-me.

- Por exemplo, agora é a parte em que ei te chego para mim...- Aproximou-me pela cintura.- E me aconchego na tua orelha, dizendo aquelas coisas fofas, mas uma delas é verdade: tu hoje estás linda! Esse vestido fica-te mesmo bem!- Olhou-me fixamente.- E depois... - Ele ficou como que anestesiado quando os nossos lábios se aproximavam.

- Irresistível...- Abraçou-me com força pela cintura, beijando-me com intensidade e muito amor.

- Posso...?- Pediu enquanto nos beijavamos.

- Aham.- Respondi na sua boca.

Ele tomou a sua posição e fez impulso para eu subir para o seu colo, nunca nos paramos de beijar e a sua língua era tão molhada e suave contra a minha...

Eu estava entre ele e o espelho, beijando-o com o máximo desejo que sempre tive em mim, pondo uma mão no seu rosto para os nossos lábios se encaixarem da melhor forma possível e Deus... na perfeição!

Ouvimos alguém tentar abrir a porta do elevador e paramos.

- Merci!- Dissemos saindo e corremos pelas escadas.

Nós riamos enquanto corríamos.

- Nós devemos ser os mais malucos do planeta!- Comentei.

- Dã! Jeatriz!- Disse como se fosse obvio.

- Isso... Isso soa bem...- Comentei envergonhada.

- É verdade, mas sabes o que soube ainda melhor?! Quando me chamaste "amor" naquele elevador.

Eu tapei a cara com o embaraço.

- Foi?!

- Aham!

- Não te sintas muito confiante...

Ele tentou lascar-me um beijo, mas eu afastei-o:

- Sr. Bieber, comportesse! Eu não posso ser vista a beijar qualquer forasteiro. Eu não sou uma vagabunda!- Disse com um sotaque britânico.

- Eu sou o forasteiro Justin Bieber, isso conta?- Tentou desiludido.

- Não, não conta! Isto não são os Beijos Grátis Lda. Eu vou dormir, até amanhã!- Disse abrindo a porta do meu quarto.

- Posso ter um beijo de boa noite?!- Perguntou como a criancinha que quer o chupa-chupa da loja de doces.

- Eu acho que sim.- Sorri e dei-lhe um beijo na bochecha.- Boa noite Justin.

Ele deu-me um beijo na testa.

- Boa noite, princesa. Já agora estás linda.

Eu corei mais uma vez e involuntariamente:

- Obrigada, outra vez.

Entrou cada um para o seu quarto, mas mal eu tinha fechado a porta ouço bater:

- Justin?!

- Posso dormir aqui... tipo na cama da Mara ou assim?

- Eu... eu acho que sim, mas porquê?

- Eles estão numa tarefa um pouco pessoal demais para me terem lá...

Levei as mãos à testa.

- Esta gente vem a Paris para isso?!

- Eu dava-me como sutura, vês: nem todos são uns românticos incondicionais como eu.- Disse convencido.

- É verdade. Eu tenho muita sorte.- Disse olhando-o.

- Eu sou um sortudo por arranjar uma miúda como tu.- Puxou-me pela cintura.- Doce, querida, linda, engraçada, lutadora, corajosa...

- Own... És um querido, sabias?!- Dei-lhe um beijo na testa.- Mas agora tenho de ir dormir!

Soltei-me e fui procurar o meu pijama. Estava cheio de leite de chocolate... de quando a Mara o usou!

Rosnei baixinho.

- Que foi?

- Sujaram-me o pijama! Eu agora não tenho outra coisa que vestir!- Disse furiosa procurando algo por todo o lado.

Ele tirou a t-shirt e eu senti-me ficar quente, Deus, ele ainda diz que está gordo?! Eu consigo ver a sua tablete de chocolate definida na barriga. Os seus quadris continuavam definidos, tatuados e perfeitos!

- Toma, podes dormir com a minha t-shirt se quiseres.- Disse entregando-ma.

- Obrigada.- Peguei na peça e fui vestir-me para a casa de banho.

- Ei!! Assim não conta! Eu despi-me aqui no meio! Tu devias fazer o mesmo para ficarmos quites!

Eu apareci e estendi-lhe o dedo do meio.

- Ainda à poucas horas disse que me amava e agora isto... que menina indomável!- Disse zangado de brincadeira.

Obrigada! Esse elogio foi o mais especial para mim!

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