Querido Diário,

Às vezes temos uma sensação de fracasso, vergonha e culpa. Sentimos que a vida é uma brincadeira de mal gosto e, se há regras e macetes para avançar nesse jogo, não as conhecemos; e por isso acumulamos derrotas atrás de derrotas.

Anos atrás alguns partiram para outros lugares cheios de sonhos e promessas, acreditando que o lugar nos acolheria bem, com novas possibilidades de trabalho e amor. Porém, nada disso havia acontecido. Seu coração foi machucado, sua autoestima estava em pedaços. A diferença é que os sonhos haviam sido substituídos por decepções, e por mais que tivesse tomado a melhor decisão — a decisão certa — isso não o poupara do sofrimento.

A escolha certa também dói. Pois qualquer caminho não vem sozinho. Ele traz junto renúncias, bagagens e consequências; e algumas vezes temos que abandonar algo que amamos muito, sonhos que apostamos alto, futuros que imaginamos diferente, ou planos que desejamos intensamente por conta de uma decisão o qual é a mais certa. A gente se desprende porque o mais correto é deixar ir, mas nem por isso é o mais fácil.

Por muito tempo tentamos colar os fragmentos daquela porcelana quebrada, como se fosse possível consertar relações e pessoas. Mas não é possível. E por mais que você acredite que possa colar os fragmentos de um algo destruído, você tem que entender que essa não é sua função. Pare de tentar remendar coisas que você não quebrou. Nem tudo cabe a você, e você pode acabar quebrado tentando consertar coisas e pessoas.

Às vezes, ter certeza de algo que não queremos mais para nossa vida é o melhor que podemos fazer por nós mesmos.