CAPÍTULO FINAL
Tive um dia relativamente normal. Até consegui que a empresa fechasse o contrato com aquele cliente. Meu chefe aprovou o projeto e me parabenizou.
Fui saindo da sala dele e de repente ele me perguntou:
— Você está bem Michel?
Fiquei olhando para ele por alguns instantes, surpreso pela pergunta.
— Sim... Estou bem. Um pouco cansado talvez.
— Vá para casa mais cedo. Descanse.
— Sim senhor. Obrigado.
Saí dali e fui ao banheiro, e percebi porque ele tinha me feito a pergunta. Me olhei no espelho e vi que estava pálido, branco feito leite, como se tivesse visto um fantasma. Abri a torneira do lavatório e lavei o rosto. Estava tremendo um pouco.
Olhei mais um pouco para meu reflexo e fui para a casa.
*****
O diário estava lá quando eu cheguei.
Não era possível porque eu tinha queimado aquela coisa, mas ele estava lá, em cima do balcão da cozinha.
— NÃO PODE SER! NÃO PODE SER! EU QUEIMEI VOCÊ! EU QUEIMEI PORRA!
Entrei em desespero. Peguei aquela coisa e a joguei na parede.
Uma mancha de sangue ficou marcada na parede e o livro caiu no chão. Havia sangue saindo dele.
Fiquei olhando para a coisa abismado e tremendo. Depois me aproximei e o peguei.
Comecei a folhear o livro e arregalei os olhos vendo um pentagrama recém desenhado com sangue em uma das páginas. A partir dali só havia páginas em branco.
Então uma ideia me veio à mente.
Corri para a sala e comecei a abrir gavetas à procura de uma caneta. Encontrei um lápis e voltei para a cozinha me sentando à mesa.
Respirei fundo olhando a página em branco do diário, como se precisasse tomar coragem para fazer o que ia fazer.
Então peguei o lápis e escrevi: Pare com isso.
Fiquei ali, tremendo, olhando para o que eu tinha acabado de escrever. Nada aconteceu. Pela primeira vez a possibilidade de eu estar louco passou pela minha mente. Eu era um psicopata, um assassino insano, tendo devaneios.
Mas então letras começaram a surgir no diário como se alguém estivesse escrevendo. Meus olhos saltaram da órbita. O medo me arrebatava.
Li o que estava escrito mal podendo acreditar que aquilo estava acontecendo:
Não estou fazendo nada. Você está.
Mais letras foram surgindo e eu ia lendo a coisa palavra por palavra, sentindo as garras do medo me envolverem.
Sei que você gosta de matar. Sempre gostou. Só estou refrescando sua memória.
Meu coração palpitava, eu não sabia ao certo o que fazer. Pedia a Deus para estar sonhando, para que aquilo tudo fosse um pesadelo, mas a sensação inegável de realidade dizia que não.
Tremendo de medo, virei a folha no diário. Segurei o lápis e escrevi na folha em branco:
Quem é você?
Esperei quase dois minutos e então as letras começaram a surgir na folha, até formarem uma frase.
Meus olhos saltaram da órbita ao lerem a frase. A força me deixou.
Soltei um grito de pânico e me levantei me afastando da mesa, mas ainda sim podendo ler o que estava escrito no diário:
Eu sou você.
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