CAPÍTULO 2
Acordei na manhã seguinte com uma estranha sensação que eu não conseguia descrever.
Tinha gosto de sangue na minha boca.
Fui para o banheiro e vomitei.
Quando fui abrir o registro do chuveiro fiquei olhando para as minhas mãos como um louco alucinado. Havia sangue em ambas as mãos.
Comecei a estremecer. Sentia que alguma coisa estava acontecendo e eu não sabia ao certo o que.
Saí do transe e entrei de baixo do chuveiro.
A água fria meio que me trouxe de volta à realidade.
Tomei um banho e me troquei na frente do espelho. Estava pronto para ir trabalhar.
Fui até a cozinha e liguei a cafeteira para preparar o café.
Caminhei até a sala e lá estava o diário.
Eu me recusava a ler aquela obscenidade. O diário de um psicopata.
No entanto peguei ele e o abri na mesa do café, acabando por ler mais um trecho.
A data era 22 de setembro de 2009:
" Matei a minha prima, agora vou ter que cortar ela para esconder o corpo. Eu não ia matar ela foi meio acidente. Fui transar com ela e resolvi matar. Eu gosto de matar. Gosto mais do que transar.
Eu grudei o pescoço dela e o quebrei...
Um pensamento me veio à mente: deveria eu levar aquela coisa até a polícia? Aqueles eram relatos de um assassino em série, um maníaco que havia matado diversas pessoas. Os assassinatos ocorreram em 2009 de modo que hoje em dia ele devia ter a minha idade. E se ele ainda estivesse matando por aí? Eu tinha em mãos a confissão de um psicopata. Precisava fazer alguma coisa.
Olhei no relógio e vi que estava atrasado.
Corri ao banheiro e escovei os dentes. Peguei minha pasta e joguei o diário macabro dentro dela decidido a passar na polícia no final do dia.
Corri até a porta e a abri.
Havia dois homens ali. E a julgar pelo traje que estavam usando deduzi que eram policiais. Arregalei os olhos surpreso.
— Bom... Bom dia. Posso ajudar?
Um deles, um negro alto e corpulento que estava usando uma camisa preta se adiantou, mostrando o distintivo:
— Bom dia. Investigador Soares. O senhor é Michel Augusto da Silva?
— Sou eu sim. Algum problema?
— O senhor é marido - ele colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá um bloquinho de anotações -de Ana Marta Siqueira da Silva?
— É minha ex-mulher. Estamos nos divorciando. O que aconteceu?
Os dois policiais se entreolharam. O outro policial, um branco, ligeiramente calvo, com ares de 40 anos respondeu:
— Sua mulher foi assassinada na noite passada seu Michel.
*****
Foi a coisa mais bizarra que eu vi.
Ela estava lá, no lugar onde eu a vi no sonho. Era exatamente a mesma coisa, entende? Sei, é loucura, mas é a verdade.
Até o espelho estava lá, sujo de sangue. Havia sangue por toda a parte.
A cabeça de Marta não existia mais. Tinha sido esmigalhada. Como se alguém... Exatamente como se alguém tivesse socado a cabeça dela com uma marreta muitas vezes.
Me lembro de ficar parado olhando aquela coisa e me lembrando do sonho que eu tinha tido. Me lembro do policial me dizendo que minha filha tinha sido mandada para a casa da vó e depois ele perguntou se eu precisava ver um médico.
Eu voltei a mim no meu trabalho, na mesa onde trabalhava. Foi então que me lembrei do diário dentro da pasta.
Abri a pasta e peguei o livro.
Havia sangue saindo dele. Arregalei os olhos em pânico e soltei o livro no chão.
Sai correndo e fui parar no banheiro. Não sabia se eu estava ficando louco, tendo alucinações. Lavei o rosto e olhei a minha face refletida no espelho e era como ver um fantasma.
Eu não podia acreditar que tinha sonhado com a morte de Marta. Eu a matei no sonho!
— Foi um sonho. Foi um maldito sonho! - Disse em voz alta tentando me convencer.
Voltei à minha mesa e vi o diário de capa preta caído no chão.
O peguei, o folheei. Não havia sangue nenhum. Voltei a guardá-lo na pasta.
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