Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

X

"Então eu também vos farei isto: porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que consumam os olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão. (Levítico 26:16)"

_ Olá meu nome é Sabrina e... bem... tive 2 relacionamentos homossexuais... - diz a mocinha clara, de vestido florido, constrangida. Ela parece pequena perto do enorme círculo de pessoas a encarando.

Estamos todos sentados em nossas cadeiras duras e frias de ferro, formando um círculo, enquanto a garota, que teve de se levantar, fala para os demais timidamente. Raquel, a moça loira de olhos claros que conheci na igreja, acena a cabeça para ela, em aprovação encorajadora. Usa um vestido comportado e azul. Tenho dificuldade em me concentrar na narrativa de Sabrina, os acontecimentos dos últimos dias ainda fervilham em minha mente.

Relembro a visão espelhada da cicatriz em minha cabeça. Uma cicatriz enorme e avermelhada cortada ao meio por outra menor. O desenho era idêntico à imagem que se formou no vidro da casa, quando a pomba se chocou. A semelhança é inequívoca, a inclinação de leve para esquerda... eu sei que eram idênticas! Lembro das minhas lágrimas quentes: Eu estava marcado desde o início.

Naquele instante fiz as malas, peguei as chaves do meu próprio carro e sai na chuva, sabendo que só o que queria era ficar longe daquela casa. Longe de tudo aquilo. Meu primeiro impulso foi ir à igreja, mas não me senti bem com a ideia, após o ocorrido com o padre Isaías. A pessoa mais próxima de mim no trabalho seria André, mas não chego a considerá-lo um amigo. Meus pais moram muito longe e eu havia deletado o contato do Dr. Cássio.

No desespero, revirei o porta-luvas do carro, sem saber ao certo o que procurava, até que achei o cartão. "Grupo de Cura e Salvação", dizia. Era tudo o que eu queria, salvação. Liguei para o telefone do cartão e foi a própria moça que me deu o cartão quem atendeu. Raquel.

Expliquei a ela que me sentia perseguido, com algo de muito ruim, vindo do meu namorado. Conversamos durante muito tempo, ao que ela me aconselhou, me disse que eu estava de parabéns por ter procurado a ajuda de Deus e ter decidido me afastar do pecado. Por sugestão dela, fiquei em um hotel durante dois dias, pelos quais nos falamos, e agora no fim da tarde vim a esse grupo de ajuda e cura do qual ela é uma das organizadoras. Um grupo "para pessoas atormentadas que desejam se curar de seus vícios", como ela disse. Não recebi ligações de Diogo nesses dias, e tão pouco fui trabalhar.

Sabrina, a mocinha, termina de falar, ao que todos aplaudem. Não consegui prestar atenção ao que disse, apenas percebi que pareceu ser uma garota muito triste. Enquanto falava sobre sua vida, por um instante seus olhos pareceram ter vida. Acho que falava da ex, mas não durou muito, uma garota apagada voltou a se sentar quando terminou.

_ Gostaria de agradecer a presença de todos em nossa reunião coletiva de hoje - diz Pedro, que conheci hoje, encerrando a sessão. Pelo que entendi, é ministro da igreja cujo estamos no salão paroquial - Agradeço especialmente ao nosso novo membro, Samuel, que realizou a sua primeira visita hoje.

_ Deus te abençoe e seja bem-vindo, Samuel - dizem todos, ensaiados em coro, e me aplaudem.

_ E não se esqueçam das sessões particulares de apoio psicológico. São muito importantes, não faltem. Não se esqueçam que cada um de vocês é um templo para Deus.

Todos, por fim, se levantam. Damos as mãos e rezamos três Ave-Marias e o Pai Nosso. Soltamos a mão após o Amém, ao que Raquel começa a aplaudir, então todos a seguem.

Me aproximo de uma das mesinhas onde colocaram uma garrafa de café e alguns lanchinhos de patê. Saber que existem mais pessoas que se sentem perdidas como eu deveria ter me deixado mais confortado, mas a reunião me deixou mais inquieto. Eu vi muita tristeza e ansiedade no olhar daquelas pessoas. Como se o Mundo estivesse perdido.

_ Não quis nos contar nada hoje? - diz Raquel, se aproximando de mim junto com Pedro, enquanto tomo meu café em um copo descartável minúsculo.

_ Eu ainda não me sinto preparado... - digo, passando a mão em minha cabeça raspada. Ainda estranho a sensação e a falta do cabelo. Sei que minha cicatriz deve ser chamativa mas, talvez por educação, ninguém tocou no assunto.

_ Não há problema. Nosso Salvador te ama muito, e estará sempre esperando por você - completa Pedro. É um homem mais velho, de pele castanha, calvo e bem rechonchudo. Sua barba negra e comprida dá a ele um ar bem mais sério do que o é de fato. Ambos têm um ar muito feliz e ativo, em contraste com os demais.

_ Nós estávamos conversando sobre a sua história. Você me disse por telefone que vivia com esse homem e já há algum tempo que desejava sair dessa vida de pecado, não é?

Não há como negar. Eu só posso estar sendo castigado. A igreja, meus parentes religiosos, pais, catequistas, padres... sempre me disseram que a sodomia era pecado, anda assim foi preciso o próprio Diabo vir morar na minha casa, com todos os sinais, e me provar isso. Consigo me lembrar bem dessas coisas, de quando entendia isso. Mas em algum momento surgiu Diogo... Sei que sou um pecador e que estava gostando disso.

_ Não precisa se envergonhar. Ninguém está aqui para te julgar - diz minha nova amiga, pegando afetuosamente minha mão entre as suas.

_ Sim, eu vivia. Eu sempre tentei sair, mas eu sempre fui fraco.

_ Nós concordamos que você fez muito bem - acrescenta ela, sorrindo tanto com os dentes quanto com os olhos azuis angelicais - você deve se sentir orgulhoso. Deus sempre esteve esperando por você.

Fico sem saber o que dizer.

_ Nós achamos que você deve continuar longe daquilo tudo, daquela casa. Tem como ficar longe dali? - diz Pedro, pondo a mão em meu ombro.

_ Eu ... eu tenho... também acho. Mas as coisas que ficaram...

_ Tem medo de voltar lá? - Acrescenta ele, como sabendo melhor do que eu mesmo o que eu queria dizer.

_ Eu posso ir junto com você, buscar suas coisas básicas. O que acha? - oferece Raquel, gentil - As demais coisas você busca depois!

_ Você acha bom?

_ Você precisa cortar isso logo. Quanto antes, melhor - diz ela, me olhando nos olhos. Me vejo concordar

Decidimos ir no carro dela. Seu carro é uma Saveiro Cross branca, de bancos confortáveis. Me sento ao lado dela, tímido. Reparo que ela dirige com os braços meio abertos, devido ao busto gigantesco. Acabo me lembrando do pesadelo que tive com ela e Diogo. Quem diria que estaríamos aqui?

Minha mente começa a devanear sobre Diogo e nossa casa, os momentos bons que tivemos, e também os sustos pelos quais passei. Me pergunto o que ele fez esses dias. Não me mandou mensagem, como se soubesse que quero evitá-lo. Um terror sobrenatural começa a tomar conta de mim. E se ele não me deixar partir? E se eu estiver de fato condenado?

(E se ele deixar?)

_ E um rapaz muito bom, bonito, e tenho certeza que tem um grande coração, Samuel - diz minha condutora ternamente, quebrando o silêncio, talvez percebendo minha ansiedade.

_ Hã, obrigado.

_ Não se preocupe - acrescenta ela - tenha fé no Senhor, acredite que ele vai te salvar dessa vida pavorosa e te dar uma vida muito mais santa, talvez até uma família. Nenhum mal pode te atingir se você tem fé Nele. Eu estou aqui, estamos todos orando por você - diz ela, sorrindo, enquanto dirige.

_ Pavorosa ... - repto comigo, refletindo. O tempo começou a se fechar a medida que pegamos a estrada para a minha rua, fazendo o dia parecer escurecer mais cedo.

_ Sim. Agora será apenas uma vida de Graças. É aqui? - diz ela, diminuindo a velocidade.

Vejo a silhueta da casa grande, de muro baixo, em estilo colonial. Rodamos por quase uma hora, já está de noite, e as luzes estão acesas. Alguns trovões se formam nas nuvens, e alguns raios distantes clareiam a casa em alguns momentos.

_ Quer que eu vá com você?

_ Não precisa... - digo, sem encará-la, fascinado pela visão meio azulada do casarão. Sinto que é algo que devo resolver sozinho.

Abro a porta, sem olhar para trás. Não consigo parar de observar a silhueta escurecida daquela casa enorme onde passei tantos momentos. O brilho dos raios, ao longe, em alguns momentos da à casa uma aparência metafísica. É bonito e é apavorante ao mesmo tempo. Tento ver o vidro do sótão quando me aproximo, e ver de novo a rachadura, mas nenhum novo clarão ocorre quando estou perto. Tão pouco a iluminação da própria casa é suficiente. Sinto o vento frio incomodar minha careca.

Percebo que a janela grande da sala de estar está aberta, um dos lados da cortina está para fora e balança ao som do vento uivante que começou há pouco. Desisto de me dirigir a porta e resolvo ir espiar pela janela. Sou capaz de prender a cortina vinho balançante com meus dedos após "lutar" com ela por um instante. Inclino apenas a parte superior do meu tronco para o lado e espreito através da janela. Não sou capaz de acreditar em meus olhos e os esfrego, pois só posso estar delirando!

Diogo está sentado em um dos sofás com uma bebida na mão e displicentemente os pés sobre a cômoda do centro da sala. Apesar do vento frio, está sem camisa, sem sequer parecer arrepiado. Do outro lado, André e o padre Isaías estão sentados no sofá, lado a lado, também com taças na mão.

Padre Isaías está "a paisana", de calça cáqui e camisa preta, ambas justas, sentado com a perna cruzada em formato de quatro. Possui um ar elegante. André, meu sub-gerente, está quase irreconhecível de pernas abertas em sua bermuda jeans, e uma camiseta branca saindo de um colete de frio aberto. Seu braço direito, grande, repousa sobre o sofá, atrás do padre.

Não entendo o que está acontecendo, aquilo não faz sentido. Será que estavam me procurando? Mas se era isso, porque as bebidas? Por um momento ando para um lado, depois para o outro, meio perdido. Por fim, decido que a única coisa a se fazer é abrir a porta e ir descobrir o que se passa.

Volto a entrada e quando penso em tocar a campainha da porta, Diogo a abre.

_Olá, Samuel. Achei que não ia mais entrar.

Engulo seco e adentro o recinto. Diogo sorri maliciosamente quando entro, uma malícia que só costumava demonstrar quando estamos a sós. Então olho na direção dos outros dois e vejo que estão me encarando, também sorrindo. Padre Isaías dá um tapinha no joelho de André, como que na expectativa da minha reação, um gesto ... pouco seu? Ser o único a não entender o que se passa me deixa muito irritado.

Repentinamente me pego fascinado pela ausência de algo.

_ Mas que diabos está acontecendo?!!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro