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III

"Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam" (Salmos 86:5)

_ Peço perdão padre, porque continuo pecando.

Estou no confessionário da Igreja de Nossa Senhor da Soledade, igreja bastante afastada de meu bairro, a qual frequento há alguns meses. Não me lembro de frequentar essa igreja antes deste ano, me lembro de frequentar outras. A igreja é minúscula e muito simples, mas gosto dela, entre outras coisas, porque o confessionário fica dentro da sacristia.

Há a opção de confessar-se ajoelhado no confessionário de madeira escura e polida, ou frente a frente com o padre, em duas cadeiras de madeira maciça em estilo mais moderno, que ficam ao lado do estande. Sempre peço para ser no confessionário.

É a única igreja, das que me lembro de já ter visitado, que é assim, mas o fato é que a igreja possui tão pouco espaço na nave que tiveram de alocar o confessionário lá dentro.

Desde que comecei a me sentir atormentado, ao perceber que Diogo deveria ser um demônio, pedi aconselhamento em outras igrejas maiores, mas as respostas foram sempre a de que eu preciso de acompanhamento psiquiátrico, de que a sodomia é pecado e é isso que me atormenta, e principalmente de que devia rezar mais e ter mais fé, bem como me arrepender. Todos conselhos vagos e inúteis.

Porém nessa pequena igreja sinto mais acolhimento. O padre Isaías é um padre mais jovem, creio que em torno dos seus 40 anos, e não me condenou quando eu disse que morava com outro homem, dizendo que não cabe a ele julgar, embora tenha igualmente me indicado um terapeuta, o qual atualmente frequento. Também me disse para continuar indo a missa e contando a ele o que se passava.

Até comecei a fazer trabalho voluntário. Sou contador, me ofereci para ajudar com as finanças da igreja e, ao ajudar, me sinto ajudado. Espero assim, de alguma forma ganhar algum crédito e ser perdoado por minhas fraquezas. Mas tenho minhas dúvidas se funcionará, afinal estou aqui pelo temor, não pela vontade inspirada de ajudar.

Apesar do acolhimento maior, não conto tudo que ocorre ao padre: eu não sei se estou louco, não quero ser internado. Se estiver, é certamente devido ao que eu tenho passado, a culpa, o medo, as coisas obscuras que vejo e ouço lá em casa, mas que ninguém acredita. Quando se é atormentado por um demônio, literal ou interno, as pessoas sempre esperam que você se comporte como se não o estivesse sendo.

_ Ainda está aí? - Pergunta padre Isaías, me tirando do devaneio. Sua voz é grossa e opulenta, mesmo quando fala baixo.

_ Perdão padre.

_ Você dizia que não consegue abandonar esse seu companheiro, que o faz viver em pecado?

_ Não consigo padre. Sinto minha alma se perdendo mas eu não sou forte. Eu não consigo resistir a ele. E eu sei, eu sei que estou me condenando.

_ Não consegue resistir como?

Respiro. A pergunta me faz lembrar Diogo montado em mim ontem antes de viajar. Sempre vai à casa dos pais na sexta (ao menos é o que diz), descansa o Sábado por lá e volta no Domingo. Não conheço os pais dele. Mas como nunca apresentei os meus também, nunca achei uma brecha para perguntar sobre.

Relembro da sensação dos pelos ásperos de seu peito forte encostado em minhas costas, roçando meu pescoço com a barba, ambos meio ajoelhados na cama, como agora. Relembro seu braços fortes me abraçando com força, me apertando, enquanto se coloca dentro de mim. Seu membro largo e duro a princípio causando alguma dor, mas que ao sair e entrar de novo, devora minha carne e não tarda a se tornar apenas em prazer alucinante. Me fazendo sentir preenchido.

_ "Vai ficar com saudades, não vai?" - havia dito ele maliciosamente no meu ouvido, referindo-se a partida que faria em breve, enquanto segurava meu tronco facilmente de encontro a seu peito, com apenas um dos braços. A outra mão deslizando pelo meu corpo... - Está sentindo o quanto eu quero você?

Percebo subitamente no confessionário que estou excitado. O que Diogo está fazendo comigo? Aqui na igreja?

Não dou tais detalhes ao padre, digo apenas que não consigo resistir à tentação da carne quando estou com ele, que é como se todos os meus sentidos houvessem despertado para o mundo. E é verdade. Não só o sexo, mas parece que quando descobri Diogo, algo se abriu dentro de mim. Uma fome que alimento nenhum sustenta, uma percepção extrassensorial.

Acordei cedo novamente essa noite com um barulho na janela. Uma ave havia se chocado contra a vidraça pequena do sótão, algo que acontece com uma certa frequência. Parece loucura, mas eu tenho certeza que senti a ave se chocando. Acordei com o impacto. Tem momentos que me sinto quase um sonar.

Não dou nenhum desses detalhes ao padre Isaías, mesmo assim o mesmo se demonstra interessado no assunto. O sacerdote possui uma abordagem diferente em suas confissões. Percebo que tenta evitar o tom de pai severo, tão comum a sacerdotes, preferindo mais o papel de amigo ou conselheiro quando fala comigo.

Eu nunca fui bom em ter amigos, então é difícil para mim avaliar. As vezes acho que pergunta coisas meio invasivas, quase como se fosse uma conversa, não uma confissão: como é nossa casa, qual a profissão de Diogo, como é ele fisicamente, como ele me trata, se me sinto bem com ele.

Acho as perguntas estranhas, mas, ao mesmo tempo, sinto um certo conforto ao contar. Chego a dizer que Diogo possui braços fortes e que é muito bonito, não sem me sentir embaraçado. Sinto minhas bochechas corarem ao falar isso para alguém em voz alta. Continuo excitado e ao mesmo tempo envergonhado com a ideia de dizer essas coisas ao padre. Me torno algo bipolar.

_ Que Deus perdoe seus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo - termina por fim o padre, após prescrever minhas orações como penitência.

Levanto-me da posição desconfortável e sinto meus joelhos doloridos, mesmo com a almofada que havia no local. Percebo que me demorei. Padre Isaías sai do confessionário também. Não está usando a batina, uma vez que eu o estava ajudando com as contas da igreja quando senti à vontade súbita de me confessar. Usa apenas a estola sacerdotal roxa. Estamos na Quaresma.

Está com a mesma calça caqui e camisa xadrez que usava antes de entrar no confessionário, mas por algum motivo presto atenção a sua aparência física dessa vez. É um homem negro, bonito, raspa a barba diariamente mas sempre fica com aquela sombra da barba, que deve ser grossa. A calça e camisa não tão folgadas sugerem uma silhueta esbelta, de costas e ombros largos. Ele coloca a mão em meu cotovelo, em um gesto afetuoso.

_ Sente-se mais aliviado, Samuel? - diz genuinamente preocupado, com aquela voz que poderia ser do próprio Deus.

Reparo em sua mão bem feita, grande e de dedos grossos. Por algum motivo estranho, que não dura nem um segundo inteiro, sinto falta que não haja uma aliança ali, embora saiba que isso não faz sentido algum, já que padres não se casam. Gosto do contato da mão dele. Então percebo o que estou fazendo, e me afasto.


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