Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

7

"Por que cê tá ouvindo isso ao contrário? O que cê tá procurando, hein?" (Engenheiros do Hawaii - Ilusão de ótica) 
A banda acima, nessa música, brincou com aquela história de "mensagens subliminares", que rondava o mundo pop e publicitário lá pelos anos 80 e 90. Bandas como Led Zeppelin, artistas como a Xuxa e empresas como a Coca-Cola e a Disney eram alvos comuns de teorias conspiratórias dando conta de tais mensagens. Mas confesso que tem um trecho de Stairway to Heaven (do Led) que, tocada ao contrário, causa calafrios na espinha mesmo... ela diz mais ou menos assim:

"Here's to my sweet Satan/The one whose little path would make me sad, whose power is Satan/He will give those with him 666/There was a little toolshed where he made us suffer, sad Satan." A tradução está em matéria que coloco como link externo do capítulo. Divirtam-se... ou arrepiem-se...

Capítulo 7

"O Diabo do Diamandi

Ex-funcionário do hipermercado Diamandi comete suicídio. Populares atribuem a tragédia à presença do diabo no local. Alguns entrevistados afirmaram evitar o mercado e preferir fazer compras em outros estabelecimentos, por acreditarem na presença de espíritos ruins na nova sede do empreendimento da família Diamandi. Tentamos contato com o Sr. Petrus, mas não obtivemos retorno."

— É isso, Hermes. Tá aqui, no jornal... tá nas rádios... nos programas mais populares de TV... parece que todo mundo só fala nisso. E o números mostram que eles têm razão. Estamos vendendo cada vez menos. Como capitalizar em cima disso, já que eliminar o boato já não é mais possível?

— Se eu soubesse, Petrus, não seria contador. Seria o dono da empresa. — Sorriu Hermes, sem afetação. — Mas isso vai passar. Dê um tempo. As pessoas esquecem essas histórias. Demos azar do cara se matar, mas vamos virar esse jogo. E lutar contra isso é pior. Muito melhor deixar a história morrer por si.

— E apelar. Promoções, preços mais baixos que a concorrência, até que o povo simplesmente volte por puro pragmatismo. O bolso vem antes de qualquer superstição. Pelo menos imagino que sim.

— Creia que sim, Petrus. O bolso sempre vem antes. Pretende chamar a diretoria pra uma conversa?

— Por enquanto, não. Mas quero realizar uma reunião com todos os funcionários pra tratar do assunto e acabar de vez com especulações. Com as demissões, acho que o pessoal tá mais esperto.

A reunião a portas fechadas ganhou ares de happy hour, com música, dança, comida, bebida, mais comida, mais bebida, muita bebida, tanta bebida que boa parte da "família Diamandi" precisou de ajuda para chegar em casa naquela madrugada, tão longa, frenética e festeira. Petrus, disposto a virar o jogo e investindo em novas táticas, achou por bem vencer pelo estômago e pela alegria. Talvez afogassem os malditos boatos nos litros infindáveis de cerveja barata ("Incrível! Fardinho a R$12,99, só hoje, só aqui, no Grande Diamandi!"). Aos colaboradores, premiações, não mais punições. Se vigiar é punir, comprar é eficaz. Ouvidos moucos e sorrisos superfaturados.

Petrus ofereceu vantagens e benefícios escandalosos aos donos dos jornais e rádios locais e investiu em publicidade visual pela cidade, visando limpar a imagem do empreendimento. Em tempos tão líquidos, era uma forma rápida (embora cara) de dissipar histórias e ideias problemáticas. O público comprador, aos poucos, foi voltando. A lenda do Diabo do Diamandi ganhava contornos quase nostálgicos. Os mortos? Ora, mortos estavam, esquecidos foram.

Petrus, a exemplo de seus antepassados, era bastante duro e sóbrio na condução das atividades. Hermes sugeriu a mudança de postura, e o líder rapidamente percebeu que a jogada poderia funcionar. O que gastaria agora seria facilmente recuperado logo ali. Chega de problemas. Novos tempos. Cores, preços bons, vendas a rodo, o Maior Mercado da Região, imponente como sempre, entrando em uma Nova Era. Em um rompante de raríssima brincadeira, durante reunião da diretoria, Petrus comentou, aos risos francos, com dentes que pouco viam a luz do dia:

— Tô pensando em proibir a entrada de homens trajando terno! Pra nunca mais ouvir falar em homem de terno!

Os risos (sinceros?) ecoavam pela sala de reuniões. Tudo certo, segue a vida. Vida que segue. Entre as paredes do Diamandi, um novo clima de leveza, expectativa de retomada, a refazenda.

Alberto, um dos demitidos, seguiu sua vida, passando longe da região onde o mercado estava instalado. O único vínculo, se é que se poderia considerar, era a amizade com Ariane, que se manteve fora do antigo ambiente de trabalho. Embora casado, ele tinha um certo "chamego" por Ária, que não o correspondia da forma que ele gostaria. Ela sentiu a morte de Mathias mais do que gostaria de admitir e bem mais do que aparentava seu sorriso sempre a postos. Talvez porque ela de fato sentisse algo por ele. Talvez porque, em uma certa fim de noite, após o trabalho, Mathias a tenha convidado para entrar em seu carro, com a desculpa de lhe dar uma carona. O carro foi estacionado logo atrás do Diamandi, no acesso dos caminhões ao depósito, um lugar ermo e escuro, muito isolado. Àquela hora não havia mesmo mais ninguém por ali, e Ariane não achou ruim. Ela queria, não menos que ele. Mathias, voraz, puxou-a para trás e a colocou de quatro no banco de couro do Corcel 78 de seu pai. Ela gostou do jeito grosseiro como ele a penetrou (voltou com a calcinha rasgada), e ele gostou do rebolado da garota que não escondia seu tesão. Uma história que morreu com Mathias, pois ela não a compartilhara nem com a melhor amiga. Sentia vontade de gostar de alguém como Alberto, um rapaz bom e divertido. Mas seu corpo não respondia. Não havia como forçar certas coisas, e Alberto lamentava por isso, visto que gostava demasiado da garota risonha e simples. Seria capaz de se separar por ela, porém não arriscava. No fundo, sabia que não tinha chance, mas gostava de estar próximo dela.

Alberto acabou conseguindo um emprego como motorista de ônibus. Ária foi para um mercado concorrente. O contato entre ambos diminuiu um pouco, mas acabaram se encontrando em um lugar onde nenhum deles frequentava muito: a Biblioteca Pública. Ária foi devolver um livro que sua irmã emprestou (essa sim, leitora desde criança, amante de distopias e ficção científica) e acabou encontrando o amigo saindo da biblioteca. Engataram ali mesmo uma conversa, e ele a chamou para ver algo lá dentro, na seção de História.

— É esse aqui, Ária. Gorpan: colonização e desenvolvimento, da Professora Martha de Menezes. Faz dias que ando pesquisando. Lembra que comentei contigo sobre a região onde o mercado foi construído?

— Aquela parada de que morreu gente lá no passado e pá?

— Isso. Sempre ouvi histórias, mas aqui conta direitinho o que aconteceu. Eu devo ter estudado isso na escola, mas não era um aluno dos mais atentos, né? — Alberto sorriu.

— Imagino. Mas o que você descobriu tanto aí? — Ariane estava curiosa.

— Que, na época da colonização, houve um massacre aqui. A cidade se desenvolveu pra cá, mas foi lá na região do bairro novo, que tá começando a desenvolver agora, que rolou um massacre horrível. Os colonizadores foram cercando os índios, até matá-los todos. Diz aqui que se estima que foram mais de trezentos indígenas assassinados com foices, facões e até armas de fogo. Isso em 1788. Esses colonizadores não eram bandeirantes. Parece que eram pessoas degeneradas, bandidos mesmo, que eram trazidas de São Paulo pra trabalhar aqui nas novas colônias. E como os índios se recusavam a trabalhar pros patrões deles, acabaram assassinados. Foi um banho de sangue e a região onde isso aconteceu ficou desabitada por muito tempo. A cidade foi crescendo ao leste da região, e só agora nos últimos quarenta anos ela foi desmatada e redescoberta. Outra coisa curiosa é que diz que a mata, aqui, era muito mais densa do que em volta. Os mais antigos contam que muita gente se perdeu na mata, crianças e adultos, gente que nunca mais foi vista. Aí, quando começaram a desmatar pra habitar a região, encontraram muitos ossos. Ou eram dos desaparecidos, ou dos índios, quem sabe. Há quem diga que, se desenterrar bem fundo, é possível encontrar os restos desses indígenas. Antropólogos já tentaram cavar aqui, mas foram proibidos, porque a área é particular agora, e não conseguiram autorização. Isso é uma treta antiga já, tem mais de vinte anos.

— Caralho, cara... — Ariane mostrou-se estupefata.

— Mas tem mais! Não acabou não. Entre as lendas e histórias que ela conta, diz que os antigos tinha algumas superstições em relação aos índios que ainda existiam por aqui. Era gente bem pobre, que vendia artesanato pra sobreviver. Mas eram respeitados, porque o povo da cidade tinha medo deles. Diziam que havia espíritos vingativos na região, e que a cidade toda, em maior ou menor grau, tem um lance cármico muito forte pelo que ocorreu. Ela diz que o índice de suicídios aqui é um dos três maiores entre as cidades brasileiras, e que essa negatividade que afeta as pessoas pode ter relação com o massacre, segundo alguns místicos. Crendice, bobagem, dizem hoje. Mas...

— É... nossa. É tanta informação. Não sei o que pensar. Também não sabia que Gorpan tinha um índice alto de suicídios. Mas faz sentido. Já ouvi falar de muita gente que se matou aqui.

— A taxa era baixa até os anos 60, olha aqui, até marquei a página dos gráficos. Menos de 30 por 100 mil habitantes ao ano. A área do bairro novo, onde foi feito o Diamandi, foi comprada por uma empresa estrangeira em 1963 e começaram a desmatar em 67. Exatamente em 66, a taxa de suicídios era de 32,9. Em 67, disparou pra 51,2. Do ano 2000 pra cá, ela se mantém sempre acima de 120, um número absurdo. E diz ela que não houve situações de crise ou criminalidade que justifiquem esses aumentos, como acontece em algumas outras cidades. Então...

— Então, bom... — Ela não conseguiu segurar o riso. Um riso nervoso. — Não sei o que dizer. Acredita em alguma coisa disso aí, ou é só curiosidade mesmo?

— Você tá rindo de mim?

— Não... não! — Ela riu ainda mais.

— Tá sim!

— Tá, tudo bem, eu tô. É legal, é interessante. Mas acho que não tem nada a ver, é muita viagem, imagine. Se fosse assim, todo lugar onde morre gente seria amaldiçoado.

— Ah, eu não sei não... não sei não...

— Sabe o que eu acho?

— Não. O que acha? — Alberto a olhou com desconfiança, sobrancelhas semoventes, vivazes.

— Que você tá ficando um pouquinho neurótico com essas histórias. Impressionado, sei lá.

— Você não ficou? Tua vida tá realmente normal?

— Eu não sei... anda tão corrido... o trabalho no Mercado Pague Mais me suga as energias.

— Pague Mais?

— É Pague Pouco. Mas é tudo caro pra caralho. Pior. Sou obrigada a almoçar lá naquele buffet xexelento. Tá no contrato. E pagar do meu bolso. Mas ou é isso ou passo fome, né?

— Ei, que tal a gente ir até o Café da Esquina pra continuar a conversa? — Era um domingo, ambos de folga, meio da tarde. Uma vez por mês, a biblioteca abria aos domingos, uma promoção da Prefeitura Municipal (claro, como toda prefeitura) de Gorpan City.

— Beleza, Betão, vâmo nóis!

— Tem visto mais alguém do Diamandi? O Euller?

— Não, não vi mais ninguém, nem ele. Só soube que ele andou se metendo em confusão.

— Ué! Que tipo de confusão?

— Tráfico. Pode isso?

— Porra! Sério?

— Sim. Parece que pegaram ele com maconha. Mas maconha pra vender, mesmo, não só pra uso pessoal. Se fodeu. Diz que levou uma arregaço da polícia. Tramaram na pancada. Uns três dias no hospital.

— Meu... ele parecia tão direito.

— Aham.

— As pessoas são estranhas...

— As pessoas são estranhas. Ou a gente é que é bobo mesmo.

— Ingênuo. É, eu sempre fui. Nunca fumei nem cigarro.

— Bom, eu já usei umas coisinhas, né? Não sirvo de modelo pra nada. Sem contar... bom, deixa quieto. — Sorriu de canto e deixou as reticências agirem.

— Ah, não... não venha com essa, Ária. Começou, fala! Não perde a mania! — Alberto gargalhou e o papo seguiu por caminhos sórdidos que fogem aos objetivos desta história. Oi, leitor, olá, leitora, tudo bem com vocês? Estão com saudades do elegante homem de terno? Pois bem, avance gostoso para o capítulo seguinte, e tenha uma amostra grátis deste senhor misterioso e de poucas palavras.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro