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"Yes, there are two paths you can go by" (Stairway To Heaven - Led Zeppelin) / "Sim, há dois caminhos que você pode seguir"

Uma noite fria, o vento cortante que judiava dos olhos dos passantes. O mercado ficava num descampado propício a essas ventanias típicas de Gorpan. Adentrar o ambiente fabulosamente iluminado trazia uma sensação de conforto, quase um mundo paralelo. O prédio novo e bonito contrastava com a antiga sede, escura e sombria. As histórias de espíritos no prédio velho eram comuns. Dizia-se que o fundador, Grigore, rondava pelo espaço. Tinha fama de enérgico. Dois funcionários se suicidaram dentro do mercado nos anos 40, suicídios que, pelos corredores, em sussurros, eram sutilmente atribuídos a ele, pelo seu modus operandi. A voz de trovão, a firmeza decisória, a rapidez de raciocínio e a forma como sugava dos funcionários o melhor deles. Ou o pior. Havia uma certa rotatividade num tempo em que as pessoas costumavam passar muitos anos na mesma empresa. Não era assim no Diamandi, pois nem todos aguentavam a pressão constante e ferrenha de Grigore. O fundador não poderia imaginar que seu próprio filho, aos 20 anos, recém-casado e herdeiro do empreendimento, tão jovem, também tiraria a própria vida. O mercado seguiu adiante pelas mãos de ferro de Adelina, ex-esposa de Grigore, e Paloma, a recém-viúva de Andrei, que criou Petrus com esmero e temperança, além da providencial ajuda de Adelina.

Disperso em lembranças de um tempo que parecia ter sido muito melhor, Petrus retinha a imagem ilusória de seu avô, um homem grande e duro, de humor árido, a quem não conhecera, a não ser por fotos e histórias. Passou sua vida na sede antiga e ainda não se acostumara à "nova casa". Lembrava-se das tantas lendas que circulavam entre as velhas paredes do antigo prédio, agora reduzido a pó,para ampliar a área de plantio, e as teorias sobre o espírito de seu avô circulando por lá. O vazio que sentia tinha a ver apenas com o prédio?

Logo abaixo, no mesmo momento, Larissa voltava do depósito, onde fora buscar algumas notas fiscais com Sarah, a pedido do chefe. Foi mais ou menos assim:

— Olá, Sarinha, boa noite, minha querida. — O tom galhofeiro guardava uma profunda ironia, fruto do (des)amor que Larissa sentia pela experiente líder. Não esquecia de lançar o sorriso lotado de dentes. — Eu preciso das cópias das notas de hoje, que a senhora não fez a gentileza de enviar pra administração. Poderia, por obséquio, repassá-las?

— Estão em cima daquela caixa. — Apontou com o olhar, sem encarar Larissa.

— Obrigada e tenha uma boa noite, Sarinha.

Recebeu o silêncio de volta. Um silêncio denso e ressentido. Larissa podia sentir o olhar pelas costas.

Na saída do depósito, em direção ao hortifruti, reparou num homem alto e extremamente elegante, implacável em um terno que mais parecia uma segunda pele. Olhou para ele e recebeu de volta o olhar, penetrante, os olhos negros e profundos. Não durou um segundo, mas o suficiente para arrepios percorrerem todo o corpo de Larissa. Ele entrou no depósito, e ela ficou parada, olhando. Era o tal homem de terno? Quem seria aquele senhor para simplesmente entrar no depósito? Funcionário certamente não era. Não se conteve e voltou. Encontrou exatamente a mesma cena, Sarah abrindo caixas e fazendo anotações em planilhas enquanto conferia os produtos. Estava sozinha. Nem sinal do homem. Titubeou diante de Sarah, deu um passo atrás, mas voltou e perguntou:

— Entrou alguém aqui?

— Sim. Você — respondeu sem erguer a cabeça.

— Eu tô falando sério. Vi um homem entrar aqui agora — falou Larissa, com rispidez, mais fruto do arrepio que sentia do que pela repulsa à colega.

Então, Sarah olhou Larissa nos olhos. E respondeu:

— A loucura é contagiosa?

Larissa não acreditou no que ouviu e preferiu sair sem dizer mais nada.

Pisando duro, caminhava lépida de volta à sua sala, até avistar Mathias:

— Mathias! Ei, Mathias, vem cá!

— Fala, minha bela! Em que posso ajudá-la? — Larissa tinha o poder de fazer do assistente-capataz um cara quase educado.

— Seguinte, eu acabei de voltar do depósito e vi um cara de terno entrando lá. Voltei, não o vi mais, e a Sarah me jura que ninguém entrou lá. Ou esse cara tá se escondendo lá dentro, com a ajuda dela, ou... sei lá, me dê uma luz!

— Vou agora mesmo chamar dois colegas e fazer uma busca por lá. Obrigado, Lari!

Mathias foi ao depósito acompanhado de mais dois funcionários, e fizeram uma varredura pelo local, ignorando os murmúrios de Sarah, que não acreditava no que via. Como invadiam seu território assim, sem dizer sequer um "olá"?

Foram mais de trinta minutos de busca, sem sucesso, nem um fio de cabelo, nada estranho. Mathias decidiu orientar os rapazes a abordar todo e qualquer homem de terno que adentrasse o mercado a partir de então. Com educação, claro, mas fazer a abordagem e chamar Mathias. Precisavam averiguar aquilo. Mathias imaginava que o tal homem poderia ter saído por uma das janelas ao fundo do depósito, embora parecesse pouco provável, não tanto pela altura em que elas ficavam (pois havia caixas e mais caixas empilhadas que poderiam facilmente ser escaladas por qualquer pessoa um pouco mais ágil), mas por serem basculantes relativamente pequenos, onde não passaria qualquer um, no máximo uma criança magra. Ademais, tinha a questão da altura pelo lado de fora. O pulo era perigoso. Muito mais provável seria ele ter ter saído do depósito quando percebeu a presença de Larissa, quando ela voltava do local. Não via outra alternativa que não falar com Petrus e pedir para que conversasse seriamente com Sarah. Não é possível que mais de uma pessoa visse o homem entrando no depósito, e justo ela não percebesse, justo Sarah, sempre tão atenta, incrível e inconvenientemente atenta aos detalhes. Talvez estivesse escondendo algo. Nunca confiou na mulher, experiente e competente, sem dúvida, mas muito estranha, isso qualquer um poderia notar só de olhar para a cara dela, pensava Mathias, em sua investigação interna. Estava achando quase divertida aquela situação, ao menos era algo inusitado para lidar, diferente da tarefa modorrenta de manter os operadores de caixas atentos em tempo integral.

Decidiu por ainda não conversar com Petrus. Faria do seu jeito, pegaria o sujeito e ganharia mais alguns pontos com o chefe, quiçá uma nova promoção.

Conversou em particular com os dois funcionários que o acompanharam na jornada, e com mais dois a quem explicou a situação, e combinaram de observar as pessoas em pontos estratégicos do mercado. Qualquer suspeita seria avisada aos demais pelo comunicador. Na pior das hipóteses, verificaria as imagens das câmeras de segurança, mas não parecia uma situação emergencial a esse ponto. Dito e feito, apenas dois dias depois houve uma chamada. Era Alan, na ala leste, próximo ao hortifruti, quem deu o alerta:

— Mathias. — A estática atrapalhava a chamada. — Mathias, ouvindo?

— Fale, Alan.

— Um suspeito. Alto, terno preto, cabelo preto, pose de galã. Passou aqui pelo horti e foi pro banheiro.

— Avise todos, vá até lá!

Em menos de um minuto, todos cercavam o banheiro. Alan tinha entrado no recinto e viu o homem saindo. Ainda no corredor, Mathias o abordou, sem titubeio:

— Boa noite, camarada. Por favor, nos acompanhe até a administração. — Apesar do "por favor", o tom era autoritário e até grosso. O elegante homem não compreendeu o que se sucedia, e questionou:

— Quem são vocês? O que querem de mim?

— Apenas nos acompanhe, queremos fazer algumas perguntas.

— Que história é essa de pergunta? Chamem o Petrus agora, quero falar com ele! — Elevou o tom de voz, já irritado.

— Petrus? Você o conhece? — Mathias perguntou, os olhos miúdos.

— Como? É óbvio que eu o conheço, somos sócios!

— Puta que pariu... — Mathias direcionou o olhar para Alan, que se encolheu como uma planta sensitiva, com vontade de morrer.

— Em todo caso, terei prazer em acompanhá-los. Faço questão de entender o que está acontecendo aqui. — O homem de terno parecia bastante ansioso a levar a história adiante.

Logo mais, na sala de Petrus, o clima era instável:

— Creio que pegaram o homem errado, Mathias. Creio que pegaram o homem errado... Deixem-me aqui com meu sócio e conversamos depois.

— Ok, chefe. — Limitou-se a responder Mathias. Saiu, junto com os demais, deixando o sócio e Petrus sozinhos.

— Miranda, perdoe-me por isso. Um homem de terno, um homem alto, supostamente anda rondando o mercado à noite, e devem ter achado que era você. Mil perdões por isso. Só um minuto, deixe apenas eu chamar uma funcionária minha aqui para averiguar uma coisa.

— Eu aguardo. — Anuiu Miranda, sentando-se num confortável sofá de canto.

A funcionária em questão era a confiável Cleo, que foi questionada sobre o homem. Não, não, é óbvio que não era ele. De maneira alguma, ela disse. Miranda, pelo inusitado da situação, chegou a rir.

— É, Miranda, não é você o famoso homem de terno que tem feito sucesso com minhas funcionárias. Lamento pela forma como agiram com você. Me conhece. Sabe que não ficará assim.

— Não precisa pegar pesado com eles, Petrus. Estavam tentando ser eficientes, só isso. Mas vem cá, e como faremos pra resolver a questão dos transportes...?

Enquanto os dois seguiam em sua conversa, Ariane comentava com Cleo sobre uma questão bastante delicada, logo abaixo.

— Pois então, Cleo, tô passada e com medo, agora... péssima hora pra engravidar, acabei de entrar aqui. Tô em período de experiência ainda.

— Disfarce pelo menos até completar os três meses. É teu direito, apesar que, você sabe, Petrus não tem bons olhos pras mulheres que engravidam aqui, principalmente as novatas. Ele é bem rígido nessas questões. Não vou poder te defender, apenas disfarce e torça pra que ele não dê bola pra isso.

— Eu tô ferrada, minha mãe tá me odiando, ela detesta meu ex. Pra piorar, é meu ex! Eu nem gosto mais daquele inútil, e agora fico aqui, com essa barriga...

— Não reclame da barriga. É teu filho. Não pense besteira. Jamais.

— Não, não vou abortar, apesar que minha mãe, do jeito que fala, acho que até queria, mesmo.

— De jeito nenhum. Segure a onda. Isso passa. Quando nascer, será uma benção nas vidas de vocês. Vai por mim. Sei como é isso.

Mathias passava pela sala de café, vindo da administração, e acabou, com seu ouvido sempre afinado, ouvindo um rabo de conversa e estaqueou diante de Ariane.

— Temos uma pessoa grávida aqui, é isso mesmo que entendi, ou tô louco? — questionou diretamente, os braços cruzados, olhos fixos na garota que mal disfarçava seu desespero.

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E aí, tchurma, tudo beleza? O que acharam da atuação do Mathias nesse capítulo? eheh
A música deste capítulo é minha favorita de todos os tempos, Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, que tem uma letra toda metafórica e dificílima de interpretar (visto que os próprios membros da banda nunca fizeram questão de explicá-la, o que pode indicar tanto desinteresse quanto absoluta falta de condição em explicar algo ocorrido numa época em que nenhum deles levava uma vida exatamente regrada. Mas o trecho escolhido é bastante claro... há dois caminhos possíveis... para qual deles você vai? Já fez a sua escolha? E Sarah? Mathias? Petrus? Para onde vão?

Aquele abraço capirótico procês :D estrela e comentário pro autor quicar de felicidade :)

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