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"My name is Lucifer, please take my hand" (N.I.B - Black Sabbath) / "Meu nome é Lúcifer, por favor pegue minha mão"

Esta música acima é um clássico da banda do vídeo. Pertence ao primeiro disco do grupo, lançado em 1970, com o título homônimo de Black Sabbath. Presença obrigatória nos shows, NIB conta a história do amor de Lúcifer por uma humana. É um blues pesadão, que ajudou a construir um novo gênero musical, o Heavy Metal.

Colossais gôndolas distribuídas em infindáveis corredores naquele antro de modernidade e claridade chamado Diamandi. O Hipermercado Diamandi, preços ridículos, produtos os mais diversos, muitos dos quais exclusivos ou difíceis de serem encontrados em outros estabelecimentos.

A amplidão do espaço físico dava a tônica do messianismo do empreendimento, administrado com mãos de ferro por um grupo diretor familiar que dominava o serviço em Gorpan City, não permitindo que concorrentes sobrevivessem por muito tempo. O povo gostava porque os preços eram baixos, e a variedade, ímpar.

O ritmo dentro do mercado era insano, de domingo a domingo, das oito da manhã às dez da noite, ininterrupto, funcionários de patins, dezenas de caixas, fluxo colossal de pessoas entrando, olhando, comprando e saindo.

Ariane era uma dessas funcionárias recém-contratadas, pois o novo prédio, muito maior, exigia mais trabalhadores. Ágil, esperta e conversadeira, ajeitava frutas e verduras nos balcões, decorava códigos de produtos e atendia sorridente aos clientes mais perdidos. Era seu primeiro emprego com carteira assinada, aos 23 anos, depois de anos trabalhando como doméstica, babá e manicure.

Era um dia ensolarado e quente, quase árido, mais de trinta dias sem chuva. Ariane trabalhava duro e suava muito, como os demais funcionários. Bom, nem todos suavam tanto, pois alguns eram menos dinâmicos. Estes fatalmente duravam pouco. Olhares perscrutadores observavam a postura e a eficiência de cada colaborador. Dentre estes mais lentos, havia o Alberto, 29 anos, terceiro emprego fixo. Demitiu-se dos dois primeiros, e se viu impelido a trabalhar, após a notícia da gravidez da esposa. Trabalhava no caixa, fazia o serviço corretamente, mas era um pouco lento, causando até reclamações de alguns clientes mais apressados. Por outro lado, era a alegria dos intervalos para o café, com seu jeito calmo e extroversão moderada. Bem apessoado, era querido pelas garotas. Dava-se bem com os rapazes também, pois os divertia. Compensava a letargia com os bons relacionamentos, inclusive junto à gerência.

Euller era um Jovem Aprendiz, 16 anos, estudante de ensino médio em um colégio público relativamente próximo ao hipermercado. Primeiro emprego, salário baixo, o sorriso estampado no rosto de quem se sentia independente e podia ao menos pagar suas noitadas. Extrovertido e positivo, tinha grande amizade com Ariane (a quem chamava de "arianta", no alto de sua intimidade brincalhona), e no fundo, queria mesmo era dar umas mordidas nela. Ela sabia, claro, e sutilmente o provocava, mas sem permitir aproximação efetiva. Provocava por diversão, mesmo.

Sarah trabalhava como líder de depósito, respondendo pelo recebimento e saída das mercadorias e coordenando a execução dos serviços no setor. Mais experiente, quinze anos de casa, 38 de idade, ambiciosa, focada e introvertida. Profissional de perfil mais técnico, com pouca desenvoltura para lidar com pessoas, mas querida pela diretoria por conta de sua responsabilidade e senso de organização. Pouco afeita a brincadeiras, sequer participava das paradas para um café. Interagia mais com produtos do que com pessoas, e limitava-se a dar ordens e exigir a melhor execução possível. Por dentro, uma certa frustração pela demora em galgar andares mais altos na hierarquia da empresa, mas procurava não demonstrar, para manter suas chances. Sonhava em fazer parte da diretoria antes dos 40 anos. O tempo estava acabando. Não gostava de jovens como Euller e homens como Alberto, irresponsáveis em sua visão. Pareciam brincar em serviço. Também não nutria simpatia por Ariane, a quem ignorava por completo. Garotas como ela não passavam de alpinistas que não teriam dúvidas em usar o corpo para se promover.

Mathias era um funcionário exemplar, benquisto pela administração. Começou como empacotador e chegou a assistente de supervisor de operações de caixa, após seis anos de trabalho. Dinâmico, irrequieto, a voz de trovão, um homem parrudo de 32 anos, não muito alto, a pele cascuda e mais para escura, revelando uma possível ascendência indígena. Fanático pela ordem, era duro com os caixas e os controlava com mãos de ferro, facilitando a vida do seu superior. Nem todos os subordinados o suportavam, mas nenhum se encorajava a enfrentá-lo, não só pelas frequentes grosserias, mas pelo apoio irrestrito dos chefões. Bater de frente com Mathias significava demissão.

Em uma sala mais reservada, o domínio era de Larissa, secretária executiva, trabalhando direto com o dono da empresa, Petrus Diamandi, herdeiro do avô Grigore Diamandi (nascido em 1910 e falecido no final de 1975, nos braços do filho Andrei, ainda um jovem de 17 anos), que saiu da Romênia para empreender no Brasil nos anos 30, e demais equipe diretora. Larissa, aos 28 anos, era formada em Secretariado Executivo e fazia Mestrado na área, viajando duas vezes ao mês para as aulas em outra cidade. Simpática, um sorriso aconchegante e fraternal, querida da maioria dos funcionários, negociava como ninguém, com sua encantadora lábia e amplo domínio da oralidade. Contratada como estagiária, não demorou a assumir integralmente a função. Contava três anos bem-sucedidos de casa, e não seria surpresa se galgasse posições em breve. Petrus tinha grande apreço e um certo fascínio por ela. Mas era homem sério demais para se deixar levar por encantos. Admirava o trabalho e a organização exemplar da mulher. "Um anjo em forma de gente", sussurrava, de si para si, a face neutra que o caracterizava como alguém desprovido de emoções. Seu perfeccionismo ia além de moralidades. Produtividade e qualidade em primeiro lugar. Por isso, tinha grande afeto técnico por Mathias, frequentemente denunciado por assédio sexual pelas garotas e assédio moral pelos rapazes, mas sua eficiência era uma venda nos olhos do poderoso chefão.

Comandando a Confeitaria, temos Cleonice, experiente, 58 anos de idade, mais de 40 de profissão, 30 dos quais no Diamandi. Chegou a trabalhar com o avô de Petrus e tinha a ampla simpatia do jovem herdeiro, pelo talento "sobrenatural, um achado de Deus", em suas palavras. Dona Cleonice, ou simplesmente Cleo, dominava as artes e técnicas da fabricação de bolos, doces, biscoitos e outras guloseimas. Seu senso único das misturas químicas a tornava requisitada até mesmo em outras cidades, mas Diamandi cobriu as ofertas. E nem precisaria. Cleo era leal à família.

A sintonia nem sempre era fina entre os membros da família, como, aliás, em toda família. E quanto maior, mais problemas.

Euller gostava de Ariane, conversadeira e provocativa, jogando verdes que animavam o garoto; mas Ariane preferia, em verdade, o Mathias, sua paixão secreta: o jeito tosco e direto do homem a eriçava de formas que se recusava a confessar. Pena que Mathias preferia Larissa, que detestava o jeito ogro do assistente de supervisor. Alberto também odiava Mathias, mas por outras razões: vítima frequente do chefe, que o espezinhava pela sua lerdeza e baixa produtividade, sentia-se frequentemente acuado, e sabia que não havia muito o que fazer, dada a deferência da diretoria por Mathias. Inteiramente à parte da fauna, Sarah, que só tinha olhos para o trabalho e para o piso superior da hierarquia. Era piada entre outros funcionários, sabia disso e pouco se importava. Inveja deles, bando de vagabundos que não queriam nada com nada. Ela haveria de ser reconhecida no momento certo. Esperava de Petrus um olhar mais cuidadoso, mas não gostava de chamar a atenção, queria que ele visse por si mesmo.

Já Cleo era querida por todos e tinha carinho especial pelos mais jovens, por um senso maternal que a impelia em cuidados com eles. Dura quando necessário, boa ouvinte e carinhosa por sua natureza. Mas pouco interagia fora de sua área, pois o trabalho era constante e árduo. Raramente fazia apenas as oito horas regulamentares e não era incomum ser uma das primeiras a chegar, ainda de madrugada. Bem como seu chefe e amigo Petrus, que raramente chegava depois das sete da manhã. Mais comum era vê-lo em ação perto das cinco da madrugada escura e fria de Gorpan.

— Bom dia, Petrus! Mais um dia de jornada? — Uma mui sorridente confeiteira cumprimentava o filho de seu antigo e já falecido amigo.

— Muito bom dia, querida Cleo. — Petrus beijou-a no rosto, um abraço terno, grato. Ele contava 40 anos, mas parecia mais, pela dureza das feições e pelo rosto de quem não dorme mais de três horas diárias há muito tempo. O estilo efusivo era para poucos privilegiados, e Cleo era uma deste grupo restrito. — Como estão seus novos subordinados?

— Bem, Petrus, estão se saindo bem, são esforçados e obedientes. Não tenho reclamação.

— Que bom, que bom. Não é fácil acertar os ponteiros com tantas mudanças na equipe. São quase 30% a mais no quadro funcional, os choques de temperamento são inevitáveis. Mas os treinamentos vêm funcionando bem, não?

— Claro. Nem todos se adaptam. Os mais distraídos não aguentam. Gente lenta, de má vontade, não dura também. Eu noto que os mais jovens têm alguma dificuldade em entender que existe uma hierarquia, um comando. Com esses, a conversa muda um pouco.

— Posso imaginar, dona Cleo. Posso imaginar. — Petrus sorriu, compartilhando de seus métodos.

Era mais um dia, muito cedo, horas antes da abertura. O Diamandi abria as portas diariamente às 08 horas, pontualidade devastadora (regra claríssima de Petrus: atraso? Advertência no primeiro, demissão sumária no segundo). Mas muito serviço era necessário para que o sangue corresse fluído nas veias do empreendimento, da abertura à razão de sua existência: o cliente.

Petrus gostava de acompanhar os trabalhos dentro da rotina do mercado, mas nem sempre era possível. As reuniões, contratos, fornecedores e toda a rotina administrativa o mantinham pregado em uma confortável cadeira por tempo demais. Sua salvação era Larissa, que resolvia grande parte das questões surgidas diariamente, com uma eficiência exemplar.

Quando o mercado abriu, ainda estava envolto em forte neblina, a brisa gélida esmagando os ossos dos passantes. Vários clientes já aguardavam a abertura das grandes portas e entravam encorujados, com a lentidão típica das manhãs frias de uma cidade sulista. Dentro do mercado, porém, não havia lerdeza nem preguiça. O ritmo era frenético, e Mathias trabalhava firme para garantir isso, entre os operadores de caixa. Azar de Alberto, que bocejou no exato momento em que o assistente de supervisor passava, e levou uma bronca pública e homérica, para começar o dia com gosto de humilhação. O sono deu lugar ao azedume, e demorou para o animado Alberto sorrir naquela manhã de névoas. Euller, o jovem aprendiz, fazia tudo correndo, como se o mundo estivesse prestes a acabar, ou como se sua efetivação dependesse da quantidade de quilômetros rodados diariamente. Mas gostava mesmo era dos dias em que ficava no hortifruti, na companhia da cômica Ariane.

— Oh, maleia, beleza? — O garoto sorria como o adolescente sem noção que era.

— Maleia? Que merda é essa, garoto? Tá mangando de mim? — Ariane ria de volta, sabendo que vinha chumbo. Euller adorava apelidos.

— Mistura de mala com baleia. — Antes de concluir, ele já estava levando violentos tapas no braço, mas conseguiu desviar de uma laranja que quase atingira sua cabeça de vento.

— Mala é você. Quanto à baleia, isso aqui é gostosura, meu bem, e eu sei bem que você gosta dessas curvinhas aqui. — Ela colocou as mãos à cintura, um sorriso sapeca no rosto e deu uma balançadinha, demonstrando o poder de suas curvinhas. — Mas não é pra você, não, garoto. Sai fora, que eu preciso trabalhar! — Agora era uma berinjela que singrava os ares.

O dia, agitado, deu lugar à tarde ensolarada, ânimos renovados, movimento multiplicado, lucratividade em alta.

Cleo e Ariane trabalhavam em horários intercalados. Naquele dia em específico, manhã e noite. O mercado fechava às 22h, e o movimento era intenso, como sempre. Especialmente naquele início de mês, o povo com pagamento na mão. Após uma tarde agradável, a temperatura caíra muito, e uma névoa bastante densa baixou lá pelas 19h, escurecendo o ambiente externo, mas não o interno. O mercado tinha uma claridade ofuscante. Tudo muito branco e muito amplo, contrastando com a escuridão da noite outonal.

Nove e pouco da noite, pequena pausa para um café, Cleo e Ariane papeavam:

— Você não tem noção do que era a sede antiga, Ária, era um prédio velho, escuro, isso aqui é outro mundo, dá gosto de trabalhar. Aproveite isso aqui, não dê bobeira.

— Não, dona Cleo, eu gosto daqui e quero tentar crescer aqui dentro, preciso sossegar e parar num emprego, quero ajudar em casa, a situação não anda boa. Deus o livre.

— É, eu posso imaginar. E o Petrus é exigente, viu? Ele gosta de ação e resultado. Se ele perceber isso em você, tá feita. Se não, tchau.

— Ui, fale assim não, dona Cleo. Sou bem responsável.

— Tenho obrigação de te orientar. É uma moça jovem, e jovens escorregam. Não quero te ver escorregando, só isso. Nem flertando com outros funcionários. Se o Petrus percebe uma coisa dessas, te complica a vida.

— Eu não flerto! Eu só brinco. — Ariane sentiu algum desconforto, quase ofendida, mas entendeu o recado.

— Bom, eu vou voltar pra cuidar dos meus biscoitos. Fique bem, menina.

— Até logo, dona Cleo!

Voltando à padaria, Cleo notou um homem diferente andando com celeridade rumo ao depósito. Alto, porte elegante, trajando um terno que destoava no ambiente cheio de gente com roupas bem casuais. Viu-o entrando no setor e imaginou se tratar de alguém ligado à diretoria, ou um fornecedor, algo assim. Nunca o vira por lá, por isso a estranheza. Mas logo o esqueceu. Os biscoitos a aguardavam. Os biscoitos a aguardavam... os biscoitos... a aguardavam... os biscoitos... um estalo, "acorda, mulher!", uma leve sensação de atordoamento ("vai passar, preciso ver os biscoitos"), o caminhar lento. Escorou-se no balcão da padaria por um momento breve.


Olá, pessoal, tudo bão com vocês? Comigo tá TUDO bem! :D Principalmente porque não trabalho nesse mercado do mal...

E aí? O que acharam dessa primeira parte de 9 capítulos? Quem é o homem de terno? Qual é a dessa cara? E quanto aos demais personagens? Eu vou contar um segredinho... embora o mercado e a cidade sejam fictícios, o conto é baseado em uma "lenda urbana" recente aqui da cidade onde moro.

Semana que vem, mesmo horário, 22h22, capítulo 2! Até lá :)

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