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Capítulo 6


📚 Milena Louise 📚

Eu estava ali de mãos dadas com o meu irmão indo para escola. Essa cena podia ficar ainda mais vergonhosa? Olhei para minha farda e suspirei aliviada. A farda estava limpa.

A camiseta branca igual a neve

Eu adorava Jorge. Ele era o meu irmão mais velho. Enquanto eu tinha 10 anos ele já estava com 15. Fase adolescente. Eu achava o máximo ter um irmão. Sem querer ele acabava se tornando o meu único amigo.

Jorge era uma caixinha de surpresas. O seu amor por cavalos era a novidade da vez.

Era lindo vê-lo animado olhando para um cavalo. Os olhos brilhando, os braços incontroláveis sem conseguir se conter até pegar no cavalo, seu sorriso.

Ele sempre foi sonhador, animado ou brincalhão. Parecia aquelas pessoas que sempre tinham algo para contar. Nunca ficava parado. Podia correr brincando de pega-pega, jogar bola, pular o muro da escola, subir em árvores.

Um adolescente de 15 anos com um tal espírito de criança. Bonito, admirável, influenciável, esperto. Adorava brincar de pega-pega com ele ou jogar futebol. Normalmente nós só brincávamos como dois irmãos aventureiros.

As vezes a gente não queria brincar. Eu ficava triste por não ter amigos e assim ele me ajudava. A gente se deitava na cama, nos enrolávamos com o lençol até a cabeça, ligávamos a lanterna e depois começávamos a conversar sério.

Eu nunca tinha novidade. Meu irmão era o que falava, contava piadas, até me fazer rir muito até minha barriga ficar doendo de tanto rir. As vezes eu ficava quieta e ele entendia.

Me aconselhar não era um fardo para Jorge. Nem um dever. Nem obrigação. Me aconselhar se tornou algo comum como andar de bicicleta todos os dias pelo calçadão da praia.

Tempo livre + praia + ondas = passeio com direito a andar de bicicleta por todo o calçadão da praia.
Eu o acompanhava. Duas crianças felizes andando a toda velocidade pela praia. Eu fingia que ele podia ser meu amigo e não um irmão.

Tinha vergonha por não ser sociável e por isso as vezes me envergonhava das pessoas só me verem andando com meu irmão.

E ele mais uma vez vinha para mostrar que não tinha problema nenhum em sermos próximos.

"Seus colegas vão gostar de você se for você mesma. Não precisa ter vergonha das coisas que gosta, das suas roupas, o seu modo de ver a vida."

Estávamos em um novo ano e faltava três meses para meu aniversário.
Eu era de junho. Sempre gostei de completar ano na época de festas juninas. Levava isso como vantagem. Gostava e acreditava em signos.

Estávamos em fevereiro. Os meus pais me tiraram da escola particular e optaram por me matricular em uma pública. Eles viram que eu não estava me adaptando e resolveram perguntar se eu queria sair de lá.

Tinha todos os motivos para querer. Só que a imagem do rostinho bonito, do cabelo castanho claro, da beleza, até do vestido ridículo do aniversário vinham na minha mente.

Raíssa Valentina

Minha admiração, inveja ou seja lá o que for não me deixavam sossegar. Seu sorriso também me deixava inquieta. Ai que coisa confusa.

Tudo incrivelmente bonito e confuso. Era inveja ou o que mais?

Tudo bem. Seu vestido não estava nem um pouco ridículo. E a nossa conversa não foi nenhum pouco legal. Começamos muito mal. Continuava sendo a novata jogadora. Nada havia mudado.

A tristeza de nunca mais ver Raíssa me incomodava. Só que tomei a decisão de sair da escola particular. E estava indo com Jorge para nova escola.

Sorria, Milena. Sorria e faça amigos

— Aqui, maninha. Chegamos ao seu novo lar — ele disse sorrindo sem nem soltar minha mão — Você quer dar uma volta ou prefere entrar?

— Fico com a segunda opção — sorri tentando parecer bem animada — Me deseje sorte, maninho.

— Vai ficar tudo bem. Eu confio em você — me abraçou — Se alguém aqui mexer contigo ou te insultar...

— Espero que isso não aconteça — eu o interrompi — Pode ir tranquilo. Eu vou sobreviver.

Eu queria mostrar tranquilidade e uma alegria para ele não se preocupar. Jorge me abraçou novamente sem parecer a vontade para me deixar sozinha. Como ele me entendia.

Nem precisava falar nada. Era só ele olhar para mim e sabia perfeitamente o que se passava.

Entrei na nova escola e observei todos os alunos. O pátio estava um completo campo de futebol cheio de jogadores e ainda tinha a platéia.

A platéia era o meu lugar, porque quem observava todas as brincadeiras chegava a se parecer comigo.

10 anos. Faltando três meses para meu aniversário de 11. Eu vou conseguir

Procurei por rostos conhecidos. Porém, vi ninguém. Estranhos, felizes, espertos, barulhentos. Ali continuaria sendo a invisível? Eu não queria essa reputação de novo.

Vi ali uma menina alta usando peruca. Ela estava desfilando na frente de umas alunas que batiam palmas rindo. Aquilo pareceu engraçado. No final sua peruca caiu no chão quando ela pulou animada. Fiquei observando sem conseguir nem sair do lugar.

Sorria, Milena. Faça amigos

Me aproximei andando devagar sem olhar para os lados. Puxei um pouco as alças da mochila e meus dedos ficaram brancos por ter segurado as alças com força. Como se a mochila fosse capaz de me proteger.

A menina de peruca estava rindo e agradecendo as palmas. Ela tinha uma certa beleza. Alta, cabelo loiro, os olhos grandes, um óculos com uma armação vermelha. Acho que seus olhos ficavam grandes por causa do óculos.

Não tinha cara de ser popular. Nem nada do tipo

Foi aí que eu reparei. Ninguém era como Raíssa

Nunca mais ia sentir o seu cheiro incrivelmente doce de frutas e flores

As sensações estranhas que sentia toda vida que via ela

— Oi. Eu sou Liana. Você é Lorrane? — custei para reparar que alguém falava comigo. Era a menina de peruca.

Usava uma peruca amarela

— Não é Lorrane? Puxa. Desculpa. Eu entendi errado — parecia nervosa e os seus olhos grandes analisavam minha reação.

— Milena Louise — eu a corriji me sentindo exposta com as outras alunas olhando para mim com olhares curiosos — Você me conhece?

— Uau. Nome chique — elogiou e eu agradeci — Sua mãe é amiga da minha e meio que pediu para mim me aproximar de você.

Luciana... Ops. Mamãe não acredito que a senhora fez isso

— Ei, tá tudo bem — me tranquilizou — Nem precisamos ficar grudadas o tempo inteiro. Vamos... Tentar se conhecer. Aposto que você é legal.

— Me desculpa. Mesmo. Minha mãe só quis ser gentil — gaguejei — Eu sou do 5° e você?

— Somos da mesma sala — se alegrou — Gosta de colecionar figurinhas? Eu tenho um álbum da copa do mundo.

— Jura? Um álbum? — me empolguei e tentei me conter para não parecer ser desesperada — Gosta de futebol?

— Não, mas meus irmãos gostam e eu me deixei influenciar — ela sorriu me puxando pelo braço — A propósito quer uma peruca? Eu coleciono.

— Quero não. Obrigada — me deixei ser guiada por Liana — Amo futebol. Isso é... Problema?

— Vai ser bom conhecer uma menina que gosta de futebol — me soltou e vi que estávamos em um corredor — Ali ficam as salas do 5° A e B. Bem-vinda, Milena.

Dias atuais

2017

Livian Alves me ignorou. Eu boba, toda sem jeito, tímida ainda levantei o meu braço quando vi ela passar com o seu patins. Porém, não importa. Deixa para lá.

Ela ficou rindo conversando com a tal de Raíssa

Esquece isso, Milena.

Preferiu dar atenção para uma pessoa desconhecida e nem te cumprimentou

Para com isso. Não crie conclusões precipitadas.

Elas tiveram uma troca de olhares na sala. Enquanto nem se quer olhou para você

Besteira. Ela apenas foi educada, Milena e não podia deixar de falar com a sua "parceira" mais conhecida como Raíssa.

Eu tento me convencer pela milésima vez de que estou totalmente errada e de estar exagerando. Algo tão normal e eu criando várias paranóias. Eu e a minha boca grande.

Ou eu e meus pensamentos ruins

Como sempre nenhuma novidade aqui. Sempre transformo uma coisa fácil em uma difícil. Sou especialista nisso. Para de ser assim, mulher. Relaxa pelo bem das pessoas a sua volta.

Acho que eu esperava algo grandioso. O que pensei? Iria vim para escola hoje e Livian falaria comigo toda sorridente? Logo ela tão séria, não tem amigos, a chamam de antissocial e não sei mais o que.

Eu gostei muito de conversar com ela no ônibus e talvez o Universo me ajudou com uma forcinha. Nunca ia conseguir arrumar um pretexto para falar com ela.

Eu acho que quero saber quem é ela de verdade. Só isso.

Tenho essa curiosidade desde quando ela entrou na escola.
Com a informação já estaria satisfeita. Ela me deixa muito intrigada.

E bem lá no fundo (não que eu um dia fosse admitir isso para alguém) gostaria de ser a pessoa escolhida pelo Universo para conhecer a verdadeira Livian

Eu avisto Liana andando de mãos dadas com Manoela, sua namorada. O óculos de Liana agora é uma armação branca. Seus olhos ainda são grandes por causa do óculos.

Manoela tem o cabelo loiro liso, muito brilhoso e raspado em um dos lados, olhos verdes, pele bronzeada por ela adorar ir para praia e um piercing no nariz.

Liana ficou um pouco chateada por eu não ter ido para o shopping ontem, mas vou tentar me explicar mais uma vez até convencê-la que eu precisei resolver uma coisa.

Mesmo que essa coisa tenha sido eu escrever uma carta anônima para um desconhecido.

Minha amiga chega sorrindo com Manu e eu fico pensando em uma explicação a respeito de não ter ido para o shopping.

— Eu disse amor. Ela está aqui — fala para Manu que balança a cabeça — Nós te procuramos foi muito.

— Onde mais eu estaria gente? Estou assistindo a palestra das profissões — aponto para o palestrante — E onde vocês estavam?

— Aproveitando — Manoela soltou uma risada puxando Liana para um beijo rápido — Antes da viagem, porque nós vamos passar uns dias sem nos ver.

— Ela tá quase morrendo com isso — diz soltando a mão de Manu — Quer minha ligação todo santo dia.

— Claro. Vou sentir saudade — cruza os braços e eu observo querendo rir — E as novidades Milena?

— A única é que sua namorada querida não quer me perdoar por não ter ido ontem com vocês para o shopping — finjo tristeza — Convence ela aí a me perdoar.

— Poxa, amiga, você sempre diz não em todos os passeios para o shopping — cruza as pernas — Tô começando a achar que não gosta da gente.

— É só... Falta de vontade — eu gaguejo insegura — Desculpa. Só não quero sair. E ontem aconteceu um imprevisto.

— Entendo, Mile. Só podia ter avisado antes, né? — senta do meu lado e olha para os palestrantes — Vai demorar isso aí?

— Até o final do intervalo — respondo e chamo Manu para sentar do nosso lado — Por que tem pouca gente aqui? Cadê o resto do pessoal?

— Fugindo da palestra — Manu suspira entediada — Ninguém quer assistir não. Só você.

— Nossa. Obrigada pela motivação — eu digo irônica — Já decidi a profissão dos meus sonhos. Vocês sabem. A palestra é importante para ficarmos sabendo mais e termos conhecimento.

— Deixa de implicância, Manoela — a vejo revirar os olhos — Eu te entendo e apoio super. Somos desinteressadas mesmo. Temos você como exemplo e eu te amo viu?

— Eu também tô brincando — Manu ri me abraçando — Quero ser como você na minha outra vida. Exemplo de determinação.

— Vou levar isso como um elogio — eu retribui o abraço — Eu amo vocês. São as minhas melhores amigas.

Liana e Manoela continuam o abraço e depois saem dizendo que vão andar um pouco. Eu fico sozinha com todos meus pensamentos.

Não consigo me concentrar

Os pais de Liana aceitam e dizem ter orgulho da força dela. Única filha do casal, pais separados, sonha em ter uma irmã. Porém, sua mãe não quer. Então ela fica feliz em me ter por perto.

Tem sorte por ter pais compreensivos e amorosos. Apoiam ela. Até recebem Manoela bem quando Liana a chama para almoçar na casa de sua mãe. Nada disso é problema para a família Santos.

Invejo. Sim eu invejo. Não a união deles ou algo do tipo. E sim o fato dos pais dela aceitarem numa boa. Sei que a inveja é uma coisa horrível.

Eu posso não ser lésbica, mas respeito muito minhas amizades sejam elas quais forem. Acho lindo quando os pais estão do lado dos filhos, aceitam e torcem pela felicidade deles.

Invejo a sorte de Liana apesar de me odiar por isso

Com esse pensamento lembro de uma lembrança que guardo com carinho na minha mente. A menina do 4° ano que mexeu comigo no fundamental. Até hoje tento entender o que foi aquilo.

Talvez eu tenha gostado de Raíssa, mas acredito que foi coisa de criança. Eu era pequena e não sabia quase nada sobre a vida.

Preciso focar nos meus estudos. Assim conseguirei ir em paz para a viagem de Minas Gerais. Nessas provas vou tirar as melhores notas.Irei conseguir.

Não é hora de pensar em garotos, ficar ou namorar. Nem costumo pensar em garotos. Até porque não preciso. Eu preciso focar no meu futuro. Penso em namorar quando já tiver realizado meus sonhos.

E não é hora de pensar em garotas... Se bem que já cogitei a possibilidade de gostar de garotas, mas não.
Acho que isso foi só coisa de criança.

Uma coincidência grande é o nome da minha colega ser o mesmo da menina do 4° ano. Esse nome me persegue. Por que tem que ser tão comum? Se o nome não fosse conhecido seria fácil.

E pior o sobrenome também. Lembro da conversa que tive mais cedo com ela. Se apresentou com o sobrenome igualzinho ao da menina da escola particular.

Tiro o boné sentindo um pouco de calor e passo a mão na testa. O sol tá quente demais. Os raios que antes pareciam até agradáveis por ser de manhã cedinho, agora parecem uma tortura.

Essa farda quente não ajuda

— Raíssa Valentina — fiquei surpresa demais com o seu nome.
— Mas pode me chamar de amiga de pessoas imaginárias.Fica fácil para me reconhecerem.

Como o povo daqui não gosta dela? É até ridículo eu estar do seu lado depois da nossa primeira conversa.

Ridículo demais eu ser a boazinha para simpatizar com alguém que falou umas poucas palavras comigo. Antes eu nem notava a tal presença de lobo-guará da minha adorável colega de sala.

Poxa. A garota fica quieta a aula inteira fazendo sei lá o que. Já vi ela lendo uma história em quadrinhos (tem bom gosto), um dia eu entrei no banheiro e encontrei ela falando sozinha.

Inúmeras vezes vi ela discutindo com Formiga e Cabeção

A menina abre a boca e só com isso consegue se defender. Humilha os meninos em sete mil línguas diferentes

E em uns momentos ao seu lado vejo o seu senso de humor

Que raiva estar gostando da primeira conversa com Raíssa e também tá com ciúmes por ter visto ela e Livian juntas. Que tipo de pessoa eu sou para ficar com raiva de uma coisa boba?

A comparação com o lobo-guará é por esse animal ser solitário e eu acho que ela é solitária também

— Você desatenta? É a aluna mais atenta dessa escola — seu elogio me fez pensar que sou mesmo o centro das atenções e todos me observam.

— Você tinha que gostar de ler, né? Não basta ser super concentrada — fiquei em dúvida nessa hora se ela estava ou não implicando comigo.

Um grupo de alunos do 3° ano passam e falam comigo. Tem um garoto desse grupo que gosta de mim.

Alisson, conhecido como meteoro da paixão, sim. Esse apelido é ridículo.

Alisson é bom nos papos e sabe como seduzir por assim dizer. Em todos meus jogos olho para arquibancada e bem no meio vejo ele batendo palmas ou fica assobiando para mim.

Na última vez que nos falamos tentou me beijar depois de conversarmos um pouco. Eu o empurrei.

Abraço umas meninas do grupo que são minhas amigas e abraço mais dois meninos. Menos Alisson.

Me olha com a sobrancelha arqueada e solta um beijinho para mim. Garoto folgado. Tá fazendo de propósito para eu me culpar por ter o dispensado. Ah fala sério.

Dispensado não. Eu dei um fora nele. Um chega para lá.

Acho que a minha linguagem do amor é o toque físico. Eu amo abraçar todos a minha volta se eles significam algo para mim ou são importantes.

Alisson não é nada importante e nem respeita minhas vontades. Coloco meu boné novamente, fico bem séria, viro de costas e saio sem dizer nada. Agora eu quero ver esse garoto não entender meu aviso de chega para lá.

Eles sentam para assistir a palestra e eu saio sem olhar para trás. Não posso mais ficar aqui e correr risco dele vir até mim com seus papinhos. Prefiro ler em paz.

Vou para a biblioteca

— Te achei, Lila — Isa vem pulando e pega no meu ombro — A gente tá lá na sala de vídeo. Professora deixou a chave e disse para termos cuidado.

— Como a professora ainda confia em deixar um bando de jovens sozinhos em uma sala de vídeo? É um perigo. Os jovens são muito barulhentos...

— Relaxa, Lila, não vamos cometer um crime — ri zombando da minha cara — Nós estamos jogando o Eu Nunca. Quer participar?

— Ainda acho um perigo um bando de jovens juntos — me viro para ela — Eu topo jogar. Vou primeiro em um canto ali e encontro vocês.

Isabelle beija minha bochecha e sinto que está feliz com minha resposta. Saio indo até a biblioteca para meu cantinho secreto.

Sento na mesa e um papel azul bebê chama minha atenção.

Uma carta

Ai meu Deus. Ai meu Deus. Ai meu Deus.

A bendita carta

Pego o livro as Crônicas de Nárnia com uma rapidez como se o livro fosse sumir virando fumaça. Como se a minha vida dependesse daquilo.
O papel está dentro do livro com a pontinha do papel para fora. Cor azul bebê.

Escrevi ontem e hoje tive resultados. Talvez estiveram a pouco tempo aqui e viram a carta. Ou essa pessoa estuda de tarde assim viu ontem mesmo.

São várias suposições.

O papel pequeno me mostra a caligrafia perfeita do desconhecido. Abro a carta e não sei o que espero ler. Só não quero ser mal interpretada.

"Olá. Eu pensei muito antes de escrever essa carta. Em todos os meus dezessete anos de vida... Nunca recebi uma carta. Sinta-se privilegiada por eu estar aqui te respondendo de volta. Normalmente eu não faria isso.

E privilegiada por eu ter vindo hoje. Eu iria faltar e acabei sendo obrigada a vim para escola. É chato estudar de manhã e nem poder acordar tarde.

Agora é o intervalo e aqui estou eu.

Bom... Não sei o que dizer. Quando olho para o futuro eu só enxergo escuridão. Ainda nada muito nítido. Não faço nem ideia de qual profissão vou querer.

Você parece ser bem mais resolvida do que eu.

Mas se não conseguir passar pelo Enem tem a faculdade particular também. Sua outra opção. Boa sorte.

Na verdade eu achei estranho. Não era para ninguém ter lido o que escrevi na mesa. Quer saber uma curiosidade?

Essa mesa empoeirada era só minha até uma certa pessoa desconhecida aparecer para me mostrar que eu não estava sozinha.

Poxa. Achei que eu fosse a única a gostar desse lugar. Pelo visto estava errada. Só não se preocupa.Pode continuar vindo para essa mesa cheia de poeira, os livros velhos e correr o risco de ter uma crise de rinite. Vou deixar umas dicas:

1: Prenda a respiração antes de adentrar os lugares com mais poeira que são essas estantes do lado direito. Tem muito pó e isso vai te fazer mal

2: Em hipótese alguma se atreva a cheirar algum livro. Esses daqui são cheios de poeira. Sério. Pelo bem da humanidade e o bem de todos os leitores que tem essa mania. Isso é viciante, mas... Aqui tudo é velho

Falo por mim também. Gosto do cheiro de livro novo, mas isso não vem ao caso agora.

Voltando para o assunto principal. Até concordo. Todo meio de comunicação é válido.

Jurava que você já estava resolvida com sua profissão, mas tem medos. Relaxa. Eu te entendo. Tem sorte de ter a família do lado e seus amigos. Já eu não posso dizer a mesma coisa.

Adoraria saber quais são todos seus hobbies. Pode me contar?
Concordo de novo. A internet é uma ótima distração.

Eu encontro refúgio no Cosplay e nos livros. Não vou me aprofundar nisso por não me sentir a vontade para desabafar.

Sim. A prova do Enem é desgastante. Eu nem me imagino fazendo o Enem. Sério. É difícil imaginar isso por eu nem saber qual a profissão dos meus sonhos.

(A pressão aumenta e a gente meio que não tem para onde correr) Essa parte me fez refletir tanto. Principalmente a sua comparação da prova do Enem com o medo de andar de elevador.

Perdão. Não me sinto pronta para ler coisas tão pessoais. Tem informação demais, medos, trabalho, comparação. Somos desconhecidas. A única coisa que sei sobre você são as coisas escritas aqui. Sou a menos indicada.

Relaxa. Não vou ser mal educada nem nada. Se quer conselho... Eu tentarei fazer o meu melhor.

Andar de elevador é complicado quando temos medo. Já tentou contar de um até dez quando entra no elevador e pensar em bons momentos da sua vida?

Ou pode pensar também em um lugar no qual queira conhecer. Já vi alguém falando isso e talvez ajude.

Tentar não pensar muito em onde você está e focar o pensamento em algo bom. Eu sei. Pode ser difícil no começo. Sou péssima para aconselhar, né?

Ninguém mostra 100% quem é para os outros. Mostramos o que queremos. Já tem gente que é sociável por natureza e tem problema nenhum em mostrar quem é de verdade. 70% ou 80%.
Ou 90%. Menos o 100, porque acredito que ninguém é 100% verdadeiro.

Tem coisas que nós guardamos só para gente. Tá mais que certa.
Talvez quem está a sua volta te ama do jeitinho que você é. Conhecem sua versão e tem orgulho independente de ser ou não você 100%.

Normal. Sabe? Normalmente quem está a nossa volta gosta mais de nós e a gente não faz nem ideia da importância que temos na vida de alguém.Eles te vêem vitoriosa. Porque você é. Acredite nisso.

Nessa parte final tive a impressão de ser a parte obscura. Li como se uma nuvem negra tivesse acima da minha cabeça e com uma sensação ruim. Aquela vibe triste sabe?

Sinta-se a vontade para desabafar se quiser. Não vou te julgar. Eu gosto de ser engraçada e meu senso de humor me faz rir de piadas bobas que eu invento.

Nesse caso vou levar a sério. Prometo. Nunca brincaria com algo assim.

Bem aterrorizante mesmo. Um mar tão agitado desse jeito. É como se tivesse uma luz lá no finalzinho do mar e você não conseguisse chegar até lá.

Em relação a escada rolante também já tive medo quando era criança.

Tem muitos adultos e até adolescentes por aí que compartilham desse medo. Não se sinta triste ou envergonhada.
É normal. Tem as escadas normais e as rampas para facilitar.

Um dia você pode enfrentar seu medo e colocar o pé na escada rolante, depois o outro e pronto. No começo sentirá um friozinho na barriga, mãos suando, ou querer descer dali rápido.

Já foi meio caminho andado. Acredite em você e tente novamemte quando sentir toda sua confiança irradiando coragem para seu corpo. Espero que consiga. Eu vou ficar torcendo. Tudo no seu tempo certo.

Pensamos muita besteira quando vem uma situação de risco. Sabia que o medo é um tipo de defesa? Podemos ter receio de andar em uma roda gigante, pegar uma aranha, resolver negócios, ir sozinha pagar uma conta e etc.

É uma defesa do nosso corpo.

Uma curiosidade minha para finalizar como você pediu.
Leia as letrinhas pequenas abaixo:

Eu sei diferenciar as ervas. Tenho muito conhecimento sobre isso e no momento estou aprendendo a respeito de cristais. Os nomes de cada um.

Estamos quites então. Eu também não pretendo revelar minha identidade. A emoção de esperar seu retorno parece interessante então vou dá uma chance a esse novo meio de comunicação.

(Ok. Admito que usei palavras bonitas para parecer inteligente e não ser a menina que sonha em um dia poder viajar no tempo.
Devia existir máquina do tempo. Ser possível viajar através dos séculos)

Atenciosamente, Sky."

Hello. Como estão? Obrigada por estarem aqui comigo lendo, votando e comentando

Foi bom ver a primeira amiga que Milena fez na escola?

Gostaram de Liana e Manoela?

E Jorge?

Vocês já tem alguma teoria de quem vai ajudar Milena a descobrir a pessoa por trás das cartas?

Ela vai ter uma ajudinha...

Fiquem bem e até a próxima

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