Capítulo 5
🛸 Raíssa Valentina 🛸
Vicente, nosso motorista particular, me deixou em casa. Peguei minha mochila azul com detalhes em amarelo, coloquei um chiclete na boca e sai do carro.
Vicente me olhou balançando a cabeça e fechou a porta do carro. Não estava com vontade de conversar com ele hoje. Só queria poder sair com minhas amigas ou com minha mãe.
Como sempre mamãe nunca estava em casa
Entrei feito um furacão. A porta bateu por causa do vento e eu fui direto para a cozinha. Fernanda, minha babá, logo me olhou com uma expressão confusa.
Fernanda era nova e tinha somente 18 anos, mas parecia uma mulher de 30 no máximo por causa da sua maturidade.
Ela era bonita, inteligente, ótima pessoa. Sempre queria estar perto de mim e me ajudar.
Ela sonhava em ter um filho
— Bom dia, mocinha. Como foi a aula? — fez a pergunta de sempre quebrando o silêncio.
— Você me acha chata, Fernanda? Eu sou superficial? — fui perguntando e coloquei minha mochila em cima da mesa.
— Que é isso, Raíssa? Claro que não — parou de lavar os pratos e me olhou — Você é muito legal.Por que a pergunta?
— Uma menina lá da minha sala não quis entrar para o meu grupo — revirei os olhos e continuei masclando chiclete — Ela me acha chata e superficial. Disse que prefere jogar futebol.
— Querida — falou com sua voz calma e acolhedora — Não fique com raiva da sua colega. Ela não disse por mal.
— Mas me magoou, Fernanda — disse cruzando meus braços — Como ela não quer entrar para o meu grupo? Minhas amigas iam gostar dela.
— As pessoas são diferentes, Raíssa — sentou na cadeira na minha frente — A sua colega deve ter seu grupinho e por isso não aceitou seu convite. Certeza que gosta de você.
— Fernanda, ela não tem amigos — eu falei com raiva — Certeza que deve ter algo contra mim. Teve oportunidade de ser popular e não quis. Qual que é o problema dessa menina?
— Tenta conversar com ela amanhã. Talvez ela se sinta bem com uma amiga e não em um grupo — sorriu — Não leve as coisas tão a sério assim.
— Eu nunca mais vou falar com essa menina — me levantei pegando minha mochila — Se ela quiser que venha me pedir desculpa. Cadê o meu pai?
— Trabalhando, Raíssa — se levantou cansada e imaginei que ficou um pouco triste com o que falei — Chega cedo hoje.
— Sonho com o dia que vou acordar e ver minha mãe e meu pai aqui — soltei o ar e fixei o olhar na parede — Queria eles comigo. Que bom que eu tenho você pelo menos.
Fernanda me abraçou e senti que ela teve pena de mim. Foi a primeira vez na qual me senti segura de desabafar.
Afinal eu, Raíssa Valentina, sou muito difícil para expressar sentimento. Falar como me sinto de verdade. Eu odeio me sentir vulnerável.
Dias atuais
2017
O quadro de Avisos é a primeira coisa que vejo quando chego no meu armário. Último dia da palestra das profissões. Já é o fim da semana.
Se pudesse teria chegado no segundo tempo e aproveitado para dormir mais. Só que Fernanda me acordou cedo e não me deixou faltar aula.
Fernanda conseguiu realizar seu sonho. Ela tem Joaquim, seu bebê de 2 anos. Ele ficou doente na semana passada e eu me ofereci para cuidar dele.
Joaquim é fácil para adoecer. Então ele passou uma semana doente e eu passei a semana ajudando Fernanda a cuidar do bebê. Eu, muito esperta, não podia nem perder essa chance.
Desculpa, Joaquim
Mas precisava de férias. Também amo cuidar dele e por isso convenci minha babá de me de deixar faltar. Confesso que foi difícil ver ele doente.
Joaquim é o meu bebezão. Tem o cabelo ruivo, olhos grandes azuis, pele branca. Ele é muito parecido com o pai.
A boca dele forma um bico quando quer chorar e eu acho muito fofo. Impossível não se apaixonar por esse bebê. Nunca quero me afastar dele. Espero que logo ele melhore da gripe.
Abro meu armário e pego o meu espelho pequeno. Meu cabelo está um desastre.
Cheio de frizz, meio volumoso, pontas duplas.Parecia que eu tinha saído de um ônibus lotado.
A verdade é que eu me acordei tão triste por precisar estudar e acabei deixando meu cabelo desarrumado.
O trânsito de São Paulo não foi responsável por isso.
Eu acho lindo meu cabelo rosa, mas é meio complicado para cuidar
Passo a mão nos fios rebeldes e vejo uma agitação vindo do lado esquerdo. Estou no corredor e aqui sempre é lotado de gente. Aperto os olhos para tentar ver.
Um grupo de seis pessoas vem pelo corredor. Elas parecem As Meninas Malvadas do filme. A diferença é que as três não são ruins.
Milena Louise, a da liderança, Liana, a melhor amiga da popular e por último Isabelle, a namorada de Ruan.
Meio que não importa o sobrenome dos outros. Só o de Milena, porque é a "líder".
Acho tão sem sentido essas regras que sempre tem no grupo dos populares. As meninas riem com uma piada besta de Cabeção.
Reviro os olhos quando Liana, Isabelle, Cabeção, Jonas e Ruan passam por mim. Andam de mãos dadas pelo "enorme" corredor. Como se fosse bem largo para andarem a vontade.
Lembro com pesar dos tempos que eu era popular. As amizades, as risadas, os segredos compartilhados.
Os momentos que tive de "fama". Era só uma criança que se achava dona da escola.
Como eu era bobinha
Ela para para ler o Quadro e deixa seus amigos irem na frente. Fecho a porta do meu armário enquanto ajeito de novo os fios rebeldes. Observo ela discretamente.
A sua pele branca ressalta os seus olhos negros, seu cabelo preto liso, um preto meio azulado como se fosse luzes azuis naturais. Está usando boné e delineador nos olhos.
A farda cai tão bem nela que parece até ter sido feita para seu corpo. Engraçado como sempre acho diferente seu jeito.
É como se cada dia ela mostrasse ter mais controle das coisas.
Milena é a pessoa mais concentrada que eu conheço. Quando pega a bola sabe exatamente o que fazer, corre bastante, se concentra antes de chutar e quase sempre faz um gol.
Ela é perfeita
Tenho que admitir
Faz parte do grupo 1 da minha sala e também me exclue como todo mundo. Já tô acostumada
Ela é o menor dos meus problemas. Os que me tiram do sério são Formiga e o Cabeção
— Mais uma palestra — ela fala sozinha suspirando — Dia perfeito. Vão fechar a quadra de novo.
— Esse diretor é um sem noção — eu ouvi minha própria voz ganhando vida antes de poder raciocinar direito — Eu... Quero dizer — gaguejo — Poxa. Fechar a quadra quase todo santo dia. Que ideia estranha.
Eu tinha mesmo falado aquilo? Primeira vez que fui sincera a respeito de como eu vejo o diretor. Outras escolas são bem normais. Aqui tem as regras estranhas. Não sei onde eles estavam com a cabeça para tomarem essas decisões.
Para a minha surpresa ela sorriu. E que sorriso lindo.
Essa é a nossa primeira conversa. Uma meia conversa talvez? Estamos frente a frente.
Nunca tinha parado para observar ela. Agora que percebo uma coisa. Sei muito pouco sobre a menina popular.
— Eu estava falando da palestra — ela ri e aponta para o Quadro — Soube que o último aviso arrancaram. Deve ter sido algum engraçadinho.
O seu comentário me pega de surpresa. Lembro da quarta onde eu arranquei o papel e joguei no lixo. Eles deram falta do aviso. Sorrio passando a mão no meu pescoço para disfarçar.
— Nem todo mundo tem paciência para assistir palestra — digo e tiro a garrafa de suco de dentro da mochila junto com o sanduíche — Vou indo.
— Bem que me disseram o quanto era impossível falar umas dez palavras com você e partir para um assunto maior — ajeita o boné e se apoia na parede — Eu sou Milena. Você é a...?
— Raíssa Valentina — vi a necessidade de me apresentar a ela com meu sobrenome — Mas pode me chamar de amiga de pessoas imaginárias. Fica fácil para me reconhecerem.
— Nossa. Que piada. Era para mim rir? — cruza os braços e percebo seus olhos se fecharem por causa de uns raios de sol que iluminam o corredor — Você senta do lado esquerdo. Fica bem longe da gente.
— Sim, porque a nossa sala é desunida para caramba — tomo o suco e mordo um pedaço do sanduíche — E você faz parte do grupo 1. Os comportadinhos.
— Ter a fama de comportados cansa e é desgastante — as palavras saem rápido e ela se afasta da parede rapidamente — Enfim. Você tem razão.
— Relaxa. Não vou te julgar — digo pois sinto que ela se arrependeu do que falou e não entendo o motivo — O que dizia sobre a fama?
Sou interrompida quando a vejo mudar o foco. Ela para de prestar atenção em mim. Livian Alves passa por nós com o seu patins. Tá aí uma garota fácil para fazer amizade.
Ela é misteriosa e nada popular
Me identifico com pessoas assim, porque pelo menos elas não passam por cima de ninguém.
Não olha para nós e como sempre está apressada. Encaro Milena a tempo de ver seu braço levantado, seus ombros endireitados e um sorriso sem graça se formar em seus lábios.
Ela morde o lábio e abaixa o braço. Eu analiso o seu jeito.
Parece desapontada, desiludida, desanimada. Tudo junto e misturado.
Continua olhando para garota mesmo com muitas pessoas na frente. Aproveito o silêncio para comer meu sanduíche e tomo o restante do suco. Ótima ideia ter comprado lanche.
Nunca pensei que seria tão fácil chegar nela e puxar assunto
É bom e leve conversar com essa garota. Não tem nada a ver com as garotas de as Meninas Malvadas. Uns momentos de conversa com ela me fazem reconhecer o quanto estava errada.
Quando ela volta a se virar para mim é perceptível o brilho nos seus olhos. Não é qualquer brilho. É aquele que só vem quando ficamos apaixonados.
Que legal. Tá apaixonada
Fase boa
Igual de quando comecei a gostar de Karen
Foco, Raíssa. Foco. Karen é passado... Por mais doloroso ainda que isso possa parecer
Ei espera aí. Apaixonada?
Ela ficou assim depois que Livian Alves passou então...
Milena gosta de Livian?
Sinto como se uma luz se ascendesse em cima da minha cabeça. Eu estou errada. Claro que é viagem minha. Não pode ser real.
A popular nunca mostrou nada do tipo. Ou algo que provasse de quem gosta. Ela só quer saber de estudar e jogar futebol. São suas paixões. Não perde tempo com relacionamento.
Sua expressão demonstra nervosismo. Porém, o brilho continua lá.Que outra explicação eu poderia ter?
— Desculpa. Onde estávamos mesmo? — parece perdida e seus ombros caem — Eu sou muito desatenta.
— Você desatenta? É a aluna mais atenta dessa escola — jogo a garrafa no lixo — Deixa para lá. Você acabou se perdendo com uma certa distração.
— Quem diria. Raíssa me elogiando — a sua voz falha e noto que ainda está meio perdida. Assim tira um livro de dentro da mochila — Eu vou ler um pouco antes da aula se iniciar.
O sinal toca. Suspiro já pensando nas primeiras aulas.
2 aulas de matemática. Que pesadelo. Em uma sala quente com somente dois ventiladores que prestam.
Graças a minha boa sorte tenho o meu lugar marcado onde tem ventilador. Sou do fundão (como os alunos costumam dizer).
— Você tinha que gostar de ler, né? Não basta ser super concentrada — aponto para o livro —É seu preferido?
— Ah. Claro. Eu amo ler — gagueja meio tímida — Não. Meu preferido é...
— Milena — uma garota chega por trás de mim — Vamos para sala — puxa o braço dela e nota minha presença — O que estavam fazendo?
A realidade volta como um alerta para tomar cuidado. Liana nos encara com uma sobrancelha arqueada. Eu não faço parte do grupo delas. Sou só mais uma aluna nova.
Porém, aqueles bons momentos com a jogadora me fizeram ter uma noção de como ela é. E eu não estou disposta a ser rival da minha colega. Tem nem motivos para isso.
— Roubei sua amiga por um tempinho — respondi sorrindo torto — Vamos lá. Professor Antônio nos espera para suas aulas incríveis de matemática.
Elas riem e saem de perto de mim. Meu comentário irônico não foi para afastar. Foi para disfarçar algum nervosismo ou situação embaraçosa.
Quando chego na sala vejo como todos foram pontuais. Eu sou a última a entrar e não estou com vontade nenhuma de estudar. Primeira aula aí vamos nós.
Olho para o quadro esperando ver as várias contas de matemática. Porém, as letras enormes aparecem como se eu tivesse lendo um livro com letra negrito em cada página.
As cadeiras da frente estão ocupadas por alguns alunos do 2° A, as do meio tem gente daqui mesmo e as últimas tem ninguém mais e ninguém menos que os engraçadinhos.
Meninos piadistas do 2° A e do 2° B
— Vai ficar parada na porta? — Antônio, o professor, se aproxima — Sente-se. Eu tenho avisos para hoje.
— Como todos sabem — ele começa e eu me sento perto de um garoto nerd — A viagem está chegando. Vai ser agora nas férias, mas antes teremos provas. Então pedi permissão ao diretor para juntar as duas turmas e fazer um aulão extra para a minha prova.Esse aulão vai ser apenas um trabalho feito em dupla no qual vão revisar assuntos estudados em sala de aula.
Para mim ainda está confuso. Penso em dizer e fico calada. Talvez essa prova vai tá mais difícil. No quadro está escrito o seguinte:
Revisão — prova — trabalho em dupla
"Junte-se a um colega e escreva a tarefa. Depois responda. Pode pesquisar no livro as respostas. Aproveitem para tirar as dúvidas hoje, pois falta apenas mais uma semana antes das provas. Semana que vem é só revisões."
Duas aulas revisando assuntos chatos nos quais já estudamos. Eu mereço. Me forço a pegar meu livro e caderno. Toda a tarefa de 20 questões está escrita e nós precisamos fazer.
— Dupla que nós vamos escolher, né? — Isabelle, namorada de Ruan, pergunta como se fosse uma confirmação.
— Não. Eu escolherei. Não quero ouvir nenhuma reclamação a respeito. Vocês precisam urgentemente aprender a trabalhar em equipe.
— Eu que não vou ficar com elas — uma das garotas do trio do meu grupo diz — Prefiro ficar com alguém do 2° A.
Assobios começam, vaias e de repente todos falam ao mesmo tempo. Respiro fundo, pego meu fone, uma história em quadrinhos, coloco a música no último volume e fico lendo enquanto escuto as músicas.
Já estou acostumada com a confusão que me recuso a ficar estressada. Prefiro me poupar. Não quero perder a minha paciência logo no fim da semana.
A outra turma permanece calada e deve confirmar agora todos os comentários negativos a respeito da nossa total falta de educação. Ótimo.
Como é ruim ser incluída por também estar com eles. Coloco pés na cadeira da frente, a história em quadrinhos na carteira, um chiclete na boca e fico ali bem a vontade.
Gosto de me sentar assim. Finjo que eu posso relaxar mesmo estando em uma sala de aula barulhenta.
Amo essa história em quadrinho. É tudo perfeito. A música parece estar passando de um fone para o outro. Sorrio ao sentir que tô conseguindo ler ao ponto de me deixar envolver com os personagens e...
— Terra chamando esquisita — alguém puxa meu fone com rapidez fazendo o meu ouvido doer e no susto solto o meu livro no chão — Acorda aí, cara.
Vários alunos me observam e a maioria rir de mim. Percebo tarde demais o que perdi por ter colocado o fone. Mas que merda. Caramba.
Devo estar com o rosto vermelho feito um tomate. Minhas bochechas doem e é como se eu não conseguisse nem fingir um sorriso. Reage, Raíssa. Para de ficar vermelha.
— Quem foi o idiota? — finalmente eu consigo reagir — Puxaram o meu fone. Quem foi?
— Fui eu. Você não ouviu o professor falando — Formiga aparece no meu campo de visão — Só quis te ajudar ok. Calma aí.
— Claro. Só podia ser você. Sou calma, as pessoas que me irritam — eu pego o livro — Não pode mais nem ler em paz.
— Raíssa — professor me chama— Você está em sala de aula. Tem que olhar para frente e não ficar lendo. Deixe para ler no intervalo — pega um papel — Aqui estão seus nomes. Você vai ficar com a Livian do 2° A.
Troco olhares com a garota e sorrio para parecer simpática. Ela não retribui. Eu aproximo minha cadeira da dela. Livian empurra o lápis para mim.
— É a lista para saber quem veio hoje — explica escrevendo o que tá no quadro — Eu normalmente diria para você ter cuidado com Formiga e Cabeção. Só que você parece ter tudo sob controle.
— Anos de experiência — escrevo o meu nome e passo a lista para trás — Tá tudo bem. Se preocupa não.
— Quem disse que estou preocupada? — seu olhar encontra o meu — Você sabe se cuidar sozinha. Cara, eu não entendo quase nada. Matemática não é o meu forte.
— Sou expert. Posso te ajudar — encosto meu ombro no dela que logo solta uma risada — Ano passado eu passei direto e com as melhores notas. Salvei a pátria.
— Eu tô falando sério — ela para de escrever — Não vai fazer a tarefa?
— Não. Você faz a sua e a minha. Tô de boa — estico as pernas.
— Aí eu chamo o Antônio e te entrego — verifica a hora no seu relógio de pulso — Temos tempo. Aproveite minha adorável companhia.
— Nossa. Você se acha — sento direito — Fala como se a gente se conhecesse.
— Nos conhecemos de vista. Isso já não é o bastante? — cala minha boca e sinto vontade de bater palmas para fingir que ela mandou bem.
— Uau. Parabéns. Falando assim nem parece que é antissocial como os outros dizem — escrevo a primeira questão.
— Nunca fui antissocial. O povo daqui inventa demais — o seu tom me faz ter certeza do seu incômodo pelo que falei — Sei lá. Vai ver o nosso santo bateu. Eu posso gostar um pouquinho da sua companhia.
Fico calada sem saber o próximo passo a se seguir. Fácil fazer amizade com essa garota? Resposta: Sim.
Agora não é nada fácil entender certas coisas que diz ou suas atitudes.
Alguém tá me observando
Olho para os lados e bem no canto vejo Milena. Está olhando em nossa direção e bem séria. O boné esconde seu rosto não me deixando identificar sua expressão.
Lembro do episódio de quando eu vi o brilho nos seus olhos. Será mesmo que ela gosta de meninas? Nunca poderia imaginar.
Enquanto Livian é um enigma. Milena é forte e parece ser fofa as vezes. As duas totalmente o oposto uma da outra.
As aulas passam e finalmente toca para o intervalo. A palestra é agora no pátio.
Corro até a biblioteca sentindo cansaço por ter feito a tarefa de 20 questões. Não me sinto preparada para prova. Entro no meu lugar de refúgio. Para a minha surpresa tem alunos.
Eles estão se escondendo da palestra
Vou para a mesa empoeirada no fundo da biblioteca. Me surpreendo quando chego lá. Encontro um livro em cima da mesa. As Crônicas de Nárnia.
Eu acho estranho. De novo alguém veio aqui. Isso já tá passando dos limites. Tem alguém vindo para meu lugar e eu não me sinto tão a vontade agora.
Pego o livro para o colocar na estante e um papel cai no chão. Me abaixo, pego o pequeno papel, verifico a letra. Não me surpreendo ao ler primeiras palavras. É aquela letra torta.
Leio atentamente cada trecho sem pular nenhuma parte. Ok. Isso tudo me pega totalmente de surpresa. Tem conselhos, Enem, trabalho e medos.
Minha vida virou um filme e só agora me dei conta? Eu não sou a pessoa certa para receber esse tipo de carta.Aqui tem muita coisa pessoal.
Seja ela quem for está disposta a saber sobre mim. Pode ser um menino ou até uma menina. Alguém nesse lugar quer me ajudar.Se comunicar comigo.
Não sei se confio. Sou muito fechada e costumo esconder tudo para mim. Vou trocar cartas com desconhecidos assim do nada?
Quem diria que uma frase escrita sobre um desabafo iria chegar a isso.
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