PRÓLOGO
Prólogo - O Destino das Sombras
A noite engolia a cidade com sua escuridão densa, iluminada apenas pelos lampejos das luzes artificiais dos arranha-céus. O silêncio na sala ampla do décimo andar do edifício Hispania Motors era interrompido apenas pelo som de um copo de cristal encontrando a superfície de mármore da mesa. Dmitri Ivanova, de terno impecavelmente alinhado, encarava o horizonte através da parede de vidro, o olhar distante refletindo uma mistura de cansaço e determinação.
Ele tinha o mundo ao alcance das mãos. Mas ao mesmo tempo, não tinha nada.
Ao longe, as luzes pulsantes do clube da cidade velha pareciam zombar dele. Foi naquele mesmo lugar, há dez anos, que ele conheceu Alejandro. Um garoto com olhos que carregavam o peso de uma vida dura, mas também um brilho de audácia que poucos ousavam exibir. Alejandro salvou sua vida naquela noite, mas, de alguma forma, também a roubou.
Dmitri virou-se para a sala, onde o silêncio parecia carregar o peso das decisões que o mantinham acordado à noite. A máfia não perdoava fraquezas, e Dmitri sabia que o amor era a mais perigosa de todas. Ele havia aprendido isso da maneira mais cruel, mas ainda assim, não conseguia deixar de desejar o que jamais teria.
"Relatórios da Ucrânia, senhor," disse Victor Momotov, entrando com passos firmes. Seu vice. O homem que tinha o respeito e a lealdade de Dmitri como poucos. Victor era uma fortaleza, alguém que ele podia confiar de olhos fechados. Sempre ao seu lado, sempre pronto a protegê-lo. Sempre... apaixonado.
Mas Dmitri não via isso. Ou se via, ignorava.
"A mesa está limpa?" Dmitri perguntou, ajustando a gravata enquanto se afastava da janela.
"Por enquanto," Victor respondeu, os olhos fixos no homem à sua frente. Ele sabia que Dmitri estava preso em suas próprias batalhas internas, que a dor que ele escondia ia além do que qualquer um poderia entender. E mesmo assim, Victor ficava.
Porque ele faria qualquer coisa por Dmitri.
Do outro lado da cidade, Alejandro abria a porta da casa de Anastacia, um sorriso brincando em seus lábios. Ele não sabia o que aquele sorriso fazia com Dmitri, nem como cada gesto seu era uma facada lenta e precisa em um coração já fragmentado.
Dmitri respirou fundo. O jogo estava apenas começando. Ele sabia que escolhas teriam que ser feitas, que perdas seriam inevitáveis. Mas, no fim, ele estava disposto a pagar o preço.
Porque na máfia, no amor, e na vida, só sobrevivia quem tivesse coragem de apostar tudo.
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