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Dois - Pertencimento

O cheiro de flores frescas e mel aqui é delicioso.

Eles estão sussurrando e num primeiro momento imagino serem preces. Depois percebo que esses magos carregam ofertas em suas mãos. Flores silvestres, de água, de madeira, de nuvem, flores de ferro e fogo. Conjuradas com sua magia pura.

Eram feitiços. Para que possam me ofertar sua gratidão.

Enquanto caminho no meio deles, toco seus rostos e acaricio seus cabelos, percebo a bondade, a sinceridade e a afeição que sentem por mim.

Não sei dizer como, só sei que sinto.

É como uma tarde brincando com Daikin, ou contando histórias para que ele durma. Ou como passar a noite conversando com Ragok. É como correr com Pili. É como ver o sorriso do meu pai quando retorno para casa.

É como estar em casa, como pertencer. Esse é o meu lugar.

- Os Magos de Samiot agradecem com fervor, a deusa nascida sublime que as correntes da maldade quebrou. - eles recitam juntos.

Nem todos. Ragok faz questão de não recitar.

- Receba nosso agradecimento em forma de cerimônia. - Arva ergue as mãos em minha direção, sem deixar que a flor de água em sua palma se desfaça. - Queremos que seja parte de Samiot. Queremos declarar que és parte de nós.

Concordo com um gesto. Arva se aproxima e faz uma breve reverência. Depois aproxima suas mãos da minha cabeça e despeja sua flor sobre meus cabelos.

Sinto a água escorrer e fecho os olhos. Não posso evitar deixar as lágrimas caírem.

Por tudo.

Pela perda de uma vida ao lado da minha mãe. Por receber um fardo maior do que posso carregar. Por perder Ragok. Por perder Ziul.

Por perder a mim mesma.

Sinto uma mão pequenina sobre meu peito. Sua voz é suave, agora. Me acalma. Tira o peso e a dor que sinto.

- Você é livre. Não deixe que te aprisionem. Não permita que te reduzam. Fale. Grite. Viva. Desafie se for preciso. Não se limite. - Arva sussura.

As palavras dela parecem ecoar em minha cabeça.

Viva.

Não se limite.

Desafie...

Você é livre.

Eu sou livre?

Não sei quem eu sou. Como posso ser livre?

- Descubra! - Arva sussurra.


A dança.

Eu posso dançar.

Sem medo, sem amarras, sem tocar o chão.

É assim que os magos dançam. Voam. Livres. Cheios de ritmo, de calor, de sensualidade.

Me deixo envolver pelo ritmo provocante. Aos som de tambores e sussurros de prazer, deixo que os ventos guiem cada movimento meu. Fecho os olhos e apenas danço.

Por que sou livre.

A dança parece durar para sempre, mas não me importo. Se durar para sempre, dançarei para sempre.

Toda vez que abro os olhos, vejo os magos ao meu redor, tão entregues a música quanto eu. Livres. Sublimes. Literalmente divinos.

E dançamos. Sem parar. Com a roupa ensopada, cabelo grudado no rosto, juntos, colados um no outro.

Como jamais dancei na vida.

O sol se faz presente, e banha nossa dança de luz, de calor.

Ele chega para nos atrapalhar. Me faz lembrar de Daikin. De Pili e seus filhos.

Ragok não está por perto. Nem o garoto que foi me buscar. Barak. Arva também não está a vista. A medida que volto para o chão, os magos me acompanham. Eles me abraçam e se abraçam. Estão indo descansar. Então faço o mesmo.

Sigo pela floresta, com a melodia ainda agitando meus braços e quadris. Toco as folhas, os troncos e cheiro as flores, com a melodia que não quer sair de mim.

Pili está sentado na porta de casa. Não parece ter dormido. Assim que me aproximo e o abraço, ele chora. Como jamais ouvi Pili chorar.

- Onde esteve? - sua voz treme.

Ele se preocupou. Vejo Nigde com Daikin no colo logo atrás dele. Ela também parece preocupada. Papai esta ao lado dela. Não vejo os filhos de Pili.

- Na floresta. Estou bem. Só cansada.

Me solto de Pili, beijo o rosto de Nigde e pego um Daikin sonolento no colo. Acaricio o rosto de Viemi e sigo para o meu enorme quarto.

Depois de colocar Daikin na cama, deito ao seu lado. Ele envolve meu pescoco com seu bracinho gordo e cheira meus cabelos.

- Eu o vi. Ele estava lindo. Tão lindo!

Daikin se aconchega mais em mim. Sorrio. Foi por causa dele que perdi parte de mim mesma ao permitir que Bouvae me fizesse mal. E valeu a pena. Ele está aqui. Comigo. Saudável e feliz. Por Daikin, não há mais nada que eu poderia querer... A não ser que o tempo parasse.

- Você é malvada. Fazer um velho esperar por você a noite toda e não dar uma única explicação! - Pili reclama, entrando no quarto.

Sorrio e fecho os olhos. Ele deita na cama, fazendo minhas pernas de travesseiro.

- Desculpe, senhor idoso! Os magos vieram me buscar. Celebraram comigo, não a mim. Precisavam agradecer e participar do Acharané.

- Desculpe, senhora. Ainda não me acostumei totalmente com sua divindade.

Sorrio e tiro minha perna de sua cabeça. Ele ri alto. Daikin se mexe ao meu lado.

- Se acordar Daikin, vou te mostrar minha divindade.

Pili coloca a mão sobre a boca para abafar o riso.

- Ele estava lá. Não celebrou comigo, mas estava lá. - sussurro.

- Talvez queria te ver.

Dou de ombros. Ragok não fez questão de se aproximar, mas fez questão de mostrar sua indignação. Fez questão de mostrar o quanto ainda está magoado.

- Não posso culpá-lo... Seus filhos estão bem?

- Sim. Dormindo... Estive pensando... Ainda sou jovem. Muito mais quando estou aqui. Sempre achei que eu pertencia a esse lugar, mas não pensei em viver aqui, porque Haiti e as crianças são tudo para mim. Não queria perdê-los.

Me mexo na cama para olhar em seus olhos. Pili parece triste.

- Mas Haiti me despreza porque sou diferente. Então não consigo mais insistir numa relação que não me faz bem.

Alcanço sua mão. Pili tem lutado por esse amor com tudo o que pode. É uma pena ter que desistir.

- Quer me contar porque você é diferente? O que Haiti não aceita em você? - questiono.

- Isso...

Pili coloca o dedo na ponta de seu olho. As lágrimas que ele tanto segurou começam a flutuar. Eu vejo sua dor em cada gota. Vejo seu coração partido no olhar cristalino.

Eu devia saber. Anśa Natural.

- Daikin vai amar! Não ia me contar?

Pili sorri. Mas é um sorriso que não dura muito.

- Não ia contar a ninguém. Foi exatamente assim que escapamos do incêndio no Xiador. Haiti demorou pra entender. Quando entendeu, me desprezou. Não sai de casa por causa das crianças. Sabe que vocês nos ajudaram, mas despreza seu povo por serem melhores que nós... Que humanos.

Reviro os olhos.

- Não somos melhores. Não esqueça todas as coisas ruins que te contei sobre nós.

- Eu sei... Principalmente por que sei quem eu sou. Sei quem você é... Por isso quero saber se pode construir uma casa ao lado da sua. Quero morar aqui, aprender sobre isso de ter poder. Deixar Haiti viver a vida dele.

- Vai abrir mão dos teus filhos?

- Não. Você viu como eles gostaram daqui. Vão poder vir sempre. Morar aqui, se quiserem. Não vou tirá-los de Haiti. A menos que desejem.

Respiro fundo. Pili Não está fazendo isso porque quer ser uma criatura mágica. Ele só que ter um pouco de paz e deixar quem ama ser feliz.

Eu deveria fazer o mesmo. Me conformar que Ragok precisa ser feliz. O que não vai acontecer se ele estiver comigo.

- Você pode morar aqui. - sugiro. - Não quero que fique sozinho.

- Quero uma casa grande, por que meus filhos são barulhentos.

- Como se Daikin e Nigde não fossem! - sussurro.

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