Capítulo 7- O que aconteceu na noite passada?
Pov Alexandre
Acordei com uma forte dor de cabeça e bastante enjoado. Minha boca parecia o deserto pedindo por água. O que foi que aconteceu na noite passada? A minha memória está bastante lenta para processar os detalhes de como eu cheguei em casa e de como eu vim parar na cama.
Uma corrente de ar me fez querer cobrir as minhas partes que estavam expostas na cama. Decido puxar os lençóis para me cobrir mais. Entretanto, percebo uma certa resistência no outro lado da cama, me forçando a puxar com mais força para o meu lado. Assim que atingi o meu objetivo, os lençóis são puxados novamente me desenrolando por inteiro. Estava prestes a xingar, mas aí caio na realidade de que tem alguém mais dormindo ali do meu lado. Mas quem? E porque? Será que ontem eu fiz algo inapropriado? Olhei debaixo dos lençóis e percebi que estava apenas de cueca. Alguém havia retirado as minhas roupas. Mas como? Porque? A minha dor de cabeça só piorava na tentativa falha de tentar se lembrar.
Tento levantar devagar no intuito de não acordar a minha companhia que dormia serenamente. Sinto o seu cheiro após se remexer um pouco na cama. Mistura de Jasmim com vodka exalava de seu corpo que, verificando rapidamente, estava com roupas. E já vi essa roupa antes, mas quem era mesmo que estava usando…?
Contornei a cama cambaleando e à medida que chegava mais perto, mais a minha visão ficava embaçada, até que a minha tontura, me forçou a despencar sobre a pessoa deitada.
— Ai… o que está fazendo, seu doido?— gritou a pessoa após o incidente — Quase me matou esmagada! — Eu reconheci a voz sendo de Katrina.
— Katy? O que está fazendo no meu…no seu quarto? — Comecei a reparar melhor em volta, aquele quarto tingido de rosa, com certeza não era meu — Como eu vim parar aqui?
— Sim, Alex, você está no meu quarto — ela coçava os olhos — Não me admira você não se lembrar de nada, ainda mais levando em conta do tanto que exagerou ontem…
— Eu bebi tanto assim? — perguntei incrédulo. Eu nunca ficaria tão bêbado ao ponto de ficar fora de si, ainda mais me recordando de como eu perdi o meu pai e o meu irmão.
— Vou te responder, mas primeiro…saia de cima de mim! — só agora me dei conta de que ainda estava deitado sobre ela.
— D-desculpe! — falei saindo de cima dela.
— Ótimo, assim está melhor — falou, se encostando na cabeceira de cama — Uau, que volumão é esse? — ela fitou para a minha cueca boxer branca, me deixando constrangido perante a situação.
Maldita ereção matinal! Tentei me cobrir com a mão, o que foi motivo de risadas por parte da Katy.
— Isso não tem graça! — esbravejei, após me cobrir com uma blusa verde encontrada no armário ao lado — Cadê as minhas roupas? Porque não tô usando elas?
— Não me culpe. Você que quis dormir pelado — ela faz um olhar de safada, mordendo os seus lábios — Foi uma visão e tanto, devo admitir…
— Não me diga que a gente…
— Não, é claro que não. Se bem que… — ela fez uma pausa que me deixou ainda mais tenso.
— que…? — perguntei já impaciente.
— Você começou a se jogar para cima de mim tentando me beijar e tal. — seu semblante agora mudou para um olhar inocente — E como eu sou uma menina decente, e era óbvio que você estava bêbado, te parei antes que continuasse. Depois disso, você começou a tirar toda roupa antes de se jogar na minha cama.
— E-eu fiz tudo isso? Me desculpe, Katy, não sei onde estava com a cabeça. — disse, completamente envergonhado.
— Relaxa aí, Alex, não foi nada de mais. Eu gostei de conhecer esse seu lado bêbado, você fica menos careta — ela deu um sorriso de canto de boca.
— Há,há, onde estão as minhas roupas?
— Está aí dentro do armário. O Rafael guardou aí depois que você apagou.
— O Rafael também viu essa cena?
— Se viu. Foi ele quem te carregou até aqui. A gente ainda vai morrer de rir ao lembrar desse dia.
"Tô ferrado", foi a única coisa que passou pela minha cabeça ao tentar imaginar a cena.
Eu estava terminando de me vestir, quando a Katrina se levantou da cama, e com a mão molhada de cuspe, passou pelo meu cabelo para abaixar alguns fios rebeldes que não queriam ficar no lugar.
— Agora está bonito! — ela abriu um lindo sorriso.
— Obrigado, Katy, por tudo — agradeci, já me encaminhando para a porta no intuito de voltar para casa.
— Espere! Não vai ficar para o café?
— Não. Eu acho que já…
— Quem é Zeus? E por que você ficou chamando o Rafael de Afrodite? — indagou Katrina para a minha surpresa.
— C-como assim? Onde você ouviu esses nomes?
— Você ficou falando a noite inteira que esse tal de Zeus, foi o responsável por sequestrar a sua mãe. Really? Você acredita mesmo nisso? Que Zeus, um Deus inventado por gregos antigos, é real e sequestrou a sua mãe?— ela fala entre risadas — O engraçado foi quando ficou falando que o Rafa é uma Deusa… Afrodite se bem me lembro. Acho que alguém está lendo "Percy Jackson" até demais, hahaha.
— Eu não me lembro nada disso… — desviei o olhar — eu paguei tanto mico assim?
— Amigo, nem te conto — ela colocou o seu braço por volta do meu pescoço, me puxando para a saída de seu quarto — Venha! Vamos tirar essa sua ressaca primeiro e aproveitar para tomar café, depois te conto os detalhes.
— Está bem. — respondi, não tendo muita alternativa, a acompanhando.
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Pov Katrina (Noite anterior, Balada)
Chamei o Alex para a pista de dança, ele vinha todo desajeitado. Estava visível em seu rosto que ele já tinha bebido um pouco. Ele ainda estava muito travado, então como uma boa amiga que sou, ofereci um pouco da minha bebida a ele, que pegou sem pestanejar, virando tudo de uma vez e depois fazendo uma careta engraçada. O Rafael até tentou o impedir de beber, mas ele não estava dando a mínima. Adoro ver as pessoas quando se libertam e mostram a sua verdadeira natureza. Eu me importo muito com o Alex, e é por isso que eu acho que ele deveria se soltar mais sempre. Ele é muito travado, só acho. Mesmo com o olhar de reprovação do Rafael caindo sobre mim, eu não me importo. Hoje à noite eu só quero me divertir e quero que o Alexandre esqueça um pouco das dores que está passando. Eu sei que ele precisa disso mais que eu.
Depois de algumas doses, o Alexandre finalmente acaba se soltando. Não acredito nos meus olhos. Ele está dançando? Sim,com toda a certeza. E gente, como ele rebola bem. Nós três estávamos nos divertindo tanto, que nem notei alguém chegando por trás de mim, e tomando a liberdade de me agarrar, beijando o meu pescoço. Com o susto, eu me virei de imediato empurrando o sujeito para trás. Acontece que reconheci o perfume que perturbava o meu nariz, me lembrando da pessoa detestável que a usava. Ricardo, o meu ex namorado.
— Vamos voltar gatinha, eu sinto tanto a sua falta. — ele fala coçando a virilha por cima da calça.
— Eu já falei para me deixar em paz, seu babaca! — esbravejei. O cheiro do cigarro que emanava de sua boca estava me incomodando bastante.
— Que isso gatinha, não seja tão má com o seu nego. — disse ele, se aproximando de mim enquanto ainda coçava o seu saco, como eu odiava essa mania dele.
— Por que não procura um lugar alto e tipo assim, se joga?! — falei, me esquivando das tentativas dele de me agarrar. Ele parecia estar muito bêbado para entender que eu não estava afim dele.
Eu com certeza não quero voltar com ele, nunca mais. Além de eu pegar ele me traindo com alguém que eu achava ser a minha melhor amiga, ainda negou na minha cara, alegando que eu estava ficando louca, que precisava ser internada. Eu perdoei ele como uma boba apaixonada, porém a partir daí, foi só ladeira abaixo. Ele começou a ficar ciumento com os meus amigos e para piorar, com o tempo, começou a ter surtos de raiva. Em um desses surtos, ele quis fazer sexo quando não queria, e quando neguei, ele veio para cima para me bater, mas consegui me defender chutando ele na parte onde mais doía, sim, na região da virilha, para nunca mais ousar fazer isso contra qualquer mulher. Lógico que depois disso não quis mais saber dele, e eu espero que ele se exploda.
— Deixa disso, vem cá vem…— ele conseguiu me agarrar e forçava a minha cabeça para beijá-lo. Antes que eu pensasse em lhe dar um tapa, ele foi impedido pelo Alex, que veio ao meu auxílio e aplicou um soco bem dado na "fuça" dele. Ele acabou não aguentando e caiu desacordado no chão.
— Nunca mais volte a procurá-la! — disse o Alexandre para a minha surpresa, ameaçando partir para cima do Ricardo.
O segurança da balada veio logo após, e depois das explicações do ocorrido, ainda mais com várias testemunhas de prova, ele pegou o homem caído no chão, e o acompanhou até a saída. Depois disso, a gente voltou a se divertir.
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A balada já estava chegando no fim, a hora passou voando. O Rafael segurou o Alexandre para podermos ir embora. O Alex não estava se sentindo muito bem, começou a vomitar a cada 5 minutos, também, depois dessa noite, eu diria que foi uma noite proveitosa.
— Eu estou morta de cansaço, mas ainda poderia continuar a noite inteira. Quem topa? — falei animada, seguindo com os rapazes até a saída.
— Não fale besteira! Já está bastante tarde. — disse Rafael cortando o meu ânimo — Você já está bêbada o suficiente!
— Desculpa aí, mamãe. — falei zombando dele. Sabia que estava certo, e meu corpo me alertava sobre isso, mas não queria deixar que ele me falasse o que tenho ou não que fazer.
— O Alex precisa ir para casa — às vezes eu sinto inveja dessa proteção dele com o Alexandre. Queria encontrar alguém que me protegesse assim também…
— Você é tão chato! Está sempre cortando o meu barato — Fiquei mostrando a língua e fazendo caretas como uma criancinha birrenta.
— Faça o que você quiser, o problema é seu. Entretanto eu vou levar o Alex para casa — falou em um tom mais sério. Eu me apaixonaria facilmente por alguém como ele. Claro, se não fosse alguém tão insuportável quanto ele.
— Tá bem! — Realmente estava com sono demais para continuar qualquer coisa — leva ele para minha casa.
— Porquê para a sua casa?
— Por que ele não pode ficar sozinho na casa dele. Você sabe o porquê.
— Está bem, eu concordo. Então vamos.
Após alguns minutos de caminhada, o então desacordado, começou a alucinar, sussurrando palavras que não conseguia entender, para mim, ele estava falando outra língua. Olhei para o Rafael, que também estava com a mesma cara de confuso que a minha.
Caminhamos um pouco mais, e agora, ele falava coisas mais audíveis, porém, ainda sem sentido.
— Z-Zeus… Zeus sequestrou a minha mãe! ZEUS!!! Minha mãe. — dizia ele, às vezes, tentando desgrudar do Rafael, porém sempre acabava caindo no chão e sendo resgatado pelo mesmo. — Eu estou enlouquecendo? ZEUS, foi ele que… levou a minha mãe? Você!!!...— ele começou a olhar estranho para o Rafael, apontando para o mesmo — devolve o meu amigo Rafael!!! Ra..Rafael… me devolve ele! Por favor, eu sei quem você é… Afrodite! Por favor… — Quem? Afrodite? Do que ele está falando? — Me devolve… o meu amigo…
Depois de alguns minutos, a gente chegou em casa. Fizemos o mínimo de barulho possível para não acordar a minha mãe, enquanto nos dirigíamos até o meu quarto. Assim que chegamos, o Alex se desprendeu do Rafael e começou a dar em cima de mim, tentando inclusive me beijar quando me abraçou. Eu até teria correspondido, afinal, ele me ajudou contra o meu ex, mas sabia que era errado, e o Rafael confirmou isso com o seu olhar "superior". Fiquei sem reação quando o Alexandre tirou toda a sua roupa, ficando completamente nu na minha frente, e pulou na minha cama, apagando logo após. Não sabia o que fazer, foi então que o Rafael vestiu novamente a cueca dele e o colocou direito na cama, guardando a roupa dele no meu armário.
— Estou indo agora, vê se toma conta dele ok? Deixo ele em suas mãos — disse o Rafael, se despedindo — Não vai abusar do garoto não é?
— Está achando que eu sou o que? Aproveitadora? — falei, o fazendo rir.
Após organizar tudo, me deitei ao lado do Alex na cama, caindo no sono no mesmo instante.
Pov Alexandre ( presente)
Não acredito que eu aprontei todas essas coisas, que mico! Não tô nem conseguindo encarar a Katrina em minha frente, que não se continha em rir da minha vergonha. Por sorte, a mãe dela quebrou esse clima embaraçoso se aproximando com um copo de água e um comprimido para a minha dor de cabeça.
— Toma, querido, vai se sentir melhor — disse a mãe da Katy, me entregando o comprimido e o copo com água — Vocês adolescentes, não sabem quando parar, não é? — seu olhar muda após se dirigir a Katy, aumentando um pouco a voz — Você e eu, vamos ter uma longa conversa depois que eu chegar do trabalho! — voltou a sua atenção para mim, retornando com a sua voz normal — Eu já tenho que ir, mas fique a vontade. Vê se coloca um pouco de juízo na cabeça da minha filha, está bem, querido? — ela beijou a minha testa antes de ir trabalhar.
— A sua mãe tem uma vida muito corrida… — disse, realmente, a vida de enfermeira não é fácil, pensei.
— Hoje ela vai me matar, socorro! — Katy faz uma carinha de cachorro sem dono, imaginando a bronca que a esperava.
— Sua mãe é uma boa pessoa, dá um desconto para ela. Ela só está querendo o melhor para você — falei após tomar o comprimido.
— Só com você que ela é assim, já comigo… as vezes eu queria que… — ela me fita — nada, você tem razão — diz ela por fim, desviando o seu olhar.
Fiquei um bom tempo na casa da Katrina, esperando me recuperar daquela maldita ressaca. Já era tarde da noite quando decidi voltar para casa. A Katy me acompanhou para ter certeza que eu chegaria bem, pelo menos foi essa desculpa que ela me falou, mas a verdade é que ela não queria receber a bronca da mãe tão cedo, e nem ser repreendida pelo Rafael por ter me deixado voltar sozinho.
Logo após eu ter adentrado a minha casa, um sentimento de desconforto me atingiu. Apesar das coisas estarem "normais" ao olhar, sinto que alguma estava faltando. Não sei dizer o que era, e nem como eu sabia disso, mas alguma coisa me levou a vasculhar o meu quarto. Após uma revista minuciosa no local, não encontrei nada de errado.
— Estranho…— estava pensativo, ignorando até o fato de que a Katy me fitava como se eu tivesse surtado. — Será que…? — Corri para verificar a gaveta de cima do meu armário — Sumiu! Cadê? Não estou encontrando — revirei o armário, retirando todas as gavetas e as jogando no chão.
— O que foi que sumiu? — me indagou ela, me encarando na porta.
— O amuleto.. Sumiu! — disse, incrédulo.
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