Capítulo 3- O amuleto do Caos
Pov Narrador
Há eras atrás, uma joia foi forjada utilizando os resquícios de poder do Deus da desordem, Caos. O responsável por criar essa pedra foi o seu próprio filho, que também era o seu completo oposto, Eros. O Deus do amor e da ordem, pela afeição que tinha pelo pai, que estava enfraquecido por ter gerado todos os seus filhos, uniu uma parte de sua força com a dele, e juntos, criaram o mais formidável e poderoso objeto de todos os tempos, com a capacidade de transcender o tempo e o espaço. Assim, Caos poderia descansar enquanto recuperava a sua força. Contudo, os seus outros herdeiros tinham um plano diferente. Usando a sua astúcia, Gaia convenceu a sua irmã, Nix e seu irmão Érebo, a usarem os seus poderes e criarem um selo, com a capacidade de prender o Deus da desordem. Após forjarem o selo, trancafiaram ele dentro da Joia, quando o mesmo estava em estado de hibernação, colocando um lacre dourado em volta da pedra vermelha. Entretanto, a vontade de Caos ainda era bastante forte, ultrapassando todas as barreiras contidas no selo, e mexendo com a cabeça daqueles que ficavam em sua posse, os tornando mais fortes e mais agressivos,sem nenhum controle de seus poderes, até perder a completa razão e se tornarem completamentes insanos.
Percebendo o perigo que o amuleto começou a representar, Gaia o pegou, e escondeu a relíquia no mais profundo abismo do Tártaro, sem o conhecimento de seus irmãos, para que o Caos não voltasse a se espalhar pelo mundo.
Desesperada e frustrada por seus planos começarem a desmoronar, principalmente nas tentativas falhas de tirar Zeus do poder, Gaia retirou o amuleto de seu esconderijo, mesmo ciente dos riscos, e o entregou à Mágissa.
Novamente, as coisas não ocorreram conforme o planejado da mãe Terra. Antes que a Mágissa conseguisse lançar o feitiço, Zeus a achou e tentou a impedir, porém, Gaia o deteve. Mas foi tarde demais. A pequena interrupção fortaleceu a joia, alterando o uso de mana utilizada no feitiço, a levando a níveis muito altos, muito maior do que a bruxa estava esperando, levando a magia sair completamente fora do controle e sugá-la para dentro do amuleto, alimentando e fortalecendo o Caos com ela.
Depois de um forte clarão, ninguém conseguia se lembrar de suas próprias identidades, pois as suas memórias haviam sido alteradas, esquecendo até do fato de que um dia haviam sido Deuses, e transformando-se em completos humanos com o decorrer do tempo.
O Deus da desordem ficou inerte por um tempo, preso no espaço e no tempo dentro da Joia, esperando o dia que seu poder retornasse ao auge, e quando esse momento chegasse, ele iria retornar novamente ao mundo e destruí-lo, junto com toda a vida gerada pelos seus filhos, como forma de vingança.
Pov Alexandre
Fito o objeto no meu pescoço, e com um forte puxão, o arranco segurando-o nas Palmas de minhas mãos. Fico admirando a beleza daquela pedra vermelha, que brilhava de tão bem cuidada. Estava na cara que ela foi lapidada com maestria. Sem falar daquele dourado ao redor da mesma, um ouro puro, eu diria. Com toda certeza esse artefato valia uma boa grana se eu fosse vendê-lo. Meus olhos chegavam a brilhar ao pensar nessa possibilidade, porém, a curiosidade em saber o que era, e como saiu do meu sonho e foi parar no meu pescoço, era maior. Com o amuleto em minha posse, notei umas gravuras entalhadas no ouro, junto com uma frase escrita com outra língua, ao qual, pelo pouco que sei de outras línguas, deduzo ser grego devido à alguns símbolos semelhantes aos das universidades dos filmes que eu assisto. Estava prestes a procurar o seu significado na Internet, mas, de repente, eu comecei a entender o que estava escrito ali.
—Οι θεοί επιστρέφουν, Αλέξανδρε! Να εισαι πολυ προσεκτικη — de uma forma misteriosa, eu passei a entender o que estava escrito — " Os deuses estão retornando, Alexandre! Tome muito cuidado".
Como é que eu consegui falar em grego? Ou mais importante, porque meu nome estava escrito ali? O que ele quis dizer com " Os deuses estão retornando"? Que deuses? Muitas perguntas estavam se formando em minha cabeça, mas nenhum sinal de aparecer nenhuma das respostas.
Peguei o amuleto e o guardei na gaveta de cima do meu armário, e me dispus à porta do meu quarto. Saindo dele, eu desci as escadas e me deparo com Rafael ao adentrar a cozinha. Ele estava distraído com a música que tocava no rádio, um tipo de eletrônica, para não me notar chegando. Suas costas, muito bem definidas, estavam expostas mostrando um brilho causado pelo suor que percorria o seu corpo, provavelmente por ter ido correr, coisa que adorava fazer toda a matina, ou pelos movimentos exuberantes que fazia ao remexer o seu quadril junto com o ritmo da música. E sem falar que o short curto que usava marcava muito bem a sua bunda durinha. Espera, ele estava usando o meu short? Confesso, mesmo eu sendo heterossexual, fiquei excitado com aquele corpo exuberante.
— Alex?... Alex?... — escutei ele me chamar. Quando me dei conta, ele já estava parado em minha frente.
Merda! Quanto tempo eu estava parado o admirando? Espero não estar babando.
— O-oi - respondi sem jeito, limpando a minha baba imaginária.
— A horas eu tô te chamando. Em que planeta você estava?
— Desculpa, estava com os pensamentos longe — tentei disfarçar — O que está fazendo? — desviei o olhar para o fogão, optando por mudar de assunto o quanto antes.
— Estou fazendo o café da manhã, querido. Alguém tem que fazer, né? — ele voltou sua atenção para a frigideira em cima do fogão.
— Alguém ligou? — perguntei-lhe, sabendo que ele sabia a qual ligação eu me referia, o olhei, puxando uma cadeira e me sentando. Peguei um copo vazio em cima da mesa e me servi da vitamina que estava no liquidificador em cima da mesma, cuspindo o líquido em seguida — O que diabos é isso?
— Esse seria o meu desjejum...— despejou os ovos da frigideira no prato que estava ao meu lado — Esse seria o seu — aproximou-se do liquidificador — aqui contém ovos crus,um pouco de gengibre e limão, batidos junto com água. São ótimos para manter a forma — se serve da vitamina, dando um gole — Apesar do gosto não ser dos melhores - ele contorce o nariz, fazendo uma careta que eu a achei engraçada — E não, ninguém ligou até agora — reparando em minha cara de desânimo, ele continuou — Mas relaxa, logo, logo devem ligar falando que encontrou ela, você vai ver — soltou um sorriso sincero, o que me fez acalmar um pouco.
— Obrigado, amigo — agradeci, antes de saborear os ovos no meu prato, e colocar as fofocas em dia.
Pov Rafael
Acordei com o barulho do meu despertador em meu celular, o desligando assim que levantei. Eram 5 horas da manhã, o horário que mais gostava de acordar para dar uma corridinha. Saí do quarto sem fazer muito barulho, não queria acordar o Alexandre. Molhei o meu rosto e troquei de roupa por uma mais leve. Ainda bem que o Alex tinha um short, daqueles de jogador de futebol, que servia em mim. Eu acho que ele não se importaria de eu pegar emprestado. Prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo e já estava pronto para ir correr.
Como era gostoso a paz plena da rua, com os sons dos pássaros cantando entre as árvores, os moradores saindo de suas casas para ir trabalhar e alguns festeiros saindo bêbados após curtir muito a noitada. Com algumas músicas tocando através dos fones de ouvido, a hora passou voando sem eu perceber. Com certeza hoje a corrida foi proveitosa, me sentia tão bem.
Voltei para casa do Alex, e o despertador dele estava tocando, o desliguei e estava prestes a acordá-lo, mas ele ainda dormia serenamente, e pela noite horrível que passou, não tive coragem em chamá-lo para ir trabalhar. Ele precisava descansar mais, então tomei a liberdade de pegar o seu celular e ligar para o seu serviço, avisando que ele não iria poder ir hoje, por estar doente.
Dobrei as cobertas que me enrolei, e encostei o colchão na parede, antes de sair do quarto. Aproveitando que eu ainda estava energético, decidi arrumar aquela bagunça na casa antes do Alex acordar.
Liguei o rádio e o conectei com o meu celular, botando a minha playlist para tocar. Assim que começou o som, eu dei início à arrumação, começando pela sala e terminando na cozinha. Com os ingredientes que encontrei nela, comecei a preparar algo para o desjejum.
— Oba, ainda bem que tem o que eu preciso — soltei um sorriso em empolgação, por encontrar os ingredientes que eu uso no meu café da manhã — Hora de preparar a minha super vita...
Trinn...trinn...
— Alô? — Atendo o telefone na parede entre a cozinha e a sala.
— Aqui é policial encarregado do caso do desaparecimento da senhora Florinda Ferraz. O filho dela está?
Eu pensei em chamá-lo, mas pelo tom da voz do policial, não acho que seriam boas notícias.
— Sou eu — optei por receber a notícia primeiro antes de passar para o Alexandre.
— Infelizmente não temos boas notícias...— eu sabia! — ...ainda não encontramos nenhuma pista que nos leve ao culpado do sequestro de sua mãe... — o que? Que inúteis! — ...continuaremos na procura, e em caso do sequestrador ligar pedindo algo para o resgate, nos contate imediatamente, por favor. Tenha um bom dia! - desligou o telefone.
— Não acredito nisso! — mordi os meus lábios em frustração — Como eu vou contar isso para ele?
Fiquei pensando no que iria fazer, enquanto eu continuava de onde havia parado.
Estava prestes a fritar alguns ovos, quando eu me deparo com o Alex parado na entrada da cozinha me olhando. Tento chamá-lo, mas parece que sua mente estava bem longe dali.
Não tem como eu contar sobre o telefonema que recebi. Ele ficará arrasado.
— Alex?...Alex?... — Fiquei chamando por ele, até que ele voltasse à realidade.
Ele me pareceu todo constrangido, fazendo uma cara bastante fofa. Depois de ter tomado a minha vitamina por engano, ele me perguntou se alguém tinha ligado. Claro que eu sabia qual ligação que ele estava esperando, mas não podia contar-lhe a verdade, então menti dizendo que ninguém ainda havia ligado. Me senti mal por isso, mas não tive escolha, ele já sofreu demais nessa vida, com a morte prematura do pai e do irmão mais velho. Eu não queria que ele sofresse mais, pois não merecia isso, por ser a melhor pessoa que eu conhecia e confesso, o meu primeiro 'crush'.
Consegui disfarçar bem, então ele pôde tomar o seu café da manhã mais tranquilo, e aproveitei para por ele em dia com os acontecimentos que ocorreram na escola em sua ausência.
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Pov Alexandre
O dia de hoje pareceu uma eternidade, os minutos pareciam horas e as horas, pareciam não querer passar. Logo após o Rafael ter retornado para a sua casa, eu fiquei naquela solidão esperando a ligação dos policiais, que não me ligaram em nenhum momento. Que raiva! Não quero, não posso e não vou perder a minha mãe. Não sobreviveria se perdesse mais um ente querido. Será que não há nada que eu possa fazer? Eu não tolero isso!
— Vamos Alex, você já está pronto? — Ouço o Rafael me chamar assim que entrou na casa.
— Rafa? Que horas são...? Merda! — Estava tão distraído que não notei que já estava na hora de ir para a escola.
Corri o mais rápido que pude para me banhar e vestir o uniforme escolar. Mas, como sempre, não acho as minhas coisas quando preciso. Onde está a minha jaqueta? Revistei o meu guarda roupa e nenhum sinal dela.
— Mãe, onde está a minha...— me lembrei que ela não estava presente em casa — ...jaqueta? — murmurei cabisbaixo.
— A sua jaqueta está pendurada atrás da porta — Rafael falou pegando a roupa onde disse que estaria.
— Obrigado, Rafa — Agradeci vestindo a jaqueta. Vamos?
— O que é isso brilhando em seu pescoço? — ele apontou para o objeto em questão. O amuleto? Como que veio parar aqui se não o peguei? — Deixa eu ver? — Antes que eu pudesse responder, ele caminhou e tentou pegar a relíquia em meu pescoço, mas foi expelido pela mesma que emitiu um forte brilho vermelho, o jogando contra a parede ao lado da porta.
— Rafa, você está bem? — Corri para socorrê-lo. Ele ficou desacordado por uns segundos antes de abrir os olhos. Entretanto, senti um frio na espinha ao fitar o seu olhar. Não era o mesmo de sempre — Rafa?
Ele parecia estar confuso, ficou se olhando por um tempo, como se não conhecesse o próprio corpo.
— Onde estou? — acho que a pancada foi mais forte do que pensei.
— Rafa, você está no meu quarto — fui tentar levantá-lo, sendo rejeitado pelo mesmo e empurrado com muita força, me fazendo cair no chão — Rafael, você está ficando louco? — esbravejei, me levantando.
— Quem você está chamando de Rafael, seu reles humano? — ele se levantou, e me fitou com um olhar de superioridade — Não toque em mim com essa sua mão suja. Eu sou a Deusa que todos amam e que todos os homens desejam, eu sou Afrodite! Se curve perante a sua Deusa!
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Ω Notas do autorΩ
Crush: significa ter uma queda por alguém, um interesse amoroso, que muitas vezes, não é correspondido.
Pov: ponto de vista do personagem
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