Capítulo 22- Fúria dos deuses, parte I
Zeus se levanta ainda em agonia, reparando em uma lágrima que percorria o seu rosto, e logo evaporando sem ele fazer nada. Antes que pudesse pensar, a arma que antes o seu irmão apunhalava, surgiu no trono branco que o mesmo sentava. O tridente de três pontas douradas, levitava no assento vazio e vibrava numa sequência incomum, sequência essa que pode ser sentida pela arma em pose de Zeus.
O Deus dos céus apunhalou a sua arma em sua cintura que vibrava na mesma sequência que a outra, e ela começou a enlouquecer, disparando raios sozinha enquanto o deus tentava contê-la.
— Pare… AGORA!!! — impondo a sua vontade no objeto em sua mão, Zeus conseguiu controlar os raios forjados pelos ciclopes, fazendo-os parar. O mesmo aconteceu com o tridente.
Do trono vazio à sua esquerda, surge um pequeno vórtice em chamas, e delas, um homem encapuzado com a pele cinzenta aparece com o seu olhar profundo e ardente. O mesmo caminha lentamente na direção do Deus que o ignorava.
— Ora, ora, irmão, como que mataram o Poseidon? Quem seria capaz de…— sua garganta seca na mesma hora que seu irmão o encara, podia-se ver raios saindo de seu olhar. Essa expressão ele já conhecia bem, o seu irmão estava furioso.
— O que faz aqui, Hades? — sua voz saia em tom de desprezo. Ele demonstrava querer estar sozinho no momento, pelo menos quem não o conhecesse pensaria isso, mas o Hades já sabia que o seu irmão ansiava por algo, e para isso, precisaria da sua ajuda.
— Oras, o meu elmo me forçou a vir para cá. — sentou-se em seu assento e acomodou-se. Ele faz uma careta de estar aborrecido — Eu percebi que algo estava errado.— Seu olhar recai no tridente — A arma do Poseidon está aqui e ele não. O que aconteceu?
Zeus volta a sua atenção para o objeto no trono branco, que não saia do lugar, embora suspenso um pouco, e tenta obtê-lo, porém é repelido como se o tridente tivesse vontade própria.
— O Poseidon desapareceu de repente, não o sinto em lugar nenhum. — encara o Deus sentado no trono — Mas não acredito que esteja morto. Sua arma me rejeita, sinal que ainda esteja vivo. — solta o ar em alívio, como se estivesse o segurando esse tempo todo. — Contudo, eu acho que ele deve estar preso em algum lugar que me incapacita de alcançá-lo.
— Primeiro foi a Atena, agora o Poseidon? Acho que tem alguém tramando contra nós, irmão.
Um estalo surge na mente de Zeus, fazendo-o lembrar da mulher presa na cela que seu irmão foi ver, antes de desaparecer.
Tamanha foi a sua surpresa e o seu ódio ao chegar e ver que a sua prisioneira havia escapado. O raio em sua pose se ativou, liberando uma rajada de trovões que abriu um enorme buraco na parede de trás da cela e quase acertando a estátua da Deusa da justiça.
— QUE MEEERRRDDAAAAAAA!!! — esbravejou com os seus olhares cintilantes.
— Pelo visto as coisas saíram do seu controle, irmão. — suas palavras tinham como intenção de provocar o Deus dos céus, que irritou-se ainda mais. — Se Eu fosse o soberano…— antes que pudesse completar o seu diálogo, ele é impedido pela mão de Zeus que agarra a sua garganta.
— Cale-se! — aperta com força, fazendo o outro se arrepender por tê-lo provocado. — Não pouparei ninguém que se atreva a se opor contra mim. Nem mesmo você, irmão!
— Me-me… me des-des…culpa. — caiu de joelhos após o Zeus o liberar — Cof,cof,cof..
— Agora… se eu não me engano… — deu as costas para o deus que estava de joelhos, antes de voltar a sua atenção novamente a ele — eu pedi ao Hermes que me trouxesse um humano do submundo. O mesmo humano que eu desconfio que tem algo haver com tudo isso. Cadê ele?!
Hades lembra de ter castigado o Hermes por ter dormido com a sua mulher, arrancando as duas pernas dele e o prendendo com correntes em uma rocha no meio de um rio de lavas, onde constantemente bolhas ferventes estouravam em seu corpo, o queimando.
— Digamos que ele esteja fazendo tratamento de pele agora. — Antes de soltar outra piada, reparou no semblante impaciente de seu irmão — Desculpe. Ele não vai ajudar em nada agora. Ele o traiu, assim como todos nós. — se levantou voltando com a sua postura séria.
— Como assim? — arqueou a sobrancelha — Explique-se!
— Eu o peguei desrespeitando a minha esposa, então eu o torturei. — a coloração escarlate em sua íris cintila mais forte. — Eu penetrei a sua mente e descobri o que ele escondia. — seus dentes amarelados se destacavam em sua boca — Ele te traiu, irmão. Ele salvou o humano que você procurava.
— E onde ele está? Porque não trouxe a alma do humano para mim? — Zeus estava ficando cada vez mais impaciente.
— Onde sempre esteve. No mundo dos vivos — ele sorriu ao reparar no rosto surpreso do irmão — O humano que você procura, está vivo, sempre esteve.
— Não é possível… eu o matei! Como ele retornou do mundo dos mortos?
— Simples, ele não estava morto. O Caronte não transportou a alma dele para o submundo em nenhum momento. E digo mais, irmão, ele não está sozinho.
— Quem mais está ajudando aquele humano?
— A mesma que eu te alertei que tinha libertado a tal da Mágissa. — fez uma pausa fazendo o Deus dos céus se lembrar — A traidora da Gaia.
— Não, é impossível. Ela não me trairia.
— Dessa vez escute o que eu digo, irmão. — chegou bem perto dele — Vamos matá-la! Antes que ela nos destrua.
Zeus ficou confuso, não sabia como prosseguir. Matar a Mãe natureza era a última coisa que ele queria fazer. Porém, não podia deixar essa situação se agravar ainda mais.
— Reúna todos que achar necessário e me traga a cabeça daquele humano! E caso a Gaia ou alguém mais interferir, mate-a!
— Entendido, irmão. — Com um sorriso no rosto, o Deus do submundo desaparece em um espiral de fogo.
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Pov Alexandre
Me encontro na sala de estar, onde os preparativos para o feitiço estava sendo preparado pela Mãe natureza. Ela aparentava estar tensa, me arriscando dizer, com medo do que poderia acontecer.
Vou em direção a cozinha, onde a medusa se encontrava. Ela estava com o seu semblante entristecido desde o momento em que a resgatamos. Alguma coisa incomodava ela, mas a mesma não queria me dizer o que era, e como eu não queria insistir para perturbá-la, a deixei em paz até que quisesse revelar o motivo de estar daquele jeito. Contudo, isso já se fazia horas e ela continuava no mesmo estado. Isso me preocupava.
— Medusa, você está bem? — Decido perguntar, fazendo a mesma notar a minha presença na cozinha — Está precisando de alguma coisa?
— Ah, oi Alexandre. — respondeu cabisbaixa, forçando um fraco sorriso — E-eu estou bem, obrigada.
— Desculpe, mas você não está bem. — chego mais perto dela — Eu posso ver isso na sua cara. Seja lá o que for, você pode me contar.
Ela me fita por alguns segundos, antes de voltar a sua atenção para o chão. Ficou assim por um instante antes de voltar a me olhar.
— Então…— solta novamente um sorriso forçado — Eu estou bem. Desculpe por ter feito você se preocupar.
— Não esquenta com isso. — não quero mais insistir nisso. Vou deixar que ela me conte quando estiver pronta pra isso.— Só queria me certificar que você estava bem.
— Muito obrigada, eu estou.
Saí da cozinha para deixá-la em paz e retornei para sala de estar no intuito de ajudar a Deusa Gaia em alguma coisa.
Pov Medusa
Eu ainda me sentia presa naquela cela maldita. As lembranças da situação precária em que me encontrava, perturbam a minha mente. Só de pensar no que poderia ter ocorrido ali já é motivo das lágrimas estarem deslizando no meu rosto. Se não fosse pelo Alexandre ter ido me resgatar, eu não sei o que faria. O pior, no meio disso tudo, eu acabo me encontrando com o Deus que eu deduzo ser o meu pai, mas não tive tempo o suficiente para averiguar se era verdade, pois o mesmo foi devorado pelo amuleto estranho que o Alexandre carrega em seu pescoço.
E por falar no Alexandre, o mesmo adentra o local em que eu estava, me perguntando se eu estava bem. Eu respondi que sim, forçando um sorriso para tentar disfarçar a minha tristeza. Ele continuou insistindo enquanto se aproximava mais, mesmo eu alegando que não tinha nada para se preocupar. Eu não queria que ele se incomodasse comigo e nem que pensasse que me tirou a chance de conhecer o meu pai, então tentava disfarçar, mesmo ocorrendo de eu querer lhe contar a verdade. Por fim, ele acabou desistindo, voltando para o lugar que estava anteriormente.
Não o quero envolvido nisso, preciso resolver as coisas por mim mesma.
Pov Narrador
A mãe Terra estava finalizando o seu último preparo para que o feitiço ocorresse de forma segura. Pedido feito pelo homem que ficará responsável por mexer com tal magia imprevisível e perigosa.
— Está tudo pronto. — anuncia ela — Devemos começar o quanto antes.
— Eu e a Medusa ficaremos bem? — indagou Alexandre, se aproximando da Deusa.
— Sim, vocês ficarão bem, contudo que sigam as minhas ordens sem pestanejar.
— A medusa vai ser ela mesma, não é? Digo, sem que volte a ser a Mi-suk?
— Sim, tudo será como desejar que seja
— Um sorriso encantador predomina no seu rosto, o mesmo sorriso que esconde verdades por trás de suas palavras.
— Então vamos nessa! — disse Alexandre, agarrando firme o amuleto em seu pescoço — Eu estou pronto!
— Excelente. Devemos come… argh!!! — a Deusa é atingida pelas costas e um braço esquelético envolto em chamas atravessa o seu peito, fazendo a mesma cuspir sangue.
— Ora, ora, olha o que eu peguei. — De trás dela, surge o Deus do submundo. Ele retira o seu elmo, soltando os seus longos cabelos negros que caiam sobre os seus ombros. O Elmo desaparece de sua mão, dando lugar a um cetro de duas pontas. — Olha se não é a traidora.
— H-hades…— suas palavras saem como sussurros. Ela cai no chão, quando o mesmo retira a mão de dentro dela.
— GAIAAAA!!! — o Alexandre tentou correr para ajudá-la, mas é impedido por outro deus que surge atrás dele colocando uma espada em seu pescoço.
— Se mova um milímetro e eu arranco a sua cabeça fora. — Ameaçou o Deus atrás do Alex, arrancando um pouco de sangue após cortar superficialmente a pele da garganta dele.
Assustado, Alexandre fica paralisado no lugar, não se atrevendo a se mover para olhar o ser que estava atrás de si.
Gaia começa a se recuperar, mas o seu corpo é perfurado novamente pelo cetro de Hades, aumentando o oco em seu peito.
— Ora, ora, achas que pode fugir de mim? Sua traidora maldita! — Perfura mais uma vez o corpo da mãe Terra com o seu cetro — Há séculos eu esperei para ver a sua derrota. Agora eu finalmente vou poder te matar! — mais uma estocada, fazendo a Deusa jorrar mais sangue.
— A-Alexandre… — medusa entra rastejando na sala de estar, toda ensanguentada e cheia de hematomas pelo corpo.
— Medusa? O que…?
— Oras, ainda está viva? — Um sorriso amarelado surge em seu rosto, ficando sério em seguida. — Ares, mate-a! Dessa vez, corte a cabeça dela! Vingar-se pela sua perda. — Ordenou para o Deus da guerra, que retira a espada do pescoço do Alexandre e caminha para concluir a ordem recebida.
— NÃOOOO!!! NÃO FAÇA ISSO!!! — o Alex grita desesperado e tenta correr para impedi-lo, porém, a sua perna fraqueja, o fazendo tombar no chão.
O Deus da guerra segura a sua espada com mais vigor, e caminha com cautela para não ser atingido pelo poder da górgona. Assim que chegou ao lado da mulher caída no chão, pisa na cabeça dela para evitar que a mesma abrisse os olhos. Ele levanta a cabeça dela com um puxar em seu cabelo, deixando que a garganta da mesma ficasse na altura de seus olhos, enquanto que na outra mão, levanta a espada.
— Preste bastante atenção, humano. Eu matarei a mulher que ama na sua frente, para que sofra igual que eu sofri quando matou a minha. Você verá a vida dela esvair do corpo lentamente, até que não sobre nada. — Ele segura a espada com mais firmeza e olha para o Alex, que mal conseguia ficar de pé, com um sorriso de satisfação no rosto. A lâmina afiada estava pronta para realizar o seu propósito, contudo, o Deus que a apunhalava a deixa cair no chão após avistar uma figura que ele não esperava adentrar o lugar. — A-Afrodite?...
Continua…
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